27 de Março de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

Votorantim troca comando do conselho de administração

A Votorantim anunciou que trocou de administração. Raul Calfat, último presidente do conselho de administração deu lugar à Eduardo Mazzilli de Vassimon, que era do Itaú Unibanco até o fim de 2018.

A saída dele do Itaú BBA se deveu ao fato de que ele atingiu a idade limite para administradores.

O novo cargo de Vassimon vai ser assumido em maio deste ano, após a transição, que acontece em abril.

Calfat continuará no grupo, mas vai atuar como conselheiro de outras companhias, sendo que poderá fazer parte de onde já é um componente importante: Laboratórios Aché, Duratex, Embraer e Hospital Sírio Libanês.

Ele entrou na companhia em 1992, com a compra da Celulose Papel Simão. Depois, participou da Votorantim Celulose e Papel, recentemente, Fibria.

O motivo

A troca aconteceu, conforme comunicado do grupo, após o centenário da companhia e com foco na ampliação de sua diversificação no mercado.

Isso porque hoje o grupo é baseado em minérios, alumínio e cimento, que são áreas totalmente variáveis ao câmbio e as matérias primas.

Fonte: Folha

26 de Março de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

Solicitação de propostas reacende esperança de indústria de celulose em Ribas do Rio Pardo

A esperança da fábrica de celulose de Ribas do Rio Pardo, a 103 quilômetros de Campo Grande, sair do papel se reacendeu há cerca de um mês, quando o engenheiro agrônomo Ireno Golin disse em entrevista à Rádio CBN que a construção da planta seria iniciada ainda em 2019 com investimentos de R$ 5 bilhões. Dias depois, a Reflore jogou um balde de água fria nos ânimos, dizendo ao JP News que a indústria não passava de projeto, mas há novos indícios de que as … possam ser reais.

O jornal Perfil News, de Três Lagoas noticiou que teve acesso a documentos que solicitam proposta das empresas Tucumã, Construcap e Bueno Engenharia para trabalho de terraplanagem na área da Fazenda Boi Preto, às margens da BR-262, para a instalação de uma “nova unidade fabril".

Uma fonte não identificada informou ao Perfil News que, nos últimos meses, mais de 60 mil hectares de terra foram comprados pela Bandeirantes Florestal, pertencente à Holding Corus. Foram adquiridas fazendas pertencentes a pecuaristas de Três Lagoas, Andradina, Ribas e outras cidades. Em apenas duas delas, a holding teria desembolsado R$ 600 milhões.

Grande área - Ainda conforme tal documento, o contrato prevê volume de corte de 8.600.000 m3 e aterro de 7.200.000 m3. O prazo total da obra será de aproximadamente seis meses. O projeto da nova fábrica estaria pronto e, inclusive, já teria todas as licenças ambientais.

Um total de quase 550 equipamentos são solicitados para os trabalhos. Na lista de máquinas que ficarão à disposição estão 360 caminhões basculantes, 30 escavadeiras hidráulicas, 30 rolos compactadores e vários outros (veja lista).

Ao Perfil News, o Secretário de Desenvolvimento de Ribas, Diógenes José Martins Marques, não confirmou o início das obras, mas declarou que o projeto já tem todas as licenças aprovadas e que o início das obras só dependeria do empresário ou do grupo que teria assumido o projeto.

Caso antigo - A indústria de celulose em Ribas do Rio Pardo foi anunciada em meados de 2014, quando o presidente da holding CRPE (Celulose Rio Pardense e Energia), que até então tocava o projeto, Vicente Conte Neto, apresentou o projeto que previa aproximadamente 180 mil hectares de florestas plantadas de eucalipto para abastecer uma fábrica de 2,2 milhões de toneladas por ano com capacidade de cogeração de energia de 291 MW.

22 de Março de 2019 (15:20)

Publicação: Agência IN - Caderno Setorial

Klabin inaugura Centro de Interpretação da Natureza

SÃO PAULO, 22 de março de 2019 - Além de preservar mais de 68 mil hectares de áreas de matas nativas nas regiões onde mantém operações florestais em Santa Catarina, a Klabin - maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, e única companhia do País a oferecer ao mercado uma solução em celuloses de fibra curta, fibra longa e fluff - inaugurou um Centro de Interpretação da Natureza, localizado em um ponto estratégico da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Complexo Serra da Farofa, em Santa Catarina. Criado pela empresa para apoio ao desenvolvimento de pesquisas científicas que vêm sendo desenvolvidas em parceria com universidades locais como a Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, há mais de uma década, bem como com outras entidades de pesquisa, o Centro oferecerá infraestrutura para alojar grupos de pesquisadores durante os trabalhos e estadia na RPPN.

A Unidade de Conservação fica em uma área de mata nativa de aproximadamente cinco mil hectares, mantida há mais de dez anos pela Klabin, com o objetivo de preservar a biodiversidade local e fomentar pesquisas científicas que contribuam para o estudo da RPPN, importante remanescente da Mata Atlântica, composta por Floresta de Araucárias, Campos de Altitude e nascentes dos rios Caveiras, responsável por fornecer água ao município de Lages (SC), e Canoas, que forma a maior bacia hidrográfica de Santa Catarina. Mais de 420 espécies de flora e 190 espécies da fauna já foram identificadas oficialmente no local, entre elas, muitas classificadas como endêmicas, raras e com status de conservação reconhecido entre as listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção.

Com o Centro de Interpretação da Natureza, especialistas, pesquisadores e estudantes de todo o País, interessados em realizar pesquisas no local, poderão se hospedar em um dos principais pontos de acesso dentro da própria reserva. A instalação está localizada em uma área prioritária de conservação a 1.700 metros de altitude, equipada com alojamentos para receber até 40 visitantes simultaneamente, com disponibilidade de dormitórios, refeitório e um auditório, que também pode ser utilizado como sala de aula.

A RPPN Complexo Serra da Farofa é dividida em seis grandes blocos, localizados nos municípios catarinenses de Painel, Urupema, Rio Rufino, Urubici e Bocaina do Sul. 'O Centro de Interpretação da Natureza foi arquitetado para ser sustentável desde a sua construção. Com estrutura robusta e planejada para minimizar a necessidade de recursos de climatização, além de estar integrado com a paisagem local. É um projeto muito importante, que permite o compartilhamento de todo o conhecimento adquirido nessa área, que revela informações preciosas sobre a biodiversidade regional', explica José Totti, diretor Florestal da Klabin.

A data da inauguração do Centro de Interpretação da Natureza, no dia 21 de março, foi escolhida pela Klabin em homenagem ao Dia Internacional das Florestas. Criada em 2012 pela ONU, a celebração tem como propósito fomentar a reflexão da população sobre a conservação e o desenvolvimento sustentável das florestas, princípios que estão alinhados com os valores da companhia.

21 de Março de 2019 (13:15)

Publicação: Agência CMA - Notícias

Moody´s muda perspectiva do setor para negativa

São Paulo, 21 de março de 2019 - A agência de classificação de riscos Moodys mudou para "negativa" a perspectiva para o setor de papel e celulose. Segundo a agência, a receita operacional global diminuirá nos próximos 12 a 18 meses, à medida que os preços de produtos de madeira e celulose diminuírem com os picos recentes. "A perspectiva negativa para o setor de papel reflete um declínio de 2% a 4% na receita operacional da indústria no próximo ano", disse Ed Sustar, vice-presidente sênior da Moody's. "O aumento dos preços das embalagens de papel e a demanda por embalagens e celulose de papel compensarão apenas parcialmente os crescentes custos dos insumos, a queda na demanda por papel e ospreços mais baixos dos produtos de madeira e celulose de mercado", complementou. Ainda de acordo com a Moodys, as perspectivas para o segmento de embalagens de papel e tecidos continuam estáveis. A maioria das empresas de papéis e produtos florestais deverão gerar ganhos operacionais modestamente mais fortes este ano, a medida que a demanda crescente e os preços mais altos em vários substratos compensam os crescentes custos com mão-de-obra e frete. "O fornecimento de celulose mais alto que o normal no início de 2019 levou a quedas de preço na maioria das classes, embora o crescimento limitado da capacidade de celulose neste ano possa reverter parcialmente os declínios de preços durante o ano. o segundo semestre do ano", completou o relatório. Allan Ravagnani / Agência CMA

27 de março de 2019

Publicação: Valor Economico

Aportes e sinergias bilionários preparam expansão da Suzano

Por Stella Fontes | De Nova York

No primeiro encontro com analistas e investidores depois de consumar a fusão com a Fibria, o Suzano Day em Nova York, a Suzano anunciou ontem os grandes números da operação que eram aguardados pelo mercado, em especial as sinergias, e confirmou que está pavimentando as vias para uma nova rodada de crescimento. A companhia não revela detalhes do plano nem cronograma estimado, mas tem na mesa um leque de alternativas que vão desde a ampliação em celulose de eucalipto no Brasil até a potencial compra de ativos de papel ou celulose de fibra longa no exterior, passando pelo desenvolvimento de biomateriais que poderão substituir o plástico.

Com capacidade produtiva de 10,9 milhões de toneladas por ano de celulose de mercado e papel, 1,3 milhão de hectares de florestas e receita líquida de quase R$ 32 bilhões em 2018, a "nova" companhia investirá R$ 6,4 bilhões neste ano, dos quais R$ 2,4 bilhões para expansão da base florestal, modernização das operações e terminais portuários. As sinergias operacionais derivadas da integração com a Fibria, por sua vez, estão previstas em R$ 800 milhões a R$ 900 milhões ao ano, antes de tributos, e serão permanentes, considerando-se as áreas florestal, suprimentos, logística e comercial, despesas administrativas e gerais e investimento.

Cerca de 40% desse valor será alcançado em 2019, com captura de 100% a partir de 2021. A companhia não divulgou o valor presente líquido (NPV, na sigla em inglês) do ganho, estimado em até R$ 15 bilhões por analistas, mas informou que, além do operacional, haverá sinergias tributárias de R$ 2 bilhões ao ano na próxima década. Em entrevista ao Valor, o presidente da Suzano, Walter Schalka, explicou que a companhia poderá deduzir R$ 26,5 bilhões do imposto de renda ao longo dos anos, referentes à diferença de valor entre o que foi pago pela Fibria e o valor de livro da empresa, que será incorporada em 1º de abril e deixará de existir como entidade independente.

Conforme o executivo, a Suzano seguirá direcionando um volume relevante de recursos para aquisição de terras e florestas. "Fizemos operações no primeiro trimestre e continuaremos a fazer", disse o executivo. No ano passado, os investimentos para essa finalidade totalizaram R$ 1,3 bilhão e, em 2019, estão estimados em R$ 1,4 bilhão - o segundo maior valor do orçamento, atrás dos R$ 4 bilhões que serão dedicados a manutenção das operações. No ano passado, a companhia já havia adquirido uma área plantada da Duratex e uma parcela remanescente do pagamento está refletida no investimento estimado.

Segundo Schalka, não é possível afirmar se os valores vistos entre 2018 e 2019 serão mantidos. "É mais uma questão de oportunidade, então não dá para dizer se vai se manter nesse nível", disse o executivo, respondendo a um analista durante o evento em Nova York. Já os investimentos em manutenção tendem a cair nos próximos anos, diante das sinergias que serão geradas com a fusão com a Fibria.

A companhia poderá avaliar a compra de ativos de papel ou de celulose de fibra longa fora do país

Schalka disse que as aquisições de terras e florestas são motivadas pelos esforços de redução do raio médio (distância entre fábrica e florestas), com impacto no custo caixa de produção da celulose, e como preparação para uma futura expansão. Em termos de raio médio, a meta é chegar a 156 quilômetros, ante 240 quilômetros atualmente. Todas as regiões em que há operações da Suzano são candidatas a potenciais transações.

Já o investimento em novas fábricas de celulose ou expansão de unidades já existentes é uma das opções de crescimento que estão sendo avaliadas. Caso decida levar adiante um projeto de crescimento orgânico, a Suzano tende a executá-lo em São Paulo ou em Mato Grosso do Sul, onde já existe excedente de florestas.

A companhia poderá ainda avaliar a compra de ativos de papel ou de celulose de fibra longa fora do país - "desde que tenham escala e gerem competitividade natural" - e avançar no segmento de biomateriais, cujo potencial está associado à tendência de substituição do plástico em diferentes aplicações.

Apesar desse plano, a companhia mantém o foco imediato na redução da alavancagem financeira. A meta é voltar aos níveis vistos antes da operação com a Fibria, com redução do índice, medido pela relação entre dívida líquida e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) em dólar, para algo entre 1 vez e 3 vezes, segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Marcelo Bacci. Hoje, a dívida líquida corresponde a 3,1 vezes o Ebitda anualizado e não há prazo específico para essa meta.

Ao mesmo tempo, a Suzano estabeleceu um alvo para a dívida líquida, que estava em US$ 13,5 bilhões no fim do ano passado. O objetivo é reduzi-la a US$ 10 bilhões. Conforme Bacci, a companhia manteve a política de dividendos existente antes da fusão com a Fibria, que é atrelada à geração de caixa operacional e prevê pagamento mínimo equivalente ao menor valor entre 25% do lucro líquido e 10% da geração de caixa operacional.

Importações de aparas de papel na China, caíram de 30 milhões para 17 milhões de toneladas entre 2012 e 2018

Do ponto de vista de mercado, a expectativa da companhia é positiva. De acordo com o diretor comercial de celulose, Carlos Aníbal, a demanda global de celulose deve crescer ao ritmo de 1,4 milhão de toneladas por ano até 2023, 70% das quais de fibra curta. "A China cresceu 1,1 milhão de toneladas ao ano, considerando-se a demanda de fibra curta e longa desde 2005, e deve manter esse ritmo nos próximos anos", afirmou.

A aposta na manutenção da demanda chinesa é baseada no crescimento do consumo de tissue (papel para fins sanitários) no país asiático, decorrente do avanço da urbanização e do consumo per capita ainda muito baixo.

Além disso, questões ambientais devem levar ao fechamento de quase 5 milhões de toneladas por ano de capacidade instalada de tissue na China, que serão substituídas por máquinas menos poluentes, maiores e que consomem fibra virgem, o que deve elevar a demanda por celulose de eucalipto.

Ao mesmo tempo, as importações de aparas de papel na China, que estavam em 30 milhões de toneladas em 2012 e caíram a 17 milhões de toneladas em 2018, podem ser reduzidas novamente, à medida que o governo chinês poderá reduzir as cotas de importação que permitidas.

"Os volumes já começaram a fluir na China", afirmou Aníbal. Contudo, ainda há dúvidas quanto ao ritmo de retomada das compras. Em conversas com clientes chineses, disse o executivo, as informações repassadas à companhia indicam que a expectativa é que a guerra comercial entre China e Estados Unidos seja encerrada em breve e as medidas fiscais de estímulo, anunciadas recentemente, comecem a ter efeito na economia local entre o segundo e o terceiro trimestres.

Na Europa, comentou Aníbal, questões macro, como o Brexit e a evolução da economia alemã, contaminam o sentimento de maneira geral e podem trazer alguma volatilidade. Contudo, a companhia não recebeu indicações de retração da demanda.

A repórter viajou a convite da Suzano

26 de março de 2019

Publicação: Valor econômico

Após a fusão com a Fibria, Suzano já planeja os próximos passos

Por Stella Fontes* | Valor

NOVA YORK - (Atualizada às 15h14) - A Suzano poderá deduzir R$ 26,5 bilhões do imposto de renda ao longo dos próximos anos, referentes à diferença de valor entre o que foi pago pela Fibria e o valor de livro da empresa, que será incorporada em 1º de abril e deixará de existir como entidade independente, de acordo com o presidente da companhia, Walter Schalka.

Diante disso, a companhia estimou sinergia tributária da ordem de R$ 2 bilhões por ano, ao menos durante a próxima década. Em fato relevante divulgado mais cedo, a Suzano informou a captura de ganhos dessa natureza, da ordem de R$ 2 bilhões por ano, no período de 2019 a 2021.

A Suzano informou ainda que prevê capturar sinergias operacionais de R$ 800 milhões a R$ 900 milhões ao ano, antes de tributos. Esse ganho ocorrerá permanentemente a partir da fusão das operações, considerando-se as áreas florestal, suprimentos, logística e comercial, despesas administrativas e gerais e investimento, com captura de 100% a partir de 2021.

A companhia não divulgou a estimativa de ganho a valor presente (NPV, na sigla em inglês), que estava estimada em até R$ 15 bilhões por analistas. O valor estimado, porém, não considerava os R$ 2 bilhões ao ano de sinergia tributária.

De acordo com Schalka, com a incorporação da Fibria, a Suzano passa a ser uma companhia que, de alguma maneira, impacta a vida de 2 bilhões de pessoas no mundo, considerando-se toda a sua operação e portfólio de produtos. “Nosso objetivo não é ser o maior, mas o melhor. Entendemos nosso impacto na sociedade e é esse legado que queremos deixar”, comentou.

Em relação à integração com a Fibria, o executivo disse que, no atacado, as duas companhias têm mais semelhanças do que diferenças. Diante disso, o processo tem ficado acima das expectativas.

A fusão com a Fibria foi anunciada há pouco mais de um ano, em 16 de março de 2018. A companhia promove hoje o Suzano Day, na Bolsa de Nova York (Nyse).

Mais terras e mais florestas

A Suzano seguirá direcionando um volume relevante de recursos para aquisição de terras e florestas, de acordo com Schalka. “Fizemos operações no primeiro trimestre e continuaremos a fazer”, disse o executivo. No ano passado, os investimentos para essa finalidade totalizam R$ 1,3 bilhão e, em 2019, estão estimados em R$ 1,4 bilhão - o segundo maior valor do orçamento do ano, atrás dos R$ 4 bilhões que serão dedicados a manutenção das operações.

No ano passado, a companhia já havia adquirido uma área plantada da Duratex e uma parcela remanescente do pagamento está refletida no investimento estimado para 2019.

Ao ser questionado por um analista sobre o investimento estrutural em florestas nos próximos anos, o executivo disse que não é possível afirmar se os valores vistos entre 2018 e 2019 serão mantidos. “É mais uma questão de oportunidade, então não é possível dizer se vai se manter nesse nível”, disse. Já os investimentos em manutenção tendem a cair nos próximos anos, diante das sinergias que serão geradas com a fusão com a Fibria.

Conforme Schalka, as aquisições de terras e florestas são motivadas pelos esforços de redução do raio médio (distância entre fábrica e florestas) da Suzano, com impacto no custo caixa de produção da celulose, e como preparação para uma futura expansão da companhia. Em termos de raio médio, a meta é chegar a 156 quilômetros, ante 240 quilômetros atualmente. “Isso trará uma economia de custo caixa ao longo do tempo”, comentou. Todas as regiões em que há operações da Suzano são candidatas a potenciais transações.

A partir da fusão com a Fibria, seguiu o executivo, a companhia revisou para baixo as metas de médio e longo prazo para o custo caixa de produção de celulose. Atualmente, a companhia já possui o menor custo da indústria global, de cerca de US$ 168 por tonelada, contra média brasileira de US$ 225 por tonelada. “A tendência é declinante”, acrescentou o executivo. A Suzano não divulgará os novos valores que serão perseguidos. Há dois anos, portanto antes da fusão com a Fibria, a companhia pretendia alcançar custo caixa de US$ 150 por tonelada em 2018 e de US$ 125 por tonelada em 2021.

A partir da operação, haverá duas frentes de redução de custos: os investimentos em terras e florestas para redução do raio médio e a consolidação de ativos e custo caixa da Fibria, que também é competitivo.

Schalka afirmou também que o investimento em novas fábricas de celulose ou expansão de unidades já existentes é uma das opções de crescimento que estão sendo avaliadas pela companhia. Caso decida levar adiante um projeto de crescimento orgânico, a Suzano tende a executá-lo em São Paulo ou em Mato Grosso do Sul, áreas onde já existe excedente de florestas, segundo Schalka. “Nosso foco neste momento é em desalavancagem”, ponderou.

Além da alternativa de expansão em celulose de fibra curta no Brasil, a Suzano poderá avaliar oportunidades de aquisição de ativos no segmento de papel fora do país, assim como eventualmente de celulose de fibra longa, que ainda não aparece no portfólio da companhia. “Desde que tenha escala e gere competitividade natural”, afirmou. No mercado de papel, especificamente, a Suzano não vê margem para crescimento inorgânico no país.

Dentro da estratégia de extrair valor de sua base florestal, a Suzano avalia ainda o segmento de biomateriais, cujo potencial está associado à tendência de substituição do plástico em diferentes aplicações. “Nosso produto é biodegradável e renovável”, comentou.

*A repórter viajou a convite da Suzano

26 de março de 2019

Publicação: Valor econômico

Fabricante de celulose já sente volta da China

Por Stella Fontes | De São Paulo e Nova York

Apesar da manutenção das incertezas quanto ao desempenho da economia chinesa, o comércio de celulose no mercado asiático deve voltar ao ritmo normal a partir desta semana, dando suporte aos preços da matéria-prima, na avaliação de fontes da indústria ouvidas pelo Valor. A retomada das encomendas na China é motivada pela normalização dos estoques de produtos acabados, que estavam acima do nível regular, ao mesmo tempo em que os inventários de celulose de fibra curta nos clientes permanecem baixos. "As compras já estão se normalizando", disse um interlocutor.

A melhora de ambiente levou a chilena Arauco a anunciar o segundo reajuste consecutivo neste ano. Depois do aumento de US$ 30 por tonelada para a celulose de eucalipto com aplicação em março, a companhia acaba de informar nova alta, de US$ 40 por tonelada, levando o preço de referência a US$ 720/tonelada a partir de abril. O anúncio mais recente veio no encerramento da Shanghai Pulp Week, na semana passada, conferência considerada um importante termômetro dos negócios do setor na China.

No geral, segundo fontes da indústria, o sentimento ao fim do evento foi positivo sob a perspectiva de demanda e preços da celulose. Além dos estoques baixos de fibra curta nos compradores, o governo chinês anunciou uma nova etapa da política ambiental cujo objetivo é reduzir a poluição no país, agora com foco na água. A avaliação é a de que potenciais medidas restritivas podem atingir a produção local de celulose.

Após recuperação entre fevereiro e o início de março, a cotação da fibra curta voltou a cair na semana passada

Do ponto de macroeconômico, contudo, permanecem a cautela em relação à China e as incertezas quanto ao efeito que terão as medidas de estímulo recém-anunciadas. "A dúvida é quando as medidas de estímulo vão surtir efeito", observou um executivo.

Depois de mostrarem recuperação de cerca de US$ 30 por tonelada entre fevereiro e o início de março, o que deu algum ânimo aos produtores, a cotação da celulose de fibra curta voltou a cair na China na semana passada, lembrando que ainda há mais incertezas do que garantias no mercado neste momento.

Segundo a consultoria Foex, a tonelada de fibra curta era negociada com preço líquido de US$ 694,28 por tonelada no mercado chinês, com baixa de US$ 2,95 por tonelada frente à semana anterior. Na Europa, tanto fibra curta quanto fibra longa seguiram em queda. Conforme a Foex, a tonelada da fibra curta era negociada a US$ 974,95, com desvalorização de US$ 4,82, enquanto a tonelada de fibra longa valia US$ 1.105, baixa de US$ 7,22.

A oferta de fibra longa no mercado europeu foi fortemente afetada por condições climáticas adversas, o que resultou em forte alta das cotações. Com a normalização da operação nas fábricas que enfrentaram dificuldades no acesso a madeira, os preços acabaram cedendo.

As atenções estão voltadas à estratégia da Suzano para a gestão de seus estoques nos portos chineses

Neste momento, as atenções estão voltadas à estratégia da Suzano para a gestão de seus estoques nos portos chineses. Estima-se que os inventários da companhia tenham subido em torno de 700 mil toneladas no fim do ano passado, diante da decisão de não ceder à pressão dos compradores por matéria-prima mais barata.

Em teleconferência de resultados, a administração da companhia indicou que vai gerir os estoques em linha com sua política comercial - em outras palavras, praticará a chamada disciplina de oferta, com vistas a não pressionar as cotações com a oferta de volumes superiores ao demandado. Ao mesmo tempo, a companhia informou que não reduziria em 50% os embarques para a Ásia no primeiro trimestre, contribuindo para a redução da oferta e normalização de seus estoques naquela região.

O cenário mais difícil do que o esperado na virada do ano e as incertezas do momento, porém, já levaram a revisão na expectativa de analistas. Em relatório de quinta-feira, a Moody's cortou de estável para negativa a perspectiva para a indústria global de celulose, papel e produtos florestais, na esteira da piora da expectativa para os fundamentos do negócio nos próximos 12 a 18 meses. A agência de classificação de risco calcula queda de 2% a 4% no lucro operacional dos produtores diante do novo cenário.

Especificamente no segmento de celulose, a perspectiva agora negativa (antes neutra) reflete a previsão de preços mais baixos em todos os tipos de fibra. A disponibilidade de celulose acima do normal no início de ano, por causa da desaceleração do consumo chinês, levou à queda nas cotações, aponta a agência, ponderando que a ausência de novas capacidades deve reverter parcialmente essa trajetória no segundo semestre.

25 de março de 2019

Publicação: Valor econômico

Para CMPC, Brasil é destino natural de investimentos

Por Stella Fontes | De São Paulo

Primeira papeleira do Chile e terceira maior produtora de celulose de mercado do mundo, a CMPC está iniciando uma nova fase na operação de fibra de eucalipto no Brasil. Depois da ampliação e estabilização da fábrica de Guaíba (RS) e da renovação no comando da subsidiária local, o foco agora está em buscar a excelência operacional, estabelecer um projeto de longo prazo para os negócios locais e executá-lo.

Embora não exista neste momento plano concreto de expansão de capacidade, o grupo chileno vê o Brasil como destino natural de futuros investimentos em celulose. "As avenidas de crescimento estão fora do Chile e o Brasil é um caminho natural. É onde estará o crescimento", disse ao Valor o diretor-geral da operação brasileira, Mauricio Harger. O país tem as melhores condições no mundo para o plantio de eucalipto.

Com 42 anos, Harger assumiu o comando da CMPC Celulose Riograndense em junho do ano passado, em substituição a Walter Lidio Nunes, 70 anos, um dos responsáveis pela estruturação do negócio de celulose da CMPC no Brasil. Nunes foi convidado a assumir um assento no conselho de administração. Harger veio da Mexichem Brasil, dona da marca Amanco, onde ocupava a presidência, e encarou um período de transição de 40 dias junto com seu antecessor.

Ao chegar ao grupo da família Matte, uma das mais ricas do Chile, Harger recebeu a missão de organizar a companhia no Brasil para ser perene. "A fábrica está estável. O próximo passo é excelência operacional e melhoria contínua. E há muitas oportunidades", afirmou. O fato de não ser um executivo do setor de celulose e papel, em sua avaliação, traz para o negócio um novo olhar, também na área de inovação.

Com a chegada do novo líder, houve mudanças em outras posições de comando. Daniel Ramos foi contratado para a diretoria de Assuntos Institucionais, Fernando Pintarelli assumiu a diretoria comercial e Dorival Almeida, a diretoria industrial. Hoje, a unidade de Guaíba tem cerca de 1 mil funcionários próprios, e quase 6 mil terceiros que atuam principalmente na operação florestal.

No ano passado, a fábrica gaúcha produziu 1,87 milhão de toneladas de celulose de fibra curta, um recorde alcançado graças à ausência de paradas para manutenção na linha 2, a maior da unidade. A conquista é relevante, já que um incidente na caldeira justamente dessa linha, no início de 2017, resultou em meses de paralisação e perda de produção de cerca de 600 mil toneladas. Essa linha tem capacidade nominal de 1,3 milhão de toneladas, enquanto a 1 faz 450 mil toneladas anualmente.

A companhia não divulga receitas locais mas, considerando-se que o Brasil representa 43% da capacidade total de celulose do grupo e as vendas da fibra somaram US$ 2,83 bilhões em 2018, as receitas a partir da operação brasileira devem ter girado em torno de US$ 1,2 bilhão. No conjunto das operações, a CMPC registrou vendas totais de US$ 6,27 bilhões no ano passado, com alta de 22%. A produção consolidada de celulose, por sua vez, alcançou 4,12 milhões de toneladas, equivalente a expansão de 23%.

Mais de 90% da fibra produzida no Brasil, conta Harger, é exportada, especialmente para fabricantes de tissue (papel para fins sanitários). Aproximadamente um terço dos embarques tem como destino a Europa e outro terço segue para a Ásia, com destaque para China. O volume remanescente é distribuído nos demais mercados.

O grupo chileno completa em 2019 dez anos de presença no Brasil, onde chegou por meio de duas aquisições. Em 2009, além da compra da fábrica de Guaíba, que pertencia à Fibria, os chilenos levaram a Melhoramentos Papéis, hoje sob a marca Softys, de papéis sanitários. O grupo tem operações em oito países e 25 unidades fabris, dedicadas à produção de celulose de fibra curta e fibra longa, embalagens e papéis para embalagem, papéis para fins sanitários (tissue) e produtos de madeira (como madeira serrada).

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