11 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-1

Exportação de tora de eucalipto dobra com compra chinesa.

Maior compradora mundial da celulose produzida no Brasil, a China também assumiu o posto de maior importadora de toras de eucalipto plantado no país. Diante do acesso limitado a recursos naturais para produção da celulose em fábricas locais, o país asiático tem recorrido cada vez mais às compras externas de madeira e levou o Brasil a dobrar as exportações do insumo entre 2017 e 2018.

Os volumes embarcados ainda não são expressivos, especialmente se comparados aos da celulose, mas o ritmo de crescimento chama a atenção. Segundo levantamento da consultoria Forest2Market, com base em dados de comércio exterior do governo brasileiro, a exportação de toras de eucalipto totalizou 234 mil toneladas no ano passado, 122% acima do registrado em 2017. Desse total, 89% seguiu para solo chinês.

Além da China, outros produtores asiáticos e europeus estão intensificando as compras de madeira brasileira para abastecer linhas de produção instaladas em seus países de origem. Em 2018, o Vietnã respondeu por 10,4% dos embarques de toras de eucalipto e na lista de compradores aparecem também Camboja, França, Taiwan, Hong Kong e Tailândia. "Essa é uma tendência clara. Se comparado com outros países, o Brasil sai na frente em todas as variáveis, como produtividade, e as exportações devem continuar avançando", diz o diretor da consultoria americana no Brasil, Marcelo Schmid.

O acesso à matéria-prima de qualidade e baixo custo há anos atrai investidores estrangeiros ao país - é fato que o ímpeto diminuiu com a restrição à compra de terras por estrangeiros. O interesse original, de fixar operações produtivas no Brasil, levou a disputas por fábricas e, com os grandes ativos já negociados, a busca voltou-se à matéria-prima propriamente.

Mais recentemente, com as restrições à importação de aparas de papel na China e a menor disponibilidade de madeira em diferentes regiões do mundo, a procura por toras e cavacos no país cresceu. No caso de cavacos, mostra a Forest2Market, houve estabilidade nos volumes comprados entre 2017 e 2018, na cada de 1,6 milhão de toneladas, mas em dez anos o crescimento supera 40%. No ano passado, o grande consumidor do cavaco brasileiro foi o Japão, com pouco mais de 82%. A Turquia veio a seguir, com 9,7%, à frente de China (2,1%) e Portugal e Finlândia (ambos com 2%).

Para Schmid, a maior procura por madeira tende a se refletir em preços mais altos no futuro, e deve atrair mais investimentos para o país. Para 2019, a Forest2Market projeta investimentos de R$ 600 milhões em terras e florestas por parte de "timos" - fundos de investimento dedicados ao setor florestal, nacionais e estrangeiros. Nos últimos dois anos, os preços da madeira em pé nos principais Estados produtores do país avançaram, com destaque para Minas Gerais, onde os valores dobraram (para R$ 52,50 o metro cúbico).

Contudo, entre investidores em reflorestamento, o preço atual não necessariamente remunera o investimento. Em Mato Grosso do Sul, diz Luiz Carlos Ramirez, presidente da Ramires Reflortec, os preços atuais, de R$ 50 o metro cúbico, não são adequados para o investidor - R$ 65 por metro seria o desejável. A valorização do insumo, disse o empresário que participou de um encontro entre líderes e investidores do setor florestal, HDOM Summit, ainda depende da execução de novos projetos industriais.

10 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-2

Por custo menor, Klabin migra exportação para graneleiro

A Klabin já estrutura a sua estratégia logística para exportação de celulose e bobinas de papel pautada no uso de navios graneleiros. Sandro Ávila, diretor de planejamento operacional, logística e suprimentos da companhia, explicou que com o fim do contrato com a Fibria, a empresa teve que reavaliar a sua logística de exportação para reduzir os custos com o transporte. Com isso, cargas que eram originalmente enviadas em contêineres, como a celulose fluff (celulose de fibra curta em bobinas), serão remanejadas para navios graneleiros.

Esse movimento, segundo o executivo, se deve aos altos preços do fretes dos navios de contêineres. "Em média, exportar por contêiner está 10% mais caro do que por navios graneleiros. Hoje, 57% do nosso volume já é enviado a granel, 30% por contêiner e, as cargas para o Mercosul (13%), seguem de caminhão. Vamos reduzir as exportações por contêiner a medida que os custos nos pressione", afirmou Ávila. Entre celulose e papel, a Klabin exporta 1,6 milhão de toneladas.

Ele conta que na Klabin a ideia é ter dois ou três armazéns na Europa perto dos principais portos e de lá fazer a distribuição da celulose via rodoviário ou navios menores. "Com isso, conseguimos mitigar a desvantagem do graneleiro frente à embarcações de contêiner que conseguem parar em vários portos pelo mundo", contou Ávila.

O movimento contrário - transferência de cargas de navios graneleiros para conteineiros - aconteceu há cerca de dez anos, quando a oferta de contêiner estava alta no mercado e isso fez com que os fretes ficassem bem mais competitivos do que os navios a granel. "Exportávamos toda a nossa celulose via graneleiros. Agora, estamos retornando às origens", disse Ávila da Klabin, acrescentando que já enviou como teste 800 toneladas de bobinas de papel por graneleiro e, no mês passado, outras 2 mil toneladas. "Esperamos que isso seja regular."

No mercado, tipicamente, os grandes volumes de celulose de eucalipto produzidos no país - cerca de 90% da produção nacional é exportada - são embarcados em navios graneleiros.

A antiga Fibria, que foi incorporada pela Suzano, já usava essa modalidade de transporte marítimo. Consumada a fusão, a "nova" Suzano seguirá embarcando praticamente toda a sua carga também via graneleiro. Apenas um pequeno volume de fibra continuará seguindo para destinos na Ásia via contêiner. A companhia, que produz cerca de 11 milhões de toneladas por ano de celulose de mercado, conta com 12 navios totalmente dedicados e chega a 86 países.

Na indústria, a grande embarcadora de contêineres é a Eldorado Brasil, produtora de celulose controlada pela J&F Investimentos. Para a companhia, esse modelo é interessante porque garante flexibilidade na distribuição da matéria-prima e pelo fato de os contratos serem negociados junto com os volumes embarcados pela JBS, frigorífico do mesmo grupo, o que garante custos competitivos.

A Klabin segue um movimento que se verifica em outros setores da economia brasileira. Leandro Carelli Barreto, sócio da Solve Shipping, consultoria especializada em transporte marítimo, diz que a alta dos preços dos frete por contêiner acontece por uma estratégia dos armadores no Brasil, que estão reduzindo os navios em rotas para o país. "Isso para manter os preços no mesmo valor negociado ao fim do ano passado. Geralmente, há uma queda nas taxas pela baixa na demanda e excesso na oferta."

O consultor acrescentou que além do setor de celulose e papel, segmentos do agronegócio, como grãos, já fez o movimento de volta para os navios graneleiros para se protegerem dos aumentos dos custos com transporte.

A estratégia dos armadores, conforme Barreto, é aumentar a taxa de ocupação dos navios para o país. Uma embarcação parada que fazia a rota Ásia-Brasil, com capacidade de transporte de 9 mil Teus (contêiner de 20 pés) custa em torno de US$ 2 milhões por mês. Já manter todos os navios em operação rodando com abaixo de 80% da sua capacidade, as empresas perdem cerca US$ 9,6 milhões por mês.

"Ou seja, é muito mais saudável arcar com os custos de um navio parado do que operar navios com grande capacidade ociosa, que diminui a economia de escala e aumenta o custo unitário de transporte, além de estimular as guerras de fretes e pressionar o resultado dos armadores."

Ele alerta, no entanto, que grande parte dos embarcadores não está percebendo esse movimento dos armadores e aguardam a melhora nos fretes para firmar os contratos. "O cenário mudou e os armadores farão o possível para repor as perdas dos últimos anos. Os donos da carga que não quiserem deixar 'dinheiro na mesa' precisarão acompanhar de perto a relação entre oferta e demanda de cada uma das rotas que utiliza."

11 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-4

TJ dá à PE indicação no conselho da Eldorado.

A Paper Excellence (PE), sócia minoritária da J&F Investimentos na Eldorado Brasil, assegurou na Justiça o direito de indicar um membro ao conselho fiscal da produtora de celulose antes da assembleia geral ordinária (AGO). Convocada para o dia 25, a assembleia vai eleger os novos membros do órgão colegiado.

Em decisão de ontem, os desembargadores da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo votaram favoravelmente a um agravo de instrumento ajuizado pela CA Investment, empresa constituída no Brasil pela PE para comprar a Eldorado, que desde outubro buscava na Justiça o direito de indicar um nome ao conselho fiscal antes da assembleia.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), porém, tinha avaliado que não havia obrigatoriedade de eleição de um membro permanente ao conselho antes do encerramento do mandato em curso.

"Tão logo a decisão esteja disponível, a CA vai intimar a J&F e a Eldorado para empossar imediatamente o conselheiro", disse o advogado Arthur Cronemberger Parente, do escritório Mattos Filho. A PE vai indicar Luis Felipe Schiriak.

Com isso, a PE deve garantir que conselheiro indicado por ela tenha condições de rever as contas da Eldorado no exercício de 2018. O conselho fiscal da empresa prevê cinco assentos, porém apenas três estão ocupados atualmente, com nomes indicados pela J&F.

Em nota, a PE informou que a decisão "reforça a certeza da CA de que a Justiça brasileira não deverá dar guarida ao comportamento abusivo por parte dos acionistas da J&F, que vêm continuamente agindo de modo a descumprir o contrato assinado pelas companhias e acionistas e, também, violando os direitos fundamentais da CA como acionista da Eldorado".

A J&F, por sua vez, diz que não negou o direto da PE de eleger um membro do conselho fiscal. "Isso deverá ocorrer, se a Paper Excellence exercer o seu direito, na próxima Assembleia Geral Ordinária, em 25 de abril. O que a J&F defendeu - em sintonia com a posição da CVM - foi que a eleição não poderia ocorrer a qualquer momento. A discussão ocorreu porque, no exercício de 2018, a Paper Excellence não indicou conselheiro na AGO, pretendendo fazê-lo meses após a sua ocorrência", informou.

05 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-4

Pronta arbitragem que julgará disputa pela Eldorado Brasil.

Depois de meses de embate judicial, o tribunal de arbitragem que vai definir o futuro do controle da Eldorado Brasil, produtora de celulose de eucalipto da J&F Investimentos e da Paper Excellence (PE) foi instalado, apurou o Valor. A arbitragem será presidida por Juan Fernandez Armesto, último nome que faltava para compor o trio de arbitragem.

Os outros dois árbitros, Anderson Schreiber e José Emilio Nunes Pinto, já haviam sido definidos. Não há prazo para que o processo seja encerrado, mas fontes próximas ao litígio avaliam que o julgamento pode levar até dois anos, a não ser que as sócias cheguem a um acordo no meio do caminho.

A disputa entre J&F e PE, que teve início em meados do ano passado, chegou ao dia a dia da companhia. No início de fevereiro ano, a Eldorado suspendeu uma emissão de US$ 500 milhões em bônus no mercado internacional, que seria usada para gestão de passivos, depois de a PE alegar inconsistência em informações do prospecto e recorrer à Justiça para barrar a operação. Havia demanda superior ao pretendido, mas os investidores embutiram no preço o atrito entre as sócias.

No começo desta semana, a PE, do indonésio Jackson Wijaya, aproveitou um comunicado sobre a conclusão da compra da canadense Catalyst Paper para alfinetar a J&F. A disputa com a holding da família Batista, segundo o empresário, leva ao adiamento de novos investimentos no país.

"Confiamos no sistema jurídico brasileiro e esperamos uma decisão favorável à Paper Excellence para que possamos cumprir o contrato assinado com a maior brevidade. Lamento, pois a situação implicará adiamento de novos investimentos, na geração de riqueza e de empregos, em detrimento da sociedade brasileira", disse Wijaya na nota.

Conforme o empresário, o país sempre esteve nos planos de investimento da PE, o que se confirmou com a assinatura do contrato de compra da Eldorado em setembro de 2017. O desfecho da transação, porém, não ocorreu como a estrangeira almejava e será decidido na arbitragem.

"Não posso negar minha surpresa com o rumo que tomou nossa primeira aquisição. Percebemos uma atitude dos vendedores que não condiz com um ambiente de negócios saudável para a atração de investimentos estrangeiros no Brasil", afirmou Wijaya.

Wijaya, da PE, critica a atitude dos Batista no negócio; J&F afirma que PE tem histórico de descumprir contratos

Em nota, a J&F também reiterou sua confiança no sistema jurídico do país e disse que as sucessivas decisões favoráveis que obteve na Justiça reforçam a convicção de que a Câmara Internacional de Arbitragem "também reconhecerá a absoluta correção da J&F e a violação, pela Paper Excellence, do contrato de venda do controle da Eldorado".

"O respeito aos contratos é pedra angular de qualquer sistema jurídico que pretenda favorecer a atividade empresarial. Repousa justamente nesse princípio a defesa da J&F. Quanto ao grupo indonésio Paper Excellence, não é a primeira vez que se envolve em escândalos internacionais relacionados com o descumprimento de contratos", disse a J&F.

A PE desembolsou R$ 3,8 bilhões por uma fatia de 49,41% da produtora de celulose de eucalipto que está instalada em Três Lagoas (MS) e tinha prazo até setembro do ano passado para completar a aquisição do controle - os 50,59% remanescentes que permanecem nas mãos da J&F. A condição precedente era a liberação de garantias prestadas pela holding a dívidas contraídas pela Eldorado, o que acabou não ocorrendo.

Em sua versão, a PE diz que a J&F dificultou a liberação dessas garantias (ações da JBS e avais) por causa da valorização da companhia após a assinatura do contrato, que estabeleceu preço de R$ 15 bilhões incluindo dívidas. "Por sua vez, o interesse dos vendedores de se desfazerem do ativo e cumprirem o contrato assinado diminuiu", disse a PE na nota.

A J&F, por sua vez, alega que cumpriu os termos acordados e que os caminhos propostos pela PE para liberação de tais garantias não estavam previstos em contrato, além de colocarem em risco a situação financeira da Eldorado. Uma vez que o contrato não foi cumprido - porque as garantias não foram liberadas dentro do prazo previsto -, a J&F declarou extinto o contrato de compra e venda no início de setembro do ano passado.

A PE recorreu à Justiça, que indicou que o imbróglio deveria ser resolvido na arbitragem conforme previsto no acordo firmado entre as sócias. Mas reconheceu, em liminar, a validade do contrato de compra e venda firmado em 2017.

Sobre a Catalyst Paper, a PE informou que a aquisição concluída em março representa mais um passo na estratégia de crescimento da empresa e amplia seu portfólio de papéis e a capacidade de produção de celulose. A canadense pode produzir 1,3 milhão de toneladas por ano de celulose de fibra longa e diferentes tipos de papel.

Com sede operacional no Canadá e registro na Holanda, a PE informa que sua capacidade de produção supera 3,5 milhões de toneladas de celulose e papel e alcança receita anual de US$ 2,5 bilhões após a aquisição da Catalyst.

04 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-1

Jari busca parceiro.

A fabricante de celulose Jari está em conversas avançadas com potenciais sócios estratégicos e um acordo dever ser alcançado ainda no primeiro semestre. A empresa produz celulose em uma unidade no Pará e busca um investidor para reduzir seu endividamento, na casa de R$ 1 bilhão, e avançar em um projeto de expansão de capacidade. O presidente da companhia, Patrick Nogueira, disse que há um movimento de consolidação no segmento de celulose solúvel no mundo. Ao participar de evento promovido pelo Bradesco BBI, Nogueira disse que o movimento é necessário "para dar o fôlego que precisa e deve acontecer".

04 de abril de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-4

Celulose na China.

Celulose na China I

Os fundamentos da indústria de celulose estão em um dos melhores momentos, com demanda crescente e ausência de oferta adicional, disse ontem o diretor comercial da Eldorado Brasil, Rodrigo Libaber. Conforme o executivo, o consumo vai continuar crescendo, em um ambiente de oferta limitada, o que garante um cenário positivo para os próximos três anos. "A Arauco trará um acréscimo líquido pequeno perto da demanda que será gerada adicionalmente. O fundamento permanece intacto e é positivo", disse, em evento do Bradesco BBI. Na China, houve um ajuste macroeconômico no segundo semestre, mas agora os produtores de papel estão com estoques muito reduzidos, o que deve levá-los a retomar compras. "Esse é o momento que vamos viver nos próximos dois ou três meses. A gente tende a sentir a demanda mais forte, que pode ser maquiada por reestocagem. Mas os níveis voltaram ao normal desde fevereiro", observou.

Celulose na China II

O presidente da Suzano, Walter Schalka, reiterou que a companhia não viu redução de consumo estrutural na China e que, após o aumento dos estoques da companhia naquela região por causa do menor volume de compra dos clientes chineses, a situação já começou a ser normalizada. Em março, comentou, houve redução nos estoques da Suzano. "Março já foi um mês normal para nós", observou, durante evento do Bradesco BBI.

09 de Abril de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

O bonde já passou para a Suzano e Klabin, aponta Credit Suisse

Um muito disputado cabo de guerra entre os compradores e vendedores no mercado internacional de celulose levou a uma redução do otimismo do Credit Suisse com o setor no curto prazo, revela um relatório enviado a clientes. Segundo os analistas Caio Ribeiro e Rafael Cunha, as compras de papel na China caíram 6% em 2018 e as margens recuaram 40%. Isso se traduziu em uma demanda mais fraca por celulose e crescimento dos estoques.

“Esses fatores, a nosso ver, sugerem que a perspectiva de preços de celulose ao longo de 2019 deve permanecer mais incerta, o que acreditamos que torna menos atraente ter uma visão mais construtiva sobre as ações de celulose da América Latina no momento", destacam. Para o banco, a melhor estratégia agora é esperar para identificar um novo nível de estabilidade para o mercado.

Recomendações

A indicação para a Suzano (SUZB3) foi cortada de compra para neutra e o preço-alvo reduzido de R$ 62 para R$ 53. Ribeiro e Cunha explicam que a empresa está bem posicionada na indústria e com sinergias a serem capturadas pela fusão com a Fibria, no entanto, tem o curto prazo nublado pelas perspectivas incertas sobre os preços.

A Klabin (KLBN11) também teve a indicação alterada de compra para neutra, com preço-alvo cortado de R$ 24 para R$ 18.

“A Klabin é uma ação defensiva e deve gerar um rendimento decente de Fluxo de Caixa Livre de 9-10% nos próximos três anos. Contudo, acreditamos que seu ciclo de investimento potencial carrega uma série de incertezas e envolve uma grande soma de investimento de US$ 2,2 bilhões em um momento em que a alavancagem está em 3,1 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda, que acreditamos ainda não estar madura para sustentar essa magnitude de investimento", pontuam.

07 de Abril de 2019 (20:00)

Publicação: Zero Hora - Economia

Lucro das maiores empresas gaúchas chega a R$ 5 bi em 2018

As 15 companhias de capital aberto com maior faturamento no RS passaram por ajustes internos em meio a uma melhora tímida da atividade econômica

A melhora tímida da economia e os resultados dos ajustes internos forçados pela crise levaram as principais empresas gaúchas a lucrar mais em 2018. As 15 companhias de capital aberto do Estado com maior faturamento tiveram no ano passado resultado positivo somado de R$ 5 bilhões, 92% acima do valor observado em 2017 e o melhor desempenho desde 2014, quando o país começava a mergulhar na recessão.

Do grupo das empresas avaliadas, seis aumentaram o resultado líquido e quatro reverteram números vermelhos em 2017 para azuis em 2018. O avanço do ano passado foi puxado essencialmente por Banrisul, Gerdau e Renner, que tiveram lucros acima de R$ 1 bilhão. O grupo siderúrgico, aliás, vinha de três anos consecutivos de prejuízo. Em 2015, amargou perda pesada de R$ 4,6 bilhões.

Da lista de companhias do Estado, os únicos dois prejuízos vieram do Grupo CEEE e da Taurus Armas. A estatal de energia teve resultado negativo de R$ 815,9 milhões ano passado, influenciado pelo braço de distribuição, que teve rombo de R$ 989,3 bilhões, enquanto a de geração e transmissão de energia conseguiu ganhar R$ 173,39 milhões. A fabricante de armamento teve prejuízo, mas foi o menor dos últimos cinco exercícios.

Mais enxuta e eficiente

Fabricante de semirreboques e autopeças para veículos pesados, a Randon, de Caxias do Sul, passou por dois anos de perdas - em 2015 e 2016. Em 2017, voltou ao lucro. No ano passado, o ganho foi três vezes acima do exercício anterior. O segmento bombava antes da crise devido à facilidade de crédito para comprar caminhões e implementos rodoviários, mas, quando veio a recessão, a freada foi brusca. O mercado da empresa da Serra caiu dois terços.

- Tínhamos fábricas em Caxias, Chapecó, São Paulo e Argentina, mas vazias - lembra o diretor-presidente da empresa, Davi Randon, referindo-se à queda da demanda.

O primeiro passo para se adaptar à nova realidade foi parar os investimentos. Depois, buscar crédito para reforçar o caixa. Em seguida, um processo de racionalização nas unidades, com concentração de atividades afins, redução de gastos com matérias-primas, busca por tecnologia para diminuir custos dos produtos, flexibilização da jornada e, em seguida, demissões. Com o mercado interno parado, buscar mais exportação foi uma das saídas.

Disciplina na execução

Ao contrário das empresas de outros segmentos, a Dimed, dona da rede de farmácias Panvel, avalia que 2018 foi o ano mais desafiador deste período. O diretor-executivo de operações do grupo, Roberto Coimbra, observa que foi o exercício em que as drogarias observaram o menor crescimento do ritmo de vendas.

Não houve queda, mas o avanço foi mais lento. A saída para aumentar o lucro foi azeitar o negócio. A companhia teve ganho de R$ 74,9 milhões, 25% acima de 2017, e conseguiu se manter sempre no azul durante a crise.

- Tivemos de fazer algumas mudanças para manter o equilíbrio e as margens. Foi uma disciplina de execução. Fomos mais seletivos na abertura de lojas e buscamos maior produtividade, com o engajamento das equipes - explica Coimbra.

O diretor-executivo aponta que os consumidores foram em busca de produtos mais baratos, tanto medicamentos quanto itens de higiene e beleza.

Série de ajustes

Outro exemplo de empresa que virou o jogo foi a Kepler Weber, fabricante de silos armazenadores de grãos. O superintendente comercial da companhia, João Tadeu Vino, conta que, em 2014, a empresa faturou, bruto, mais de R$ 1 bilhão e, dois anos depois, viu a receita cair pela metade. Mesmo capitalizados, os produtores seguraram o dinheiro no período de maior turbulência econômica e política. O crédito secou e o juro ficou mais caro. A empresa foi pega no contrapé.

- Em 2014, foi o auge e fizemos investimentos para aumentar a produção. Mas as vendas começaram a cair. Com a chegada dos anos piores, tivemos de começar um trabalho interno para retomar a rentabilidade, sabendo que o mercado não seria o mesmo. Buscamos aumentar produtividade, melhorar a engenharia e tivemos de reduzir pessoas. Foram várias ações - conta Vino, lembrando que indústrias, tradings e cerealistas que trabalham com grãos também colocaram um pé no freio nos pedidos.

Com demanda melhor em 2018 e os ajustes internos, a empresa conseguiu sair de dois anos seguidos de prejuízo e lucrar R$ 8,3 milhões.

Só ganhos crescentes

Empresa gaúcha com o maior valor de mercado, a Lojas Renner é um caso à parte. Apresentou lucros crescentes nos últimos anos, até chegar a um resultado líquido acima de R$ 1 bilhão. A explicação está em uma série de medidas para elevar a competitividade, tomadas antes da recessão.

- Quando a crise chegou, estávamos preparados com nossa estrutura de custos, a operação estava mais ágil e eficiente e, o produto, melhor - diz o diretor administrativo, financeiro e de relações com investidores da Lojas Renner, Laurence Gomes.

As iniciativas incluíram remodelação de lojas para melhorar a experiência de compra, garantir mais qualidade dos produtos junto aos fornecedores e maior agilidade na entrega. Ao mesmo tempo, foi contratada consultoria para revisar processos que ajudou a diminuir custos. O resultado: enquanto o consumo se retraía no país, a Renner ampliava lucros e margens e ganhava participação de mercado. Em cinco anos, a varejista passou de 16,4 mil para 21,4 mil funcionários.

Fim da tempestade perfeita

A Celulose Irani voltou a ter lucro no ano passado. Foram R$ 3 milhões, depois de dois exercícios seguidos de prejuízo, período em que viveu a tempestade perfeita, afirma o CEO da empresa, Sergio Ribas. Dois terços da receita da companhia vêm da venda de papelão ondulado, utilizado na embalagem de produtos, negócio diretamente ligado ao nível de consumo, que teve forte queda durante a recessão econômica.

Ao mesmo tempo, a maior parte da matéria-prima da empresa são aparas, oriundas de papel reciclado. Com a crise e o ânimo menor da população de ir às compras, o insumo escasseou e ficou mais caro, impactando os custos.

- Mas, 2018 foi melhor. O motor da recuperação foi um mercado com demanda mais forte. Ao mesmo tempo, conseguimos capturar nos resultados os efeitos dos ajustes que fizemos na recessão, com estrutura de custo mais racionalizada - diz Ribas.

Mas ressalta que o mercado ainda está longe dos patamares anteriores à crise.

04 de Abril de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

China foi o maior comprador de celulose do Brasil em 2018

Em 2018, a China comprou aos produtores brasileiros celulose no valor de 3542 milhões de dólares, um acréscimo de 37,7% relativamente aos 2572 milhões de dólares registados em 2017.

A China superou a Europa como principal destino da celulose brasileira em ambos os anos, com o bloco europeu a adquirir produto no valor de 2668 milhões de dólares em 2018 e 1985 milhões de dólares um ano antes.

A realidade é diferente nos outros dois produtos com estatísticas divulgadas pela IBA, painéis de madeira e papel, em que a China surge em último lugar com valores monetários muito diminutos.

Nos painéis de madeira, cujo principal destino das exportações foi a América Latina, com 179 milhões de dólares em 2018, a China adquiriu produto no valor de apenas seis milhões de dólares, o dobro dos três milhões registados um ano antes.

No papel, a China comprou produto no valor de 47 milhões de dólares, uma quebra de 52,0% relativamente ao pago em 2017, tendo a América Latina sido, de novo, o principal destino das exportações, com um valor de 1418 milhões de dólares.

O sector brasileiro da madeira registou um saldo positivo de 9672 milhões de dólares nas suas trocas comerciais com o exterior, resultado de exportações no valor de 10 742 milhões de dólares e importações no montante de 1070 milhões de dólares.

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