21 de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Econômico

Mercado aguarda dados pro forma de Suzano e Fibria

Por Stella Fontes | De São Paulo

Suzano e Fibria, que há pouco mais de um mês consumaram a fusão avaliada inicialmente em R$ 83 bilhões, vão divulgar os resultados do quarto trimestre hoje após o fechamento do mercado. Mas, antes de olhar os números das duas companhias que não existem mais, analistas, investidores e jornalistas vão querer saber quais são os indicadores consolidados pro forma da nova Suzano S.A..

A expectativa é que as principais linhas e índices financeiros da nova companhia, entre os quais alavancagem financeira, sejam informados junto com os resultados operacionais do último trimestre em que as produtoras de celulose e papel existiram separadamente. Já se sabe, porém, que sinergias e previsão de investimentos em 2019 serão conhecidos somente no "Suzano Day", no fim de março.

Alguns analistas fizeram cálculos para a companhia combinada já no quarto trimestre. O Itaú BBA, por exemplo, espera resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) pro forma de R$ 3,4 bilhões, estável na comparação anual, mas 37% abaixo do que teria sido registrado no terceiro trimestre. Houve piora no desempenho sequencial, escreveram os analistas Marcos Assumpção, Barbara Angerstein, Daniel Sasson e Carlos Eduardo Schmidt, porque Fibria e Suzano recusaram vendas no mercado à vista chinês diante dos preços mais baixos da celulose de fibra curta. No intervalo, as vendas conjuntas ficaram em 1,7 milhão de toneladas, conforme estimativa do banco, queda de 34% ante o terceiro trimestre.

Outro indicador aguardado é a alavancagem. Diante da preocupação com a dívida bilionária assumida para pagar os acionistas da Fibria, a direção da Suzano deu pistas do que o mercado poderia esperar. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores Marcelo Bacci, no fim de dezembro, a dívida líquida da "nova" companhia corresponderia a menos de 2,9 vezes o Ebitda em dólar - nível apurado no terceiro trimestre, e melhor do que o previsto quando a operação foi anunciada.

Em relatório do início deste mês, após encontro com o comando da Suzano, o Bradesco BBI apontou que esse indicador estava em 2,3 vezes. Conforme o analista Thiago Lofiego, a companhia pretende estabelecer nível máximo de endividamento. Dívida líquida de R$ 35 bilhões, frente a R$ 45 bilhões atualmente, seria um patamar "ótimo", na análise do banco.

O ritmo de redução da alavancagem também determinará a velocidade de execução dos próximos passos de crescimento da Suzano. Há expectativa de que a companhia anuncie ainda em 2019 a construção da terceira linha de produção na unidade de Três Lagoas (MS), que era da Fibria. A equipe que trabalhava na expansão foi integralmente incorporada aos quadros da Suzano e segue tocando o projeto, apurou o Valor.

Apesar da expectativa em relação aos números pro forma, os analistas fizeram projeções para o balanço da Suzano ainda como companhia independente. Na média, Itaú BBA, Morgan Stanley, Santander e BTG Pactual esperam lucro de R$ 1,32 bilhão, quase quatro vezes mais do que o apurado um ano antes, com o impacto positivo do câmbio na linha financeira. Para a receita líquida, a média de três estimativas chegou a R$ 3,48 bilhões, alta de 10,8%. O Ebitda ajustado deve subir 18,9%, a R$ 1,7 bilhão, segundo a média das projeções dos quatro bancos.

O Itaú BBA projeta alta nos custos de produção de celulose, na esteira de vendas menores de energia, gastos mais altos com madeira e parada para manutenção na fábrica de Imperatriz (MA). "A geração de caixa deve ser fortemente afetada pelo aumento significativo dos estoques de celulose no período", escreveram. Por outro lado, não deve haver mudança na tendência exibida pelo negócio de papel nos trimestres anteriores.

19 de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Econômico

Stora Enso enxerga melhora do mercado e 2020 "muito forte"

Por Stella Fontes | De São Paulo

Uma das maiores produtoras de celulose e papel da Europa, a Stora Enso acredita que 2020 será um dos anos mais fortes para a indústria mundial de celulose. O prognóstico otimista leva em conta o fato de a demanda global seguir exibindo crescimento, ao mesmo tempo em que não haverá chegada de novas fábricas ao mercado. Além disso, potenciais impactos da saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, parecem já estar refletidos nos preços e, apesar do ritmo mais lento, a economia chinesa continua com expansão saudável.

"O mercado deve começar a reagir no segundo trimestre e o segundo semestre deste ano será bem forte", disse ao Valor o vice-presidente de Marketing e Comercialização da divisão de Biomateriais da companhia sueco-finlandesa, Alexandre Nicolini. Entre 2019 e 2021, nenhuma grande linha de produção entrará em operação no mundo - a não ser o projeto Mapa da Arauco, com mais de 1,2 milhão de toneladas de fibra curta, que começa a chegar a mercado na segunda metade de 2021. A escassez de nova oferta deve levar a demanda a ultrapassar a disponibilidade de matéria-prima, num movimento que tende a favorecer as cotações.

Desde o fim do ano passado, os preços da celulose recuaram em torno de US$ 100 por tonelada diante da diminuição das compras, sobretudo na China. Nas últimas semanas, porém, os índices de preço Foex já mostraram alguma estabilidade, o que pode indicar que a correção perdeu força. Nos produtores de celulose, os estoques estão elevados, mas nos fabricantes de papel, observou o executivo, os inventários foram reduzidos. "É preciso observar como esse estoque será escoado para não prejudicar os preços", ponderou.

Apesar da piora do mercado nos últimos meses, contou Nicolini, 2018 foi "excepcional" para a divisão de Biomateriais, que reúne os negócios de celulose e outros compostos da madeira, como lignina. No acumulado do ano, a área obteve o maior ganho líquido desde sua constituição, em 2012, equivalente a um terço do lucro consolidado de € 988 milhões registrado pela Stora Enso. Já o retorno sobre o capital operacional (ROCC, na sigla em inglês) da unidade ficou em 17,9%, acima da meta de 15%.

Executivo vê espaço para expansão de capacidade, porém defende disciplina do setor em novas fábricas

As vendas anuais de Biomateriais cresceram 10,3%, para € 1,64 bilhão, frente a avanço de 4,4% das vendas consolidadas do grupo, que atua ainda nos mercados de embalagem e papel, para 10,5 bilhões. Em volume, as vendas da divisão somaram 2,43 milhões de toneladas e só não foram melhores porque problemas climáticos na Europa levaram à restrição da oferta de madeira, com reflexos na produção da companhia no segundo trimestre. O volume de fibra longa produzida caiu 10% por essa razão. Além da celulose produzida nas fábricas dedicadas à matéria-prima, a Stora vende o excesso de fibra das unidades integradas à produção de papel.

Com cinco fábricas no norte da Europa e na América do Sul, incluindo a Veracel, joint venture agora com a Suzano no sul da Bahia, e a uruguaia Montes del Plata, onde é sócia da chilena Arauco, a companhia passou por uma profunda transformação na última década, e reduziu a exposição ao mercado de papel, que enfrenta um encolhimento estrutural. Hoje, produtos gráficos representam 30% do negócio, ante 70% no passado. Em celulose, a Stora produz diferentes tipos de fibra - curta, longa, fluff, solúvel, entre outras. "Isso funciona como uma carteira defensiva, um hedge natural", disse Nicolini, que também comanda os negócios da empresa no Brasil.

A estratégia do grupo sueco-finlandês passou ainda por ampliar a aposta em novos produtos na divisão de Biomateriais. Em 2018, as vendas desses produtos - como a celulose microfibrilada (MFC, na sigla em inglês) ou uma celulose fluff inédita no mercado, que não leva dióxido de cloro e é mais sustentável - cresceram 9%. A meta é alcançar alta de 15% no curto ou médio prazos.

Conforme Nicolini, a Stora Enso está preparada para aproveitar o momento positivo do mercado e está atenta a oportunidades de expansão, embora não tenha neste momento um plano específico para o segmento de celulose de eucalipto. Na avaliação do executivo, há espaço para expansão de capacidade, desde que a indústria tenha disciplina - o que quer dizer que não há margem para a entrada em operação de duas grandes fábricas, como ocorreu no passado. "Isso não é saudável", afirmou.

Recentemente, em um lance de diversificação de fornecedores por parte de clientes da Fibria e da Suzano, que fundiram operações, a Stora engordou sua carteira. "A fusão trouxe algumas oportunidades, já que os clientes se abriram para outros fornecedores", disse. Consumada a consolidação entre as brasileiras, a companhia europeia pretende conversar com a direção da Suzano sobre projetos futuros e medir a disposição de levar adiante o antigo plano de implantar uma nova linha na Veracel.

18 de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Econômico

Bons sinais para o consumo de papel

Por Stella Fontes | De São Paulo

A produção e o consumo de papéis no Brasil ficaram estagnados no ano passado, mas a perspectiva é de desempenho positivo em 2019, segundo a finlandesa Pöyry. A manutenção da trajetória de crescimento das vendas em determinados segmentos, com destaque para o papel para fins sanitários (tissue), e a provável recuperação das expedições de papéis para embalagens, diz o vice-presidente da multinacional de consultoria e serviços de engenharia, Carlos Farinha, dão suporte a essa expectativa.

"Se não ocorrer nenhuma catástrofe, deve haver crescimento", diz o executivo. A partir da análise dos números preliminares relativos a 2018 da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que reúne as empresas de base florestal no país, a Pöyry constatou que os únicos segmentos com alta de produção no ano passado foram tissue e cartões. As vendas desses papéis cresceram 3,9% e 3,7%, respectivamente, puxadas pelo mercado doméstico.

Ao mesmo tempo, o consumo de papel para embalagem, ou papelão corrugado, recuou 1,8%. Sozinho, o segmento representa 52% da produção nacional de papéis. Diante da previsão de crescimento de 2% a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa é de que as expedições de papelão ondulado mostrem reação, puxando a produção, afirma o gerente de Estudos Econômicos da Pöyry, Manoel Neves.

De acordo com o executivo, há importante correlação entre o consumo de papel para embalagem e o PIB nacional e o PIB industrial. Neste momento, os indicadores sugerem retomada de crescimento em linha com a evolução registrada nos últimos 15 anos.

Os executivos da Pöyry lembram ainda que as restrições na China à importação de aparas estão levando a uma alteração no perfil do suprimento de papel e fibras no mundo e, apesar da pressão sobre os preços da celulose entre o fim do ano passado e o início de 2019, os fundamentos do mercado permanecem sólidos.

18 de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Econômico

Demanda de celulose fibra curta deve crescer menos

Por Stella Fontes | De São Paulo

A demanda de celulose de fibra curta, que nos últimos anos cresceu à média de 1 milhão de toneladas anuais, deve avançar um pouco menos em 2019. Conforme estimativa do banco holandês Rabobank, o consumo adicional neste ano deve ficar em torno de 700 mil toneladas, novamente sustentado por compras maiores da China e de outros países asiáticos.

Mas isso não significa que, necessariamente, os preços irão ceder por causa da menor procura no curto prazo. Como não há chegada de novas capacidades a mercado, a relação entre oferta e demanda deve ficar cada vez mais justa e a expectativa é a de que as cotações, que caíram nos últimos meses, voltem aos níveis verificados no terceiro trimestre. "O mercado vai se manter equilibrado, com margem para aumento de preços", diz o analista sênior do Rabobank, Andrés Padilla.

Para o especialista, a fibra curta deve retomar os patamares verificados entre agosto e setembro no terceiro trimestre, e já há sinais de recuperação no mercado chinês. Diante da pressão dos compradores por preços mais baixos, produtores brasileiros e indonésios reduziram os embarques de celulose para aquele mercado, o que se refletiu em reação de US$ 10 a US$ 20 por tonelada nas cotações.

Estudo do Rabobank mostra que, no médio prazo, a demanda pela commodity vai superar o volume disponível

Em estudo do Rabobank publicado recentemente, Padilla, Natasha Valeeva e Stacie Wan afirmam que, apesar dos riscos de declínio na demanda chinesa como resultado dos efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos, o impacto na demanda de celulose deve ser irrelevante.

Diante da construção de novas máquinas de papel tissue (para fins sanitários) no país entre 2015 e 2019, com capacidade conjunta de 5,2 milhões de toneladas segundo dados da Fastmarkets Risi, as importações de celulose continuarão crescendo.

Sozinha, a China deve consumir 400 mil toneladas a mais de fibra curta em 2019, enquanto em outros países asiáticos o adicional deve ficar em torno de 200 mil toneladas. Na Europa e nos Estados Unidos, a previsão do banco é de demanda praticamente estável. Assim, os chineses responderão por mais de 50% do crescimento da demanda em 2019 - há riscos, porém, que devem ser monitorados, com destaque para a guerra comercial e o ritmo de expansão da economia doméstica.

Depois de 2019, a relação entre oferta e procura tende claramente a favorecer os produtores, no que tange aos preços da matéria-prima. O estudo do Rabobank mostra que, no médio prazo, a demanda vai superar o volume disponível. Entre 2018 e 2022, a adição líquida de celulose de fibra curta no mercado global ficará em 1,325 milhão de toneladas - e metade disso consumida já em 2019.

O único projeto relevante nesse período, até o momento, o Mapa, da Arauco, com 1,28 milhão de toneladas que devem estar disponíveis somente em 2022, além de outras capacidades menores, como a de 170 mil toneladas por ano da russa Ilim.

Ao mesmo tempo, 615 mil toneladas de fibra curta serão convertidas em celulose solúvel. No Brasil, há ao menos dois candidatos a projetos de expansão - a Suzano, após a fusão com a Fibria, e a Lwarcel, comprada pela Royal Golden Eagle (RGE) -, mas ainda não há anúncio oficial.

14 de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Economico

Estrangeiros buscam ativos de papel no país

Por Stella Fontes | De São Paulo

Grandes produtores estrangeiros de celulose e papel estão em busca de ativos de papel para fins sanitários (tissue) no Brasil, apurou o Valor. Ao mesmo tempo, diferentes fabricantes nacionais de papel higiênico estão à venda ou seus controladores, em geral famílias, estão abertos a conversar com potenciais compradores, depois que o forte aumento de custos e o excesso de oferta no mercado local comprimiram as margens entre 2017 e 2018.

Segundo fontes da indústria, a sueca Essity, que nasceu em 2017 de uma cisão da Svenska Cellulosa Aktiebolaget (SCA), a chilena CMPC - que acaba de unificar suas subsidiárias nesse segmento sob o nome Softy's nos oito países em que tem operação - e a indonésia Asia Pulp & Paper (APP) aparecem entre as multinacionais que estão ativamente procurando oportunidades em tissue no mercado brasileiro.

Do lado dos vendedores, as fabricantes de papel higiênico Companhia Paduana de Papéis (Copapa), do Rio, e Ondunorte, de Pernambuco, que aparecem entre as três maiores nas regiões em que atuam, estão em busca de um comprador, conforme apurou o Valor. Segundo fontes da indústria, além dessas duas empresas, há mais ativos disponíveis na indústria brasileira de tissue, que caminha para iniciar um ciclo de consolidação em 2019.

Novos concorrentes e o forte aumento dos custos de produção desafiam às pequenas e médias fabricantes

Entre as fabricantes à venda aparece também a paranaense Sepac. O Itaú BBA já iniciou apresentações da empresa a potenciais compradores e, assim como nos outros casos, há interesse de companhias estrangeiras de celulose e papel em uma eventual aquisição, segundo fontes ouvidas pelo Valor. O jornal "O Estado de S.Paulo" informou na edição de ontem que a Sepac estava em busca de um comprador.

A sueca Essity ainda não tem operação no país, embora a SCA já produza localmente fraldas e absorventes. A CMPC, por sua vez, comprou em 2009 a Melhoramentos Papéis e desde então investiu mais de R$ 1 bilhão no negócio. No passado recente, teria abordado a paranaense Mili, dona da maior capacidade instalada no país, com vistas a uma potencial negociação.

A APP, que pertence à família Wijaya, já avaliou fábricas de celulose no país - a Paper Excellence, empresa de Jackson Wijaya, detém hoje 49,41% da Eldorado Brasil - e agora tem prospectado ativos em outros segmentos da indústria de base florestal. Desde que começou a buscar oportunidades no Brasil, a APP teria no radar também a instalação de uma máquina de tissue, um importante negócio para o grupo na Ásia.

Dona das marcas Carinho e BomPety, a Copapa é líder em volume de vendas em Minas Gerais, Espírito Santo e interior do Rio de Janeiro e terceira maior na região metropolitana do Rio, segundo dados de julho da Nielsen. Fundada em fevereiro de 1960, tem capacidade de produção de 51 mil toneladas por ano. Em 2018, teve receita líquida de R$ 262 milhões, com alta de 2,7%. Fontes de mercado afirmam que não haveria um processo formal de venda, mas bancos de investimento têm abordado a empresa.

Já a Ondunorte, que detém as marcas Alpino, Rose e Leve, nasceu em 1966 e tem capacidade de produção de 120 mil toneladas anuais de papel higiênico, guardanapos, toalhas de papel e caixas de papelão ondulado. A empresa está em recuperação judicial. A Sepac, por sua vez, é dona de marcas como Duetto e Paloma e pode produzir mais de 160 mil toneladas anuais de papéis para fins sanitários. O faturamento da companhia foi de R$ 800 milhões no ano passado. A empresa também atua no segmento de fraldas descartáveis.

A chegada de novos concorrentes e o forte aumento dos custos de produção de tissue, em um momento que os brasileiros reduziram os gastos por causa da crise econômica, impuseram desafios financeiros às pequenas e médias fabricantes brasileiras. O mercado mais concorrido também levou grandes empresas a praticarem preços mais baixos, o que afetou as margens da indústria como um todo.

Mais do que escala, um importante atrativo em uma potencial aquisição é a participação de mercado já detida pelas fabricantes brasileiras, já que o segmento é bastante pulverizado e caracterizado por marcas regionais líderes. Hoje, há sobrecapacidade nesse setor e a disputa por preço tem machucado a rentabilidade de todos. "Quem vender primeiro, vai vender melhor", avalia o conselheiro independente Geraldo Affonso Ferreira, que atua no setor de celulose e papel.

Para Ferreira, fabricantes de tissue que não tenham produção própria de celulose, como tem a Suzano, ou não contem com uma cadeia de distribuição bem estruturada, como a Kimberly-Clark, devem continuar enfrentando dificuldades de melhorar as margens no curto e médio prazos. Havia expectativa no mercado de que a Suzano pudesse ser consolidadora também nesse segmento. Apesar de ativos de tissue terem sido oferecidos por bancos à companhia recentemente, o foco estaria, neste momento, em integrar as operações com a Fibria.

De acordo com o diretor da Anguti Estatística, Pedro Vilas Boas, o custo de produção de papéis para fins sanitários no país dobrou em dois anos, na esteira do aumento dos preços internacionais da celulose e das aparas brancas, que também são usadas na fabricação de papel higiênico.

Além disso, houve a chegada da Suzano a esse mercado, com uma capacidade equivalente a quase 10% do consumo nacional, e novas máquinas entraram em operação, o que levou o segmento a registrar produção recorde de 1,35 milhão de toneladas em 2018, em 61 fábricas, segundo a Anguti. "Com a maior concorrência, ficou difícil repassar os custos. Os preços do papel higiênico nas gôndolas dos supermercados brasileiros praticamente não subiu", diz Vilas Boas.

Uma das maiores empresas brasileiras nesse segmento, a Santher, dona da marca Personal, sentiu no balanço as dores do crescimento em um momento de mercado competitivo e nova oferta de capacidade. No início de 2018, depois de meses de negociação com oito bancos, a empresa da família Haidar conseguiu alongar quase R$ 500 milhões em dívidas, ao mesmo tempo em que promoveu uma ampla reestruturação interna, com enxugamento de gastos e pessoal. Os sócios negam que a Santher poderia ser vendida.

Procuradas, a Ondunorte e a Sepac negaram que estejam em processo de venda. A Copapa não comentou o assunto. A Essity e a CMPC também informaram que não comentariam o assunto. A APP, por sua vez, não deu retorno até o fechamento dessa edição.

21 de Fevereiro de 2019

Publicação: Jornal Correio Braziliense

Klabin busca espaço na indústria do plástico

» Paula Pacheco

São Paulo — A cidade de São Paulo poderá ser a próxima a proibir o uso de canudos de plástico, como garantiu recentemente o prefeito tucano Bruno Covas. O movimento contra o uso dessa matéria-prima, obtida a partir do petróleo, tem sido crescente por parte dos consumidores.

A pressão internacional tem feito com que a indústria e o varejo busquem alternativas para reduzir o impacto ambiental de materiais descartáveis, especialmente nos oceanos. Nessa corrida tecnológica, um setor centenário da economia vem investindo em formas de atender a essas novas demandas: o de fabricação de papel.

A Klabin tem intensificado as pesquisas, tanto próprias quanto aquelas desenvolvidas por meio de parcerias, com o objetivo de agregar novas características aos diferentes tipos de papel e assim se posicionar como uma solução viável para quem depende de produtos obtidos a partir do plástico.

“Há uma forte pressão global por produtos renováveis. Temos olhado formas de melhorar as embalagens e encontrar formas de substituir o plástico e outros materiais', conta Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Negócio de Celulose. Nessa corrida por soluções, a empresa tem como desafio garantir embalagens que preservem características dos produtos, protegendo da umidade, da luminosidade, por exemplo, preservando aspectos sanitários e que levem em consideração o ciclo de reciclabilidade do material.

Expansão

De acordo com o executivo, o mercado global de embalagens tradicionais de papel tem crescido a uma taxa média anual de 2,5%, abaixo do plástico de uso único, que vem apresentando alta de cerca de 5% ao ano. Já as embalagens que combinam papel e outras fontes renováveis vêm conseguindo uma taxa mais elevada, que tem variado de 6% a 7% ao ano. “Como ainda é algo novo, o potencial de crescimento é muito maior do que as matérias-primas já utilizadas", avalia Razzolini.

Um dos segmentos na mira da Klabin é o de alimentação para animais de estimação (ou petfood). A empresa precisou de cerca de dois anos para chegar a uma embalagem desenvolvida em parceria com a Dalquim, dona de marcas como DalPet, que leva uma quantidade muito pequena de plástico na sua composição, mas sem perder características como resistência e selagem, além de criar uma barreira à gordura, comum nesses alimentos.

A companhia também tem conversado com potenciais clientes para fechar negócio para o fornecimento de itens nas linhas de canudos, pratos e bandejas feitas com papel, hoje abastecidos quase que exclusivamente pela indústria do plástico.

Fast-food

Os copos, por exemplo, têm recebido um filme obtido de fonte renovável para garantir resistência no contato com algum líquido. A previsão da companhia é levar esse tipo de produto para empresas do setor de alimentação coletiva, redes de fast-food e de cafeterias, além de companhias que tenham na sua política a preocupação com a sustentabilidade, como alguns bancos e varejistas.

“Globalmente, algumas empresas já têm feito a migração para esse tipo de produto. Por aqui, temos conversado para mostrar quais são os ganhos possíveis", conta Flávio Deganutti, diretor Comercial de Papéis.

Os canudos feitos de papel já estão sendo produzidos em baixa escala e a empresa também está desenvolvendo alternativas ao cotonete feito com plástico.

Outro produto, já distribuído no mercado, é a saca de café. A embalagem tradicional é feita de juta. Em parceria com a Universidade Federal de Lavras, a companhia chegou a um material resistente, que consegue manter características do grão, como o aroma, o que é muito valorizado especialmente no segmento de cafés especiais.

Hoje a Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, vem atendendo não apenas produtores brasileiros de café, mas também clientes da Colômbia, do Panamá e do Equador. O potencial é grande, já que o Brasil é o maior exportador global dessa cultura.

Segundo Deganutti, nos últimos anos tem se intensificado o movimento de grandes marcas, como Nestlé, Unilever e Mondelez, no sentido de evitar que suas embalagens sejam descartadas de forma incorreta e estejam expostas no meio do lixo descartado nos oceanos. Essa nova forma de enxergar os negócios, explica, vai da revisão do material usado em sacolas até as tampas das embalagens. “Os consumidores, especialmente os mais novos, estão atentos a essas mudanças, o que tem levado a indústria a buscar alternativas", diz.

Como acontece na implementação de toda nova tecnologia, no começo pode haver um impacto no custo dessas embalagens alternativas ao plástico, mas Deganutti acredita que há muitos ganhos, principalmente na redução do impacto ambiental com o seu descarte. Em linhas gerais, diz o executivo, o efeito financeiro é baixo para os clientes. “Não chega a ser algo que possa inviabilizar a mudança, até porque há um ganho de escala com o passar do tempo."

Investimentos

Para avançar nos novos produtos, a Klabin anunciou em setembro passado um aporte de R$ 32 milhões no programa de pesquisa e desenvolvimento (P&D), do qual faz parte a construção de um parque de plantas-piloto, em Telêmaco Borba (PR). A operação deve começar no último trimestre do ano e faz parte de um esforço crescente de aumentar os aportes em novas soluções. De acordo com Razzolini, há 10 anos a companhia aplicava 0,2% do faturamento em P&D. Agora, esse número já está em 1%.

Com a unidade paranaense, a empresa terá condições de realizar estudos e testes em algumas frentes de pesquisa, como a que estuda a chamada celulose microfibrilada (MFC). Essa matéria-prima será incorporada às linhas de produção de papel da companhia, que ganharão mais resistência.

A Klabin também planeja encontrar novos usos da lignina, um polímero que garante a rigidez interna dos vegetais e que pode ser empregado na composição de resinas fenólicas, espumas, termoplásticos, fibra de carbono e barreiras, por exemplo. Ao chegar nessa etapa, a empresa poderá expandir seus projetos no mercado de produtos renováveis e sustentáveis.

Klabin em números

» Produção de papel - 2 milhões de toneladas por ano

» Produção de celulose - 1,5 milhão de toneladas por ano

» Número de funcionários - 19 mil, incluindo diretos e indiretos

» Área plantada - 229 mil hectares plantados com pinus e eucalipto e 214 mil hectares de matas nativas preservadas

» Onde está presente - a Klabin possui 18 unidades industriais, 17 no Brasil, em oito estados - Amazonas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, e uma na Argentina

18 de Fevereiro de 2019 (15:29)

Publicação: Agência CMA - Notícias

BALANÇA: Média diária de venda de papel e celulose cai 15,7% no mês

São Paulo, 18 de fevereiro de 2019 - A média diária das exportações de papel e celulose caiu 15,7% em fevereiro até ontem na comparação com a médiadiária de igual mês de 2018, para US$ 37,4 milhões. Em relação à média diária de janeiro deste ano, houve queda de 31,2%. Os dados setoriais da balança comercial foram divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,613 bilhão emfevereiro até dia 17, resultado de US$ 8,748 bilhões em exportações e de US$ 7,135 bilhões em importações - o que equivale a médias diárias de US$ 795,3 milhões e de US$ 648,6 milhões, respectivamente.

14 de Fevereiro de 2019 (15:11)

Publicação: Agência IN - Caderno Setorial

PAPEL E CELULOSE: Indústria de embalagem de papelão cresce 13%

SAO PAULO, 14 de fevereiro de 2019 - Segundo a ABPO (Associação Brasileira do Papelão Ondulado), o volume de produção de papelão ondulado em janeiro de 2019 ficou 0,24% abaixo do resultado apurado no mesmo mês de 2018, recuando pela terceira vez consecutiva em 0,33% entre dezembro e janeiro, de acordo com IBRE/FGV. Já a Mazurky, empresa de embalagens de papelão do ABC Paulista, comemora o fechamento do primeiro mês do ano com saldo positivo, cresceu 13% em janeiro em comparação ao mesmo mês de 2018.

A empresa diz ter excelentes perspectivas para 2019 e diversos projetos em andamento e celebra o balanço de janeiro que fechou dentro do orçado e com o número cravado da meta estimada.

'Esse ano será um ano de grandes projetos na empresa, faremos mudanças e investimentos, e estamos acreditando na estabilidade política e econômica do País nos próximos 4 anos', conta Eduardo Mazurkyewistz, diretor da Mazurky.

Com um olhar no setor automotivo e vendo a necessidade dos sistemistas (fornecedores da indústria automobilística), a Mazurky iniciou a implantação de uma certificação ISO, especifica para o setor que é a ISO16949 IATF, norma desenvolvida pelos principais fabricantes mundiais de automóveis, pois acredita que o mercado está carente de empresas profissionalizadas para atender as novas exigências do setor. Com esta certificação implantada, a organização espera sair na frente dos concorrentes e se unir ao setor.

Justamente pensando no futuro, o executivo fechou parceria com o Senai e iniciou uma consultoria para transformar a empresa em uma indústria 4.0. 'Entendemos que se não estivermos enquadrados na nova realidade da indústria em um futuro próximo, nossa empresa perderá competitividade e ficará de fora do mercado, por isso nossa atenção está sempre voltada a nos mantermos atualizados', conclui o diretor da Mazurky.

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