Aide Memoire N° 1732 | 14 de janeiro
- Por: Juliane
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CARLOS GERALDO LANGONI
TENSÃO EXTERNA
A crise entre Estados Unidos e Irã aumentou o nível de incerteza da economia mundial, em contraste com a melhora nos índices de confiança doméstica.
Volatilidade:
O maior impacto foi sobre o preço do petróleo, cujo viés é agora de queda após oscilar próximo do patamar de US$ 70.
É cedo ainda para saber qual o novo nível de equilíbrio no curto prazo.
A oferta do Irã já estava fora dos principais mercados pelas sanções impostas pelos norte-americanos.
Nos últimos anos, tem aumentado a produção de países não-membros da OPEP, como o próprio Brasil.
De qualquer forma, é sempre importante lembrar que a Arábia Saudita - o Banco Central do petróleo - é aliada dos Estados Unidos e, se necessário, poderia atuar para minimizar tendência de overshooting.
Câmbio:
Por tudo isso, parece acertada a estratégia da Petrobras de - sem abrir mão de sua política de preços realistas - aguardar os desdobramentos da crise que parece caminhar para certa distensão.
Contribui para essa pausa a relativa estabilidade da taxa de câmbio, que tem flutuado na faixa de 4 reais, apesar da onda global de aversão ao risco.
É reflexo da melhora nos fundamentos macro, refletido na alta dos índices de confiança empresarial e dos setores serviço e comércio em dezembro.
Contribui também a solidez das contas externas, apesar da forte queda no saldo comercial (cerca de 20%) acompanhando a desaceleração do comércio global.
As exportações recuaram em todas as categorias, contaminadas pelo ritmo mais lento na China e pela recessão argentina.
Apesar desse ajuste, o déficit em conta-corrente continua sendo financiado, confortavelmente, por capitais de longo prazo: o investimento direto estrangeiro deve atingir US$ 80 bilhões este ano.
Indústria / Inflação:
Essa tendência positiva não deve ser alterada, apesar da queda na produção industrial em novembro.
Houve contração das principais categorias, inclusive duráveis e bens de capital. Ainda assim, o mercado aposta em forte expansão (2,19%) neste ano.
Por outro lado, a forte aceleração do IPCA em dezembro, explicada pela alta dos alimentos, deixou a inflação anual (4,31%) um pouco acima da meta oficial.
Não contaminou, entretanto, as expectativas. As projeções do mercado apontam para IPCA em 2020 na faixa de 3,60%, abaixo do novo centro da meta (4%).
Em resumo, o estresse externo foi importante teste de resistência para a economia brasileira.
A julgar pelo comportamento do câmbio, o resultado foi positivo: a agenda de reformas já contribui para amortecer choques da economia mundial.
O Brasil avançará nos próximos anos no ranking dos principais exportadores mundiais de petróleo: é fundamental manter a política de paridade entre preços domésticos e internacionais.
Nesse sentido, a substituição do diesel pelo GNL é solução mais eficiente do ponto de vista econômico e ambiental do que qualquer mecanismo artificial para minimizar a volatilidade das cotações internacionais.