Conjuntura do Agronegócio

1. Mercado doméstico volta a concentrar apostas

Mais uma vez o agronegócio brasileiro dormirá no dia 31 de dezembro à espera de um ano novo melhor no mercado doméstico. E quando acordar em 1º de janeiro, dia da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), o setor espera ouvir dos integrantes do novo governo que reformas importantes como a previdenciária terão prosseguimento para que o país volte a crescer de forma consistente, com reflexos positivos sobre o consumo.

Ainda que Papai Noel já tenha se acostumado com esse recorrente pedido - e tenha dado de ombros nos últimos anos -, há algum tempo produtores rurais e agroindústrias não esperam tanto que ele seja atendido. Como as incertezas no front externo se avolumaram em 2018 e as diversas disputas comerciais em curso criam espaço para surpresas internacionais, nada melhor do que uma demanda interna firme para que 2019 seja de fato próspero.

Em seu estudo "Perspectivas para o agronegócio brasileiro", o Rabobank realça a importância que o mercado doméstico terá para o setor no ano. "A incerteza é grande no âmbito externo, inclusive no que se refere ao ritmo da recuperação americana. Nesse contexto, o cenário é menos favorável para o Brasil, o que amplia a necessidade de o país fazer sua lição de casa o mais rapidamente possível. Ainda temos um problema fiscal que não foi resolvido", diz Maurício Oreng, economista-chefe do Rabobank no Brasil e um dos autores do trabalho - que também é assinado por Adolfo Fontes, Andrés Padilla, Andy Duff, Beatriz Fabrini, Fernando Gomes, Guilherme Morya, Matheus Almeida e Victor Ikeda.

Para a safra 2018/19 de grãos, que já começou a ser colhida e poderá alcançar o recorde histórico de 238,4 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o crescimento de 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 previsto pelo Rabobank, "consistente com uma paulatina recuperação do emprego e, consequentemente, do consumo interno", será muito bem-vindo. Não só para produtos básicos como arroz e feijão, que dependem quase que exclusivamente do apetite dos brasileiros, mas também para soja, milho e até o algodão, que têm no Brasil um dos líderes mundiais em exportação.

Victor Ikeda lembra que a guerra comercial entre Estados Unidos e China beneficiou especialmente os embarques brasileiros de soja e algodão em 2018, mas que houve sinais de arrefecimento das rusgas nas últimas semanas e há muitas dúvidas sobre o que poderá acontecer nessa terra onde os fracos não têm vez. Certo é que a produção de soja caminha para uma nova marca histórica e a de milho vai se recuperar após as intempéries da temporada 2017/18, e é vital que a demanda por carnes se mantenha forte para que bons volumes se transformem em ração para alimentar aves e suínos.

Da mesma forma que os cotonicultores desejam à indústria têxtil brasileira tudo do bom e do melhor para 2019, os agricultores com foco em soja e milho torcem para que os frigoríficos não enfrentem tanto problemas como neste ano, ainda de demanda doméstica menor que a desejada, de uma greve dos caminhoneiros que afetou sobretudo a cadeia do frango e de barreiras de importadores em decorrência de problemas sanitários identificados pela Operação Carne Fraca e suas etapas subsequentes.

"Para aves e suínos, o primeiro semestre de 2018 foi muito ruim, com preços baixo e custos inflados pela alta dos grãos. Esperamos uma recuperação moderada em 2019", afirma Adolfo Fontes. A princípio, as perspectivas são melhores para as exportações, sobretudo para a China, mas a ameaça do governo Bolsonaro de mudar a sede da embaixada brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém poderá criar embaraços com os países árabes, importantes importadores de carne de frango halal.

A China, por sinal, poderá provocar grandes mudanças no mercado global de carnes no ano que vem. Maior produtor e consumidor de carne suína do mundo, o país sofre com a proliferação de peste suína africana e poderá não só ampliar as importações, mas passar por uma transformação em seu "mix" de consumo, o que poderá favorecer inclusive a carne bovina - junto com Hong Kong, a China já é a maior importadora de carne bovina do Brasil.

Ainda no segmento de proteínas animais, o leite é outro produto que será beneficiado se a economia brasileira entrar no prumo. Itens como queijos desafiaram a crise e avançaram no mercado nos últimos anos, mas de uma maneira geral o consumo não empolgou e as margens dos laticínios foram apertadas em 2018, observa Andrés Padilla. O analista também acompanha o mercado de suco de laranja, outro que dependerá da continuidade do avanço da comercialização no mercado interno para crescer, já que a demanda externa continua encolhendo.

Açúcar e café, commodities cujas exportações são lideradas pelo Brasil e cujos preços caminharam juntos e sob pressão no mercado internacional neste ano, sob influência marcante de fartas ofertas mundiais e oscilações cambiais, também esperam mais do mercado interno. Andy Duff nota que, no tabuleiro do açúcar, o etanol vendido no país foi uma variável que colaborou para os resultados das usinas neste ano e poderá novamente ajudar nas contas em 2019; no do café, destaca Guilherme Morya, esse impulso já acontece há alguns anos, entre outros motivos graças ao sucesso das cápsulas.

Se as principais cadeias agrícolas tiverem um ano positivo, os fornecedores de insumos como fertilizantes e defensivos certamente não terão do que se queixar. Na área de defensivos, ainda há ajustes em curso. As empresas do segmento iniciaram 2018 com dificuldades graças aos elevados estoques nas redes de distribuição, e houve forte aumento dos preços de algumas matérias-primas importadas em razão redução da produção na China, por restrições ambientais. Na de fertilizantes, diz Matheus Almeida, um dos problemas foi a greve dos caminhoneiros, que tumultuou as entregas em um momento importante de comercialização.

Como em todos os demais elos do agronegócio, houve alta de custos de transporte de defensivos e fertilizantes em consequência da entrada em vigor do tabelamento dos fretes, benesse concedida pelo governo Temer para agradar aos caminhoneiros. Todo o setor ainda têm esperanças de que a tabela seja revogado nos primeiros meses da era Bolsonaro e que o "livre mercado" volte a dar o tom. Mas, independentemente disso, para os produtores de insumos resta a certeza de que, com ou sem tabela, faça chuva ou faça sol, a agricultura brasileira continuará em expansão. Nas próximas décadas.

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Fonte: Valor Econômico

2. Futuro ministro vai criar Departamento do Agronegócio no Itamaraty

O futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou nesta sexta-feira, via Twitter, a criação de um Departamento do Agronegócio no Itamaraty. Em uma sequência de 12 mensagens, ele afirmou que o departamento atuará junto com o Ministério da Agricultura “na conquista de mercados internacionais”. “Daremos ao agro a atenção que no MRE ele nunca teve”, afirmou.

Segundo o futuro ministro, o departamento orientará algumas negociações comerciais em favor dos produtores brasileiros. “Orientaremos as embaixadas a promoverem os produtos agrícolas brasileiros ativa e sistematicamente. A Apex será direcionada no mesmo sentido.”

"Nestes longos anos sem ideais e sem identidade, não fechamos nenhum acordo comercial relevante. Isso mostra que não é pela autonegação ou pela adesão automática aos cânones do globalismo que o Brasil conquistará mercados, mas pela autoconfiança e pelo trabalho", completou.

Segundo o novo chanceler, a nova política externa não fará o Brasil deixar de exportar frango, soja, carne e açúcar, “mas passará a exportar também esperança e liberdade". "O fato de ser uma potência agrícola não nos proíbe de ter ideais e de lutar por eles.”

De acordo com ele, o setor produtivo agrícola identifica-se profundamente com os valores da nação e os defende, tanto que apoiou e apoia maciçamente Bolsonaro. "Mas o establishment da velha política e da velha mídia quer usar o agro como pretexto para reduzir o Brasil a um país insignificante”, escreveu.

Araújo disse ainda que não conseguirão “jogar a agricultura contra os ideais do povo brasileiro”. “O trabalho incansável, a fé, a inventividade, o patriotismo dos agricultores são a própria essência da brasilidade.”

O futuro chanceler afirmou ainda que vai trabalhar para desmistificar o conceito de que o produtor agrícola não cuida do meio ambiente. “Defenderemos o produtor brasileiro, nos foros internacionais, da pecha completamente falsa de ser agressor do meio ambiente. Nos governos petistas, o Itamaraty foi a casa do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) . Agora estará à disposição do produtor”, disse.

“A pujança agrícola será parte do projeto de engrandecimento do Brasil. Ao mesmo tempo, a projeção de um Brasil confiante, grande e forte servirá ainda mais aos interesses da agricultura”, declarou.

De saída do prédio do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, onde vem se reunindo a equipe de transição do novo governo, Araújo ainda disse a jornalistas que a nova estrutura do Itamaraty deverá contar com menos subsecretarias, que hoje são nove. Ele não deu detalhes sobre a mudança.

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Fonte: Valor Econômico

3. Governo volta a prorrogar prazo de inscrição de produtores no CAR

O prazo de inscrição dos imóveis rurais no Cadastro Ambiental Rural (CAR) — instrumento criado pelo Código Florestal, em 2013 — foi novamente prorrogado, pela quarta vez. O presidente Michel Temer publicou ontem Medida Provisória que estende o limite para 31 de dezembro de 2019.

A lei do Código Florestal previa inicialmente que os produtores teriam até 5 de maio de 2015 para inscrever suas propriedades no CAR. A primeira prorrogação ocorreu ainda no governo de Dilma Rousseff, ante pressão do setor rural.

A inscrição dos produtores no CAR é condição obrigatória para que eles participem de Programas de Regularização Ambiental (PRA) e tenham acesso a benefícios.

De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, foram cadastrados até 31 de novembro 4,7 milhões de imóveis rurais no CAR, que ocupam 469,8 milhões de hectares. Essa área cadastrada já supera a área passível de cadastro, estimada com base no Censo Agropecuário do IBGE de 2006, que é de 397,8 milhões de hectares.

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Fonte: Valor Econômico

Insumos

4. Goiana Tec Agro faz aquisição e cresce em venda de insumos

A Tec Agro, uma das maiores distribuidoras de insumos agrícolas (sementes, fertilizantes e defensivos, entre outros) de Goiás, com cinco revendas, acertou na semana passada as bases para adquirir a Super Safra, dona de duas lojas localizadas no sul do Estado.

O negócio, cujo valor não foi revelado, marca a continuidade de um movimento de consolidação que ganhou força nos últimos anos nesse segmento, ainda muito pulverizado. Mas, diferentemente de quase todas as transações recentes que vieram à público, esta não envolve a participação de um fundo de investimento.

Fundada em 1996 em Rio Verde por Everaldo Pereira e Antônio Pimenta, a Tec Agro se destacou inicialmente pelas vendas de sementes de soja - tanto que, em 1999, os sócios criaram a Sementes Goiás. "Aceleramos o avanço em sementes em 2008, e a aposta deu certo", disse Everaldo ao Valor. Hoje, a Sementes Goiás vende 800 mil sacas por safra.

Com esse crescimento em sementes e a ampliação da rede de distribuição de insumos, as duas empresas (Tec Agro e Sementes Goiás) deverão faturar R$ 580 milhões neste ano, conforme Ânderson Galvão, CEO da consultoria Céleres, que em parceria com a LKM assessorou a Tec Agro na aquisição da Super Safra, que deverá faturar R$ 140 milhões.

Everaldo adianta que, após um período de transição, a marca Super Safra será substituída pela Tec Agro nas lojas localizadas em Goiatuba e Catalão e as unidades passarão a seguir a linha já ditada para as revendas situadas em Rio Verde, Jataí, Santa Helena, Montevidiu e Acreúna.

De acordo com Everaldo, essa ampliação geográfica, além de atrair um número maior de clientes (hoje são cerca de 3 mil) e gerar novos negócios, poderá facilitar novas expansões de fronteiras, inclusive em outros Estados.

"Como a Super Safra, que está há 17 anos no mercado e tem forte atuação na distribuição de insumos para cana, o potencial de crescimento é grande. Acredito que nosso faturamento poderá dobrar em dois anos", disse.

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Fonte: Valor Econômico

5. BB comunica renúncia dos diretores Nilson Moreira e José Minchilo

O Banco do Brasil comunicou a renúncia de Nilson Martiniano Moreira do cargo de diretor de suprimentos, infraestrutura e patrimônio. E também a saída de José Caetano de Andrade Minchilo do cargo de diretor de gestão de pessoas.

Esta semana o BB já tinha anunciado a renúncia do diretor de estratégia e organização, Carlos Alberto Araújo Netto, e do diretor de corporate bank, Márcio Luiz Moral.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), já indicou que Rubem Novaes deve ser o novo comandante do BB. Ele, por sua vez, sinalizou que o atual presidente do banco, Marcelo Labuto, continuará na instituição, em outra posição. Também indicou que o economista Carlos Hamilton ocupará uma das vice-presidências, mas não deu detalhes. Já Francisco Basílio foi escolhido para a vice-presidência de agronegócios.

A diretoria-executiva do BB é formada pelo presidente, nove vice-presidentes e 27 diretores.

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Fonte: Valor Econômico

6. Mercado de terras depende quão liberal será o próximo governo, diz consultor

O mercado de terras para a agropecuária no Brasil vive um cenário de espera das definições da agenda no novo governo. Produtores e operadores do mercado vem se mostrando mais otimistas com a transição na política do país, mas o mesmo não se pode dizer de outros investidores, comenta o analista de mercado da Informa FNP, Márcio Perin.

"É preciso ver o quão liberal será a agenda do novo governo para o agronegócio. Houve informações desencontradas durante a transição”, diz.

Ele se refere a posições manifestadas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro e que levaram a especulações sobre o futuro das relações com alguns dos principais mercados para o agronegócio brasileiro, como a China e os árabes. Se o Brasil perder algum espaço, pode haver reflexo nos preços internos de terra.

“Não haveria expansão de área nem projetos de infraestrutura, que são importantes e um grande vetor que poderia alavancar o mercado de terras”, explica o consultor.

De modo geral, o mercado de terras vem de um período de poucas novidades, pelo menos desde 2014, afirma Perin. Até então, o investidor estava comprando e os preços vinham se valorizando. Mas, com a instabilidade política e o agravamento da crise econômica entre 2015 e 2016, o mercado viveu o que ele chama de momento crítico, com negócios apenas pontuais.

“Bancos assumiram garantias e temeram que perdessem valor. Alguns tiveram que ir ao mercado e vender, em alguns casos, com valor até 50% abaixo do mercado. Isso cria um círculo vicioso de preço mais baixo. Felizmente, essa expectativa não se agravou porque o agronegócio continuou dando resposta positiva”, explica Perin.

Pelo menos no primeiro semestre deste ano, os números da Informa FNP apontam para um mercado relativamente estável. Em nível nacional, o valor médio foi de R$ 13.845,93 por hectare, apenas 0,02% a mais que no primeiro semestre de 2017, quando a média foi de R$ 13.638,20.

Em quatro estados brasileiros – Alagoas, Amapá, Sergipe e Tocantins – houve estabilidade nos preços. A maior valorização, comparando o primeiro semestre deste ano e o do ano passado, foi registrada no Estado do Amazonas, de 6%.

Em outros quatro estados – Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rondônia – houve a menor variação no preço médio por hectare, de apenas 0,4%. Os dados do primeiro semestre da Informa FNP mostram ainda que não houve desvalorização da terra em nenhuma região do Brasil.

Gestão de custos

Em relação ao mercado agropecuário, de modo geral, Márcio Perin avalia que o produtor rural deve estar cada vez mais atento aos custos e processos relacionados ao seu negócios. Acompanhar a evolução tecnológica, ter um bom planejamento comercial e financeiro e utilizar-se dos instrumentos de comercialização, como o barter (troca de produtos por insumos).

Ele avalia que, no ano que vem, a logística continuará a ser um fator importante. O tabelamento de frete rodoviário está em vigor e pode ser oneroso para o produtor rural. Pelo menos por enquanto, a expectativa é de margem positiva, mas há projeções de preços agrícolas mais baixos, o que pode afetar a rentabilidade do negócio.

"Evite especular. Trave uma parte da produção e deixe outra parte para negociar depois. à medida que o produtor entender que é mais importante garantir a margem do que esperar preço, será melhor deixar de ganhar em alguma momento do que perder", diz ele.

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Fonte: Revista Globo Rural

Proteína Animal

7. Entre frigoríficos, apenas JBS subiu

Mais valiosa empresa do agronegócio brasileiro, respondendo por mais de 35% do valor de mercado das empresas que fazem parte do levantamento do Valor Data, a JBS salvou o ano dos investidores de frigoríficos. Em 2018, as ações da companhia controlada pela família Batista registraram alta de 18,8%, e seu valor de mercado subiu quase R$ 5 bilhões, para R$ 31,6 bilhões.

Entre as quatro empresas de carnes listadas na bolsa, somente a JBS encerrou o ano com resultado positivo nessa frente. Marfrig Global Foods, BRF e Minerva Foods amargaram quedas. Juntas, as três companhias perderam mais de R$ 14 bilhões em valor de mercado. E o destaque negativo, como já era esperado, foi a BRF, cuja perda chegou a quase R$ 12 bilhões.

Mesmo com a troca de gestão, e a indicação bem-recebida de Pedro Parente para o cargo de presidente do conselho de administração e CEO global, as ações da BRF patinam diante do delicado desafio para a empresa se recuperar. Além de estar muito endividada, a rentabilidade das operações foi bastante prejudicada por erros da gestão anterior.

Não bastasse isso, a Operação Trapaça (terceira fase de Carne Fraca) atingiu em cheio a empresa. Funcionários da BRF respondem a suspeitas de fraude de testes da bactéria salmonela em lotes de carne de frango exportada à União Europeia, entre outras irregularidades. A UE alegou perda de confiança de controles sanitários e proibiu a companhia de exportar ao bloco, o que inundou o mercado interno com a carne de frango que seria embarcada. Para amenizar a crise, a BRF fechou fábricas temporariamente e demitiu cerca de 4 mil funcionários no Brasil. Nesse cenário, a companhia admitiu que só conseguirá normalizar a rentabilidade do negócio em dois anos.

Com a corrosão de seu valor de mercado, BRF perdeu o posto de empresa mais bem avaliada para a JBS, cujas ações se recuperaram no último trimestre do ano. Até então, os papéis da empresa dos Batista vinham patinando nos mesmos níveis do fim de 2017. Mas a divulgação do balanço do terceiro trimestre, em outubro, com bom desempenho das operações nos EUA e expressiva melhora na rentabilidade dos negócios no Brasil, deu início a um movimento de alta que se intensificou com a indicação de Gilberto Tomazoni para o cargo de CEO e de Guilherme Cavalcanti para liderar a área de finanças e relações com investidores.

Com Tomazoni, a companhia tem, pela primeira vez, um executivo de fora da família Batista no comando. Além disso, as mudanças na gestão reforçam os planos da JBS de fazer uma oferta inicial de ações (IPO da subsidiária JBS Foods International na bolsa de Nova York. A medida é vista por analistas como uma grande oportunidade para a companhia "destravar" valor aos acionistas e ganhar acesso mais barato a recursos que podem acelerar seu avanço.

Em termos relativos, a Minerva teve o pior desempenho entre os frigoríficos, com quedas de 52,2% das ações e de R$ 1,3 bilhão do valor de mercado. A empresa de carne bovina de Barretos (SP) teve um ano conturbado, desde o início. Em fevereiro, Edison Ticle deixou o cargo de diretor de finanças após nove anos, gerando especulações sobre desentendimentos com o presidente Fernando Galletti de Queiroz. Seu substituto, Eduardo de Toledo, ficou apenas dois meses no cargo, e a situação só se acalmou em maio, com a volta de Ticle ao cargo de diretor de finanças.

Ticle teve de lidar com uma escalada do índice de endividamento da companhia, o que assustou investidores. Em razão da maior necessidade de capital de giro para suportar os frigoríficos adquiridos da JBS, no Mercosul, e do impacto negativo da valorização do dólar sobre a dívida em moeda estrangeira, o índice de alavancagem da Minerva atingiu 5 vezes. Para reduzi-lo, a empresa decidiu fazer um aumento de capital privado de R$ 1 bilhão, o que diluiu os minoritários. Também colocou em marcha a abertura de capital da subsidiária Athena Foods na bolsa do Chile. A expectativa é que 2019 seja melhor por causa de uma aquecida demanda pela carne bovina da América do Sul, onde a Minerva lidera a exportação de carne bovina

A Marfrig perdeu R$ 1,2 bilhão em valor de mercado - as ações caíram 25,4% -, mas vendeu a subsidiária Keystone à americana Tyson por mais US$ 2,2 bilhões e reduziu sua dívida líquida pela metade, além de ter ingressado no mercado americano de carne bovina adquirindo o National Beef (quarto maior frigorífico de carne bovina dos EUA). Com isso, a empresa parece estar mais estruturada para a voltar a lucrar e a distribuir dividendos depois de quase uma década.

Importante fornecedora de medicamentos para a pecuária, a indústria veterinária Ourofino colheu os frutos de uma reestruturação comercial feita no ano anterior e viu as ações subirem 41,5%. Nos primeiro nove meses deste ano, o lucro líquido mais que dobrou, para R$ 49,7 milhões, e a empresa, que fatura menos que R$ 600 milhões, está valendo R$ 1,8 bilhão - mais que a Minerva, que fatura R$ 16 bilhões.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. Cade aprova compra de fábrica da BRF pela Marfrig

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta segunda-feira, sem restrições, a compra de uma fábrica da BRF pela Marfrig. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.

A fábrica, situada em Várzea Grande (MT), produz hambúrgueres, almôndegas, quibe e outros produtos fabricados a partir de carne bovina. A Marfrig vai pagar R$ 100 milhões para assumir a fábrica da BRF. De acordo com o Cade, o negócio também envolve um acordo de fornecimento, por meio do qual a Marfrig se comprometeu a fornecer à BRF produtos acabados, como hambúrgueres, almôndegas e quibes, por um período de 60 meses.

“Como justificativa para realização do negócio, as Requerentes argumentam que a aquisição pretendida permitirá à Marfrig voltar a suprir produtos acabados à base de carne bovina no Brasil”, descreve relatório do órgão.

“Para a BRF, a operação tem por objetivo acelerar o processo de desalavancagem financeira da empresa e a parceria com a Marfrig, por meio do acordo de fornecimento, deverá acarretar impacto positivo sobre o resultado obtido no negócio de processados, decorrente da diminuição de custos de operação.”

Ainda segundo o documento, as empresas informaram que a operação não está sujeita à aprovação de outros órgãos reguladores no Brasil ou no exterior.

“Observa-se que as participações de mercado da Marfrig após a operação serão inferiores a 30%, ou seja, aquém do mínimo legal necessário para que haja possibilidade de fechamento de mercado, não havendo capacidade nem tampouco incentivos econômicos para adoção de condutas que possam resultar em fechamento de mercado, seja no mercado à montante de carne bovina in natura seja no mercado à jusante de hambúrgueres, almôndegas, quibes e outros produtos à base de carne bovina”, conclui o relatório da Superintendência-Geral do Cade.

“Portanto, esta SG entende que a presente operação não enseja preocupações concorrenciais e pode ser aprovada sob o rito sumário.”

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Fonte: Valor Econômico

9. CVM instaura 3 inquéritos para apurar conduta de controladores da JBS

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atualizou a listagem de procedimentos administrativos sobre a JBS. No seu site, a autarquia informou ter instaurado três novos inquéritos administrativos para apurar eventuais irregularidades envolvendo controladores da empresa. Os três novos inquéritos se relacionam a notícias a respeito da delação premiada dos acionistas controladores da companhia, os irmãos Wesley e Joesley Batista.

O inquérito administrativo CVM 11337/2018 foi instaurado na quinta-feira (27), para apuração de eventuais irregularidades relacionadas à possível inobservância dos deveres do acionista controlador e dos administradores da JBS em função de práticas tornadas públicas pelo acordo de colaboração premiada celebrado por sete administradores da companhia e sua acionista controladora (J&F Investimentos) com o Ministério Público.

Este inquérito é oriundo do Processo Administrativo 19957.004773/2017-41, aberto em 23 de maio do ano passado pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP), para analisar a conduta de administradores e acionistas controladores da empresa à luz dos deveres fiduciários previstos na Lei das S.A., em razão dos fatos que ensejaram a celebração de acordo de colaboração premiada entre executivos da JBS e da sua controladora e o Ministério Público Federal. Atualmente, o inquérito está em instrução na Superintendência de Processos Sancionadores (SPS) em conjunto com a Procuradoria Federal Especializada (PFE/CVM).

O inquérito administrativo CVM 11339/2018 também foi instaurado ontem para apuração de eventuais irregularidades relacionadas à possível inobservância dos deveres fiduciários dos administradores da BRF em função de práticas tornadas públicas pelo acordo de colaboração premiada celebrado por administradores e controladores da JBS com o Ministério Público Federal.

Este inquérito é oriundo do Processo Administrativo 19957.004690/2017-51, aberto em 22 de maio de 2017 pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP), para analisar notícia sobre eventual influência no conselho de administração da BRF. Atualmente, está em instrução na Superintendência de Processos Sancionadores (SPS) em conjunto com a Procuradoria Federal Especializada (PFE/CVM).

Por fim, o inquérito administrativo 11341/2018 — o terceiro instaurado ontem — apura eventuais irregularidades relacionadas à possível inobservância dos deveres do acionista controlador e dos administradores da Eldorado Brasil Celulose em função de práticas tornadas públicas no âmbito da Operação Greenfield e posteriormente incluídas no acordo de colaboração premiada celebrado por administradores da JBS com o Ministério Público Federal.

Este inquérito é oriundo do Processo Administrativo 19957.001107/2017-51, aberto em 7 de fevereiro do ano passado pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) para analisar notícia sobre eventuais irregularidades praticadas por administradores da J&F após acordo relativo à Operação Greenfield. Atualmente, se encontra em instrução na Superintendência de Processos Sancionadores (SPS) em conjunto com a Procuradoria Federal Especializada (PFE/CVM).

Com isso, a CVM soma atualmente quatro inquéritos administrativos sobre a JBS, uma vez que o CVM 3549/2018, instaurado em 2 de abril, apura eventual prática não equitativa por parte do Banco Original em negócios com contratos derivativos de taxas de juros, nos mercados de bolsa e balcão regulados pela CVM, realizados antes da veiculação, em 17 de maio do ano passado, de notícia relativa à negociação de delações premiadas por parte dos controladores do banco.

Além disso, existem seis processos administrativos envolvendo a JBS atualmente na CVM e três processos administrativos sancionadores.

No caso dos três processos administrativos sancionadores, a CVM informou que eles já estão nas mãos dos diretores-relatores para apreciação das defesas dos acusados e posterior julgamento.

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Fonte: Valor Econômico

Agroenergia

10. Um ano difícil para as empresas sucroalcooleiras

Entre as empresas que atuam no segmento sucroalcooleiro listadas na B3, a Cosan - sócia da Shell na Raízen Energia, maior empresa produtora e exportadora de açúcar do mundo - e a São Martinho perderam valor de mercado em 2018. E isso principalmente por causa da queda do açúcar, cujos preços internacionais desceram ao menor patamar em uma década e minou a rentabilidade das exportações.

Em meados do ano, os contratos futuros do açúcar negociados em Nova York chegaram a visitar a casa dos 10 centavos de dólar a libra-peso, em meio a uma produção sem precedentes na Índia. É verdade que os preços do etanol foram, em média, melhores do que em 2017 no Brasil, mas esse ganho foi insuficiente para compensar a deterioração da rentabilidade com as exportações de açúcar, que também poderia ter sido maior não fosse a valorização do dólar.

A Cosan, que também tem negócios nas áreas de logística, lubrificantes e combustíveis, perdeu R$ 3,3 bilhões em valor de mercado na bolsa e terminou o ano com R$ 13,6 bilhões. Embora o grupo tenha aumentado sua receita no acumulado dos três primeiros trimestres de 2018 em relação ao mesmo período de 2017, a rentabilidade foi menor.

A companhia faturou mais com a distribuição de combustíveis e com a venda de gás e lubrificantes, mas sofreu com a redução das margens de distribuição - especialmente após a greve dos caminhoneiros - e com o aperto nas margens da Raízen Energia, negócio que tem forte contribuição para seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Além disso, o mercado interno de combustíveis do ciclo Otto teve um desempenho muito mais fraco que o inicialmente esperado pelos agentes de mercado. As ações do grupo encerraram o ano em queda de 17,1% em relação a 2017, a maior dentre as companhias que atuam na área de cana.

O Grupo São Martinho, por sua vez, perdeu R$ 404 milhões em valor de mercado em 2018 e encerrou o ano avaliada em R$ 7 bilhões. A queda das ações da companhia foi menor, da ordem de 3,3%. Mas o fato é que, até o fim do segundo trimestre desta safra 2018/19, o aumento da aposta da empresa em etanol ainda não compensava a perda de receita com as vendas de açúcar.

Já a Biosev foi um ponto fora da curva entre as empresas do ramo em 2018. Após sua controladora, a Louis Dreyfus Company (LDC), realizar um aporte equivalente a R$ 3,5 bilhões em março (ainda no exercício fiscal anterior) para pagar parte da dívida da sucroalcooleira brasileira e reforçar o caixa, o valor de mercado da companhia aumentou R$ 2,1 bilhões, para R$ 3,1 bilhões.

Mas o aumento de capital da LDC não foi acompanhado pelos demais acionistas. Com isso, a fatia das ações da Biosev negociadas na B3 ("free float"), que já era baixo, passou para 6%, reduzindo de forma considerável a liquidez dos papéis. Ainda assim, sem essa operação, o valor de mercado da Biosev teria caído em 2018, já que as ações da companhia encerraram o ano com desvalorização de 32,2%%. A partir do fim do terceiro trimestre do ano os papéis ainda ganharam algum ímpeto com a venda das duas usinas que a empresa tinha no Nordeste, o que injetou mais R$ 270 milhões no caixa da companhia. Mas não foi suficiente para evitar a forte queda observada.

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Fonte: Valor Econômico

11. As idas e vindas de um projeto inovador

Bernardo Gradin se viu nos últimos quatro anos enredado nos sucessivos reveses de seu projeto de etanol de segunda geração, produzido a partir de resíduos da cana (palha e bagaço). Mas os principais nós parecem, enfim, desatados. Após levar disputas com fornecedores a câmaras arbitrais e gastar dezenas de milhões a mais para desenvolver soluções tecnológicas próprias - o que levou os investimentos totais a superarem US$ 220 milhões -, o sócio da GranBio se sente seguro para anunciar para janeiro próximo a retomada da operação da usina que produzirá a inovação, agora já em escala comercial.

A volta à ativa da Bioflex, que foi inaugurada em 2014 no município de São Miguel dos Campos (AL) e começou a enfrentar sérios problemas em 2016, se tornou viável porque a GranBio passou os últimos anos destrinchando e reinventado cada etapa de seus processos. O alento, diz Gradin, é que os percalços foram tantos que deverão credenciar a unidade a se tornar também uma fornecedora de tecnologia a outros empreendimentos de etanol celulósico.

A "reinvenção tecnológica" da planta foi juridicamente assegurada depois que a GranBio fechou um acordo com o principal fornecedor de equipamentos do projeto, o grupo italiano Mossi Ghisolfi (MG), e encerrou uma disputa que se arrastava desde 2014. Diante de problemas apresentados já naquele ano com as soluções elaboradas pela italiana, a GranBio inicialmente reclamou com a própria parceira. A MG, porém, vivia um momento turbulento, com problemas financeiros agravados pela morte de seu controlador, Guido Ghisolfi, em 2015.

Para poder promover ajustes na tecnologia sem ter que pedir autorização ou compartilhá-las com a MG, a GranBio entrou com um pedido de arbitragem na Inglaterra em 2016, mesmo ano em que suspendeu a operação da Bioflex. Em 2017, a empresa italiana pediu concordata nos EUA e na Itália, o que aprofundou as incertezas.

Parte da solução chegou no início deste ano, quando a seguradora inglesa contratada para garantir o funcionamento da tecnologia da MG - e que assumiu as rédeas a empresa com o andamento da concordata - propôs um acordo. Segundo Gradin, ela abriu mão do compartilhamento das novas tecnologias e aceitou arcar com um ressarcimento. Após a concordata da MG tramitar na Justiça italiana, a GranBio recebeu, no mês passado, um depósito de US$ 25 milhões, de acordo com documentos anexados ao processo, de acesso público.

Gradin ainda reivindica um ressarcimento de seguradoras brasileiras, que haviam garantido o funcionamento da engenharia e da tecnologia da planta. O valor requerido, diz Oswaldo Dalla Torre, diretor da GranBio, está na casa das "centenas de milhões de reais". Se as conversas não chegarem a um consenso, Gradin afirma que poderá entrar com um processo.

Outra frente de batalha da GranBio foi com a TRLLC, sua sócia na American Process Inc. (API). Em junho de 2015, a API, na qual a GranBio tinha 25% de participação, firmou acordo para fornecer à brasileira uma tecnologia para a produção de açúcares a partir da celulose quebrada da biomassa. Em novembro de 2016, em meio a diversas intervenções na planta alagoana, a API, sob o comando da TRLLC, entrou com um processo na Justiça americana contra a GranBio acusando-a de apropriação de segredos comerciais e quebra de contrato.

Conforme documentos públicos do processo, a GranBio defendia que o contrato garantia que melhorias na tecnologia seriam suas. Para evitar uma longa briga nos tribunais, a brasileira convenceu o juiz americano Mark Cohen, em 26 de julho de 2017, a manter a disputa em processo arbitral. Mas o processo foi encerrado depois que a GranBio exerceu seu direito de compra dos demais 75% de ações na API, em março deste ano.

Mas, enquanto travava essas disputas, a GranBio contratava especialistas e consultorias para reinventar processos desde a fase de pré-tratamento da biomassa até a etapa de fermentação dos açúcares.

"A curva do pioneirismo foi muito mais árdua do que a gente esperava. Não esperávamos que os processos estivessem tão distantes da escala. Acreditávamos que a tecnologia estava muito mais pronta do que realmente estava", afirma Gradin. Os aportes adicionais para resolver os problemas tecnológicos da planta atingiram R$ 170 milhões, que se somaram aos R$ 600 milhões investidos para erguê-la.

Entre 2016 e 2017, após uma primeira etapa de intervenções, a GranBio conseguiu rodar a Bioflex por 120 dias ininterruptos. Antes, com a tecnologia italiana, o máximo havia sido seis dias. Os investimentos foram mantidos inclusive em 2017, quando a GranBio ligou sua unidade de cogeração de energia anexa à Bioflex e ao menos aproveitou os altos preços da energia na época. Para 2019, o empresário acredita que será possível produzir 30 milhões de litros de etanol e faturar cerca de R$ 120 milhões, somando os ganhos com a cogeração.

Mas os planos de Gradin para o futuro foram redimensionados. Ele já não cogita erguer outras biorrefinarias, como queria. Mas acredita que a Bioflex poderá dar lucro operacional já em 2019 e não descarta construir uma segunda planta de etanol "2G" em 2022. Paralelamente, procura parceiros para licenciar a tecnologia desenvolvida pela GranBio.

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Fonte: Valor Econômico

12. BNDESPar faz aporte de R$ 96,3 milhões no CTC

A BNDESPar, braço de participações do BNDES, liberou um aporte de R$ 96,248 milhões no Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) após reter por dois anos os recursos, referentes a um aumento de capital deliberado com as usinas sócias da companhia.

Segundo comunicado ao mercado divulgado na tarde desta quarta-feira, a BNDESPar subscreveu 38.063 ações do CTC ao preço de emissão de R$ 2.528,64 por ação.

O aumento de capital por parte da BNDESPar estava previsto desde 2014, quando o braço do banco de fomento se comprometeu a injetar R$ 300 milhões, divididos em parcelas, para acompanhar aportes dos demais sócios. O último aporte, de R$ 75 milhões, foi corrigido pelo IPCA acumulado até novembro de 2018.

Essa última injeção de recursos deveria ter sido feita ainda na safra 2016/17, encerrada em março do ano passado, mas foi suspensa diante do receio do banco de que o Tribunal de Contas da União (TCU) avaliasse que haveria algum “desvio de finalidade”, como revelou o Valor no ano passado.

O receio surgiu na época em que outras operações do BNDES estavam sendo escrutinadas pela Operação Lava-Jato. Na época, a BNDESPar informou que o aporte deveria ocorrer exclusivamente para a “execução do plano de negócios da companhia” e que, na época, o CTC mantinha recursos em caixa para suas necessidades.

Porém, conforme também apurou o Valor na época, a BNDESPar acordou com as demais usinas sócias no CTC abrir um processo na Câmara de Arbitragem do Mercado (CAM) da B3 para evitar questionamentos do TCU.

No âmbito do processo arbitral, o acordo foi ratificado com a BNDESPar no último dia 14 de dezembro, conforme ata de reunião do conselho de administração do CTC. Na ocasião, o conselho estendeu o prazo para a BNDESPar realizar a subscrição das ações até 4 de janeiro de 2019.

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Fonte: Valor Econômico

Grãos e Grandes Culturas

13. Algodão e soja dão gás a empresas agrícolas

Com a ajuda de São Pedro, as empresas de capital aberto que se dedicam à produção agrícola tiveram motivos para comemorar em 2018. Pela segunda safra consecutiva, o clima contribuiu para mais uma safra recorde de soja. E, apesar dos problemas derivados da greve dos caminhoneiros e o posterior tabelamento dos fretes, a elevada produtividade do grão e do algodão, aliada à guerra comercial entre China e EUA, propiciou boa rentabilidade e compensou as perdas com o milho.

Nesse contexto, as ações da SLC Agrícola se destacaram e subiram 64,8% em 2018, enquanto o valor de mercado da empresa cresceu R$ 1,4 bilhão, para quase R$ 4 bilhões. No terceiro trimestre, sua margem do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) estava em 30,7%, ante 27,3% no mesmo período de 2017. A receita líquida acumulada de janeiro a setembro alcançou R$ 1,3 bilhão. Os resultados foram favorecidos pela valorização do dólar, sendo que cerca de 50% da colheita de soja do ciclo 2017/18 havia sido negociada no quarto trimestre de 2017.

Apesar das cotações deprimidas da soja em Chicago, com a guerra comercial entre China e EUA os prêmios pagos nos portos brasileiros foram mais do que um alento. A tendência, conforme analistas do banco JP Morgan, é que os papéis da SLC sigam em alta, já que as perspectivas de lucro em 2019 também estão promissoras com o bom desenvolvimento da safra atual e em virtude do câmbio.

Na mesma toada, as ações da BrasilAgro subiram 32,2% em 2018 e o valor de mercado da companhia aumentou R$ 176 milhões. Parte da receita da empresa vem da venda de terras agricultáveis, cujos preços registraram alguma recuperação no ano passado - no ano-safra 2017/18, a receita da BrasilAgro com a venda de terras cresceu 46%.

Mesmo com os ventos favoráveis, as ações da Terra Santa, caíram 17,8% em 2018, em consequência, sobretudo, de seu alto nível de endividamento. No fim de setembro, a dívida total estava em R$ 947,04 milhões, cerca de 80% do valor da empresa, enquanto a da SLC, por exemplo, representava 25%. Recentemente, a Terra Santa anunciou que renegociará uma dívida bancária de US$ 85,1 milhões com a subsidiária do banco Itaú nas Bahamas com o intuito de adequar o fluxo financeiro à geração de caixa operacional. O contrato com o Itaú representa cerca de 35% da dívida total.

Na área de insumos, a Fertilizantes Heringer amargou resultados negativos em 2018, mas rumores de negociações envolvendo a venda do controle da empresa impulsionaram as ações da companhia na B3. A alta alcançou 76,5% e o valor de mercado cresceu R$ 4,9 bilhões.

De janeiro a setembro, a empresa registrou queda de 17,2% no volume vendido de adubos - enquanto as entregas no mercado total cresceram 4,3% - e teve prejuízo líquido de R$ 442 milhões, o quádruplo ante registrado nos nove primeiros meses de 2017. De julho a setembro, foi o terceiro trimestre consecutivo Ebitda negativo (R$ 24,1 milhões). Segundo análise do BB Investimentos, os resultados foram afetados pela queda dos preços dos fertilizantes no mercado externo e pelo efeito do real desvalorizado, já que o Brasil depende de importações.

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Fonte: Valor Econômico

14. Falta de chuva prejudica soja no PR e em MS

Ainda que tudo continue a indicar que a produção brasileira de soja caminha para bater um novo recorde histórico nesta safra 2018/19, cuja colheita já teve início, a escassez de chuvas no Paraná e em Mato Grosso do Sul poderá comprometer os resultados esperados por agricultores que cultivam o grão em algumas regiões desses dois Estados.

"Teremos alguma quebra de safra, mas não é possível estimar quanto", afirmou Marcelo Garrido Moreira, economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná. O Estado é segundo maior produtor da oleaginosa no país, depois de Mato Grosso, com uma participação superior a 15% no volume total.

De acordo com os últimos dados do Deral, 80% das lavouras paranaenses estavam em boas condições e 3% em condições ruins até o último dia 17 de dezembro. Nessa situação, o órgão estimava a colheita estadual em 19,1 milhões de toneladas, mesmo patamar registrado na temporada passada (2017/18).

Conforme Moreira, há algum nível de escassez hídrica em aproximadamente 30% da área semeada no Paraná, sobretudo nas regiões oeste e sudoeste. "Tem alguns lugares onde não chove há mais de um mês", afirmou ele ao Valor na semana passada.

De acordo com o analista Luiz Fernando Roque, da consultoria Safras & Mercado, em Mato Grosso do Sul o cenário é mais complicado. "No Paraná a situação não está tão crítica, porque as chuvas estão voltando. Mas há problemas em quase todo o Mato Grosso do Sul", disse.

As perdas no Estado do Centro-Oeste do país podem chegar a 20%, calculou Roque. Na safra 2017/18, a produção sul mato-grossense somou 9,6 milhões de toneladas. Há mais chuvas previstas para esta semana, mas algumas perdas já são inevitáveis

As lavouras mais afetadas em ambos os Estados são as que foram semeadas com cultivares de ciclos precoces. "Em Mato Grosso do Sul, cerca de 80% das lavouras estão em fase de maior necessidade de chuvas", acrescentou o analista da Safras & Mercado.

O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, pondera, entretanto, que não haverá quebra generalizada no Paraná e em Mato Grosso do Sul. Em vídeo divulgado a clientes, disse que as chuvas que estão retornando possibilitará uma "melhora considerável das lavouras".

Além disso, as condições das lavouras nos demais Estados produtores é, em geral, positiva. "Para o restante do país o desenvolvimento da safra segue satisfatório", reforçou Roque, da Safras.

Em seu último levantamento sobre a atual safra de grãos, divulgado em dezembro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou a colheita de soja no Brasil em 120,1 milhões de toneladas, um recorde. Se confirmado, o volume será 0,7% superior ao do ciclo 2017/18.

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Fonte: Valor Econômico

15. Estatais chinesas compram soja dos EUA

O anúncio da venda de quase 3 milhões de toneladas de soja dos EUA à China em apenas uma semana deveria disparar o interesse dos fundos e investidores do grão na bolsa de Chicago - em tempos "normais", seria o gatilho para uma expressiva alta de preços. Mas o fato é que a informação divulgada pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) na quinta-feira não causou comoção.

Na semana encerrada em 13 de dezembro, foram vendidas à China 2,8 milhão de toneladas de soja da safra americana 2018/19, já descontados os cancelamentos. Foi o maior volume semanal já realizado na história, segundo a consultoria AgResource. Em relação à semana anterior, o crescimento beirou 260%.

Mas as cotações não reagiram. Na sexta-feira, os contratos futuros de soja de segunda posição de entrega caíram 0,95% (8,5 centavos de dólar), para US$ 8,9775 por bushel. Na segunda-feira, véspera do Natal, o movimento de baixa continuou. Os contratos recuaram mais 0,75 centavos de dólar, a US$ 8,97.

Conforme a AgResource, uma peculiaridade da atual demanda da China por soja americana pode ajudar a explicar a reação dos investidores na bolsa de Chicago. As encomendas foram feitas por estatais chinesas que, de acordo com a consultoria, conseguem contornar a tarifa de importação de 25% sobre o grão americano imposta por Pequim devido ao conflito comercial entre a China e os EUA.

Afora isso, os sinais da demanda da China são insuficientes para que as exportações dos EUA se recuperem. Nem mesmo a demanda adicional de 5 milhões a 8 milhões de toneladas que a China poderia gerar após uma trégua com os EUA deverá se concretizar. No acumulado de 2018/19, os americanos comercializaram 27,5 milhões de toneladas de soja para exportação. A meta do USDA alcança 51,7 milhões de toneladas no ano-safra, que se encerrará no fim de agosto.

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Fonte: Valor Econômico

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