Conjuntura do Agronegócio

1. Índice de preços de alimentos da FAO atinge maior nível em seis meses

O índice de preços da FAO, braço das Organizações das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação, atingiu o maior patamar dos últimos seis meses em fevereiro. O indicador teve alta de 2,7 pontos (1,7%) em relação a janeiro, atingindo 167,5 pontos. Na comparação com fevereiro de 2018, no entanto, o índice registrou queda de 4 pontos (-2,3%).

De acordo com a FAO, todos os grupos alimentares que fazem parte do índice subiram na comparação com janeiro. O destaque, mais uma vez, foram os lácteos. Neste subíndice, a alta foi de 5,6%, alcançando 192,4 pontos no mês passado.

“A forte demanda por importações, especialmente para suprimentos da Oceania, elevou os preços de leite desnatado em pó, do leite em pó integral e do queijo. Quanto à manteiga, uma queda sazonal na produção antecipada da Oceania nos próximos meses foi favorável aos preços", apontou a FAO, em um relatório divulgado nesta quinta-feira.

O indicador de preços para cereais, por sua vez, atingiu 169 pontos em fevereiro, avanço marginal de 0,3 ponto percentual ante o mês anterior. As cotações do milho foram as que mais subiram, impulsionados pelas maiores preços de exportação dos Estados Unidos, principalmente devido à preocupação com interrupções no transporte, disse a FAO. Em compensação, os preços do trigo caíram significativamente, pressionados pelo enfraquecimento na demanda.

Também de acordo com o levantamento mensal da FAO, o indicador de óleos vegetais atingiu o maior valor desde outubro de 2018, com 133,5 pontos em fevereiro, uma alta de 1,8% na comparação mensal. O aumento reflete principalmente preços mais altos dos óleos de palma, soja e girassol.

“Os preços do óleo de palma subiram pelo terceiro mês consecutivo, à medida que a esperada contração da produção sazonal nos principais países produtores coincidiram com a robusta demanda doméstica”, informou a FAO. Preços internacionais do óleo de soja e do óleo de girassol também se mantiveram firmes com expectativa de restrição na oferta global.

Em fevereiro, informou a FAO, o subíndice de carnes subiu 0,7% ante janeiro, a 163,6 pontos. “As cotações de carne bovina e suína aumentaram, apoiadas por uma procura robusta de importações, juntamente com fornecimentos limitados de exportação de carne bovina, especialmente da Nova Zelândia, e de carne suína pela União Europeia", informou a instituição.

Por fim, o indicador para o açúcar ficou em 184 pontos em fevereiro, aumento de 1,2% em relação ao mês anterior. “Espera-se agora que a produção de açúcar da Índia em 2018/19 recue 5% em relação ao ciclo anterior, enquanto na região Centro-Sul do Brasil, principal região produtora de adoçante no país, a produção de outubro de 2018 a janeiro de 2019 declinou 26% ante o mesmo período da safra anterior”, argumentou a o FAO.

A organização destacou, ainda, que o aumento nos preços da gasolina no Brasil forneceu suporte às cotações internacionais do açúcar, fazendo com que as usinas locais privilegiassem a produção de etanol em detrimento do açúcar.

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Fonte: Valor Econômico

2. Pasta da Agricultura demarcar terra indígena é inconstitucional,vê MPF

Em nota técnica, o Ministério Público Federal (MPF) defendeu a inconstitucionalidade da medida provisória 870, que reestruturou os ministérios do governo Jair Bolsonaro, e afirmou que a decisão de transferir a demarcação terras indígenas para o Ministério da Agricultura "coloca em conflito os interesses dos indígenas com a política agrícola da União".

Antes, o órgão responsável por isso era a Fundação Nacional do Índio (Funai), vinculada ao Ministério da Justiça. Com a MP de Bolsonaro - a primeira de seu governo -, essa passou a ser uma atribuição do Ministério da Agricultura, enquanto a Funai foi transferida para o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

No parecer, elaborado pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais, o Ministério Público Federal afirma que "a política indigenista instituída pela MP e pelos decretos afronta o estatuto constitucional indígena e viola o direito dos povos originários à consulta prévia" e defende que a demarcação de terras indígenas volte ao Ministério da Justiça, "que seria um mediador isento no caso de conflitos de interesses".

A peça é assinada pelo subprocurador-geral da República Antônio Carlos Bigonha, e será enviada ao Congresso Nacional, que analisa a MP, a ministros de Estado e à procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que terá que se manifestar em uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que questiona a constitucionalidade da medida.

Segundo o MPF, o Brasil é signatário da Convenção 169 da OIT, que garante aos povos indígenas direito à consulta prévia nos assuntos afetam seus direitos e interesses. Por isso, o fato de a MP ter sido editada pelo governo sem ouvir os povos indígenas faz com que a medida seja nula e deva ser rejeitada pelos parlamentares.

Sobre a transferência da demarcação de terras para o Ministério da Agricultura, o subprocurador afirma que a medida "representa claro conflito de interesses entre a política agrícola e fundiária de caráter geral, defendida pelo ministério, e o direitos dos índios de preservar o modo de vida e suas terras tradicionalmente ocupadas".

A nota técnica sustenta que a política fundiária indígena esteve submetida à pasta da Agricultura até 1967, com o Serviço de Proteção ao Índio, e que isso resultou no massacre de milhares de índios e nas atrocidades, o que acabou levando o governo a criar a Funai e subordiná-la, após 1988, ao Ministério da Justiça. “A experiência extraída do assassinato indígena e da impunidade administrativa é um alerta contra o retrocesso ao período do horror e da barbárie”, diz o texto. Da mesma forma, a transferência da Funai, sem as atribuições de demarcação, para o Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, violaria o direito dos índios à sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições.O Ministério Público argumenta ainda que as mudanças propostas por Bolsonaro "promovem a reedição de uma política integracionista superada pela Constituição de 1988 e que gerou intensa violações dos direitos indígenas no século passado".

“O índio não deve e não necessita ser integrado à sociedade brasileira, pois dela já faz parte desde sua gênese”, defende Bigonha na nota técnica.

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Fonte: Valor Econômico

3. Produção agrícola da Austrália deve cair para menor nível desde 2014 devido à seca

Uma seca severa no leste da Austrália deve reduzir a produção agrícola do país neste ano para o menor nível desde 2014, segundo relatório do Escritório Australiano de Economia e Recursos Agrícolas (Abares, na sigla em inglês).

O documento diz ainda que o valor da produção agrícola da Austrália deve cair 4%, para 58 bilhões de dólares australianos (US$ 41 bilhões) até junho. Segundo a agência, preços globais mais altos de commodities não devem atenuar o efeito da seca, uma das piores da história da Austrália. A produção total em 2019 deve diminuir 6%. A produção de trigo do país, um dos principais produtores globais, tem queda estimada de 19%, a 17,3 milhões de toneladas; a da cevada deve cair 7%, para 8,3 milhões de toneladas; e a de canola deve recuar 41%, para 2,2 milhões de toneladas

"O sistema nacional de produção agrícola é resistente e está bem sintonizado com o clima variável da Austrália", disse a escritório. "No entanto, a seca em curso nos Estados do leste e as inundações no norte de Queensland foram devastadoras."O escritório estima que a menor produção agrícola pode subtrair 0,2 ponto porcentual do crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) até junho. O relatório também prevê queda de 2% no volume de produção de animais e produtos pecuários após inundações em Queensland terem resultado na morte de até 500 mil cabeças de gado.

Tensões comerciais também representam um risco para as exportações agrícolas, disse o órgão, contrariando expectativas de que a produção se recuperaria no ano que vem se a seca acabasse.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

Insumos

4. Com estoques elevados, Mosaic corta produção de potássio

Em meio a preocupações com os estoques elevados de fosfato e com a próxima safra nos Estados Unidos, a americana Mosaic, uma das maiores companhias de fertilizantes do mundo, anunciou hoje que reduzirá sua produção de fosfato nos EUA em cerca de 300 mil toneladas.

Para se ter uma dimensão, a companhia comercializou globalmente 8,4 milhões de toneladas em 2018 e projetava vender entre 8,6 milhões de toneladas e 9 milhões de toneladas de fosfato neste ano. Ou seja, a redução da produção anunciada pela Moscai representa mais 3% das vendas da totais.

Em comunicado, empresa informou que está monitorando os mercados dos Estados Unidos e decidiu reduzir a produção devido a preocupações contínuas com o clima nas principais regiões americanas.

A expectativa de clima menos favorável pode fazer com que os produtores invistam menos nas lavouras. Assim, a demanda por fertilizantes poderia afetar as vendas da Mosaic, que faturou quase US$ 10 bilhões no ano passado.

Além disso, a Mosaic também sustentou que o nível dos estoques de potássio está acima do normal. Nesse cenário, os preços do fertilizantes estão mais baixos, pressionado a rentabilidade da companhia. “Proteger as margens neste período sazonalmente lento do ano é importante para a empresa e seus clientes”, informou a empresa.

De acordo com a Mosaic, a redução da produção nos Estados Unidos será feita por meio de mudanças nos cronogramas de manutenção e nos planos operacionais de produção das minas localizadas nos Estados da Flórida e Louisiana.

Na bolsa de Nova York, as ações da Mosaic caíram mais de 4% nesta quinta-feira.

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Fonte: Valor Econômico

5. Legados de uma tradição em inovar

A resistência de fungos, insetos e ervas daninhas à química dos agrotóxicos é uma das maiores preocupações de pesquisadores agronômicos no Reino Unido. A estimativa é que globalmente perde-se de 20% a 30% do rendimento das lavouras para as pragas resistentes.

"Nos tornamos dependentes de pesticidas. Um dos grandes problemas é que, usando muito esses produtos, acabamos tendo fungos, pestes e pragas que se tornaram resistentes, algo parecido ao que acontece com os antibióticos", diz o biólogo Paul Neve, chefe do programa de Smart Crop Protection (Proteção Inteligente de Colheitas), do Rothamsted Research.

"Existe um número limitado de pesticidas. Se os usamos com muita frequência, as pragas irão desenvolver resistência", afirma. "É um bom sistema porque é muito simples de usar. Mas tem esse efeito colateral". Segundo ele, o custo para a indústria desenvolver um novo defensivo agrícola é de quase US$ 250 milhões.

Neve é pesquisador do Rothamsted Research, o mais antigo campo de provas de experiências agrícolas do mundo. Fundado em 1843, fica em Harpenden, noroeste de Londres. Ali trabalham 500 pessoas de mais de 25 países. O orçamento anual para pesquisa é de aproximadamente 35 milhões de libras esterlinas. No Brasil, o instituto mantém parcerias com Embrapa, USP e Unesp, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), entre outros.

"Acho que o Reino Unido estava no limite de usar produtos químicos intensivamente e por tanto tempo", afirma o agrônomo Ian Shield. Foi assim durante a década de 1980. "Havia muito dinheiro no setor, comprar produtos químicos não era problema e o rendimento superava em dez vezes os gastos", continua. Hoje, diz ele, a tendência no país é reduzir o uso de produtos químicos na agricultura. "Começamos a sentir o problema quando verificamos a resistência das pragas. Isso foi muito mais determinante para diminuir o uso do que custos ou qualquer campanha ambiental", afirma Shield.

Uma das iniciativas dos pesquisadores de Rothamsted é desenvolver um forte monitoramento das pragas. Um exemplo são torres de 12 metros de altura espalhadas pelo país que atraem insetos e os aprisionam. É uma maneira de identificá-los e avisar os agricultores sobre as nuvens de insetos se aproximando. "Podemos desenvolver modelos para entender quando os insetos chegarão em algumas áreas e avisar os agricultores", diz Neve. Desta forma, o uso de pesticidas se torna mais eficiente, segundo ele.

No Rothamsted, também há pesquisas inovadoras com ervas daninhas. Drones são usados para descobrir se há esporos no ar. Com o uso de inteligência artificial, analisa-se a concentração deles. Segundo os pesquisadores, com mais informação, evita-se o desperdício de química nas culturas agrícolas.

Os pesquisadores de Rothamsted também trabalham com adaptação à mudança do clima, uso eficiente de nutrientes, resistência a doenças e insetos, Big Data agrícola, uso de inteligência artificial, entre outros campos.

Um dos exemplos é uma máquina de seis metros de altura que funciona como um scanner do campo. O equipamento analisa a cultura da semeadura à colheita. A tecnologia detecta como crescem as plantas, se estão desidratadas, se há doenças. Sensores medem os nutrientes da planta, o uso de água. Os dados ajudam os pesquisadores a entender porque algumas variedades produzem muitos grãos e outras são mais resistentes à mudança do clima, por exemplo.

Rothamsted Research é também conhecido por abrigar Broadbalk, um pedaço de terra de seis hectares dividido por 20 faixas perpendiculares com intervalos entre elas. Uma delas nunca recebeu fertilizantes artificiais. Outra nunca foi pulverizada com herbicidas, e uma terceira jamais recebeu fungicidas. Também há uma faixa árida, sem nada plantado e livre para a ação da natureza. O manejo diferenciado do uso do solo é, assim, a base das experiências, e a diferença entre tratamentos dados às faixas de terra permite a comparação de resultados.

Outra área, batizada de Park Grass, é a mais antiga experiência com pastagem do mundo. Foi iniciada em 1856. O objetivo era investigar a rentabilidade com a aplicação de fertilizantes inorgânicos e também de adubo orgânico.

"Nossa tradição tem sido tornar esses recursos únicos disponíveis para pesquisadores de todo o mundo", diz o folder do instituto.

Os níveis de chuva na região são medidos desde 1853. Os dados de temperatura remontam a 1873. Lá, eles observam até a temperatura do solo, que vem aumentando.

Rothamsted possui um arquivo com amostras de solo e plantas que data de 1843, elas são estocadas em garrafas de vidro ou latas. O arquivo é usado por pesquisadores de universidades e institutos do Reino Unido e de fora como referência para estudos de poluição, fertilidade do solo e nutrição das plantas.

"O solo está cheio de vida. Existe mais vida embaixo da terra do que sobre ela", afirma o físico John Crawford, especialista nas conexões, estruturas e micróbios que vivem ali. "Tentamos entender como o solo estoca água, como tudo isso se converte em carbono e em nutrientes", acrescenta o pesquisador do Rothamsted.

Crawford lembra que há mais carbono estocado no solo do que em todas as plantas e atmosfera combinadas. "Se fizermos pequenas mudanças no carbono do solo, podemos alterar significativamente os níveis de CO2. "Pode-se ter muita emissão de metano em solos mal manejados", afirma ele.

Ele diz que estudos de solo podem ajudar a equacionar três grandes desafios globais: mudança do clima, estresse hídrico e segurança alimentar. "Solo é o nosso 'hub' de risco porque faz todas essas conexões", prossegue o físico.

O pesquisador conta, por exemplo, que nutrientes químicos são bons para as plantas, mas não para os micróbios ativos no solo e que agem fortalecendo suas estruturas. "Com esses tratamentos, o solo degrada com o tempo. Fica mais poroso, segura menos água, torna-se menos conectado", continua o especialista. É possível, no entanto, reverter esse processo. É difícil estimar o tempo, afirma, mas em dez anos, provavelmente, é possível recompor as estruturas do solo.

"Eu me interesso em como conseguir uma transformação na agricultura em escala e no espaço", continua o físico, que trabalhou em modelos agronômicos em 100 vilarejos na China. Há estudos em curso também na Colômbia.

Também em Park Grass, estudos sobre concentrações de plutônio e urânio vem sendo feitos em amostras nos últimos 50 anos na área de pesquisas. Ali foi possível detectar, por exemplo, que a contaminação por plutônio de testes nucleares no Deserto de Nevada, nos EUA, em 1952, chegou ao nordeste da Europa.

Dados de Rothamsted foram usados nos modelos climáticos do renomado Hadley Center, um dos institutos de pesquisas e previsão da mudança do clima mais famosos do mundo.

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Fonte: Valor Econômico

6. Fabricantes de fertilizantes dos EUA são prejudicados por clima adverso

O clima adverso no Cinturão Agrícola dos Estados Unidos está afetando a operação de empresas de fertilizantes do país. As condições climáticas, com frio extremo e neve no fim do inverno norte-americano, atrapalham os trabalhos de campo, neste período de preparo das lavouras para plantio, e fazem com que produtores adiem a aplicação de fertilizantes.

Os fabricantes esperavam que os déficits de nutrientes nos solos do Meio-Oeste aumentassem as vendas nesta primavera do Hemisfério Norte, mas analistas já alertaram que os preços de fosfato e nitrogênio estão caindo por causa da fraca demanda. Entre as empresas afetadas por essas condições, a Mosaic, com sede em Minnesota, anunciou que irá cortar em 300 mil toneladas a produção de fertilizantes fosfatados na primavera.

A companhia citou preocupações com o clima nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos e estoques acima do normal remanescentes do outono. As adversidades climáticas já limitaram as aplicações de fertilizantes no outono do ano passado, afetando, por exemplo, os lucros da CF Industries do quarto trimestre de 2018. Pouco antes do fechamento deste texto, as ações da Mosaic caíam 3,87% e as da CF Industries, 2,23%.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

Proteína Animal

7. Faturamento da cooperativa Capal atingiu R$ 1,4 bi em 2018

A cooperativa paranaense Capal, com sede em Arapoti (PR), teve um faturamento de R$ 1,42 bilhão em 2018, crescimento de 18% ante o ano anterior. Com isso, as sobras (lucro que é dividido entre os cooperados) totalizaram R$ 53,4 milhões. Trata-se do melhor resultado da história da Capal.

“Passamos por momentos difíceis em 2018, como a greve dos caminhoneiros, problemas no mercado de suínos, desafios na política do Brasil, mas, apesar de tudo isso, conseguimos esses números”, disse Erik Bosch, diretor-presidente do Conselho de Administração da Capal, em nota.

A cooperativa tem quase 3 mil cooperados no Paraná e em São Paulo. Ao todo, está presente em 80 municípios, com 15 unidades. A Capal é sócia das das cooperativas Frísia e Castrolanda no processamento de suínos e lácteos.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. A difícil missão de reabrir o mercado americano à carne

Às vésperas da visita do presidente da República, Jair Bolsonaro, aos EUA, o Ministério da Agricultura ainda tenta convencer o Departamento de Agricultura americano a reabrir seu mercado à carne bovina in natura do Brasil. No setor privado, há grande esperança de que o maior alinhamento entre o presidente brasileiro e o americano Donald Trump facilite as negociações, que se arrastam há quase dois anos. No entanto, sinais emitidos por autoridades americanas indicam que a reabertura pode demorar mais.

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, integrará a comitiva do presidente Bolsonaro, que viaja no próximo dia 17 de março a Washington, e terá a árdua missão de negociar a reabertura do mercado americano, que havia sido prometida - mas não cumprida - por seu antecessor, Blairo Maggi.

Em entrevista concedida em seu gabinete ao Valor, a ministra disse nutrir esperanças de que esse comércio seja restabelecido ainda neste ano. Mas ela preferiu não fazer qualquer previsão de datas para evitar eventual frustração por parte dos frigoríficos, que esperavam ter voltado a exportar carne bovina in natura aos EUA ainda em 2018.

Durante a visita a Washington, há a expectativa, ainda não confirmada, de um encontro de Tereza com Sonny Perdue, o secretário de Agricultura dos EUA. Nos bastidores, há quem diga que o americano não estará na capital do país, o que indica a dificuldade das negociações. Não seria a primeira a vez. Perdue já cancelou encontros e até conferências telefônicas com o ex-ministro Blairo.

Para Tereza, o sucesso na empreitada depende de outras negociações em torno da pauta agrícola brasileira com os EUA. O Brasil pretende pedir uma cota maior de exportação do açúcar brasileiro ao país, abertura do mercado americano para o melão e frutas cítricas brasileiras e o reconhecimento pelos americanos de todo o território do Brasil como zona livre de febre aftosa com vacinação. Atualmente, Washington reconhece apenas 14 Estados brasileiros como livres de aftosa, enquanto a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) reconhece todo o território nacional como livre do vírus desde 2018.

Ao Valor, a ministra afirmou que, por parte de Washington, também há uma pauta de quatro produtos prioritários, chamada pelos próprios americanos de "assuntos irritantes" e cujas exportações ao Brasil eles desejam alavancar ou destravar: carne suína, açúcar, etanol e trigo.

Depois da eleição de Bolsonaro, os EUA voltaram a pedir ao Itamaraty uma cota de 750 mil toneladas isenta de tarifa para o trigo americano. Washington também deseja o fim do limite às exportações de etanol livre de tarifas. Atualmente, há uma cota de 600 milhões de litros, que vai expirar em setembro.

"Eles querem que a gente abra esses mercados. Não tem expectativa nenhuma até agora. Tudo vai depender do que eles vão pedir. Vão colocar os interesses deles e nós vamos colocar na mesa vários assuntos também, inclusive a reabertura para nossa carne", disse a ministra. No caso da carne bovina in natura, o Ministério da Agricultura e os frigoríficos exportadores já tratavam como resolvidas as negociações no âmbito técnico com as autoridades americanas, só restando a decisão política - os pecuaristas dos EUA fazem pressão contrária.

De acordo com uma fonte do setor privado, o Brasil já respondeu a todos os questionários feitos pelos americanos e corrigiu as falhas do sistema sanitário que provocaram o embargo à carne bovina, em junho de 2017. Na ocasião, os americanos detectaram abscessos (acúmulo de pus) no produto brasileiro. No Brasil, o problema foi associado à reação dos bovinos à vacina contra o vírus da febre aftosa. Para resolver esse problema, o Ministério da Agricultura reduziu a dose a e alterou a composição da vacina.

Mesmo com todas as respostas de Brasília, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos passou a sinalizar a possibilidade de novos obstáculos técnicos que, até o ano passado, não estavam no radar. De acordo com uma fonte do governo brasileiro, Washington sinalizou recentemente que ainda poderá enviar uma auditoria de técnicos de seu serviço sanitário em abatedouros brasileiros antes de efetivar a reabertura.

Um negociador do governo também afirmou que, até agora, somente o Brasil tem dado declarações mais firmes de que está disposto a ceder em negociações com os EUA, enquanto o mesmo ainda não está claro do lado americano.

Mesmo em busca da abertura do mercado americano, a ministra minimizou o potencial dele. "Nunca tivemos muita esperança de exportar carne in natura para os Estados Unidos. Vender carne bovina para lá é grife, não é volume. Tudo que pudermos vender para qualquer país do mundo é muito bom, mas a gente sabe que exportar carne aos EUA, que têm um rebanho grande, é complicado", sustentou.

Para os frigoríficos brasileiros, porém, os EUA são um destino estratégico para equacionar as vendas dos diferentes cortes de carne. Ocorre que no mercado doméstico há grande consumo dos cortes do traseiro bovino, mas sobra de cortes do dianteiro, que são demandados nos EUA para a produção de hambúrguer.

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Fonte: Valor Econômico

9. Com crise na Austrália, carne brasileira deve ganhar mercado da Indonésia

Quinhentas mil cabeças de gado foram mortas pelas inundações na Austrália. Com isso, as exportações de carne bovina do país podem cair entre 2% e 3%. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Antônio Camardelli, diz que a recuperação não se dará no curto prazo. “Indiretamente, podemos nos beneficiar da Indonésia e de outros países com gado em pé”, afirma.

De acordo com o analista de mercado César Castro Alves, as chances do Brasil se aproveitar desta demanda são pequenas. “O Japão — um dos principais compradores de carne da Austrália — irá recorrer a um mercado já aberto, como o norte-americano, argentino ou uruguaio”, exemplifica.

Camardelli afirma que é “uma aberração” o Brasil não ter acesso ao mercado japonês, sendo que exporta para mais de 180 países sem problemas. “Mas há um cenário novo se desenhando e a entidade está trabalhando junto ao governo para que isso seja negociado”, conta. Quanto à Indonésia, o dirigente da Abiec afirma que os produtores brasileiros têm vantagem na disputa, uma vez que dificilmente a Austrália vá assumir outra demanda diante desta crise. “A liberação está na mesa do ministro da Agricultura deles e estamos prontos para abastecer essa lacuna”, declara. O país importa cerca de 187 mil toneladas de carne bovina por ano. Suínios A China vive um momento delicado devido aos casos de peste suína, que diminuíram a produção desta proteína. “O tamanho da possível queda não teria como ser atendida pelo trade mundial se a essa queda for de 5% ou 7%, como tem sido ventilado, perto de três milhões de toneladas. Então o Brasil deve exportar mais carne suína e bovina esse ano”, finaliza Alves.

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Fonte: Canal Rural

Agroenergia

10. Gigantes do trading de açúcar buscam algoritmo para prever preço

As maiores tradings de açúcar do mundo estão recorrendo aos algoritmos para tentar lidar melhor com a influência crescente dos fundos que monitoram tendências em vez de analisar os fundamentos do mercado.

A gigante brasileira do açúcar Raízen e a francesa Sucres et Denrées formaram parcerias para desenvolver modelos que ajudarão a prever oscilações de preços. A Alvean, a maior trading de açúcar, a Louis Dreyfus e a ED&F Man Holdings optaram por contratar traders quantitativos para desenvolver soluções internas.

Lidando com preços e margens deprimidos, as tradings procuram avançar em mercados cada vez mais influenciados por negociações automatizadas e de alta velocidade. Entender o que impulsiona os chamados fundos sistemáticos pode ser fundamental nesta temporada e na próxima, quando fatores externos como as oscilações cambiais e do petróleo poderão ter um impacto maior no mercado bastante equilibrado do açúcar.

“O envolvimento de traders sistemáticos com o açúcar é realmente interessante”, disse Tracey Allen, analista do JPMorgan em Londres, em entrevista. “No açúcar é possível se concentrar de verdade nos fundamentos, mas ainda há uma grande proporção de investidores que estão seguindo a tendência dos preços.”

A Raízen contratou a QuantumBlack, uma empresa controlada pela McKinsey, para desenvolver um algoritmo que deverá ficar pronto em cerca de um ano, disseram pessoas a par do assunto em fevereiro. Além de dados de mercado mais amplos, a análise incluirá dados históricos dos 860.000 hectares de cana da Raízen para ajudar a prever mudanças na oferta.

A Sucres et Denrées está trabalhando com um terceiro para testar modelos que incorporariam alguns dados proprietários, incluindo projeções de oferta e demanda, bem como números de fluxo de comércio, disse Thierry Songeur, diretor-gerente da firma com sede em Paris. A parceria começou há cerca de seis meses e os modelos ajudariam a Sucden a obter alguns dos mesmos sinais de compra e venda usados por muitos fundos que monitoram tendências, disse ele, que preferiu não identificar o parceiro.

“A ideia é ver se há espaço para desenvolver algo do tipo com recursos que estejam mais alinhados ao tamanho do mercado do açúcar”, disse Songeur, em entrevista no mês passado, em Dubai. “Muitos fundos estão fazendo isso, mas em escala muito maior”.

A Alvean, uma joint venture da Cargill com a produtora brasileira Copersucar, contratou Olivier Pairault, do fundo de hedge Andurand Capital Management, e Garen Bakalian, que trabalhava na petroleira italiana Eni, para impulsionar suas estratégias de trading quantitativo, segundo uma pessoa a par do assunto que pediu para não ser identificada porque a informação é privada.

A Louis Dreyfus trouxe há cerca de um ano o cientista de dados Charlie Quaradeghini da Engelhart Commodities Trading Partners, ou ECTP, segundo pessoas a par da contratação. A ED&F Man está no meio do processo de aumento da capacidade de análise de dados quantitativos para alavancar seus dados proprietários, incluindo fundamentos e preços físicos, disse a chefe de pesquisa Kona Haque.

“O objetivo é ajudar na tomada de decisões comerciais e aproveitar a enorme quantidade de dados que geramos”, disse ela, em entrevista, em Dubai.

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Fonte: Bloomberg/NovaCana

11. Brasil comprou 25% do etanol exportado pelos Estados Unidos em 2018

O Brasil salvou as exportações de etanol dos Estados Unidos. Pelo menos 25% das vendas externas dos americanos vieram para o mercado brasileiro.

Ao todo, as exportações do Estados Unidos atingiram o recorde de 6,45 bilhões de litros em 2018, segundo informações da RFA (Renewable Fuels Association), com base em dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).

O Brasil, conforme informações do governo americano, foi buscar 1,6 bilhão de litros de etanol no mercado dos Estados Unidos.

Pelos dados brasileiros, as importações somaram 1,4 bilhão. Essa diferença se deve aos períodos de saída de um país e de entrada no outro.

O Brasil, que criou um parque industrial para oferecer etanol para o mundo, acabou tendo importações e exportações praticamente idênticas no ano passado.

Já os Estados Unidos, que importavam 540 milhões de litros há dez anos, 7% do consumo total, compraram apenas 0,5% do que consomem no ano passado.

A importação dos EUA praticamente saiu toda ela dos portos brasileiros para os da Califórnia, estado que tem uma legislação mais rígida em relação ao padrão de baixo carbono.

Há dez anos, os Estados Unidos completavam a demanda por etanol com importações de 1,45 bilhão de litros. No ano passado, o saldo líquido entre exportações e importações foi de 6,2 bilhões de litros.

Conforme a RFA (associação do setor), o etanol rendeu US$ 2,75 bilhões no ano passado. As receitas brasileiras com as exportações foram de US$ 741 milhões.

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Fonte: Folha de S. Paulo/NovaCana

12. Para fornecedores de cana, indefinição quanto às dívidas das usinas do Renuka é 'calote legalizado'

Os bancos Santander, Banco do Brasil, Bradesco, Votorantim e Itaú Unibanco, mais o BNDES, conseguiram mostrar sua força entre os credores do Renuka e jogaram para dia 21 deste mês uma possível decisão que os fornecedores de cana esperavam na assembleia adiada de janeiro. Temerosos de que a recuperação judicial vire falência nas usinas paulistas do grupo, tenta-se ganhar tempo para que apareçam compradores.

Após o fracasso do leilão de 18 de dezembro de 2018 da unidade Revati, de Brejo Alegre (SP), que não foi por preço mínimo fixado, começou-se a ventilar entre os fornecedores - 10% da dívida de perto de R$ 4 bilhões da dívida, mas mais de 90% dos CNPJs de credores -, a possibilidade de ser pedida a falência do devedor em nova assembleia que então foi marcada para janeiro.

Ao mesmo tempo, o grupo indiano passou a ventilar possíveis interesses de compradores, como do fundo americano Castlelake, além do Grupo Teston, este sobre as unidades do Paraná que estão fora da recuperação judicial. Se reais, nenhum foi adiante.

Por essa ocasião, inclusive, o advogado André Moreno, de Sertãozinho (SP), cuja banca representa parte dos produtores que entregavam cana, chegou a comentar ao Notícias Agrícolas que em certos casos a falência não é um mal negócio para os credores. Afinal, vende-se apenas os ativos fixos da empresa, sem pendências, estimulando possíveis interessados, e a Justiça faz o reparte a cada grupo.

Os fornecedores são os quartos na lista de recebedores, mas em acordo jurídico ficaram sendo de 1ª classe, junto com funcionários.

Desde 2015

Com o adiamento da assembleia de janeiro para daqui a duas semanas, e olhando o histórico acima, o representante do maior grupo de fornecedores entende que a situação se assemelha a "recuperação judicial igual a calote legalizado".

Para Nelson Peres, presidente da Norplan, que reúne plantadores de cana do Noroeste Paulista, a situação do Renuka se arrasta desde 2015 e quando finalmente foi aprovado o plano de recuperação, homologado pela Justiça, em setembro de 2018, novamente a novela continua.

Pelo plano, a Revati (3,5 milhões de toneladas) iria a leilão em dezembro e a Usina Madhu (6 mi/t), de Promissão, seria vendida em 2 anos.

Apesar da situação vivida pelos produtores, que tiveram que absorver o prejuízo na "marra", como Peres já havia dito ao Notícias Agrícolas, ainda persistem as dificuldades, especialmente porque a Revati não moeu nesta safra e a Madhu teria ficado com metade de sua capacidade em operação.

Desse modo, muitos fornecedores ficaram sem ter onde entregar cana em mais uma temporada de preços ruins e de quebra, que nem o mercado spot compensou.

Estes não podem esperar mais, ao contrário do bancos e, naturalmente, o principal interessado, o Renuka.

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Fonte: Notícias Agrícolas

Grãos e Grandes Culturas

13. Com demanda aquecida, preço do milho em Campinas é 23% maior do que há um ano

A oferta restrita de lotes de milho segunda safra 2018 e a demanda aquecida no mercado doméstico e também na exportação continuam dando sustentação às cotações do cereal no mercado físico. Segundo a Scot Consultoria, essa situação não deve mudar no curto e médio prazos, com possibilidade de novas altas.

Na região de Campinas (SP), a saca de 60 quilos fechou fevereiro cotada a R$ 43, sem o frete, alta de 4,9% no acumulado do mês e de 22,9% ante igual período do ano passado. As incertezas climáticas e especulações sobre a segunda safra de 2019, que está sendo cultivada no país, também colaboram com o viés de alta que perdura desde o início de 2019, destaca a consultoria.

Os preços firmes são observados apesar de expectativas mais positivas para a safra de inverno. "A previsão é de aumento da pressão de baixa no mercado interno mais para o fim do primeiro semestre, com o peso maior da proximidade da colheita da segunda safra e maior oferta interna", disse a Scot.

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Fonte: Estadão/Revista Globo Rural

14. Investidores pedem fim de desmatamento ligado à soja na América do Sul

Investidores que representam cerca de US$ 6,3 trilhões em ativos estão pedindo que companhias parem com o desmatamento associado à produção de soja na América do Sul e sejam mais transparentes. Uma carta organizada pelo grupo Ceres, que defende práticas sustentáveis, foi enviada por 57 investidores a 25 empresas que originam soja na América do Sul. A região é responsável por mais da metade da soja produzida no mundo. "Companhias que originam soja e derivados na América do Sul estão expostas a uma série de riscos associados ao desmatamento", disseram os investidores.

"Embora reconheçamos o importante papel da agricultura e da produção de soja para o desenvolvimento econômico e o sustento de agricultores, estamos preocupados com as questões ambientais e sociais associadas à produção não sustentável de soja, que poderia ter um impacto significativo sobre companhias que compram a commodity."Os investidores disseram que as empresas precisam estabelecer metas e prazos, revelar suas políticas de desmatamento e publicar dados sobre a origem de sua soja.

A Ceres não divulgou os nomes das empresas, mas a Archer Daniels Midland (ADM) e a Bunge responderam à carta. "As recomendações da carta dos investidores coincidem em muitos aspectos com a forma como a Bunge aborda atualmente a soja sustentável", disse Stewart Lindsay, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos governamentais da Bunge. Segundo Lindsay, a companhia pretende ter uma cadeia de suprimentos livre de desmatamento até 2025.

A diretora de sustentabilidade da ADM, Alison Taylor, disse que a empresa está trabalhando junto a acionistas, produtores e governos para proteger o meio ambiente e as pessoas na América do Sul.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

15. Bloqueio na BR-163 leva tradings a redirecionar cargas de soja

O bloqueio da BR-163 está levando tradings de grãos a redirecionarem cargas para outros portos, como Santos e Paranaguá. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) estima, com base em informações de associadas, que de 10% a 20% do volume de soja previsto para os terminais no Pará estão mudando de rota, em que pese os custos dessa logística.

“Sai mais caro ficar dez, 15 dias na estrada e deixar o navio parado no terminal [esperando a carga chegar]. De Barcarena (PA) a Santos (SP), são três dias a mais de navegação. Para quem opera em vários portos, acaba sendo mais barato pagar esses três dias a mais do que esperar”, explica um executivo operacional de uma trading e operadora logística que atua na região norte do Brasil, segundo que essas operações vêm ocorrendo há pelo menos uma semana.

O economista-chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral, explica que o custo de realocação gira em torno de R$ 35 e R$ 40 por tonelada a mais, o que considera alto. E, além da parte financeira, é preciso pensar na estrutura operacional para remanejar a carga até o novo destino. A depender da rota, a mercadoria pode passar do caminhão para uma ferrovia ou hidrovia até chegar ao porto.

Cada empresa tem sua estratégia, diz ele. Mas, de um modo geral, pelo menos por enquanto, a prioridade da indústria é embarcar a soja no Pará. “Havendo uma necessidade, as empresas vão buscar maneiras. Mas a maioria está optando por aguardar. Estamos em um pico de colheita, a safra foi bastante antecipada e tudo isso traz grandes desafios para toda essa logística.”

Por conta de fortes chuvas na região, um trecho da BR-163 ficou totalmente intransitável, entre Novo Progresso e Moraes Almeida, no Pará. A situação levou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) a bloquear o tráfego na rodovia para reparos, feitos junto com o Exército.

Do lado mato-grossense da rodovia, o principal ponto de bloqueio está localizado em Guarantã do Norte, para evitar que as carretas cruzem a divisa com o Pará. A Superintendência do DNIT no Estado informou que esse ponto será liberado ao mesmo tempo que o lado paraense da rodovia.

Com o tráfego sentido norte impedido, pelo menos cinco mil carretas estão paradas em Mato Grosso aguardam para cruzar a divisa interestadual, de acordo com informações da Delegacia da Polícia Rodoviária Federal em Sorriso (MT), que apoia as operações no local. Os veículos estão estacionados nos municípios de Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto de Azevedo.

"Há um volume de caminhões muito grande, que está parado em Mato Grosso e cada empresa vai ter sua estratégia. Tem empresa que vai conseguir reter um pouco mais, algumas vão tentar redistribuir essa carga para outras rotas, mas o fato é que há sempre um prejuízo associado a isso”, diz Amaral.

De acordo com a Abiove, até a interrupção do tráfego na 163, o ritmo de embarque de soja de Mato Grosso em Miritituba (PA) estava em torno de 35 mil toneladas por dia. Pelo menos por enquanto, não há relatos de quebra de contratos. Os terminais têm o suficiente para embarques até a sexta-feira (8/3).

O economista-chefe diz que ainda não há uma estimativa de perdas ou custos adicionais para as empresas em função dos problemas na BR-163. Daniel Furlan Amaral evitou especular também se a tendência seria aumentar o redirecionamento de cargas para outros portos do Brasil. Disse apenas que, a depender da decisão tomadas pelas autoridades, será feita uma reavaliação.

“A nossa expectativa é de que a pista seja liberada para que a gente volte a ter normalidade nos embarques. E para 2019, falando um pouco mais no longo prazo, a gente espera a conclusão da rodovia e da infraestrutura de apoio para não ter mais esse tipo de problema”, afirma Amaral.

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) espera terminar a pavimentação da BR-163 até o fim deste ano.

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Fonte: Revista Globo Rural

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