Conjuntura do Agronegócio

1. FAO prevê avanço menor da demanda por commodities

Os preços da maioria das commodities agrícolas deverão continuar em queda em termos reais no futuro próximo, de acordo com projeções da FAO, agência das Nações Unidas para agricultura e alimentação.

Em debate entre especialistas sobre as tendências para as matérias-primas organizado pela Unctad, a agência da ONU para comércio e desenvolvimento, em Genebra, a representante da FAO, Katia Covarrubias, apontou uma desaceleração no crescimento da demanda nos próximos anos.

A análise da FAO se apoia numa equação composta por crescimento menor da população mundial, aumento de renda de 3,5% ao ano, preço do barril de petróleo em US$ 67 por volta de 2027 e desvalorização das moedas dos principal exportadores de commodities agrícolas. Para Katia Covarrubias, haverá uma gradual substituição em certas áreas de consumo- carnes inclusive -, e o incremento do consumo de açúcar e óleos ampliará preocupações de saúde pública para combater a má nutrição.

Conforme a FAO, o valor global da produção agrícola deverá aumentar cerca de 15% até 2027. Entre as lavouras, o aumento tende a ser de 14,5%, na pecuária de 14,7% e na pesca de 12,4%. A maior parte das expansões refletirá alta de volumes.

Outros analistas mostraram que os índices de preços de alimentos continuam bem abaixo do pico. O preço internacional do açúcar, por exemplo, está 54% mais baixo que seu pico de janeiro de 2011. Já a cotação da carne bovina é 23% inferior ao pico observado em agosto de 2014.

Laurent Pipitone, diretor da consultoria FarmBridge International, de Londres, abordou as perspectivas para o mercado internacional de café. Destacou que a produção mundial deverá crescer 1,5% em 2018/19. O Brasil, maior produtor, aumenta seu volume em 19%, enquanto o resto do mundo tem declínio de 6%. Nos últimos cinco anos, o Brasil contribuiu com 52% do aumento global da produção.

O consultor destacou que as tensões no comércio internacional atingem também o comércio de café. China e Canadá aumentaram as tarifas de importação do café originário dos EUA. E quem ganha não é quem produz a commodity: exportações de US$ 20 bilhões de café resultam em ganho de US$ 200 bilhões para a rede de distribuidores.

Janvier Nkurunziza, chefe da divisão de commodities da Unctad, observou que as persistentes tensões comerciais entre os EUA e a China podem "amortecer" os preços de metais em 2019. Para a secretária-geral adjunta da Unctad, Isabelle Durant, a volatilidade persistente nos mercados de commodities inquieta porque 91 de 135 países em desenvolvimento são muito dependentes de poucas matérias-primas.

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Fonte: Valor Econômico

2. Empresas liberaram só R$ 5,7 bi para reparação de tragédia em Mariana

Três anos após a tragédia de Mariana, a Samarco Mineração, a Vale e a BHP Billiton não desembolsaram nem 4% do valor estimado pelo Ministério Público Federal (MPF) para garantir a reparação dos danos ambientais, sociais e econômicos provocados pelo rompimento da barragem do Fundão. Até o momento, foram liberados R$ 5,7 bilhões de um total de R$ 155 bilhões.

O valor foi apresentado à Justiça Federal, em 2016, por meio de ação civil pública do MPF. A medida resultou em três acordos extrajudiciais firmados com a Fundação Renova, representante das companhias. Porém, devido ainda a discordâncias sobre os impactos socioeconômicos da tragédia, há demora na liberação dos recursos previstos para 42 programas de recuperação dos danos.

No Brasil, foram apresentadas pelo menos 13 ações na Justiça — dentre elas uma ação penal que busca responsabilizar por diversos crimes as empresas e seus executivos. Quatro ainda estão em andamento. As companhias respondem ainda a 67 autos de infração aplicados por órgãos ambientais (leia abaixo) e multas por descumprimento de programas e prazos dos acordos.

A Vale informa ter repassado R$ 2,14 bilhões para programas de recuperação ambiental e social. A BHP já destinou, segundo afirma em nota, US$ 1,2 bilhão à Fundação Renova para a execução dos programas, além de US$ 495 milhões para a Samarco.

No balanço do ano passado, a Vale diz manter provisão para cumprir os acordos firmados em 2016 com o MPF e demais órgãos envolvidos, em percentual equivalente à sua participação acionária na Samarco.

Em dezembro de 2018, o montante correspondia a R$ 4,3 bilhões. Em nota, a Vale afirma que as provisões sobre ações judiciais seguem normas internacionais de contabilidade. “As empresas são obrigadas a fazer provisões somente para as ações com risco de perda provável”, diz a nota.

Entre as ações de perda provável podem estar duas em tramitação no Espírito Santo. Em Colatina, foi ajuizado processo contra a Samarco para garantir atendimento emergencial para os moradores da região atingida, como fornecimento e monitoramento de água potável, segundo o procurador da República em Colatina, Malê de Aragão Frazão. Em Linhares, acrescenta, discute-se a realização de fiscalizações periódicas para garantir que o pescado na foz do Rio Doce só seja consumido se atestado que é saudável.

A partir dos três acordos extrajudiciais com o MPF de Minas Gerais e do Espírito Santo — na ação civil pública de R$ 155 bilhões — o órgão impôs às empresas a realização de diagnósticos dos danos considerando o impacto sócio-econômico. “Em Mariana, o aspecto ambiental acabou preponderando, mas houve um modo de vida que foi desestruturado pelo desastre, com perda significativa para muitos”, afirma o procurador.

Segundo Frazão, quase ninguém recebeu auxílio-financeiro emergencial por perder parte da renda pelo impacto sofrido com a tragédia em Conceição da Barra (ES), município litorâneo e turístico do Estado.

Ele afirma que reuniões com a Renova são desmarcadas sem justificativa até hoje e que a fundação tem atuado com resistência para entender a dimensão da grave violação aos direitos humanos das pessoas atingidas. Frazão lembra que as atividades prejudicadas vão muito além da pesca e chegam a categorias como dos pequenos agricultores, “cuja maior parte não é reconhecida pela Fundação Renova”.

A fundação foi criada em outubro de 2016 a partir de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC). O objetivo é colocar em prática 42 programas de longo prazo para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem. De acordo com a entidade, dos R$ 5,7 bilhões já desembolsados, R$ 1,5 bilhão foram para indenizações e auxílios financeiros para cerca de 28 mil pessoas.

De acordo com o gerente jurídico da Renova, Leonardo Gandara, qualquer pessoa que entenda ter sofrido dano pode se manifestar pelos canais de comunicação da fundação. Ele afirma que a análise dos pedidos de auxílio-financeiro ou indenização é baseada em critérios determinados pelas Câmaras Técnicas do Comitê Interfederativo (CIF). “Se um produtor rural alega ter plantação de milho, a fundação vai até lá checar e usa os critérios dos órgãos para determinar a elegibilidade.”

Gandara diz que foram órgãos dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo que fixaram no acordo os municípios atingidos. O gerente jurídico afirma que Vitória não faz parte da lista, mas atualmente discute-se como os pescadores de camarão do município poderão demonstrar que têm direito à indenização.

Já o pagamento, por exemplo, de possíveis indenizações a donos de bares e restaurante prejudicados pelo rompimento, acrescenta Gandara, é uma questão de tempo. “Se não há ainda pagamento é questão de serem deliberados os requisitos para a Fundação Renova aplicar a cada empreendedor”, diz ele, ao lembrar que existe um programa de estímulo à economia local.

Na área penal, há na Justiça ação contra as empresas e executivos das companhias. O processo está em fase de instrução. Segundo o procurador Gustavo Henrique Oliveira, em outubro de 2016 foi apresentada e aceita pelo Judiciário uma denúncia contra as três companhias por crime ambiental e 22 pessoas físicas por outros crimes, além dos ambientais.

Um representante da Vale no conselho da BHP foi excluído da ação por decisão do Tribunal Regional Federal TRF) da 1ª Região e outro obteve habeas corpus para deixar de responder pelos crimes de homicídio e lesões corporais. Atualmente, há vários pedidos de habeas corpus dos denunciados à espera de julgamento.

Na peça são listados os crimes de homicídio, inundação, desmoronamento, lesões corporais, crimes ambientais, crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural. As acusações se baseiam na “assunção do risco”, ou seja, os resultados poderiam ter sido previstos pelas condutas narradas na denúncia.

O MPF afirma na denúncia que foi registrada a existência de “erosão regressiva” no talude (terreno inclinado) da barragem em 2009. A situação teria se agravado, em 2012, com obras para consertar um problema de drenagem, sem que as atividades da barragem fossem suspensas.

Em 2014, segundo descrito pelo órgão, um consultor da própria Samarco teria feito recomendações para se evitar a liquefação, que seria uma das causas do rompimento. Um relatório demonstraria uma situação de pré-ruptura. Para o órgão, o aporte de rejeito de minério no local deveria ter sido suspenso. Mas ao contrário, o ritmo de produção teria aumentado e os custos com geotecnia reduzidos.

Além dos processos criminais contra os executivos envolvidos e o acordo de recuperação de danos de R$ 155 bilhões, a Vale e a BHP enfrentam processos movidos por acionistas no exterior. No Tribunal Federal de Nova York, um grupo alega que a Vale fez declarações falsas ou enganosas, ou deixou de fazer divulgações sobre os riscos e perigos das operações da barragem de Fundão. No relatório anual de 2018, a BHP lista duas ações nos Estados Unidos — uma com acordo encaminhado — e outra na Austrália. Contudo, não se sabe o valor dos prejuízos.

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Fonte: Valor Econômico

3. ILPF viabiliza agricultura e pecuária no norte mato-grossense

Nos últimos anos a pecuária tem sofrido forte pressão para aumentar a produtividade sem explorar novas áreas. Aliado a isso, tem avançado as lavouras principalmente de soja e milho em lugares onde até então a pecuária era absoluta. No norte de Mato Grosso não tem sido diferente, e a solução mais eficiente para aumentar a produtividade da pecuária tornando uma atividade rentável e competitiva é com a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Esta é justamente a proposta da Soesp – Sementes Oeste Paulista, que participa da 3ª Tecnoalta, em Alta Floresta (MT).

Para o evento, que será realizado de 25 a 27 de abril, pelo Sindicato Rural de Alta Floresta, com o apoio do Sistema Famato, a Soesp destacará a tecnologia exclusiva Soesp Advanced. Sementes forrageiras de alta pureza que garantem ao produtor maior plantabilidade e uniformidade, tanto para o plantio a lanço, em linha, a vácuo ou até aéreo, pois não ocorre a deriva como nas sementes comuns.

Tecnologias como as que são oferecidas pela Soesp empregadas na ILPF ajudam a viabilizar a pecuária diante da concorrência dos grãos. Pesquisas recentes realizadas pelo Rally da Pecuária mostraram que hoje o Brasil tem 163 milhões de hectares de pasto, com uma produtividade média de 4,5 arrobas por hectare por ano. “Só para comparação, hoje dentro das propriedades que funcionam no sistema integrado, chegam a produzir até 40 arrobas por hectare por ano. Ou seja, olha o potencial que temos nas mãos”, destaca engenheira agrônoma, Andreza Cruz, técnica em sementes.

Para Adilson Junior Mariano, representante técnico de vendas da Soesp em Mato Grosso, outro destaque para a feira são as linhas de sementes para pastagens. “Hoje a integração vem salvando a pecuária, pois ela possibilita a formação de pastagens conciliado a bons ganhos. Quando o produtor faz o plantio de soja em áreas de pastagens, automaticamente é realizada a correção de solo pesada para poder produzir o grão. Depois o produtor volta com a formação de pasto, e toda a correção foi subsidiada pela soja anteriormente. Isso vem salvando os pastos degradados e aumentando os ganhos da pecuária”, diz Mariano.

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Fonte: Agrolink

Insumos

4. Indústria pede mais R$ 2 bi para compra de máquinas agrícolas

A indústria voltou a pedir ao governo mais recursos para financiar a aquisição de máquinas e implementos agrícolas, diante da forte demanda dos produtores e do esgotamento do Moderfrota, principal linha de investimento com juros controlados do Plano Safra.

“Para o Moderfrota, estávamos pedindo mais R$ 3 bilhões, mas como o governo já remanejou R$ 470 milhões e o Banco do Brasil está liberando mais R$ 500 milhões, agora acreditamos que mais R$ 2 bilhões serão necessários até o fim desta safra [2018/19]”, disse João Carlos Marchesan, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), após reunião com deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) em Brasília.

De acordo com Marchesan, para a Agrishow, maior feira agropecuária do país que terá início no fim do mês em Ribeirão Preto (SP), os recursos do BB somados aos provenientes de fundos constitucionais deverão ser suficientes. O problema, afirma, são os 75 dias posteriores à feira, período para o qual ainda não há sinalização por parte do governo de que haverá financiamentos com juros controlados.

“Já vínhamos alertando o governo de que faltaria crédito para máquinas e falamos diversas vezes com a ministra Tereza Cristina [da Agricultura], com o Paulo Guedes [ministro da Economia]. Se não houver recursos, as revendas de máquinas deixarão de pagar indústria, que deixará de produzir e pode até demitir”, acrescentou.

O Banco do Brasil informou ao Valor que sua linha para investimento agropecuário, que teve remanejados R$ 500 milhões de outras linhas menos procuradas, sem custo adicional para o Tesouro, já está disponível aos produtores. Esse financiamento do BB replica as mesmas condições do Moderfrota.

A tendência, no entanto, é que após a Agrishow não haja mais crédito a taxas controladas para maquinário agrícola, admitem fontes do governo. Ontem, o BNDES comunicou que suspendeu os pedidos de financiamento pela linha do Moderfrota a taxa de 7,5% ao ano (para clientes com faturamento de até R$ 90 milhões). O governo anunciou no ano passado R$ 8,9 bilhões para o Moderfrota em 2018/19, ou seja até junho deste ano, mas esses recursos praticamente já se esgotaram.

Diante da falta de financiamentos a juros controlados no fim desta safra (2018/19), a bancada ruralista e entidades do setor de agronegócios vêm defendendo a aprovação ainda neste ano de uma lei no Congresso para instituir um Plano Plurianual Agropecuário. Dessa forma, seria possível planejar com quatro ou cinco anos de antecedência recursos do Plano Safra e outros destinados ao setor agropecuário e minimizar as queixas frequentes de falta de recursos para o crédito rural.

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Fonte: Valor Econômico

5. Pequenos produtores terão R$ 1 bi para assistência técnica, diz Tereza

Pequenos produtores rurais de todo o país terão R$ 1 bilhão para aplicação em assistência técnica por meio do Ministério da Agricultura, da Confederação da Agricultura e da Pecuária do Brasil (CNA), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O anúncio foi feito ontem pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, durante visita a Juazeiro, na Bahia.

O programa de assistência técnica, segundo ela, vai começar atendendo os pequenos agricultores do semiárido do Nordeste. Foi a terceira viagem da ministra à região desde que ela tomou posse no cargo.

Tereza Cristina afirmou que o Senar é um grande parceiro do produtor rural brasileiro e dos programas do ministério. As verbas serão disponibilizadas em conjunto pelo Senar e pela Secretarias de Agricultura Familiar e Cooperativismo do ministério, além de outras secretarias.

Para a ministra, é preciso fazer a assistência chegar ao produtor para que ele produza mais e melhor, comercialize a produção e, com isso, aumentar sua renda. “Minha grande agonia hoje, como ministra, é levar assistência técnica de qualidade aos pequenos agricultores”, disse ela.

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Fonte: Valor Econômico

6. Empresas anunciam iniciativa para levar internet 4G ao campo

Oito empresas de máquinas agrícolas, telefonia e tecnologia uniram forças em um projeto de conectividade no campo. AGCO, Climate FieldView, CNH Industrial, Jacto, Nokia, Solinftec, TIM e Trimble pretendem cobrir com a iniciativa 5 milhões de hectares no Brasil ainda neste ano, 1 milhão dos quais de pequenos produtores. Batizado de ConectarAGRO, o projeto será lançado na Agrishow, feira que acontecerá de 29 de abril a 3 de maio em Ribeirão Preto, no interior paulista.

A intenção das empresas é usar a tecnologia 4G (de 700 MHz) para conectar os produtores. “Cada uma das empresas envolvidas possui tecnologias que, quando conectadas à internet, adicionam valor aos produtos”, afirmou Mateus Barros, líder de Negócios da Climate Latam.

O acesso à internet será vendido e operacionalizado pela Tim, por meio de antenas de rede de celular com alcance de 30 mil hectares.

“Acredito que o valor equivalente a meia saca de soja por hectare já paga o investimento”, disse Rafael Marquez, diretor de marketing de mercado corporativo da Tim Brasil.

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Fonte: Valor Econômico

Proteína Animal

7. Foco de peste suína clássica é confirmado em município no Piauí

O Ministério da Agricultura confirmou ontem, em nota técnica, a ocorrência de um foco de peste suína clássica em Lagoa do Piauí (PI). O caso levou o município a decretar estado de emergência zoossanitária também ontem.

A doença foi registrada em uma propriedade de criação familiar de subsistência (sem vínculos com estabelecimentos comerciais ou de reprodução) e ocasionou a morte de sete leitões com menos de três meses.

Segundo o ministério, o foco ocorreu fora da zona livre de peste suína clássica reconhecida pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Dessa forma, não há risco de que o país perca seu reconhecimento internacional de livre da doença.

O diagnóstico foi confirmado por um laboratório federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais. De acordo com o ministério, estão sendo adotados os procedimentos para eliminação do foco, incluindo sacrifício dos suínos da propriedade afetada e investigações clínico-epidemiológicas em rebanhos próximos.

Desde outubro de 2018, outros 44 focos de peste suína clássica foram confirmados no Ceará, que também não integra a zona livre de peste suína clássica do Brasil.

O ministério informou que a peste suína clássica, também conhecida como cólera suína, é uma doença viral contagiosa que afeta somente suínos domésticos e selvagens e não oferece riscos à saúde humana, nem a outras espécies animais.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. Aurora vai inaugurar unidade de genética em Chapecó

A Cooperativa Central Aurora vai inaugurar na terça-feira, 16, a segunda Unidade de Disseminação de Genes (UDG II) para suínos que permitirá ampliar em 67% a produção de sêmen do complexo agroindustrial. Em nota, a Aurora informou que foram investidos R$ 17 milhões na operação, localizada em Chapecó, Santa Catarina.

A unidade começou a ser construída em março de 2018 e foi concluída nesta segunda-feira (15), data em que a cooperativa completa 50 anos de fundação. A UDG II tem área total construída de 4.266,09 metros quadrados e abrigará 300 suínos machos doadores dentro das bem-estar animal.

A unidade UDG I, inaugurada há sete anos no mesmo município, abriga outros 372 machos. Somadas as duas unidades, a Aurora espera um aumento superior a 80% no plantel fornecedor de material genético. "Os doadores são machos híbridos, resultado da composição de diferente raças, fornecidos pelas maiores empresas de genética suína do mundo, como Agroceres PIC, DB Danbred e Topigs Norsvin", destaca o comunicado.

A UDG II trabalhará com reposição de animais de 60% ao ano. A Aurora explica que, atualmente, a UDG I produz 13.850 doses por semana ou 60 mil doses por mês, volume considerado levemente acima do ideal. Por isso, com a inauguração da segunda unidade, a produção dessa primeira UDG será realinhada para 12,7 mil doses por semana ou 55 mil doses por mês. Simultaneamente, a UDG II passará a produzir 10,5 mil doses por semana ou 45,5 mil doses por mês.

Conjugadas, as duas unidades de genética produzirão 100 mil doses mensais, o que representa o incremento estimado em 67% para o complexo todo.Aproximadamente 185 mil fêmeas suínas poderão ser inseminadas com o produto destas UDGs, o que representa 80% do plantel de fêmeas da base produtiva da Aurora no campo.

"O material genético será distribuído aos produtores do sistema Aurora através de veículos climatizados, com rastreamento e controle de temperatura, assegurando a qualidade das doses até o produtor. A maioria das cooperativas filiadas utilizará esse sêmen (algumas têm suas próprias centrais de inseminação) e as doses serão entregues aos produtores a custo acessível, pois parte do valor será subsidiado pela Aurora", ressalta a cooperativa.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Globo Rural

9. Pescados: 11% de amostras coletadas pela Agricultura apresentam inconformidades

Análise feita pelo Ministério da Agricultura de 220 amostras de DNAs de diferentes espécies de pescado, recolhidas em 16 estados e no Distrito Federal, apontou 32 delas com inconformidades.

Das amostras, oito produtos estão sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF) e 16 de Inspeção Estadual (SIE). "As inconformidades se referem à fraude econômica no varejo, devido à troca de espécies de pescado por outro de menor preço à venda no varejo", diz a pasta em nota.

O secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, disse que no ano passado o índice de não conformidade foi de 21,4% e, agora, baixou para 11%. Nos produtos sob fiscalização direta do Ministério da Agricultura e nos importados o índice de conformidade foi de 95,03%. "Vamos incentivar cada vez mais esse tipo de fiscalização, pois pretendemos acabar com essa fraude que prejudica o consumidor brasileiro", afirmou ele.

A coleta foi realizada no dia 12 de março, no comércio varejista e atacadista, dos Estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. As amostras de produtos importados são oriundas de estabelecimentos localizados na Argentina, China, Equador, Noruega e Portugal e todas estavam conformes, disse a pasta.

O ministério acrescentou que, para cada resultado não conforme dos estabelecimentos com SIF, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) abrirá processo administrativo para a apuração. Medidas cautelares também podem ser aplicadas às empresas, como a suspensão de expedição dos produtos do estabelecimento até a total regularização do processo produtivo, além de terem que recolher os produtos identificados como inconformes.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Globo Rural

Agroenergia

10. Expansão da bioeletricidade pode reduzir emissões

O estímulo que o programa RenovaBio deverá conferir à cadeia sucroalcooleira deverá reduzir a emissão de gases de efeito estufa não apenas no setor de transportes, pela qual as usinas serão remuneradas, mas também tem potencial para mitigar as emissões na matriz de energia elétrica do país.

A partir de premissas previstas pelo governo para a nova política, o Projeto Sucre - iniciativa com foco em pesquisas sobre cogeração de energia a partir da palha da cana - estima que o aumento da geração de eletricidade por térmicas movidas a biomassa de cana poderá resultar em um nível de emissões no setor elétrico brasileiro 15% menor em um até cinco anos caso essa fonte substitua parte das usinas a gás natural que estão previstas para entrar em operação no período.

O cálculo é baseado em uma projeção da equipe técnica do governo para o RenovaBio que calcula que o programa poderá estimular uma expansão 3 milhões de hectares da área de cana no país para atender ao previsto aumento da demanda por etanol. A estimativa foi elaborada considerando que o crescimento da oferta de etanol virá de usinas de cana. Não considera, portanto, a tendência de aumento da oferta de usinas de etanol de milho.

Também foi levado em conta que, nesse período, as usinas sucroalcooleiras hoje existentes poderão aumentar o uso da palha da cana nos processos de cogeração para 50% do volume que normalmente fica no solo. Atualmente, o segmento utiliza em suas plantas de cogeração entre 20% e 35% da palha produzida por safra, enquanto o restante fica no solo após a colheita da cana. Também estão previstos ganhos de eficiência nas unidades de cogeração existentes.

A comparação com as térmicas a gás natural se justifica porque as unidades de biomassa de cana são "substitutas naturais" à fonte fóssil - diferentemente das fontes solar e eólica, que são intermitentes -, explica Thayse Hernandes, coordenadora do Projeto Sucre e pesquisadora do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), que integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). O projeto é financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e gerido em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

As projeções foram feitas também considerando a potência que está prevista para entrar em operação nos próximos cinco anos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na lista de projetos está prevista a adição de 48,6 gigawatts (GW) a partir de térmicas a gás natural e de 1,1 GW de térmicas a biomassa de cana.

Também estão na lista projetos de térmicas que utilizam como matéria-prima outras biomassas (como biogás e resíduos agroindustriais) que acrescentarão nos próximos anos 3 GW de potência, além de 7,9 GW adicionais de outras fontes fósseis, 33,2 GW de geração solar, 7,1 GW de eólicas e 1,4 GW de fonte nuclear.

"Nossa matriz energética hoje é limpa, mas na potência prevista cadastrada na Aneel, a grande maioria vem de gás natural. Isso vai sujar uma matriz que é limpa, enquanto há um enorme potencial para a eletricidade da cana", diz a pesquisadora Nariê Souza, mestre em engenharia agrícola e integrante do Projeto Sucre.

Mesmo sem o estímulo do RenovaBio, apenas o aumento do uso da palha da cana para 50% do volume disponível poderia aumentar a geração a partir de biomassa de cana para 107 terawatt-ano (TWh) - ante 21,4 TWh em 2017 -, de forma a mitigar 11,4% das emissões de gases de efeito-estufa que seriam emitidos pelas térmicas a gás natural, segundo o Projeto Sucre.

Atualmente, a geração de energia a partir da biomassa de cana já resulta em um nível menor de emissões caso essa mesma quantidade de energia fosse gerada a partir do gás natural. Em 2017, os 21,4 TWh gerados a partir da biomassa da cana resultaram em uma emissão 2% menor caso essa energia tivesse vindo de térmicas a gás.

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Fonte: Valor Econômico

11. Melhora perspectiva para preço do açúcar

As usinas do Centro-Sul iniciaram a safra 2019/20 com um sentimento um pouco mais otimista em relação aos preços do açúcar e do etanol do que há um ano. Além de trabalharem com a perspectiva de que a demanda doméstica por etanol continuará aquecida, também enxergam uma possibilidade de reação das cotações internacionais do açúcar no médio a longo prazos, o que não passava pela cabeça de ninguém do ramo no começo do ciclo 2018/19.

Desde a largada "oficial" da temporada, em 1º de abril, na bolsa de Nova York os papéis de açúcar demerara com vencimento em maio chegaram a subir 2% até sexta-feira, mas nos últimos dias devolveram os ganhos e fecharam ontem em 12,67 centavos de dólar a libra-peso. Porém, em relação ao mesmo período da safra passada, o valor médio está 3,8% maior, conforme dados do Valor Data. Com o avanço da moagem de cana na região brasileira, a tendência é de queda nas próximas semanas, mas a sorte poderá virar.

As previsões de que a próxima safra internacional de açúcar - 2019/20, que começará em outubro - terá mais consumo que produção alimentam a expectativa de que os preços poderão sair do fosso em que se encontram há dois anos. O banco holandês Rabobank prevê que haverá déficit de oferta de 4,3 milhões de toneladas, enquanto a trading francesa Sucden calcula a diferença em 4 milhões de toneladas.

"Para o próximo ciclo, há indicações de redução da produção na Índia, da área de beterraba na Europa e, na Tailândia, troca de área de cana por outras culturas mais rentáveis", diz Matheus Costa, analista da INTL FCstone. Em sua última projeção, a consultoria estimou déficit global de 300 mil toneladas em 2019/20.

Diante desse cenário, as usinas estão mais cautelosas para vender açúcar do que um ano atrás. Até agora as empresas fixaram os preços de exportação de 10,2 milhões de toneladas para esta safra, abaixo das mais de 11 milhões de toneladas de um ano atrás, segundo a Archer Consulting. O preço médio de fixação das vendas em reais, por sua vez, está parecido, em R$ 1.163,49 a tonelada.

No mercado de etanol as boas notícias são mais concretas. Em alguns Estados do Centro-Sul há uma forte valorização do biocombustível, reflexo da corrida das distribuidoras pela oferta de usinas que não paralisaram sua produção por causa das chuvas dos últimos dias.

Os preços do etanol hidratado entregue no terminal de Paulínia (SP) subiram 18% desde o início do mês, para o equivalente a R$ 1.988 o litro ontem. Mas, dependendo da região, já há usinas vendendo o produto por mais de R$. Mesmo em Ribeirão Preto (SP), onde há maior oferta, foram registradas na semana passada vendas a R$ 2,30 o litro, acima da média para esta época, segundo uma fonte da região. O indicador Cepea/Esalq para Goiás subiu 21% em duas semanas, para R$ 1,6694 o litro (sem frete nem impostos), mas houve na semana passada usinas que fecharam negócios a R$ 2,50.

Segundo Costa, da FCStone, as altas são embaladas pelas chuvas recentes, que desacelararam a moagem de cana. Apertos de oferta neste momento da safra costumam ter forte reflexo nos preços porque as distribuidoras estão com poucos estoques, já que a tendência é de desvalorização progressiva com o avanço da safra.

Os aumentos dos preços da gasolina pela Petrobras também colaboraram para a alta do etanol. No dia 5, a estatal elevou o valor da gasolina vendida às distribuidoras em 5,61%. Até então, a alta acumulada desde o início do ano já era de 21%.

Mas as usinas não acreditam que esse movimento vá durar muito. "Quando a moagem entrar no eixo, o preço começa a cair", afirmou um usineiro de Goiás que preferiu não se identificar. A segunda quinzena de abril, acrescenta, costuma ter um tempo mais seco, o que deverá permitir a ampliação da oferta.

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial da Alta Mogiana, acredita que pode haver um "piso" para a pressão da oferta sobre os preços. Com novos tanques adquiridos por usinas para estocar o produto e com o aumento dos custos de produção, puxados pela alta do dólar, ele acredita que muitas companhias resistirão em vender o etanol abaixo do custo. Hoje, afirma, apenas o custo operacional está em R$ 1,90 o litro, enquanto há um ano eram de R$ 1,80 o litro.

Em nota, Julio Borges, sócio da JOB Consultoria, disse que há uma perspectiva de que os estoques finais desta temporada sejam menores do que os iniciais, o que tende a garantir preços "em níveis ligeiramente mais altos que os da safra passada".

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Fonte: Valor Econômico

12. Medida de Bolsonaro pode acabar com Comitê RenovaBio

O Comitê do RenovaBio poderá ser um dos muitos colegiados extintos pelo Decreto 9.759/2019, assinado por Jair Bolsonaro durante solenidade convocada para marcar os 100 primeiros dias de seu governo. A medida visa simplificar e racionalizar a administração federal e afeta todos os órgãos colegiados criados antes de 2019.

Iniciado por determinação do decreto que fixou as regras de governança para o RenovaBio, o colegiado coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) é o principal órgão de acompanhamento do dia a dia e dos resultados obtidos pela nova Política Nacional de Biocombustíveis.

Junto com o Comitê Interministerial sobre Mudança do Climática, o Comitê RenovaBio tem a responsabilidade de encaminhar recomendações sobre as metas anuais de descarbonização que irão subsidiar as decisões do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).

Mas o Decreto 9.759/2019 não é uma sentença de morte. De acordo com o texto, o MME terá até o dia 28 de maio para apresentar à Casa Civil uma proposta prevendo a recriação do Comitê RenovaBio. Caso isso não aconteça, o Comitê RenovaBio será extinto no dia 28 de junho.

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Fonte: BiodieselBR/NovaCana

Grãos e Grandes Culturas

13. Grupo Três Corações lucrou R$ 298,4 milhões em 2018

Maior fabricante de café torrado e moído do Brasil, o Grupo Três Corações registrou lucro líquido de R$ 298,4 milhões em 2018, alta de 16,6% em relação ao ano anterior. Na mesma comparação, a empresa, dona de marcas como a Santa Clara, viu sua receita crescer em 7,5%, para quase R$ 4 bilhões.

A empresa atua na produção e venda de produtos de café, máquinas, cápsulas multibebida, refrescos em pó, achocolatados e derivados de milho. O grupo também opera na exportação café verde, comodato de máquinas para consumo fora do lar e em operação de cafeterias.

As demonstrações financeiras da empresa, divulgadas hoje, revelam um lucro operacional (antes dos juros e dos impostos) de R$ 365,4 milhões no ano passado, avanço de 13,76% ante 2017.

Ao fim de dezembro, a empresa tinha dívida bruta de R$ 419 milhões e R$ 221,3 milhões em caixa para honrar seus compromissos financeiros.

Além das marcas Santa Clara e 3corações, o grupo é dono de marcas como a Kimimo, Pimpinela, Principal e outros 25 rótulos.

O patrimônio líquido da empresa, ao fim de dezembro, somava R$ 1,94 bilhão. Suas unidades industriais estão localizadas no Ceará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Amazonas, com centros de distribuição em praticamente todos os Estados. Adicionalmente, o grupo possui plantas de processamento de café verde em Minas Gerais.

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Fonte: Valor Econômico

14. No PR, colheita de soja 2018/19 atinge 98%; plantio de trigo é iniciado

A colheita de soja no Paraná alcançou na segunda-feira 98% dos 5,435 milhões de hectares de área cultivada, informou nesta terça-feira, 16, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. O volume representa um avanço de pontos porcentuais em relação à semana anterior.

Da lavoura da oleaginosa, 89% estava em boa condição e 11% em situação média. Do total plantado, 3% estava em frutificação e 97% em maturação.

O Deral informou também que a colheita da primeira safra de milho no Paraná atingia até ontem 94% da área prevista, avanço de dois pontos porcentuais na comparação semanal. Do total plantado, de 357,6 mil hectares, 100% estava em maturação. Além disso, 96% das lavouras tinham boa condição; 13%, condição média e 1%, condição ruim.

Quanto à segunda safra do cereal, a qual o plantio foi concluído na semana anterior, 30% estavam em desenvolvimento vegetativo, 30% em floração, 36% em frutificação e 4% em maturação. Do total cultivado, de 2,227 milhões de hectares, 94% estão em boa condição e 6% em condição média. No estado, também foi iniciado o plantio da safra de trigo 2018/19. A semeadura atingiu 1% da área estimada, de 1,035 milhão de hectares. Do total cultivado, 100% estavam em boa condição.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Globo Rural

15. Café orgânico premiado e servido na Copa de 2014 é resultado de trabalho feminino

No interior de Minas Gerais um grupo de mulheres tem impulsionado a produção de café orgânico e o crescimento do número de agricultoras que gerenciam as próprias lavouras. No município de Poço Fundo, criaram o Café Orgânico Feminino com o objetivo de gerar renda e também romper com a tradição que mantinha o trabalho das agricultoras sem visibilidade e retorno financeiro.

A marca Café Orgânico Feminino é fruto do trabalho do grupo de Mulheres Organizadas Buscando a Independência (Mobi), que integra a Cooperativa de Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região (Coopfam). A cooperativa tem 500 produtores cooperados, sendo que cerca de 150 produzem orgânicos, a maioria mulheres.

O empreendimento, coordenado por agricultoras familiares de Água Limpa, na zona rural de Poço Fundo, foi um dos 11 projetos brasileiros homenageados no concurso internacional Saberes e Sabores, no âmbito da campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, de 2018.

O concurso teve como objetivo destacar o papel das mulheres rurais e reconhecer os empreendimentos femininos que resgatam a importância da alimentação tradicional saudável e da proteção à biodiversidade.

Do início ao fim da cadeia produtiva, são elas que comandam o processo de gestão. Desde a semeadura, a colheita dos grãos até a comercialização do produto final, o toque feminino faz a diferença no cuidado e dedicação que o café orgânico exige em relação ao grão convencional.

O café feminino é produzido de forma sustentável e agroecológica, sem uso de produtos químicos. Descrito como um café com baixo teor de acidez, é vendido de forma torrada ou in natura com os selos federais da agricultura familiar e de produto orgânico.

Poço Fundo tem cerca de 16 mil habitantes e se destaca na produção de café no estado. Segundo dados preliminares do Censo Agropecuário de 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município tem mais de 1970 estabelecimentos agropecuários, sendo que 82% deles plantam café.

Apesar do protagonismo feminino na região, apenas 8,7% dos empreendimentos rurais de Poço Fundo estão no nome de mulheres. Em 2006, quando começou o trabalho do MOBI, cerca de 7,8% dos empreendimentos identificados pelo IBGE na cidade eram comandados por elas.

O percentual mais recente quase coincide com os estabelecimentos que fazem adubação orgânica na região: 9,63%. O índice sugere uma relação entre o trabalho das agricultoras familiares e o avanço da produção orgânica na região.

Além do café orgânico, as mulheres confeccionam artesanato com subprodutos do café, como a palha e a borra, e ainda cultivam rosas orgânicas. O grupo também promove atividades de conscientização sobre a preservação da biodiversidade, da conservação do solo, da água e de animais silvestres.

Autonomia

Cada cafeicultora é responsável por sua propriedade, pela lavoura, colheita e pós-colheita. Uma realidade bem diferente da que elas eram submetidas há algum tempo.

A cafeicultora e artesã, Dayany de Assis, relata que as mulheres do município sempre foram envolvidas na produção de café, algumas desde criança. Mas, todo o processo de negociação e de venda do produto final ficava por conta dos maridos.

“Antes, as mulheres ficavam mais na parte de mão de obra. Quando fui para o grupo, em 2014, já vi todo o envolvimento da mulher, como tomavam conta daquilo que era delas, com conta no banco, recebiam e tinham produção de café orgânico”, conta Dayany de Assis, que atualmente coordena o grupo.

Depois de fazer um curso de quatro meses com as mulheres do MOBI, Dayany se encantou e decidiu aderir ao movimento. Hoje, aos 30 anos e mãe de dois filhos, tem uma lavoura própria de café orgânico e se tornou uma das conselheiras fiscais da Cooperativa.

“A lavoura hoje é tão bonita, que eu larguei a convencional e fui me dedicar só ao orgânico. É uma agricultura familiar. Na mão de obra, o marido ajuda um pouco também, mas as decisões, a gestão da minha lavoura é tudo eu quem faço”, explica.

Solidariedade

Os frutos do associativismo feminino vão além da geração de renda e da autonomia financeira. Empatia e criatividade marcam o trabalho das mulheres no campo, que descobrem na aliança uma forma de superar desigualdades arraigadas pelo preconceito.

O grupo ainda atua para motivar e resgatar a autoestima das trabalhadoras, que volta e meia ouvem comentários nada amistosos de produtores pelo fato delas não se identificarem com o esterótipo de agricultores: como andar sempre de botina e com terra nas unhas. E também por se distinguirem ao levar uma vida social fora da lavoura e do ambiente doméstico.

Entre elas, a solidariedade faz a diferença para compreender os desafios comuns impostos pela tripla jornada com o serviço doméstico, o trabalho no campo e o ativismo da cidade.

“A mulher sai cedo, tem que deixar a casa arrumada, o almoço pronto, pôr os filhos pra ir pra escola. A gente vê a dificuldade das mulheres pra participar tanto da reunião quanto da assembleia, porque ela tem que estar com serviço de casa pronto, tem que ir embora da reunião pra fazer janta para o marido”, relata.

Para facilitar a vida das cooperadas que têm filhos pequenos, o grupo criou uma brinquedoteca no salão onde elas costumam se reunir. Outra medida para estimular o engajamento feminino é a carona solidária.

“Tem propriedades que estão a quatro quilômetros, mas tem propriedade que está a 18 quilômetros de onde a gente reúne. Quando eu entrei no grupo, só tinha uma mulher que dirigia, hoje, tem mais três que entraram na autoescola”.

Conquistas

O grupo já foi premiado em concursos de cafés especiais e tem circulado por propriedades de outras regiões do Brasil em busca de mais aprendizado e troca de experiências.

Em 2014, o café feminino foi escolhido para ser servido durante a Copa do Mundo sediada no Brasil. A participação rendeu visibilidade às cafeicultoras, que receberam a visita e doação de produtores estrangeiros. E no ano passado, o grupo ganhou menção honrosa no concurso #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos, entre outras conquistas.

“O café na Copa foi um sucesso, a menção honrosa também. A gente ficou muito feliz e todo mundo está mais motivado, porque vê que o trabalho está sendo reconhecido”, comemora Dayany.

As sementes também estão sendo deixadas para as crianças e jovens. Aos sete anos, a filha de Dayany já demonstra consciência ambiental e preocupação com os recursos naturais. A cafeicultora também comemora o impacto positivo na qualidade do solo e o engajamento do marido que está convertendo a lavoura convencional para orgânica.

“A saúde da família melhorou, a saúde do solo também melhorou demais. Se você ver a vida que tem o solo orgânico, é totalmente diferente do café convencional. A natureza responde muito melhor a tudo o que você coloca na planta”. A coordenadora do grupo lista outras vantagens da produção orgânica, como a promoção de vínculo entre diferentes produtores, além do maior ganho financeiro.

“ Os produtores convencionais aqui do município e região não têm o hábito de trocar experiências e no orgânico isso é muito intenso. Então, a gente viaja bastante para conhecer outras pessoas e propriedades. E, financeiramente, apesar de o café orgânico dar mais mão de obra para produzir, porque ele não tem uma formula pronta para tudo como o convencional, ele é um café que vende melhor”.

Em 2018, o grupo de mulheres produziu 600 sacas de café. Uma parte da produção segue para torrefação pela cooperativa, que vende o produto e destina 10% do valor adquirido para o movimento feminino. O valor é usado pelas cafeicultoras em projetos sociais, compra de insumos, entre outros

A meta agora é atrair outras mulheres da cooperativa que ainda não produzem orgânicos para ampliar a produção livre de defensivos químicos, além de reforçar o movimento feminino pela sustentabilidade. O grupo sonha em ver outras mulheres reconhecendo e valorizando a identidade como artesãs e produtoras rurais.

Campanha 2019

A quarta edição da campanha #Mulheres Rurais, Mulheres com Direitos tem como tema “Pensar em igualdade, construir com inteligência, inovar para mudar”. O eixo condutor da iniciativa é a importância de visibilizar os direitos das mulheres rurais em todos os níveis, desde as garantias individuais até coletivas, além das metas estabelecidas no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

A campanha é organizada pela FAO em parceria com a ONU Mulheres, a Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Comissão sobre Agricultura Familiar do Mercosul e a Direção-Geral do Desenvolvimento Rural do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca do Uruguai.

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Fonte: Mapa/Notícias Agrícolas

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