Clipping Agribusiness | 28 de fevereiro
- Por: Juliane
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Conjuntura do Agronegócio
1. Aumenta a demanda mundial por gorduras 'saudáveis'
Agricultores ao redor do mundo estão às voltas para conseguir lidar com a crescente demanda das pessoas por gorduras consideradas mais "saudáveis", o que tem levado a impactos prolongados sobre os preços dos alimentos.
Do México à Nova Zelândia, passando pela Noruega, produtores de abacate, criadores de peixes e produtores de manteiga estão empenhados em ampliar a oferta para atender ao aumento do consumo, mas se deparam com restrições ambientais e outros obstáculos que vêm limitando a expansão.
Os preços médios do abacate, da manteiga, do azeite de oliva e do salmão, por exemplo, subiram quase 60% desde 2013, mesmo excluindo a influência de fatores sazonais e problemas climáticos, segundo várias fontes. No período, as cotações de milho, soja, açúcar e trigo apresentaram pouca variação ou retração.
Muita gente passou a comer mais alimentos com gorduras naturais em vez de produtos com carboidratos e pouca gordura. Agências governamentais e nutricionistas vêm recomendando às pessoas a ingestão de mais peixes, nozes e óleos saudáveis em detrimento de gorduras industrializadas e margarinas.
Stephan Hubertus Gay, analista de políticas públicas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), reforça que, de fato, os consumidores voltaram a comer produtos com gorduras. "Ficamos um pouco surpresos que tenha sido tão rápido", afirmou.
Entre as gorduras consideradas saudáveis estão os ácidos graxos do ômega 3, encontrados em abundância no óleo de peixe, que podem reduzir o risco de problemas cardíacos, segundo a Associação Americana do Coração (AHA, na sigla em inglês). Nozes, abacate e azeite de oliva são ricos em gorduras monossaturadas, que ajudam a reduzir os níveis de colesterol ruim. A demanda dos consumidores por manteiga e outros laticínios também está em alta.
Historicamente, a procura por esse tipo de alimentos era maior em países ocidentais mais ricos. Mas, agora, consumidores na China e em outros países asiáticos também vêm comendo mais alimentos ricos em gorduras, à medida que sua renda aumenta e seu cardápio se modifica.
Juan Carlos Parra começou a exportar à China abacates de sua propriedade em Michoacán, no México, há cerca de três anos, e acusa o aumento na demanda. As importações da fruta pela segunda maior economia do mundo mais do que dobraram nos últimos anos. Nas grandes cidades chinesas começaram a pipocar cafés vendendo abacates, torradas e batidas de leite com frutas.
Parra, dono da Shanghai Viocar Import and Export Co., disse que os preços subiram tanto que, às vezes, é difícil encontrar abacates a preços suficientemente baixos para enviá-los à China. O México elevou a produção, mas a maior parte vai para os Estados Unidos, onde a demanda também tem aumentando bastante.
Quanto às azeitonas, missionários plantaram oliveiras na Califórnia há mais de dois séculos, mas foi apenas na última década que os agricultores começaram a elevar a produção de azeite de oliva, encorajados pelo aumento no consumo. Desde 2012, o preço do azeite de oliva italiano quase dobrou, segundo a empresa de dados Mintec.
Nos últimos três anos, os agricultores da California Olive Ranch plantaram ou compraram mais de 1,3 mil hectares com oliveiras em cinco condados, elevando a área total de plantio para cerca de 4,5 mil.
"O azeite de oliva está vivendo uma espécie de renascimento", disse Gregg Kelley, CEO da empresa. Um dos grandes desafios para o segmento, afirmou, é encontrar terras suficientes para plantar as árvores, que são muito "mimadas" e conseguem crescer apenas sob condições especiais. Além disso, as secas dos últimos anos trouxeram problemas para os produtores na Califórnia.
Assim como as azeitonas, a produção comercial de abacates e amêndoas também leva anos para ser ampliada, porque as árvores se adaptam apenas a climas bem específicos e levam vários anos para crescer antes de produzir frutos.
Em muitas partes do mundo, as pessoas também passaram a pagar mais por laticínios. Em 2018, a manteiga da Nova Zelândia, que lidera as exportações do produto, estava 50% mais cara que em 2012. Mas houve problemas periódicos de escassez da chamada manteiga do estilo europeu, a preferida por muitos padeiros por ter um conteúdo de gordura maior que a manteiga americana.
O consumo de manteiga no mundo subiu 13% no período de cinco até 2018, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). China, Coreia do Sul e Japão aumentaram as importações do produto.
Fazendeiros na Nova Zelândia e da Europa vêm ampliando a produção de leite desde 2012, segundo o USDA. A fabricação de manteiga, porém, deixa como resíduo um volume muito grande de soro, cujos preços estão baixos. Dessa forma, há limites para a quantidade de manteiga que os produtores estão dispostos a fazer. Além disso, ambientalistas e autoridades neozelandesas questionam o impacto nos cursos de água provocado pelas expansões das fazendas leiteiras.
Questões ambientais também vêm limitando a expansão da criação de salmões. Entre 1998 e 2008, a produção mundial da espécie cresceu, em média, 7,7% ao ano. Nos últimos dez anos, o ritmo caiu pela metade, segundo a empresa norueguesa de dados Kontali Analyse AS, embora o consumo tenha aumentado cerca de 4,5% ao ano, conforme o Rabobank. Como resultado, os preços do salmão dobraram desde 2012.
A produção tem sido limitada por dificuldades na criação e por regras mais rigorosas impostas aos produtores. A superlotação das fazendas de piscicultura levou a problemas como a proliferação do parasita "piolho do mar". Em parte por causa dele, Noruega e Escócia restringiram a abertura de novas fazendas.
"Tivemos alguns problemas biológicos", admitiu Ola Helge Hjetland, porta-voz da Mowi ASA, na Noruega, que produz 20% dos salmões em cativeiro do mundo. A empresa está empenhada em reduzir o número de "piolhos do mar".
Os salmões precisam de água muito limpa, com a quantia certa de oxigênio e um clima específico, o que limita os locais em que podem crescer. A Mowi, acrescentou Hjetland, tem investido em tecnologias que vão permitir instalar fazendas de peixes em águas no mar mais distantes da costa, mas isso poderá levar anos para virar realidade.
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Fonte: Valor Econômico
2. Ministra diz que já garantiu R$ 200 bi para 2019/20
Diante da forte demanda dos produtores por crédito rural na atual temporada, a ministra Tereza Cristina afirmou ontem, em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado, que já garantiu no governo um aumento de pelo menos 5% no montante que será oferecido aos produtores no Plano Safra 2019/20.
O Plano Safra 2018/19, que entrou em vigor em 1º de julho do ano passado e terminará em 30 de junho, disponibilizou R$ 191,1 bilhões, entre crédito a juros controlados (R$ 153,7 bilhões) e livres (R$ 37,4 bilhões). Segundo Tereza, serão, no mínimo, R$ 200 bilhões no total em 2019/20.
Na audiência, a ministra lembrou que os recursos do atual Plano Safra estão no fim. Como informou o Valor, de julho do ano passado até janeiro, os desembolsos dos bancos somaram R$ 110,1 bilhões, 12,8% mais que em igual intervalo do ciclo 2017/18. Em fevereiro, o ritmo de liberações continuou acelerado, e Tereza adiantou que os recursos a juros controlados estão no fim - para operações de custeio, de fato terminaram.
Como medida emergencial, o Ministério da Agricultura obteve recentemente aval do BNDES para remanejar quase R$ 800 milhões de linhas com demanda menor para outras muito procuradas para investimentos - sobretudo o Moderfrota, que financia a aquisição de máquinas agrícolas. É um alento, mas fabricantes de tratores e colheitadeiras queriam mais.
O Valor apurou que no Banco do Brasil, líder do mercado nacional de crédito rural, não há mais recursos a juros controlados para operações de custeio de grandes produtores - apenas a juros livres, com taxas que variam de 9,75% a 11%.
No sentido de conseguir mais recursos para os produtores em 2019/20, seguindo a lógica de reduzir os subsídios para grandes produtores e mantê-los para pequenos e médios, a ministra disse que está negociando com a equipe econômica um aumento de 35% para 50% do percentual das captações de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) que os bancos precisam direcionar para operações de crédito rural.
Essa medida chegou a ser proposta na gestão da ex-ministra Kátia Abreu, em 2015, mas por pressão dos bancos o governo recuou. Esses recursos, porém, têm juros livres, mais elevados que os das linhas controladas, cujas taxas são equalizadas pelo Tesouro. "Mas é preciso uma transição segura para que o produtor tenha previsibilidade", ponderou Tereza Cristina.
A ministra também voltou a cobrar mais recursos para o programa federal de subvenções aos prêmios do seguro rural. "Queremos avançar muito no seguro rural. Temos consciência da situação fiscal, mas com mais seguro acho que a gente tem condições de ter mais crédito", disse.
No orçamento deste ano, o governo reservou R$ 440 milhões para o seguro rural, mesmo patamar dos últimos anos. A ministra defende no mínimo R$ 1 bilhão.
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Fonte: Valor Econômico
3. FAO exige abordagem integrada para alcançar sustentabilidade
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) apresentou uma nova publicação intitulada "Agricultura Sustentável e Alimentação: Uma Abordagem Integrada", que visa reunir as evidências mais avançadas sobre como a agricultura sustentável pode ser continuamente melhorada em diferentes níveis. O livro é o primeiro a observar as ameaças iminentes à segurança alimentar sustentável através de uma perspectiva intersetorial, com a contribuição de 78 especialistas de várias universidades e organizações em todo o mundo.
Na apresentação do documento, José Graziano da Silva, Diretor Geral da FAO, afirmou que "não podemos continuar produzindo alimentos da mesma maneira que fizemos" e que devemos "mudar para uma abordagem mais holística da sustentabilidade". Silva destacou a importância de tornar os quadros políticos corretos para enfrentar os desafios gerados pelas alterações climáticas e pela crescente população. Ele também enfatizou que a única maneira de se mover nessa direção é revisar a legislação atual.
Em seu discurso, ele afirmou que as políticas são necessárias, sobretudo para enfrentar os conflitos de interesse que inevitavelmente surgem em meio à necessidade de mudança. O livro está estruturado em 48 capítulos e cinco seções, cobrindo tópicos que variam desde demografia e pobreza rural até biodiversidade e escassez de água, incluindo exemplos viáveis de como aumentar a produtividade agrícola através da integração de diferentes setores, sem prejudicar e até aumentar o capital social e ambiental existente.
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Fonte: Agrolink
Insumos
4. Mosaic lucrou US$ 112,3 milhões no quarto trimestre
A americana Mosaic, uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, reportou ontem um lucro líquido de US$ 112,3 milhões no quarto trimestre de 2018. Trata-se de um desempenho bastante superior ao registrado um ano antes, quando houve prejuízo líquido de US$ 431,1 milhões.
No quarto trimestre do ano passado, a receita líquida da Mosaic totalizou US$ 2,5 bilhões, incremento de 20,5% na comparação com os US$ 2,1 bilhões reportados em igual intervalo de 2017.
No acumulado de 2018, a Mosaic lucrou US$ 470 milhões. No ano anterior, a companhia havia registrado prejuízo de UIS$ 107,2 milhões.
Em todo o ano passado, a receita líquida da companhia atingiu US$ 9,6 bilhões, incremento de 30% ante os US$ 7,4 bilhões do ano anterior. O aumento do faturamento foi puxado pela aquisição, no ano passado, de ativos da Vale Fertilizantes, no Brasil.
“Estamos capturando os benefícios da melhora das condições de mercado”, afirmou, em nota, o CEO da Mosaic, Joc O’Rourke, que demonstrou otimismo com a manutenção dos bons resultados em 2019.
Parte dos resultados deste ano devem vir com os ganhos de sinergia oriundos da compra da Vale Fertilizantes. A companhia estima ganhos de US$ 100 milhões em sinergias.
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Fonte: Valor Econômico
5. Bayer encara 11 mil processos na Justiça dos EUA
Os processos judiciais contra a Bayer por causa de problemas causados pelo glifosato - herbicida desenvolvidos pela americana Monsanto, que passou ao controle da múlti alemã em agosto de 2018 - continuam a se proliferar nos EUA. Ontem, na divulgação dos resultados consolidados de 2018, a Bayer informou que o número total somava 11,2 mil em 28 de janeiro, 40% mais que em setembro.
O número de processos têm aumentado desde o dia 10 de agosto, quando a Monsanto foi condenada a pagar uma indenização de US$ 289 milhões a um jardineiro de San Francisco que afirma ter desenvolvido câncer após exposição a dois herbicidas à base de glifosato (Ranger Pro e Roundup). Antes do caso, o número de processos envolvendo o herbicida somavam 5,2 mil.
Atualmente, também em San Francisco, há outro julgamento contra a Bayer por causa do glifosato. Trata-se do caso de Edwin Hardeman, residente californiano que também alega ter desenvolvido câncer em decorrência do herbicida. Em teleconferência com analistas, Werner Baumann, CEO da Bayer, adiantou que mais seis julgamentos envolvendo o glifosato são esperados para este ano ainda.
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Fonte: Valor Econômico
6. Divisão agrícola da Bayer lucrou mais no 4º trimestre de 2018
A divisão agrícola da alemã Bayer, chamada Crop Science, registrou vendas de 4,7 bilhões de euros no quarto trimestre de 2018, pouco mais que o dobro que no mesmo período de 2017 (2,3 bilhões de euros). Em todo o ano passado, foram 14,3 bilhões de euros, um aumento de 49%. O forte aumento levou a receita da divisão Crop Science a representar 36% das vendas totais da companhia em 2018.
Nos três últimos meses de 2018, as vendas de produtos agrícolas da múlti na América Latina somaram 1,8 bilhão de euros, aumento de 86,2% ante o mesmo período de 2017 e tornaram a região a principal para a companhia no intervalo. No acumulado de 2018, as vendas totalizaram 4 bilhões de euros na América Latina, duas vezes mais que em 2017 e cerca de 36% da receita total da divisão agrícola.
Os resultados do ano foram positivamente influenciado pela normalização dos estoques no Brasil. Durante teleconferência com analistas, Werner Baumann, CEO da Bayer, afirmou que as vendas de agrotóxicos (herbicidas, fungicidas e inseticidas) melhoraram na América Latina, principalmente como resultado das medidas adotadas para normalizar os níveis de estoques brasileiros em 2017.
“As vendas de inseticidas também melhoraram como resultado de um ajuste para nossas provisões de retorno no Brasil no quarto trimestre, também relacionadas à nossa redução bem-sucedida nos estoques de canal no país”, explicou Baumann a analistas.
Liam Condom, presidente da divisão Crop Science, afirmou, durante teleconferência, que o crescimento da receita com herbicidas em 2018 também refletiu o aumento dos preços do glifosato. A receita global com herbicidas somou 4,2 bilhões de euros em 2018, aumento de 58,4% ante 2017, e representou 30% das vendas da Crop Science.
Nos resultados de 2018, os negócios adquiridos da americana Monsanto, cuja compra foi concluída em agosto do ano passado, representaram cerca de 5,3 bilhões de euros das vendas totais da área agrícola, enquanto os negócios vendidos à também alemã Basf contribuíram com 1,5 bilhão de euros antes do fechamento da transação, também em agosto de 2018.
Em base pró-forma, considerando as vendas da Monsanto nos resultados de 2017, a receita da Crop Science avançou 3,1%, enquanto os negócios da área de sementes e tratamento de sementes de soja ficariam estáveis.
O lucro antes de juros, depreciações e amortizações (Ebitda) antes de itens especiais ficou em 2,7 bilhões de euros no ano, 29,8% mais que em 2017. No quarto trimestre de 2018, o Ebitda somou 543 milhões de euros, alta de 78,6%.
“Este aumento deve-se, em parte, à contribuição de ganhos do negócio recém-adquirido (705 milhões de euros) e ao reconhecimento, no segundo trimestre de 2017, de provisões significativamente maiores para os retornos de produtos no Brasil. Isso se contrapôs à contribuição de lucros rateados do ano anterior dos negócios cedidos à Basf.
Os ganhos também foram contidos por uma queda nos volumes na Europa e um efeito cambial negativo de 101 milhões de euros para os negócios pré-aquisição da Bayer”, apontou o relatório divulgado pela companhia.
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Fonte: Valor Econômico
Proteína Animal
7. Americana Sanderson Farms iniciou exercício 2019 com prejuízo
A sobreoferta de carne de frango nos Estados Unidos atingiu em cheio a Sanderson Farms, uma das maiores indústrias avícolas americanas.
Listada na Nasdaq, a empresa informou hoje que fechou o primeiro trimestre do exercício fiscal de 2019 (período encerrado em janeiro) com prejuízo líquido de US$ 17,8 milhões. No mesmo intervalo do exercício anterior, a companhia americana havia lucrado US$ 51,2 milhões.
“Nossos resultados refletem as condições desafiadoras do mercado, com preços significativamente mais baixos do peito de frango”, disse, em nota, o presidente do conselho de administração e CEO da Sanderson, Joe Sanderson Jr.
Como reflexo dos preços mais baixos, o faturamento da Sanderson diminuiu. No trimestre encerrado em 31 de janeiro, a companhia registrou uma receita líquida de US$ 743,4 milhões, queda de 3,7% na comparação com os US$ 771,9 milhões do primeiro trimestre do exercício fiscal de 2018.
Nos primeiros três meses do atual ano fiscal, a Sanderson teve um prejuízo operacional de US$ 23,5 milhões. No mesmo intervalo do ano anterior, a companhia havia reportado um lucro operacional de US$ 17,2 milhões.
Notícia na ítnegra
Fonte: Valor Econômico
8. Marfrig tem primeiro lucro desde 2010
Pela primeira vez desde 2010, a Marfrig Global Foods, segunda maior indústria de carne bovina do mundo, encerrou um ano no azul. Inflada pela bilionária venda da Keystone — um negócio de R$ 8 bilhões —, a empresa conseguiu um lucro líquido de R$ 2,2 bilhões no quarto trimestre do ano passado. Com isso, mais do que compensou as perdas dos primeiros nove meses, lucrando R$ 1,4 bilhão em 2018.
Trata-se de um desempenho em muito superior ao visto quarto trimestre de 2017. Naquele período, a Marfrig amargou um prejuízo líquido de R$ 21,5 milhões — contribuindo para uma perda anual de quase R$ 485 milhões.
Sem a venda da Keystone, no entanto, o resultado teria sido negativo. A Marfrig teria registrado um prejuízo de R$ 1,2 bilhão no quarto trimestre e de R$ 2,2 bilhões no acumulado de 2018 em razão de perdas (sem efeito caixa) na área tributária. No quarto trimestre, a empresa fez uma baixa de mais de R$ 700 milhões na estimativa de créditos de impostos a recuperar.
Em entrevista ao Valor, o CEO da Marfrig, Eduardo Miron, comemorou o “ano de transformação”, com o cumprimento da promessa de redução do endividamento feita em 2015. Graças à venda da Keystone, a Marfrig cortou sua dívida líquida pela metade — para US$ 2 bilhões — e reduziu o índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) de 4,5 vezes no fim de 2017 para 2,4 vezes em 31 de dezembro do ano passado. A meta para esse índice era 2,5 vezes.
Além de concluir o ano com uma estrutura de capital adequada — o excessivo endividamento foi o calcanhar de Aquiles da Marfrig na última década —, a empresa também restringiu a área de atuação. Com a venda da Keystone, uma empresa especializada no fornecimento de carne de frango ao McDonald’s, a Marfrig concentrou suas operações em carne bovina.
Mas não se trata de uma empresa menor. Pelo contrário. Em 2018, antes de vender a Keystone, a Marfrig adquiriu o controle da National Beef, a quarta maior indústria de carne bovina dos Estados Unidos, por quase US$ 1 bilhão. Assim, deixou de ser apenas um grande frigorífico na América do Sul, com abatedouros no Brasil, Uruguai e Argentina. Os EUA são os maiores produtores de carne bovina do planeta, e estão entre os três maiores exportadores dessa proteína — o Brasil é o principal.
Com a incorporação da National Beef, a Marfrig passou a ser uma empresa mais rentável devido ao momento favorável para a indústria frigorífica americana — com ampla oferta de gado bovino e demanda aquecida por carne.
Nesse cenário, a receita líquida da Marfrig alcançou R$ 10,6 bilhões no quarto trimestre, avanço de 12% ante os R$ 9,5 bilhões de igual período de 2017 — os números dos dois anos já consideram a National Beef, para facilitar a comparação. No acumulado de 2018, a receita líquida bateu a marca de R$ 40 bilhões, atingindo R$ 41,4 bilhões, aumento de 19,8% ante os R$ 34,6 bilhões registrado no ano anterior. Em 2018, a National Beef foi responsável por cerca de 70% das vendas da companhia brasileira.
Puxado pelos Estados Unidos, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, que desconsidera as despesas não recorrentes, alcançou R$ 881 milhões no quarto trimestre, montante 17,9% superior aos R$ 747 milhões do mesmo intervalo de 2017. Com isso, a margem Ebitda ajustada ficou em 8,3% no quarto trimestre, ante 7,9% um ano antes. Em 2018 como um todo, o Ebitda da Marfrig bateu o recorde e chegou a R$ 3,4 bilhões, alta de 35,2%.
Quando se considera as despesas não recorrentes, porém, Ebitda registrou forte queda. No quarto trimestre, o Ebitda foi de apenas R$ 55 milhões, queda de 92% na comparação com os R$ 688 milhões de igual período do ano passado. Em 2018, o Ebitda diminuiu 20%, para R$ 1,8 bilhões.
O tombo do Ebitda não ajustado reflete ajustes contábeis feitos pela Marfrig, sobretudo no quarto trimestre. A empresa fez uma baixa, sem efeito sobre o caixa, de R$ 727,4 milhões na linha de perdas estimadas para a não realização de créditos tributários. Outros R$ 616 milhões se devem à adesão da Marfrig ao programa de refinanciamento da contribuição previdenciária Funrural — a empresa pagou a maior parte desse débito com créditos tributários. Portanto, não houve efeito sobre o caixa.
Segundo Miron, o bom momento nos EUA mais que compensou as dificuldades no Uruguai, onde os pecuaristas estão retendo gado, e no Brasil. No quarto trimestre, o abatedouro de Mineiros (GO), um dos mais relevantes da empresa, ficou parado devido a um incêndio.
Com a National Beef entregando resultados melhores do que o esperado quando a Marfrig fez a aquisição, a companhia voltou a gerar fluxo de caixa livre ao acionista pelo segundo trimestre seguido. Entre outubro e dezembro, foram cerca de R$ 380 milhões.
A avaliação do CEO da Marfrig é que o bom momento vai seguir em 2019 — e reforçado pela compra das operações de hambúrguer da BRF.
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Fonte: Valor Econômico
9. BRF encerra linha de crédito rotativo de US$ 1 bi que venceria em maio
A BRF informou hoje, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que encerrou a linha de crédito rotativo de US$ 1 bilhão que tinha com um sindicato de 28 bancos.
De acordo com a empresa, a linha de crédito foi encerrada porque a BRF não precisará dos recursos até a data do vencimento dessa linha, em 31 de maio.
No início de fevereiro, a BRF concluiu o programa de desinvestimentos lançado no ano passada para reduzir a dívida. Com diferentes iniciativas (gestão de capital de giro e venda de ativos), a BRF obteve cerca de R$ 4 bilhões.
Na ocasião, o vice-presidente executivo da BRF, Lorival Luz, afirmou que a empresa tem recursos mais do que suficientes para pagar as dívidas de 2019. Mesmo pagando todas as dívidas, a empresa de alimentos ainda teria R$ 5,8 bilhões em caixa, afirmou Luz.
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Fonte: Valor Econômico
Agroenergia
10. União Europeia revê status de biocombustíveis
A União Europeia quer deixar de classificar como "renováveis" os biocombustíveis que tiverem um risco de provocar desmatamento considerado "alto". Na proposta que está em consulta pública no bloco, o biodiesel de óleo de palma deverá perder o status de "renovável" e, assim, não poderá aproveitar a cota para esse tipo de combustível até 2030. Já o etanol de cana-de-açúcar e o biodiesel de soja devem continuar classificados como renováveis. Porém, as atribuições ainda podem mudar.
No esboço da diretiva, aberto a comentários até 8 de março, a Comissão Europeia atribuiu ao etanol de cana (produzido basicamente no Brasil) um risco de impacto indireto sobre o uso do solo de 5%, enquanto para o biodiesel de soja foi atribuído risco de 8%. Deixarão de ser considerados renováveis apenas os biocombustíveis que tiverem um risco superior a 10% - para o biodiesel de óleo de palma, por exemplo, deverá ser atribuído risco de 45%.
Embora as classificações atribuídas aos biocombustíveis de cana e de soja não comprometam sua participação no mandato europeu de renováveis, os produtores brasileiros querem uma revisão dos cálculos de risco indireto de desmatamento. A preocupação é menos com impactos mercadológicos, já que o Brasil praticamente não exporta etanol nem biodiesel à Europa, mas com o impacto "político" da avaliação de risco do impacto dos biocombustíveis produzidos no país.
Desde 2015, a União Europeia adota uma diretiva que limita a participação de combustíveis renováveis produzidos a partir de culturas alimentares em 7% da matriz de combustíveis - praticamente o volume que é produzido dentro do bloco. Agora, os biocombustíveis que superarem o risco de desmatamento em 10% não poderão participar dessa cota e só terão espaço no mercado europeu se concorrerem com os combustíveis fósseis. Pelo cronograma previsto na proposta, o uso dos biocombustíveis de "alto" risco nos próximos anos não poderá exceder os volumes de 2019. A partir de 2023, seu uso como renováveis será reduzido gradativamente até zerar em 2030.
Representantes brasileiros que participaram das discussões com a Comissão Europeia afirmam que há erros nos cálculos, que precisam ser corrigidos para não abrirem um precedente de avaliação do impacto em mudança de uso da terra dos biocombustíveis produzidos no país.
No caso do etanol de cana, a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica) deve apresentar documento na consulta defendendo que o risco é de 2,1%, e não de 5%. Segundo Géraldine Kutas, representante da Unica na Europa, a Comissão Europeia está considerando um fator de produtividade como se a cana fosse um cultivo anual, e não perene, e está utilizando imagens de satélite com baixa definição em comparação às do PRODES, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Participante do grupo de especialistas sobre o assunto da Comissão Europeia, a consultoria brasileira Agroicone defende que o risco atribuído à cana deveria ser de 0,4% se forem levados em consideração os dados mais burilados. "Vamos comunicar à Comissão pelo grupo de especialistas", diz Marcelo Moreira, sócio da Agroicone.
O percentual de 5% de risco atribuído à cana mantém o etanol como renovável e não tem impacto no mercado, já que o Brasil exporta pouco à UE. O receio, segundo Kutas, é que uma eventual análise de risco "elevado" influencie nas negociações entre o bloco e o Mercosul. "Nunca estivemos tão perto de um acordo. Se assinarmos e houver um risco considerado 'alto', seria triste", afirma ela.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também deve apresentar comentário reforçando que o impacto da soja no uso do solo não é alto. Segundo André Nassar, presidente da associação, a preocupação é que a atribuição de um risco "elevado" para o desmatamento provocado pela soja nesta discussão se reflita nos debates sobre emissões na cadeia de farelo - produto que o Brasil é um dos principais fornecedores à UE. "Se a soja for considerada de alto risco, vai entrar em choque com outras discussões de emissões, seja no mercado de farelo, seja no RenovaBio", afirma.
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Fonte: Valor Econômico
11. Unica avalia como "positiva" abertura de painel na OMC contra a Índia
A União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as indústrias sucroalcooleiras da região Centro-Sul do país, avaliou como “positiva” a decisão do Brasil de pedir a abertura de painel na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra a Índia pelos subsídios de Nova Déli ao açúcar. A Autrália também formalizou um pedido de consultas sobre a política indiana.
“Estamos seguros de que as atuais práticas indianas violam as regras de comércio e que o desfecho de uma painel será favorável para o Brasil. Mas temos esperança de que esse anúncio permita uma reavaliação do regime açucareiro por parte do governo daquele país e que possa considerar formas menos distorcivas de apoio ao setor, como a diversificação do uso da cana”, afirmou Eduardo Leão, diretor executivo da Unica, em nota.
No ano passado, a Índia anunciou um pacote de medidas de apoio aos produtores locais e subsídios para a exportação de até 5 milhões de toneladas de açúcar. A medida acentuou a pressão sobre os preços do açúcar, que caíram aos valores mais baixos em dez anos. Em um ano, o preço caiu quase 30%.
Na estimativa da Unica, a política indiana causou prejuízo superior a US$ 1,2 bilhão aos produtores brasileiros nesta safra (2018/19).
Diante dos baixos preços do açúcar, o Brasil reduziu sua produção de açúcar nesta safra em 10 milhões de toneladas, o que diminuiu a participação do país nas exportações globais. Segundo a Unica, a participação brasileira ficou em 31% na safra atual, ante 41% na safra passada. O país já foi responsável por 47% das exportações globais de açúcar na safra 2012/13.
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Fonte: Valor Econômico
12. Usina da Cofco em Catanduva (SP) é multada em quase R$ 10 mil por crime ambiental
A Usina Catanduva, da Cofco, foi multada em quase R$ 10 mil por crime ambiental, nesta quarta-feira (27). A unidade está localizada no município paulista de mesmo nome.
De acordo com as informações da Polícia Ambiental, funcionários da empresa foram flagrados enterrando 11 árvores naturais em uma área arrendada pela usina em Ibirá (SP), onde a terra era preparada para o plantio de cana-de-açúcar.
Ainda segundo a polícia, além das árvores arrancadas, outras 20 foram danificadas durante a ação. Máquinas que eram utilizadas no crime foram apreendidas.
A Cofco disse que lamenta o ocorrido e que iniciou uma investigação interna para apurar o caso e punir os responsáveis. Disse ainda que preza pela sustentabilidade e respeito ao meio ambiente.
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Fonte: G1/NovaCana
Grãos e Grandes Culturas
13. Estoque de suco de laranja cai mais de 40%
Os estoques de suco de laranja brasileiro distribuídos pela rede logística das três maiores empresas exportadoras (Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company) no país e no exterior deverá somar 200,6 mil toneladas equivalentes ao produto concentrado e congelado (FCOJ) no dia 30 de junho, quando terminará ciclo (2018/19).
Se confirmada a estimativa da CitrusBR, entidade que representa as indústrias, o volume será 41,5% menor que o observado no fim de junho do ano passado (343 mil toneladas) e o patamar será o segundo mais baixo desta década. O tombo já era esperado, tendo em vista que o volume registrado no fim de 2018 (601,9 mil toneladas), no meio da temporada, também foi o segundo menor para meses de dezembro dos últimos anos.
Segundo a CitrusBR, a tendência de queda é influenciada pela diminuição das projeções para a safra de laranja em curso no cinturão formado por São Paulo e Minas Gerais, onde as empresas se abastecem de matéria-prima, e pela piora do rendimento industrial em razão das características da colheita. A produção de suco de 2018/19 já foi concluída. Ficou em 873,8 mil toneladas de FCOJ equivalente, 8,9% menos que o projetado em agosto, no início da temporada.
"O rendimento está associado ao clima, principalmente ao regime de chuvas. E isso impacta no custo de produção de suco, porque as indústrias precisam de uma quantidade maior de fruta para a produção de um tonelada de suco", diz Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, em nota.
A entidade calcula um rendimento industrial médio da ordem de 270,83 caixas de 40,8 quilos de laranja por tonelada de FCOJ no ciclo 2018/19 no cinturão formado por pomares paulistas e mineiros em 2018/19. E estima o processamento total de laranja no cinturão em 236,7 milhões de caixas de 40,8 quilos - 215 milhões das quais realizado por suas três companhias associadas, cujo rendimento médio chega a 269,44 caixas de laranja por tonelada de suco.
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Fonte: Valor Econômico
14. Oferta ampla pressiona cotações do café em NY
Com produção em alta e exportações pujantes, o mercado do café não tardou em dar sinais de retração nos preços. Ontem, na bolsa de Nova York, os papéis para maio fecharam a 96,80 centavos de dólar a libra-peso, queda de 305 pontos também influenciada por uma onda de aversão a risco. O valor é o menor desde 18 de setembro de 2018, quando os contratos também para maio bateram em 95,85 cents.
De acordo com o analista Thiago Cazarini, da Cazarini Trading Company, os especuladores estão com as posições vendidas frente à expectativa de uma safra generosa no Brasil, maior produtor mundial do grão. Na temporada 2019/20, é esperada colheita de 50,48 milhões a 54,48 milhões de sacas, segundo o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Os números são de 18,1% a 11% inferiores aos da temporada anterior, quando foram colhidas 61,6 milhões de sacas, mas apenas em razão da bienalidade negativa, que reduz a produção nos cafezais, especialmente da espécie arábica.
Segundo Rodrigo Costa, diretor da trade Comexim USA, é nítido que não há aperto nenhum na oferta e os especuladores estão de olho nisso. Para o analista Guilherme Morya, do Rabobank, contribuem para a pressão baixista as colheitas do Vietnã (que vai de dezembro a fevereiro) e da Colômbia (concentrada, principalmente, de outubro a janeiro), que neste momento vão chegando ao mercado.
Conforme a Federação Nacional de Produtores de Café da Colômbia, no mês de janeiro, a produção foi 14,6% superior à observada no mesmo mês do ano passado e chegou a 1,3 milhão de sacas. Esse foi o pico da colheita.
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Fonte: Valor Econômico
15. Rússia nega planos de restrições à exportação de grãos
A Rússia, maior exportadora de trigo do mundo, não planeja impor restrições às exportações de grãos, afirmou o Ministério da Agricultura nesta quarta-feira, classificando como falsas reportagens que diziam que o país estabeleceria cotas de exportação para negociadores.
Especulações de que a Rússia poderia limitar exportações na temporada 2018/19, que vai até 30 de junho, vêm suportando periodicamente os preços globais do trigo nos últimos meses, conforme o ministério, em reuniões regulares com grandes exportadores, tem monitorado como eles estão se saindo, devido à menor safra em 2018.
Mais cedo nesta quarta-feira, o diário russo Vedomosti publicou que fontes do mercado e autoridades declararam sob condição de anonimato que a Rússia estabeleceu cotas informais de exportação de grãos para prevenir que operadores enviem para fora do país uma quantidade acima da exportação prevista pelo governo.
Os exportadores foram informados sobre as cotas em uma reunião com o Ministério da Agricultura, disse o Vedomosti, acrescentando que o órgão de fiscalização agrícola, Rosselkhoznadzor, iniciou checagens mais cuidadosas sobre as exportações de grãos.
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Fonte: Reuters/Udop