11 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Iveco é líder na Argentina pelo 9º ano seguido

Montadora detém 26% do mercado local de caminhões, onde este ano completa 50 anos de produção

REDAÇÃO AB

A Iveco terminou 2018 como líder no mercado argentino de caminhões, com 26% do segmento. A montadora ampliou sua participação no segmento acima de 16 toneladas. Permaneceu à frente no país vizinho pelo nono ano seguido e ainda registrou pequeno crescimento (1,2%) sobre o ano anterior.

A marca, que completa meio século de produção na Argentina em 2019, se destacou no segmento de semipesados com o Tector, que conta com opção de câmbio automatizado. “Há 50 anos começamos esse caminho de produzir localmente. Acreditamos que a preferência dos transportadores argentinos é o reconhecimento do nosso trabalho”, afirma o vice-presidente da Iveco para a América do Sul, Marco Borba.

No segmento de pesados o Stralis duplicou sua participação de mercado no segundo semestre de 2018. Para este ano, Marco Borba afirma que haverá novidades nos segmentos de 9 e 11 toneladas.

10 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Nissan faz acordo para desenvolver tecnologia de recarga no Brasil

Companhia trabalhará na solução com Itaipu e Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação

REDAÇÃO AB

A Nissan firmou nova parceria para construir soluções de mobilidade elétrica no Brasil. A companhia se uniu ao Parque Tecnológico de Itaipu (PTI) e ao Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (Itai) para trabalhar no desenvolvimento de carregadores bidirecionais para veículos elétricos. O projeto começou em 2017 e tem previsão de encerramento em 2020. Com o acordo, a fabricante de carros passa a contribuir com o desenvolvimento nesta segunda fase.

O plano é criar um sistema que permita aos carros funcionar também como um meio de armazenar e compartilhar energia com a rede elétrica. Depois da fase de estudos, as organizações envolvidas pretendem fabricar localmente a solução. A Nissan fornecerá duas unidades do Nissan Leaf para que os pesquisadores estudem a tecnologia. Segundo a companhia, o carro elétrico conta com o sistema Vehicle-to-Grid (V2G) e, portanto, é capaz de devolver energia para a rede.

Marco Silva, presidente da Nissan, assinou o acordo com os institutos de pesquisa em Foz do Iguaçu (PR) na sexta-feira, 8. Segundo ele, o sistema permitirá que os consumidores gerenciem seu consumo energético com mais precisão, com a possibilidade de usar o carro para abastecer a casa durante picos de demanda ou em uma eventual falta de luz.

08 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Bosch pode ser multada por fornecer os softwares do dieselgate

Procuradores de Stuttgart avaliam aplicação da pena pelo envolvimento da sistemista com a VW

REDAÇÃO AB

Os procuradores da cidade alemã de Stuttgart estão avaliando a possibilidade de multar a fabricante de autopeças Bosch por fornecer à Volkswagen o software de gerenciamento utilizado nos motores envolvidos no dieselgate.

A notícia foi divulgada pela agência Reuters. Como se sabe, a Volkswagen pagou severas multas e promoveu várias mudanças em seu comando e até no direcionamento de seus produtos após descoberta em 2015 a fraude nos motores a diesel. Esses propulsores utilizavam um software fornecido pela Bosch que conseguia reduzir momentaneamente os níveis de emissões sempre que o veículo fosse conectado a equipamentos de verificação de poluentes.

O fato disparou uma pressão regulatória mundial que chegou agora à Bosch, produtora do software. “É correto que os procuradores de Stuttgart abram processos contra a Bosch GmbH", afirmou um porta-voz da empresa em comunicado.

“O processo está relacionado a investigações contra funcionários da Bosch em conexão com o uso do software supostamente manipulado em unidades de controle de veículos a diesel”, disse o porta-voz.

A reportagem da Reuters recorda que em 2018 os promotores alemães multaram a Volkswagen em € 1 bilhão e a Audi em € 800 milhões pelas falhas de gestores do Grupo que permitiram que os carros fossem vendidos. A revista alemã Der Spiegel informa também que a VW avalia a possibilidade de pedir à Bosch indenização de até € 1 bilhão. A montadora teria se recusado a comentar o assunto com a Reuters.

Ainda sobre a reportagem da Der Spiegel, a Bosch teria alegado que não imagina essa possibilidade pelo fato de as duas empresas terem uma relação de várias décadas.

08 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Para FCA, Brasil é oportunidade, Argentina ainda é desafio

Presidente da FCA para América Latina, Antonio Filosa, demonstra otimismo e reforça planos para a região

SUELI REIS, AB

“Temos grandes oportunidades e desafios na América Latina: o desafio é a Argentina, que perdeu mais de 50% dos seus volumes [de vendas] só em janeiro; e a oportunidade é o Brasil.” Foi com esta citação do CEO global da FCA Fiat Chrysler, Mike Manley, que o presidente da subsidiária latino-americana do grupo, Antonio Filosa, transmitiu a visão global e o otimismo da companhia para com o momento atual do mercado brasileiro, que contribuiu de forma favorável para o resultado financeiro recorde da companhia referente ao ano passado.

“Em 2018 tivemos crescimento importante na região da América do Norte [Nafta] e América Latina [Latam] e com essas duas regiões conseguimos entregar resultados históricos”, reforçou Filosa durante um encontro com jornalistas na sexta-feira, 8, em São Paulo, ao comentar o balanço financeiro global da empresa divulgado um dia antes.

Na América Latina, a soma das vendas de Fiat e Jeep em 2018 resultaram no aumento de 10% no comparativo anual, ao atingir as 566 mil unidades, sendo o Brasil o principal responsável pelo desempenho positivo: foram mais de 434 mil veículos vendidos por aqui, avanço de 14% na mesma base de comparação. Com isso, a FCA confirma que o mercado brasileiro compensou parcialmente a forte queda dos negócios na Argentina, que enfrenta profunda crise econômica e onde as vendas da FCA caíram 6%, para 99 mil unidades em 2018.

A FCA não detalha e Filosa não comenta se houve perdas financeiras na Argentina. Seu balanço mostra que os resultados gerais na região foram satisfatórios graças a uma combinação de fatores, como o maior volume na região como um todo, composto por produtos de maior valor agregado (mix), além de uma política de margens preservadas. Com isso, o Ebit regional ajustado mais que dobrou (+138%) em 2018 com relação ao ano anterior, totalizando € 359 milhões. Segundo o relatório financeiro da FCA, o Ebit da América Latina foi equivalente ao registrado na região EMEA, que inclui Europa, Oriente Médio e África.

O resultado no Brasil, segundo Filosa, é fruto do esforço de trabalhar como uma empresa multimarca e apostar no nicho de mercado que mais cresce atualmente antes mesmo de seu boom de vendas: os SUVs.

“Terminamos mais uma vez com o Jeep Compass como o SUV mais vendido no Brasil, com 55% de market share no segmento (compacto médio). Na Argentina, a participação chegou a 44%”, comemora o executivo, que também destaca a liderança no segmento de picapes e veículos comerciais leves com a Fiat.

Otimista e confiante, Filosa aposta na continuidade do crescimento do mercado brasileiro, baseado nos novos rumos previstos para o cenário macroeconômico a partir de decisões a serem conduzidas pelo novo governo. Ele projeta um aumento de 8% a 11% do volume de veículos novos no País em 2019, para algo em torno de 2,6 milhões de unidades. Além disso, o executivo trabalha com estimativa de crescimento do PIB em 2,5%, com inflação e juros estáveis.

“Acredito que este será o ano das famílias, elas estão demonstrando confiança e será um ano altamente competitivo em termos de liberação de crédito, com alta de até 15%”, estima.

O fato de a Fiat ter encerrado 2018 como terceira colocada do ranking de marcas no Brasil, atrás de GM/Chevrolet e Volkswagen, não preocupa Filosa, apesar de ser clara a mudança sutil do discurso. Isso porque em novembro passado, durante o Salão do Automóvel de São Paulo, o executivo declarou que a FCA queria a liderança de volta (a Fiat foi líder de mercado por 14 anos, até perder o posto em 2016 para a General Motors).

“Uma posição confortável é quando você entrega resultado financeiro confortável”, resume. “Nosso CEO [Mike Manley] pautou-nos e desde antes, com o Marchionne, já era assim, de levar uma gestão financeira saudável, com liderança nos resultados. Claro, tem espaço para crescer e queremos crescer, não queremos ser pequenos, mas vamos como FCA, como marcas juntas”, disse.

PLANOS A TODO VAPOR

No ano passado, em junho, a FCA anunciou seu novo plano global quinquenal, no qual contemplava um novo ciclo de investimentos para o Brasil estimado em R$ 14 bilhões até 2023. Segundo o plano, serão 25 novos produtos, entre lançamentos, renovações, séries e versões especiais, além de novas soluções em motores, conectividade e sistemas de infoentretenimento pelos próximos cinco anos.

Entre os lançamentos, Filosa confirma a chegada da nova picape RAM 1500, lançada nos Estados Unidos em 2018 e exibida durante o Salão do Automóvel de São Paulo. Sobre ela, especialistas do mercado cogitavam a possibilidade de sua produção por aqui: “Estamos estudando, mas não há nada definido. É um projeto difícil, talvez o mais complexo de todos, ainda há muito o que trabalhar sobre ele. É o tipo de produto que mais vai crescer nos próximos anos no segmento de picapes, não sabemos se vai ser feita aqui, em Pernambuco, ou México ou ainda fora desse trecho”, aponta.

Filosa explica que a empresa está se organizando em termos de produção entre as duas marcas. Para a Jeep, a ideia é trabalhar com plataformas globais, como já acontece com o Renegade, fabricado tanto no Brasil quanto na Ásia ou Europa. “São estruturas de custos baseadas em escala global, com fornecedores globais”, reforça.

Já a Fiat, marca que está sendo gradualmente reduzida na Europa, seguirá mais forte na América Latina, com produtos regionais e fornecedores globais.

“Teremos duas plataformas modulares que servirão de base para modelos de diferentes tamanhos, incluindo os comerciais leves. Até 2023, todos os produtos de Betim (MG) serão montados com base nessas duas plataformas”, afirma. Ele lembra que atualmente a fábrica mineira trabalha com quatro plataformas para a produção de todos os modelos Fiat disponíveis no mercado.

“As fábricas devem ser multimarcas porque os mercados são cíclicos. Outra coisa: o carro que se produz aqui [no Brasil] é até 35% mais caro que o mesmo veículo feito em outro lugar. Por isso, o País precisa criar competitividade gradual para que, de forma também gradual, possa abrir seu mercado”, defende.

ARGENTINA

Em sua análise, Filosa diz que uma recuperação verdadeira da Argentina só deve acontecer a partir de 2020, por volta do segundo trimestre. “É um mercado extremamente cíclico. Este acordo histórico que fizeram com o FMI está sendo cumprido e os primeiros indicadores são de que parece ter chegado a uma estabilização”, disse.

Ele se refere ao câmbio: o peso argentino sofreu forte desvalorização em 2018, mas agora “segue estável”. O executivo concorda que o país vizinho deve enfrentar ainda mais problemas adiante, principalmente em outubro, quando terá novas eleições presidenciais. “Obviamente vai ter uma oscilação da inflação; em termos de mercado, deve ainda ter uma queda abrupta até julho, depois uma retomada suave a partir de agosto”, disse e brinca com a fala de seu chefe global: “O Mike diz que ventos contrários são fatores a gerenciar, não são desculpa.”

O presidente da FCA para a região da América Latina aposta que as vendas de veículos na Argentina devem ter nova queda este ano, mas em proporção muito menor que a de 2018. “No ano passado, as vendas caíram mais de 20%, mas neste ano deve fechar em 600 mil, ou 5% abaixo de 2018”, indica.

Para ele, a crise no país vizinho deve durar em torno de dois anos e explica que tal descompasso entre Brasil e Argentina não deve afetar os planos para os próximos anos na região. “O que temos agora foi pensado para dez anos. Claramente, as exportações [do Brasil para Argentina] vão cair, mas o mercado brasileiro vai crescer e as vendas tendem a aumentar para demais países: o Chile, Peru e Colômbia são mercados importantes. Mas o que vamos fazer até 2023 está muito claro e vamos fazer os ajustes necessários”, finaliza.

08 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Mercedes-Benz Cars reafirma aposta em expansão no Brasil

Marca projeta crescimento de 10% do mercado de carros premium em 2019

PEDRO KUTNEY, AB

O mercado brasileiro de carros premium atualmente mal passa de 2% das vendas totais de veículos leves, somou perto de 51 mil unidades em 2018 e cresceu 9,2% sobre 2017 (considerando as oito marcas mais vendidas que ultrapassaram o milhar e emplacamentos). Esse cenário já foi melhor até 2013, mas as marcas de luxo nunca chegaram nem a 5% dos emplacamentos. Ainda assim, a Mercedes-Benz Cars reafirma sua aposta em expansão o Brasil como campo fértil para ajudar no seu crescimento global.

Britta Seeger, membro da diretoria executiva do Grupo Daimler e responsável global por vendas e marketing da divisão de automóveis Mercedes-Benz, diz que a empresa segue acreditando no potencial do País. Em sua primeira visita ao País desde 2012, ela avalia que o atual baixo nível de vendas da marca, de pouco mais de 12 mil carros em 2017 e número parecido em 2018, não copromete a projeção de que no futuro o mercado premium será mais relevante por aqui. A marca conseguiu a liderança entre os fabricantes premium nos dois últimos anos e em 2019 sustenta a estimativa que o segmento vai crescer 10%. Para garantir a ponta, este ano está programado o lançamento de 20 modelos Mercedes no Brasil, entre novos e versões.

De olho nesse horizonte, em 2013 o grupo anunciou investimento de R$ 700 milhões para construir a fábrica em Iracemápolis (SP), que iniciou a produção dos modelos Classe C e GLA em 2016 e desde então já montou 20 mil unidades, ficando até agora abaixo da metade da capacidade de 20 mil/ano – foram montados menos de 8 mil em 2018. Esta é a segunda vez que a Mercedes faz automóveis no Brasil; a primeira foi em Juiz de Fora (MG), entre 1999 e 2009, em uma aposta que não deu certo com a antiga geração do Classe A. Desta vez, contudo, executivos da fabricante garantem que a história é diferente.

“Olhamos para o futuro e vemos o Brasil é importante para a Mercedes-Benz. Estamos preparados e vamos aproveitar quando o mercado crescer”, diz Bretta Seeger.

Segundo Holger Marquardt, diretor de marketing e vendas de automóveis Mercedes-Benz América Latina, “a vantagem da fábrica de Iracemápolis é que ela é muito flexível, opera em vários níveis de produção e pode fazer diversos modelos, com tração dianteira ou traseira, isso nos deixa preparados para qualquer demanda no futuro”.

O sedã médio Classe C e o utilitário esportivo compacto GLA são montados no interior paulista atualmente em jornada de um turno por cerca de 800 funcionários, que agregam aos veículos grandes porções de componentes importados. Os dois modelos respondem por pouco mais de 60% das vendas de carros Mercedes no País. Marquardt afirma que, no horizonte de curto prazo, não há planos de introduzir nenhum outro automóvel na linha de Iracemápolis: “Por enquanto e este ano serão só este dois”.

AVANÇOS DA MARCA CHEGAM AO BRASIL

Em meio às transformações que os fabricantes de veículos vêm experimentando nos últimos anos, Bretta Seeger afirma que a Mercedes-Benz trabalha fortemente em todas as fontes de disrupção do setor: eletrificação, digitalização e conectividade, direção autônoma e o carro sob demanda, como serviço por meio de serviços de aluguel e compartilhamento. “Nossos carros seguem todas essas tendências de maneira crescente. Com poucas exceções na China, não fazemos modelos específicos para cada mercado, apenas balanceamos o mix de acordo com as características dos consumidores de cada país. Portanto, o Brasil seguirá tendo acesso a toda nossa linha com todas as novas tecnologias”, diz a executiva.

Ela cita como exemplo o novo sistema multimídia conectado da marca que interage por voz e telas coloridas com os ocupantes do veículo, o Mercedes-Benz User Experience (MBUX), que já chegou ao Brasil a bordo do recém-lançado Classe A. “O Brasil está pronto para a conectividade crescente”, diz.

Também está no horizonte a eletrificação crescente da linha. “Até 2022 teremos no mercado a família EQ de modelos 100% elétricos, mas quase todo o portfólio de produtos terá versões híbridas plug-in ou com sistema meio-híbrido de 48 volts. O sucesso de cada alternativa depende do uso em cada mercado, mas pessoalmente acredito que os híbridos plug-in vão crescer muito”, avalia Seeger.

Nesse sentido, a executiva vê como “boa oportunidade” a redução de três pontos porcentuais da taxação de IPI no Brasil para veículos elétricos híbridos com motor flex, bicombustível etanol-gasolina. Ela não confirma nenhum lançamento nesse sentido, mas admite que a alternativa está no radar da fabricante e pode ser viável se o mercado brasileiro tiver boa aceitação.

Outro ponto de interesse são os serviços de mobilidade, que já têm divisão própria no Grupo Daimler para explorar negócios como o compartilhamento de veículos. Para Seeger, existem boas chances de o Brasil receber esse tipo de empreendimento em futuro próximo.

“Todas essas tendências vão acontecer mais rápido ou mais lentamente dependendo das características de cada mercado, mas em graus diferentes todas elas vão atingir o mundo todo”, afirma Britta Seeger.

08 de fevereiro de 2019

Publicação: Automotivebusiness

Vendas de Mercedes Sprinter crescem 70% em janeiro

Comercial leve teve quase mil unidades emplacadas e mantém liderança no segmento de 3,5 a 5 toneladas

REDAÇÃO AB

O Mercedes Sprinter teve um bom começo de ano, com 978 unidades emplacadas no Brasil, volume 70% mais alto que o registrado no mesmo mês de 2018. O resultado reafirma a liderança do utilitário no segmento de 3,5 a 5 toneladas de peso bruto total (PBT), com quase 40% de participação e três pontos porcentuais a mais em relação ao fim de 2018.

“Demandas como distribuição urbana, e-commerce, ambulância, turismo e transporte executivo vêm puxando as vendas da Sprinter desde o ano passado e a expectativa é que essas aplicações continuem aquecidas em 2019”, ressalta o diretor de vendas e marketing de vans da Mercedes do Brasil, Jefferson Ferrarez.

Entre os bons resultados da Sprinter estão aqueles obtidos pela versão chassi-cabine, que em janeiro teve 115 unidades emplacadas, o dobro de janeiro do ano passado e 40% a mais na comparação com dezembro. Ferrarez atribui os números crescentes da Sprinter à estratégia comercial da Mercedes e a planos de manutenção capazes de reduzir em cerca de 40% os custos para o cliente.

A empresa criou em 2018 o Mercedes-Benz Service Care para a linha de comerciais leves, com suporte dedicado da fábrica e dos concessionários. Segundo a montadora, com essa nova formatação, os compradores da Sprinter começaram a perceber vantagens como previsibilidade e redução de custos operacionais.

“Logo no primeiro ano do Service Care vendemos 860 planos, cerca de 25% a mais em relação à modalidade anterior”, recorda Ferrarez.

11 de fevereiro de 2019

Publicação: OESP, p. B-4

Mudanças no setor automotivo exigem aportes bilionários.

No mundo todo, indústria se prepara para uma ruptura tecnológica; no Brasil, receio é o efeito disso nas fábricas antigas das montadoras.

No mundo todo, a indústria automobilística se prepara para uma ruptura tecnológica, que vem exigindo de todo o setor drásticas mudanças de estruturas – o que envolve grandes investimentos. “As montadoras precisam de caixa para atender ao novo mercado, que terá ênfase em carros elétricos, autônomos, conectados e mobilidade compartilhada”, afirma Paulo Cardamone, presidente da Bright Consulting.

Essa talvez seja a explicação para a fala da presidente mundial da General Motors (GM), Mary Barra, ao se referir recentemente às operações na América do Sul. “Não vamos continuar investindo para perder dinheiro.”

Também há receios no mercado de que a Ford, que afirma ter prejuízos no Brasil desde 2013, possa fechar fábricas – movimento negado pela empresa várias vezes. Nos Estados Unidos, a companhia passa por forte reestruturação e decidiu parar gradativamente a produção de carros menores e focar apenas em utilitários-esportivos (SUVs) e picapes, produtos mais rentáveis.

A Ford enfrenta pressão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para trazer um novo projeto para a fábrica de São Bernardo do Campo, onde produz apenas o Fiesta, modelo de baixa venda, e caminhões. Os trabalhadores temem pelo futuro da unidade, a mais antiga do grupo no País, e terão uma reunião com o presidente da companhia na América do Sul, Lyle Watters, na próxima semana.

Em Taubaté, onde tem uma linha de motores, a Ford tentou recentemente cortar 350 vagas por meio de um programa de demissão voluntária (PDV), mas obteve apenas 128 adesões. No mês passado, os trabalhadores pararam a produção por três dias em protesto contra 12 demissões. Agora, as partes negociam uma alternativa para o excedente de pessoal – que, segundo a empresa, foi causado pela queda das exportações para a Argentina.

Cardamone não acredita que alguma montadora vá deixar o Brasil, um dos poucos mercados que ainda têm potencial de crescimento, apesar de suas crises. “O que deve ocorrer são ajustes de capacidade, com fechamento de algumas fábricas mais ociosas, mas as companhias continuarão no País.”

Cadeia longa.

Tido como um dos mais beneficiados por governos, o setor automotivo representa uma longa cadeia produtiva que começa no plantio do algodão usado nos bancos e na extração de minério de ferro para a produção do aço e vai até às autoescolas, que oferecem

Cenário • “Não vamos continuar investindo para perder dinheiro.” Mary Barra PRESIDENTE MUNDIAL DA GENERAL MOTORS

“O que deve ocorrer no Brasil são ajustes de capacidade, com fechamento de algumas fábricas mais ociosas, mas as companhias continuarão no País.” Paulo Cardamone PRESIDENTE DA BRIGHTCONSULTING aulas de condução, e fabricantes de sachês com cheirinho de “carro novo”.

De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a cadeia automotiva emprega 1,3 milhão de pessoas e contribui com 22% do PIB industrial. No ano passado, o setor arrecadou R$ 55 bilhões em tributos (ver quadro).

Algumas fábricas podem fazer estragos significativos nas cidades onde estão instaladas ao fechar as portas. A fábrica da GM em São Caetano do Sul, encurralada em uma área no meio da região central da cidade mais rica do ABC paulista, foi responsável em 2018 por 24% do ICMS arrecadado pelo município, cerca de R$ 80 milhões. Em ISS, pagou R$ 6,5 milhões, 3% do total, segundo dados preliminares da Secretaria Municipal de Fazenda. A unidade emprega cerca de 8 mil trabalhadores.

A filial de São José dos Campos (SP), que conseguiu na semana passada um acordo de redução de salários e outros direitos trabalhistas com os cerca de 4,8 mil funcionários, é a terceira maior empresa da cidade, atrás da Revap e da Embraer.

Em Gravataí (RS), a montadora colabora com 45% da arrecadação de ICMS e opera em um moderno complexo com 16 fabricantes de autopeças instalados ao redor da linha de montagem. Juntos, GM e fornecedores empregam 8 mil pessoas.

“A indústria automobilística brasileira é muito avançada, emprega muito e traz novas tecnologias, mas poderia trazer mais”, diz Cardamone. Para ele, em termos de qualidade, os carros nacionais ainda estão atrás do que se vê em países mais desenvolvidos.

11 de fevereiro de 2019

Publicação: OESP, p. B-1

Montadoras receberam US$ 15 bi das sedes em 2018.

Matrizes enviaram socorro de US$ 15 bilhões (R$ 54 bilhões) para as montadoras no Brasil em 2018. O movimento é um termômetro da situação do setor, que diz operar com prejuízo desde o início da crise. Normalmente, são as subsidiárias que mandam dinheiro para as sedes. Em 2010, US$ 5,7 bilhões (R$ 20,5 bilhões) saíram do Brasil rumo às matrizes.

Ajuda. Cerca de US$ 10 bilhões vieram como empréstimos, que terão de ser honrados no futuro, e o restante por meio de injeção de capital – dinheiro a fundo perdido que tem sido usado não só para investimentos, mas também para pagar fornecedores e funcionários

Montadoras instaladas no Brasil receberam quase US$ 15 bilhões (R$ 54 bilhões) de suas matrizes no ano passado como suporte às operações locais. A maior parte veio como empréstimos que terão de ser devolvidos futuramente, e outra parcela como injeção de capital, a fundo perdido.

O socorro recorde é um termômetro da situação financeira do setor, que afirma operar com prejuízos desde o início da crise econômica, quando as vendas de veículos despencaram. A General Motors, uma das maiores montadoras no País, ameaça suspender investimentos locais se não retomar a lucratividade ainda este ano.

A entrada desse dinheiro “é uma evidência de que as montadoras precisam de apoio das matrizes para as operações locais”, diz Letícia Costa, sócia da Prada Assessoria. Ao mesmo tempo, mostra que as companhias globais continuam interessadas no Brasil e acreditam que as filiais voltarão a ser rentáveis, afirma Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Nos anos de bonança, são as subsidiárias que enviam dinheiro para as matrizes. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 2010. Foram vendidos no período mais de 3,5 milhões de veículos e US$ 5,7 bilhões (R$ 20,5 bilhões) saíram do Brasil rumo às sedes internacionais. Em 2018, ano de retomada de vendas, mas de queda na exportação, as remessas de lucro foram de US$ 516 milhões (R$ 1,85 bilhão). Foi mais do que nos três anos anteriores, mas bem abaixo do registrado de 2010 a 2013 (ver quadro na pág. 4).

Do total recebido em 2018, US$ 9,98 bilhões (R$ 36 bilhões) foram empréstimos intercompanhias, normalmente feitos a longo prazo e com juros menores que os brasileiros. Outros US$ 4,5 bilhões (R$ 16,2 bilhões) chegaram como investimento direto. O dinheiro tem sido usado não só em investimentos, mas para pagar fornecedores e funcionários.

“Esse movimento significa que as matrizes precisam mandar oxigênio para as filiais que estão morrendo afogadas”, diz o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Goldfarb. “As empresas não têm condições de se autossustentarem.”

Segundo Megale, essa dificuldade é enfrentada pela maioria das empresas. A GM diz que perde dinheiro no País há três anos. Só em 2018 o prejuízo teria sido de R$ 1 bilhão (US$ 277 milhões), segundo fontes. A maioria das montadoras não divulga balanços no Brasil.

A GM negocia com empregados, fornecedores, revendedores e governos um plano de corte de custos. Se tiver a contribuição de todos, promete investir R$ 10 bilhões até 2024. Globalmente, a GM passa por reestruturação e fechará cinco fábricas nos EUA e Canadá e já encerrou operações na África do Sul, Austrália, Rússia, Venezuela e vendeu a unidade da Europa.

Xx de fevereiro de 2019

Publicação: Valor Econômico, p. B-1

Com estratégia ousada, Fiat Chrysler lucra na operação da América Latina.

Em conversas informais, executivos da indústria automobilística de São Paulo costumam dizer que a Fiat Chrysler consegue produzir a custos mais baixos porque desfruta, em sua fábrica em Pernambuco, de incentivos do programa de investimentos no Norte e Nordeste. Quando questionado sobre os comentários dos rivais, o presidente da empresa na América Latina, Antonio Filosa, apenas pergunta: "Eles querem incentivos?"

A Fiat Chrysler tem sido lucrativa na América Latina. E, ao contrário da General Motors, que se queixa de prejuízos, embora a região não apareça em seu balanço, no caso da montadora ítalo-americana os números são divulgados. Em 2018, a Fiat Chrysler obteve na América Latina lucro operacional de € 359 milhões, um avanço de 138% em relação a 2017.

O executivo diz que tem acompanhado as notícias sobre a GM e que, em sua opinião, as empresas do setor não costumam colocar recursos em regiões que não são rentáveis. "A GM escolheu um caminho, nós e outros escolhemos outros", diz. "Temos três belas fábricas na região, que são produtivas, e resultados financeiros confortáveis; agora temos que produzir em grandes volumes para remunerar nosso acionista". Em 2018, as vendas do grupo na América Latina alcançaram crescimento de 10%, com 566 mil veículos. No Brasil, o maior mercado, a expansão foi de 14%, com 434 mil unidades.

Segundo Filosa, peças compradas em São Paulo ou Minas Gerais para a fábrica de Goiana, em Pernambuco, saem 20% mais caras por causa do frete. Por isso, ele tem redobrado esforços para atrair mais fornecedores para o Nordeste. Hoje há 17 empresas de autopeças no parque da fábrica pernambucana e mais dez no entorno. O executivo diz que acaba de fechar mais um contrato, com um grande fornecedor - "um dos mais importantes para a atividade", afirma, sem revelar qual é.

Ele evita comentar sobre os acordos trabalhistas que a General Motors começou a fechar com sindicatos para enxugar custos. O plano da montadora americana para reestruturar a atividade no Brasil e elevar a rentabilidade inclui também fornecedores, revendedores e o governo de São Paulo.

Na sexta-feira, Filosa participou da pré-abertura da exposição "São Francisco de Assis na arte de mestres italianos", no Museu de Arte Brasileira, na Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Acompanhou a abertura da caixa de uma das obras do acervo, formado por peças, cedidas temporariamente por vários museus da Itália, de artistas que durante séculos representaram um dos santos mais retratados no mundo.

Fiat Chrysler acertou ao investir no segmento de utilitários esportivos, o que mais cresce no Brasil e no mundo

O executivo italiano estava contente. Não só pelo momento ao lado de um quadro de 1576, do pintor veneziano Tiziano Vecellio, mas também pelo que dissera, no dia anterior, o presidente mundial da Fiat Chrysler. Ao ser consultado sobre a América Latina por um analista, durante a divulgação dos resultados, Mike Manley disse estar otimista em relação ao governo brasileiro. "Isso me deixou entusiasmado", disse Filosa.

Filosa diz estar confiante em relação aos planos do ministro da Economia, Paulo Guedes, para elevar a competitividade da indústria. "Isso é música para nossos ouvidos. Os planos do ministro me parecem coerentes e consistentes, o que faz crescer o otimismo dos nossos acionistas e do nosso CEO", diz. Para ele, a inflação sob controle e a manutenção da taxa básica de juros vai estimular o crédito.

As vendas financiadas, prevê Filosa, podem fazer o mercado brasileiro de veículos crescer em torno de 10% neste ano. "Esse será o ano de as famílias brasileiras recuperarem a confiança". Ele crê que, graças à oferta de crédito, o volume de carros vendidos a prazo tende a crescer, em 2019, entre 12% e 15%.

O caminho está aberto, diz, para melhorar a competitividade industrial no país. A agenda de privatizações o anima a esperar mudanças na infraestrutura. "Fazemos aqui exatamente os mesmos veículos que em outras regiões, com os mesmos materiais e tecnologia. Se conseguirmos ser mais competitivos na infraestrutura e na engenharia tributária conseguiremos exportar para vários lugares", destaca. Segundo ele, com logística cara e alta carga tributária, o custo de produção da linha Jeep no Brasil chega a ser 30% a 35% mais alto que na China e Europa.

O otimismo em relação ao Brasil não se aplica, no entanto, à Argentina. Manley comentou sobre a situação difícil na Argentina, onde a Fiat tem fábrica. Para Filosa, as vendas no mercado brasileiro ajudarão a compensar a queda nas exportações para a Argentina. "Espero que não tenhamos que fazer ajustes ou que, ao menos, o ajuste seja pequeno.

A Fiat Chrysler está em meio a um programa de investimentos de R$ 14 bilhões na América do Sul - a maior parte voltada ao Brasil - e uma das principais novidades será um utilitário esportivo da Fiat, que será produzido no ano que vem em Betim. "A Fiat nunca produziu um SUV no Brasil; esse será bem brasileiro", afirma Filosa. A marca Fiat decidiu concentrar as operações na Europa e América Latina. Já a Chrysler adotará estratégia mais global, com produção espalhada pelo mundo.

Filosa gosta de lembrar como a Fiat Chrysler se deu bem ao investir no segmento de utilitários esportivos, o que mais cresce hoje no mercado brasileiro e no mundo. "Capturamos o potencial do crescimento dos utilitários esportivos antes que os outros", afirma.

Agora, o executivo está entusiasmado com o Rota 2030, o programa automotivo lançado pelo governo em novembro. Para ele, a maior virtude do programa é a previsibilidade nos temas de emissões e segurança. "Com isso, conseguimos projetar nossos carros. As outras questões que envolvem a atividade, como juros, câmbio e relações comerciais com outros países dependem das oscilações econômicas".

Setor automotivo tem piora de risco de crédito.

O setor automotivo mundial será fortemente afetado neste ano pela desaceleração da economia e as incertezas políticas, com as ameaças de guerra comercial e protecionismo. Após ciclo de oito anos em crescimento de vendas, as montadoras das principais economias e da América Latina apresentarão arrefecimento. Com base nesse cenário, a seguradora francesa Coface rebaixou a nota de risco de crédito do setor para 2019.

As montadoras ainda estão pressionadas pela competição com novos concorrentes no mercado, como as empresas de tecnologia, o que tem exigido altos investimentos em inovação para desenvolver carros elétricos ou autônomos. Além disso, os consumidores têm mudado os hábitos de consumo, preferindo compartilhar automóveis ou comprar os modelos menores, em vez dos sedãs.

"Quem dirá o que será o carro padrão daqui a alguns anos? As inovações vão mudar o setor automotivo, bem como os novos hábitos de mobilidade da população", disse Xavier Durand, presidente da Coface, em congresso realizado em Paris no início do mês para a divulgação do relatório de riscos globais da empresa.

O risco político ameaça as montadoras, com a guerra comercial entre os países e o maior protecionismo

A cada trimestre, a Coface revê a classificação de risco de crédito de 13 setores, em 27 países, que correspondem a 87% do produto interno bruto global. Entre os itens analisados, estão as estimativas de falência de empresas, a capacidade de pagamento de crédito corporativo e o resultado financeiro das empresas. O risco de crédito está dividido em baixo, médio, alto e muito alto.

De acordo com a seguradora, na América do Norte, o risco de crédito das montadoras passou de "médio" para "alto" entre o último trimestre de 2018 e os primeiros três meses de 2019, a mesma mudança que ocorreu na nota dos Estados Unidos. A América Latina também foi de risco "médio" para "alto". Enquanto o Brasil manteve a avaliação de risco em "médio", a Argentina foi de "alto" para "muito alto". Já o risco do setor automotivo europeu passou de "baixo" para "médio", enquanto a Ásia manteve o risco "médio".

Por trás da avaliação pior do setor automotivo, está o fato das vendas de carros estarem em queda nas economias mais desenvolvidas e em alguns emergentes, devido ao arrefecimento da atividade. A Coface espera, neste ano, crescimento de 3% do produto interno bruto global, frente a 3,2% nos anos anteriores, o que a própria seguradora diz que pode parecer pouco, mas já é o suficiente para elevar o risco de crédito das empresas.

Nos Estados Unidos, no caso dos automóveis leves, houve redução de 1% das vendas de janeiro a novembro de 2018, frente ao mesmo período de 2017. Na China a queda foi de 2% na mesma base comparativa e 2018 será o primeiro ano, em duas décadas, a ter queda nas vendas de carros. Na Europa, apesar do aumento das venda na França e na Alemanha, há quedana Itália, Espanha e Reino Unido.

Na Argentina, em que as vendas caíram quase 46% em novembro de 2018, em comparação ao mesmo mês de 2017, as concessionárias disseram que têm estoque suficiente para durar seis meses. Fabricantes de automóveis já começaram a suspender contratos de trabalhadores. As vendas caíram impactadas pelo câmbio e o aumento da taxa de juros, que encareceu os empréstimos às famílias.

O risco político também ameaça o setor automotivo, com a guerra comercial entre os países e o maior protecionismo. O próprio Brexit, como se convencionou chamar a saída do Reino Unido da União Europeia, é um foco de preocupação. "Exportamos bastante pneus e, com o Brexit, teremos de pagar mais taxas, o que terá impacto em inflação e em empregos na nossa indústria", afirmou Jean-Dominique Senard, presidente do conselho de administração da Michelin.

Em relação à guerra comercial, o presidente Donald Trump ameaçou impor tarifas mais altas a carros e peças importados da Europa, se os aliados do continente não fizerem concessões comerciais. Esse cenário impõe um obstáculo para montadoras estrangeiras em solo americano e penaliza as próprias americanas, uma vez que algumas peças mais aprimoradas e produtos de aço são feitos no exterior.

As montadoras estão em alerta, mesmo porque, a depender do avanço da guerra comercial e do protecionismo, as cadeias globais podem ser afetadas. "A China é um produtor muito forte de baterias sofisticadas, e não temos a capacidade de produção de baterias para todas as montadoras, com preço razoáveis, nos próximos anos. Temos um desafio tecnológico enorme", disse Yves Bonnefont, presidente da DS Automobiles, do grupo PSA.

Em adição a tudo isso, está a necessidade das montadoras em se adaptar a novos padrões de emissão de poluentes na China, Europa e Estados Unidos. O mercado europeu está sofrendo com novas regras de teste, o que tem criado um vácuo na homologação de modelos.

11 de Fevereiro de 2019

Publicação: DCI - Notícias

Crédito deve impulsionar vendas de veículos

Com a perspectiva de melhora da economia e retomada da intenção de consumo das famílias, a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) espera que a maior confiança para a tomada de crédito impacte nas vendas de veículos de passeio.

Este deve ser o ano em que a confiança das famílias vai se recuperar e o crédito vai estar mais disponível. Isso deve ser direcionado para o consumo de automóveis, declarou o presidente da FCA na América Latina, Antonio Filosa, em coletiva para jornalistas na sexta-feira (08).

De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de intenção de consumo das famílias (ICF) alcançou 95,9 pontos em janeiro, alta de 5,1% sobre dezembro, a maior elevação mensal desde 2010. Ainda assim, permanece na zona de insatisfação, abaixo dos 100 pontos.

A analista da Tendências Consultoria, Isabela Tavares, avalia que o maior otimismo dos consumidores e a perspectiva de recuperação do emprego formal e renda das famílias devem incentivar o retorno das pessoas ao mercado de crédito. Isso deve favorecer as vendas de veículos, aponta.

Ela frisa que a oferta de crédito também deve melhorar. Os bancos devem ficar menos seletivos, por conta da inadimplência, que atingiu níveis mínimos históricos no segmento de recursos livres.

Filosa acredita que o número de veículos financiados pode crescer de 12% a 15%. O crescimento de mercado deve ser pautado por financiamentos. Ele também espera impacto positivo nas vendas de picapes e utilitários esportivos (SUVs). Quando há melhora econômica, principalmente no agronegócio, esses segmentos acabam beneficiados.

Filosa destacou a fala do CEO mundial da FCA, Mike Manley, que o Brasil representa grandes oportunidades para companhia em 2019. A expectativa é positiva com o novo governo e liderança econômica, disse Filosa, em referência ao ministro da Economia, Paulo Guedes.

O executivo explica que as propostas de trazer maior competitividade para a indústria brasileira têm sido bem recebidas pela empresa. O Guedes fala abertamente de livrar o empresário de entraves nas áreas de infraestrutura, logística e tributação. É um caminho que parece desenhado de forma coerente e faz crescer nosso otimismo. Ele conta que a expectativa da FCA é que o mercado brasileiro tenha crescimento de 9%.

Em relação à Argentina, a expectativa é que o mercado siga em queda. As vendas no país vizinho devem cair para 600 mil veículos, com recuo de forma abrupta até julho e depois ter uma retomada suave, prevê Filosa. Ele acredita que a Argentina só deverá voltar a apresentar crescimento real no segundo trimestre de 2020.

A FCA irá investir R$ 14 bilhões na América Latina até 2023, com a maior parte dos recursos direcionados às plantas de Betim (MG) e Goiana (PE). A partir de 2020, a montadora pretende lançar um carro por semestre, incluindo o primeiro SUV da Fiat produzido no Brasil.

Resultado de 2018

A FCA totalizou 434 mil veículos vendidos no Brasil em 2018, o que representa um crescimento de 14%. A participação da empresa no mercado de automóveis e comerciais leves foi de 17,5%, de acordo com a companhia, e o desempenho compensou a queda na Argentina no resultado consolidado na América Latina, que apresentou 10% de incremento nas vendas.

Globalmente, o grupo teve crescimento de 4% e faturou 115,4 bilhões de euros. Foram resultados extremamente positivos. Tivemos uma excelente performance na América do Norte e a América Latina teve um importante crescimento. As duas regiões contribuiram para esse resultado final, declarou Filosa.

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