CARLOS GERALDO LANGONI

GERENCIANDO EXPECTATIVAS

Apesar de alguns desacertos na coordenação da estratégia liberal, os mercados continuam apostando em cenário econômico positivo, graças à credibilidade do Ministro Paulo Guedes.

Mantém-se a tendência de apreciação cambial e diminuição na aversão ao risco, com alta sistemática no IBOVESPA.

Reforma:

Essa melhora no ambiente de negócios está associada às expectativas futuras, em especial à possibilidade de aprovar uma reforma abrangente da Previdência ainda este ano.

O esboço da proposta combina mudanças no atual sistema de repartição com a exigência de idade mínima, com o regime de capitalização.

Ainda não estão definidos os critérios para ingressar nesse novo sistema: parece razoável esperar que o foco esteja na classe média e, possivelmente, prevaleça o caráter seletivo – somente os recém-chegados ao mercado de trabalho.

O objetivo é minimizar o custo de transição e atender critérios sociais, mantendo parcela relevante da faixa de renda mais baixa no sistema de repartição ajustado.

As vantagens da capitalização são evidentes: é um regime sustentável, mesmo face às mudanças demográficas.

Tem, por outro lado, impacto poderoso na alavancagem da poupança doméstica, reduzindo, dessa forma, o juro real de equilíbrio da economia brasileira.

Atividade:

Essa mudança estrutural ajuda a explicar a aparente contradição entre o ritmo lento da atividade e a melhora expressiva na confiança empresarial.

Em novembro, a variação, na margem, da indústria foi modesta - apenas 0,1% com contração dos duráveis e bens de capital. O crescimento em 12 meses desacelerou para apenas 1,8%.

Em contraste, o índice de confiança empresarial, calculado pela FGV, mantém viés positivo, tanto em relação à percepção atual como na avaliação das perspectivas futuras.

Ou seja, a guinada liberal, com ênfase no ajuste fiscal e na reforma do Estado, está tendo sucesso no gerenciamento das expectativas.

O novo estágio de crescimento será liderado pelo investimento privado que, por sua vez, será estimulado pela perspectiva de estabilidade macro.

Há, ainda, amplo leque de oportunidades associadas à modernização dos marcos regulatórios no setor de infraestrutura e à onda de concessões e privatizações.

Inflação:

A inflação permanece bem-comportada com o IPCA de dezembro na faixa de 3,75% em 12 meses.

As expectativas estão ancoradas com os índices de preço estáveis e abaixo da meta oficial nos próximos anos.

Essa conjuntura favorável permite que o Banco Central sustente política monetária expansionista com a recuperação gradual da oferta de crédito.

Com avanços concretos na correção do déficit primário recorrente - atualmente no preocupante patamar de 2,85% do PIB - a estabilidade dos juros básicos poderá ser prolongada.

Em resumo, a prioridade na reforma da Previdência reforça a melhora nas expectativas. O cenário básico, uma vez implementado o ajuste fiscal ainda que de forma gradual, será a retomada do investimento privado.

Estarão dadas as condições para um novo estágio de crescimento sustentado com novo patamar do PIB potencial e alavancado por ganhos de produtividade.

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