Clipping Agribusiness | 09 de setembro
- Por: Juliane
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Conjuntura do Agronegócio
1. Empresas precisam se modernizar e ganhar competitividade
Muita chuva ou queimadas, seca ou pragas na lavoura. Como se não bastassem os problemas do dia a dia, a vida do produtor rural ainda pode ser afetada por novos cenários da economia mundial. Para especialistas em agronegócio e política externa, o destino das futuras safras passa pelo acordo Mercosul-União Europeia (UE), pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, além da mudança de poder na Argentina e a posição do governo brasileiro sobre a preservação da Amazônia.
“Mas nada disso poderá, de algum modo, ajudar as nossas empresas se elas não fizerem o dever de casa. Precisam se modernizar e ganhar competitividade no mercado global”, diz Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos e presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).
Para Barbosa, o acordo firmado entre o Mercosul e a UE trará boas oportunidades para o agronegócio, mas ainda há muito chão pela frente. O embaixador lembra que o tratado vai ser traduzido para todos os idiomas dos dois blocos apenas em meados de 2020, para depois ser submetido e aprovado pelos governos participantes. A estimativa para começar a afetar o fluxo comercial brasileiro só aconteceria, na melhor das hipóteses, daqui a dois anos e meio. “Isso se tudo correr bem. Alguns países já estão pedindo revisão do acordo antes mesmo dele ser assinado.”
A UE é a segunda maior compradora do agronegócio nacional, depois da China. Foi o destino de 17,6% das exportações do setor este ano, que geraram US$ 9,9 bilhões até julho. Considerando todos os produtos do agronegócio, os mais vendidos para os europeus em 2019 foram grãos, óleo e farelo de soja (33,9%), produtos florestais (19,3%) e café (13,6%), de acordo com o Ministério da Agricultura.
“O Brasil precisa mudar o discurso sobre meio ambiente e comprovar que está honrando promessas já celebradas no setor para não atrapalhar as tratativas”, diz. Na semana passada, países como a Finlândia, que está na presidência rotativa da UE, além de França e Irlanda, anunciaram que podem impor restrições a mercadorias brasileiras, como a carne bovina, por conta de questões ambientais.
Na visão do consultor Welber Barral, ex-secretário de comércio exterior do Brasil (2007-2011) e conselheiro da Câmara de Comércio Americana (Amcham), alguns países europeus ainda podem tentar postergar a aprovação do acordo até depois do governo Jair Bolsonaro, se a discussão ambiental continuar em escalada. Quando for validado, explica, o pacto comercial vai ajudar o setor agrícola do Brasil com a queda de tarifas, mas nem todos os produtores sairão ganhando. “Teremos grandes desafios com a concorrência externa de itens como vinhos, pêssego e alho.”
Sobre a guerra comercial Estados Unidos-China, que combina retaliações comerciais dos dois lados, o tamanho do provável “ganho” do Brasil com a contenda ainda não está bem definido. Para Barral, o mercado nacional pode lucrar apenas parcialmente. “Um dos grandes efeitos dessa briga acontece com a soja brasileira, que teve aumento de exportação e de preço para compradores chineses.” Do lado americano, a eventual redução da importação da China abriu caminho para fornecedores do México e de outros países asiáticos. “O Brasil não se beneficiou.”
A China anunciou que vai impor uma tarifa extra de 5% sobre a soja dos EUA a partir deste mês (setembro) e taxas adicionais de 10% em itens como trigo e milho americano, a partir de 15 de dezembro. No Brasil, a valorização do dólar, o baixo excedente de soja e a expectativa de maiores demandas têm impulsionado os preços do grão, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea). No Porto de Parnaguá (PR), a saca foi negociada no final de agosto a R$ 88,68 ou o equivalente a US$ 21,30. A variação mensal indica uma alta de 14,7%.
O consultor lembra que, apesar disso, a longo prazo, a queda de braço entre as duas potências mundiais poderá atrapalhar todo o comércio mundial. “Há um aumento no valor dos seguros, fretes e instabilidades de fornecimento das cadeias produtivas, que geram um avanço no custo da produção, principalmente em países emergentes, como o Brasil.”
Sobre o comércio com a Argentina, que terá novas eleições presidenciais em outubro, Rubens Barbosa afirma que as relações comerciais com o Brasil devem se manter iguais, independentemente da mudança na Casa Rosada – o presidente Mauricio Macri foi derrotado nas prévias de agosto. “Gostemos ou não do provável novo governo do país, seremos sempre vizinhos e teremos de conviver”, diz. “O Brasil importa 50% do consumo de trigo e 85% desse total vêm da Argentina.”
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Fonte: Valor Econômico
2. Concorrência em campo
Limitar a 2°C a elevação da temperatura da Terra até o final deste século não depende apenas de uma transição das energias fósseis para as renováveis. As mudanças no uso da terra, seja para a produção de alimentos ou biocombustíveis, contribuem de forma definitiva para o aquecimento global, mas representam também oportunidades. É o que aponta o relatório especial sobre Mudança do Clima e Terra, divulgado mês passado em Genebra, na Suíça, pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) da ONU. Elaborado por 103 cientistas de 52 países nos últimos dois anos, o estudo traz uma revisão de mais de sete mil artigos científicos sobre o tema e é o primeiro da série de estudos do IPCC dedicado a esmiuçar os impactos, para o clima global, das transformações que têm ocorrido nos ecossistemas terrestres.
Os dados mostram um aumento dos riscos associados ao clima, como desertificação, escassez hídrica, mudança no regime de chuvas, incêndios florestais e insegurança alimentar. Mas a boa notícia é que o sistema global de produção de alimentos, que responde por até 37% das emissões de gases de efeito estufa, pode também ser um instrumento de resposta à mudança do clima, com ganhos de produtividade e tecnologias agrícolas que o Brasil já vem utilizando. O desafio é aumentar a escala.
"O relatório deixa claro que é fundamental desenvolver técnicas agropecuárias que mantenham e aumentem o estoque de carbono no solo, porque isso eleva a produtividade agrícola e, ao mesmo tempo, evita que esse carbono seja lançado na atmosfera. Precisamos disso em larga escala no Brasil", diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, membro do IPCC e autor principal do segundo capítulo do relatório.
Outra oportunidade para o Brasil são os combustíveis: o relatório recomenda ampliar a produção de biocombustíveis, mas alerta que ela terá de ser feita de modo sustentável, sem concorrer com a produção de alimentos. Para isso, será preciso aumentar a produtividade dos biocombustíveis já existentes, como etanol e biodiesel, desenvolver mais combustíveis de segunda geração, que utilizam resíduos como o bagaço da cana-de-açúcar.
Segundo o relatório, 44% das recentes emissões antrópicas de metano, um potente gás de efeito estufa, vieram das mudanças no uso da terra - é o caso, por exemplo, da derrubada de florestas para dar lugar a pastagens. Em todo o mundo 5,3 milhões de km2 de terra foram convertidos para o uso agrícola desde 1961, uma área equivalente a dois terços do território da Austrália.
Para Artaxo, a questão chave para o Brasil é equilibrar quatro pontos: a redução do desmatamento, o reflorestamento para absorver carbono da atmosfera, a produção de alimentos para uma população em crescimento (10 bilhões de pessoas em 2050) e a produção de biocombustíveis. Os quatro competem pelo uso da terra em todos os países e aqui não é diferente. Mas o recente aumento do desmatamento e das queimadas na Amazônia é um fator de alto risco para esse equilíbrio, alerta o cientista. "O Brasil está numa situação muito delicada. É fundamental que o país retome a rota e possa desenvolver um agronegócio que seja sustentável no médio e longo prazo: isso é estratégico", diz Artaxo.
Segundo o MapBiomas, plataforma de mapeamento colaborativo da cobertura e uso do solo no Brasil, o país perdeu 89 milhões de hectares de área de florestas nativas no período entre 1985 e 2018. Ao mesmo tempo, a área destinada à agropecuária cresceu em 86 milhões de hectares e hoje ocupa 260 milhões de hectares, o equivalente a 31% do território nacional. As florestas são 59% do território e outros tipos de vegetação nativa, 7%.
Mesmo com uma grande parcela do território ocupada por florestas, a escalada do desmatamento já coloca em risco as metas ambientais. Um dos compromissos assumidos na conferência do clima de Copenhague, em 2009, é reduzir o desmatamento da Amazônia em 80% até 2020, em comparação com a média registrada entre 1996 e 2005. Para isso, o desmatamento anual não deveria exceder 3,8 mil km2, mas em 2018 alcançou 7,8 mil km2.
Para Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, os sistemas de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já mostram que o desmatamento será ainda maior este ano. "O mais provável é que seja da ordem de 10 mil km2. Estamos saindo do controle, a luz vermelha foi acesa", afirma.
Além de frear o desmatamento ilegal, políticas públicas de fomento ao agronegócio sustentável serão essenciais para o Brasil avançar nas questões ambientais. A principal delas é o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono), lançado em 2010 para fomentar tecnologias agrícolas que reduzam a emissão de gases de efeito estufa. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é responsável por sua gestão, que inclui linha de crédito subsidiada como um dos instrumentos. Os recursos são operados por bancos públicos, especialmente o Banco do Brasil, e privados. Para 2019, estão previstos no Plano Safra R$ 2,096 bilhões para investimentos do programa ABC.
O programa financia práticas de conservação e eficiência agrícola, como plantio direto, fixação biológica de nitrogênio no solo, recuperação de pastagens e adaptação às mudanças climáticas. Entre 2010 e 2018, a linha concedeu R$ 17,3 bilhões aos produtores rurais, que, de acordo com o Mapa, ajudaram na transformação de 27,6 milhões de hectares, o equivalente a quase 15% da área agricultável do país.
Mesmo com resultados no campo, a linha sofre altos e baixos. Chegou a ter mais de 8.000 contratos na safra 2015/2016, mas na safra anterior, 2018/2019, ficou quase 20% aquém da utilização. Questões burocráticas e desconhecimento da linha pelos produtores estariam entre os motivos para a baixa demanda. Para o Mapa, trata-se de mudar a cultura aos poucos. "Entendemos que o papel do Plano ABC vai muito além da linha de crédito. A adoção dos sistemas propostos deve continuar avançando, ainda que o crédito bancário não esteja sendo acessado em sua totalidade", diz Mariane Crespolini, diretora do departamento de produção sustentável e irrigação da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa.
Entre os bancos privados que operam com o programa ABC, há um esforço de levar informação aos produtores rurais. O Santander, por exemplo, tem um total de 300 agências localizadas em áreas de agronegócio, sendo 21 especializadas nessas operações. Em 2018 o banco concedeu R$ 396,1 milhões em financiamentos para projetos de agricultura de baixo carbono, modernização e inovação no campo. Nos sete primeiros meses de 2019, houve um crescimento de 15% na concessão de crédito em comparação ao mesmo período do ano passado. "O agricultor está buscando produtividade, quer reduzir custos e ser mais eficiente", diz Carlos Aguiar, diretor de agronegócio do Santander. Uma das linhas com grande procura é para a instalação de painéis solares em empreendimentos agrícolas, uma linha de crédito nova, mas que financiou R$ 12 milhões em equipamentos só este ano.
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Fonte: Valor Econômico
3. Agricultura necessita de sistemas integrados
Os custos associados às mudanças climáticas foram da ordem de US$ 160 bilhões em 2018 em todo o mundo, segundo dados da resseguradora alemã Munich Re. Agravamento de extremos climáticos, danos à infraestrutura das cidades e perdas no campo fazem parte do rol de prejuízos que a elevação da temperatura já causa para a economia global.
Mais aquecidos, os oceanos contribuem para temperaturas extremas no continente: os termômetros da Índia já registraram 50°C; os da França, 45°C, e da Alemanha, 38°C no recente verão europeu. O Rio de Janeiro com 40°C já é coisa bastante natural: o último verão carioca registrou picos de 42°C.
"Não se pode negar os dados: a Terra está aquecendo, em razão da concentração recorde de gases de efeito estufa na atmosfera", afirma Patricia Madeira, diretora da empresa de meteorologia Climatempo, que participou do evento "Novos Desafios da Safra", realizado pela "Globo Rural", na semana passada.
A concentração de gases de efeito estufa chegou a 405 partes por milhão (ppm) em 2017 e traz consequências ao sistema climático global como um todo: além das temperaturas extremas (verões muito quentes e invernos muito frios), afeta também a incidência de fenômenos como o El Niño e La Niña. "Há 25 anos, o ciclo de cada El Ninõ era de sete anos, agora são a cada dois ou três anos", afirma.
Os impactos à agricultura do país já estão previstos em estudos científicos divulgados nos últimos anos pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), que reúne seis cientistas brasileiros. De uma forma geral, o clima tende a mudar em todas as regiões brasileiras.
Em um cenário mais moderado, a região Sul do país terá mais chuvas e mais ondas de calor e propensão a eventos severos; o Sudeste passará por fenômeno semelhante, com menos geadas e frentes frias, e propensão a chuvas fortes no verão; o Nordeste tende a ficar ainda mais seco, com as regiões semiáridas propensas à desertificação; já Norte e Centro-Oeste sofrerão com menos chuvas.
Para Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, a agricultura brasileira é muito vulnerável às mudanças climáticas. Os verões mais quentes podem prejudicar culturas como a soja e o milho, enquanto frutas que têm origem em climas temperados, que precisam do frio para germinar (ameixa, pera, maçã) terão que receber hormônios, gerando aumento de custos para os produtores. Por outro lado, o país acumulou conhecimento nos últimos 40 anos que permitem superar desafios que pareciam intransponíveis: é o caso da própria soja em clima tropical, hoje com produção da ordem de cinco toneladas por hectare; e do milho, cuja produtividade era de duas toneladas por ha/ano há dez anos e hoje chega a seis toneladas/ha.
"Não me assustam as mudanças climáticas, e sim a má gestão dos programas que permitam reduzir seus impactos na agricultura", afirma Assad.
O pesquisador aponta que a saída para enfrentar os impactos são o investimento contínuo em ciência e tecnologia e a agricultura de baixo carbono, com modelos integrados de produção. Além disso, é preciso intensificar a pecuária, especialmente na Amazônia, sem a necessidade de novos desmatamentos.
De acordo com Assad, há 17 milhões de hectares na Amazônia que foram desmatados e hoje estão abandonados, além de 10 milhões de pastagens improdutivas no mesmo bioma. "Há anos defendo que o Brasil não precisa desmatar para aumentar sua produção agrícola, basta fazer a intensificação produtiva", afirma o pesquisador.
Sistemas integrados de produção também serão uma solução para os pequenos produtores do semiárido nordestino. Com a diminuição no regime de chuvas, será cada vez mais importante conservar a água nas mais de 700 mil cisternas existentes na região e associá-la a sistemas de cultivo em aquaponia, técnica que combina a produção de peixes e hortaliças.
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Fonte: Valor Econômico
Insumos
4. Cultivo sustentável e orgânico avança
Um método de produção agrícola que respeita o ambiente e é justo do ponto de vista social, sem deixar de ser rentável. Esta é a definição clássica de agricultura sustentável, frequentemente confundida, pelas boas intenções anunciadas, com a que produz alimentos orgânicos. "Costumamos chamar de sustentável qualquer lavoura que adote um manejo mais cuidadoso com a natureza, como o plantio direto, por exemplo, que evita erosões. Ao contrário do cultivo orgânico, porém, a agricultura sustentável não dispensa o uso de herbicidas, fertilizantes industriais ou sementes transgênicas", esclarece o agrônomo Carlos Khatounian, professor de agroecologia na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).
Em resumo, toda agricultura orgânica é sustentável, mas nem todo cultivo com o rótulo de sustentável tem o selo orgânico. Ambas as modalidades, em todo caso, estão em crescimento desde que a Organização das Nações Unidas (ONU), em 1972, realizou a primeira cúpula mundial para debater as ameaças de degradação da natureza, reunindo mais de uma centena de chefes de Estado em Estocolmo. "A ONU ouviu o alerta da bióloga americana Rachel Carson, que alguns anos antes havia publicado o livro "Primavera Silenciosa", no qual relacionava o uso de agrotóxicos ao surgimento de câncer. Vem desse estudo a proibição do DDT", lembra Khatounian.
Embora tenha sido despertada há pouco mais de meio século, foi nas duas últimas décadas que a preocupação dos consumidores com a origem sustentável dos alimentos passou a crescer exponencialmente. Segundo o Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), o mercado brasileiro de orgânicos cresceu 20% em 2018, movimentando R$ 4 bilhões. E nessa conta cabem tanto produtores familiares, que cultivam hortaliças adubadas com palha e esterco de galinha, como grandes proprietários rurais que ousaram investir na agricultura sustentável, mesmo sabendo que isso daria mais trabalho e até reduziria seu lucro nos primeiros anos - mas só nos primeiros anos.
Vilmar de Almeida, um sitiante de Planaltina (DF), faz parte do primeiro grupo. Com a ajuda da mulher, Denise, da filha, Giovana, e de dois funcionários, ele produz uma vasta seleção de verduras e legumes orgânicos em três hectares (dois próprios e um arrendado) - e já não dá conta de atender a clientela. "Comprei a terra com o dinheiro de uma indenização e consegui financiamento e orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater)."
Almeida planta até dez variedades de hortaliças no mesmo talhão, "porque uma cultura protege a outra". Separa as hortas com corredores de bananeiras e cítricos "para quebrar o vento". Usa palha, esterco e compostagem de lixo orgânico como fertilizante. Cria galinhas e porcos para garantir um ótimo adubo e os alimenta com folhas e sobras de plantas. Com esses cuidados, é merecedor de duas certificações orgânicas e virou até palestrante.
Já a maior experiência de sustentabilidade na agricultura brasileira acontece nas usinas São Francisco e Santo Antônio, que somam 18 mil hectares de canaviais em Sertãozinho (SP). Depois de convencer o tio, então presidente do grupo, de que suas ideias não arruinariam o patrimônio familiar, Leontino Balbo Junior, então recém-formado em agronomia, começou a implantar processos sustentáveis nas usinas em 1987.
O primeiro grande desafio foi acabar com a queima da cama, que facilita o corte manual, mas emite toneladas de carbono e destrói a palha que poderia servir de fertilizante. Deu um trabalhão - foram necessárias 10 mil horas de trabalho com o fabricante para desenvolver uma colhedora que desse conta do recado. Depois vieram a adubação natural (à base de palha e pó de pedra), o controle biológico de pragas (por meio de insetos que são inimigos naturais das lagartas) e a reconstituição de matas ciliares. Hoje as usinas, com produtos da marca Native, abastecem o mercado - sobretudo internacional - com 300 mil toneladas de açúcar e 300 milhões de litros de álcool orgânicos por ano.
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Fonte: Valor Econômico
5. Agtechs atraem US$ 16,9 bi em 2018
Aliadas no enfrentamento da crise climática, as tecnologias para o agronegócio tornaram-se uma das principais ondas disruptivas da economia global. Em 2018 as empresas do setor, conhecidas como agtechs, agritechs ou agrotechs, receberam um volume recorde de US$ 16,9 bilhões (R$ 70,3 bilhões) de investimentos, 43% a mais que no ano anterior, segundo estudo da Agfunder com 1,6 mil startups. Os EUA dominam esse mercado, seguidos de China, Índia e Brasil.
Das 182 agthechs mapeadas em 2018 pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), 81 (44%) fornecem sistemas de informática para gestão de fazendas, drones e sensores conectados à internet das coisas (IoT, em inglês). Três quartos têm como modelo de receita o software como serviço (SaaS). Elas estão concentradas em São Paulo (31%), Minas Gerais (16%), Paraná (10%), Santa Catarina (10%) e Rio Grande do Sul (9%).
"As agtechs têm ganhado mais investimentos, inovação e visibilidade ao oferecer tecnologias tanto para as grandes empresas quanto para o pequeno produtor", observa o presidente da Abstartups, Amure Pinho. Ele acredita que a disseminação do uso de inteligência de dados para auxiliar na tomada de decisões agrícolas é forte tendência para os próximos anos.
"As agtechs têm despertado a atenção de fundos como o SP Ventures, que está captando US$ 75 milhões (R$ 312 milhões) para entrar na participação societária de 20 a 25 startups. "É a melhor oportunidade de investimento da geração, pois seus fundamentos são claros e sólidos", afirma o gestor Francisco Jardim. Ele lembra que vários estudos apontam o crescimento de 50% a 70% na demanda mundial de alimentos até 2050 e o Brasil é o país que tem mais espaço para supri-la.
"Parte do portfólio do SP Ventures está concentrada no Agtech Valley, polo de empreendedorismo agrícola localizado em Piracicaba (SP) e região. O fundo também investe em startups surgidas em universidades federais, como a Horus Aeronaves, nascida na UFSC e hoje a maior plataforma nacional de drone como serviço; e a Aegro, criada na UFRGS, cujo software de gestão agrícola para pequenas propriedades tem 4 mil usuários em 1,3 milhão de hectares.
"O fundo Inseed Investimentos já alocou R$ 34 milhões em 13 agtechs. Uma delas é a Rizoflora Biotecnologia, criada na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e vendida para a multinacional Stoller por cinco vezes o capital investido. "Nossa expectativa na carteira agro é conseguir alguns investimentos com retornos maiores que dez vezes", diz o diretorpresidente do Inseed, Gustavo Junqueira.
"Outra investida do fundo é a Smartbreeder, empresa de inteligência agronômica digital de Piracicaba. Sua plataforma atua como "consultor agronômico" no manejo de 2,3 milhões de hectares de cana-de-açúcar, grãos e florestas, usando inteligência artificial, computação cognitiva e deep learning. "Nossa ferramenta permite indicar onde, quando e quanto colocar cada insumo para fazer a agricultura mais sustentável", diz o diretor-presidente Éder Giglioti.
"A Agrosmart, de Campinas (SP), fornece um pacote tecnológico de "cultivo inteligente" que coleta informações e faz recomendações ao produtor. O sistema dispensa a cobertura de internet ou celular no campo para o envio de dados. Entre seus clientes estão companhias com muitos fornecedores como Coca-Cola, Pepsico e Cargill. "É possível, por exemplo, avaliar o risco de seca e propor ações em tempo real", diz o diretor de novos negócios da agritech, Guilherme Raucci. "Na irrigação, a economia de água chega a 60%."
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Fonte: Valor Econômico
6. Ferramenta digital reduz até 20% dos custos
As transformações da chamada agricultura 4.0 devem se intensificar nos próximos anos. A conectividade no campo, por meio de sensores e internet das coisas (IoT) auxilia nos processos de irrigação e manejo de equipamentos agrícolas; blockchain e big data, no rastreamento e certificação da produção; e aplicativos e softwares ajudam o produtor na gestão da propriedade rural. Essas tecnologias, combinadas, podem levar a uma redução de custos para o produtor da ordem de 20%, de acordo com Bruno Brasil, da secretaria de pesquisa da Embrapa. "Hoje mais de 60% dos produtores têm celulares com acesso à internet, embora o acesso à rede no campo ainda seja um desafio", diz.
A produção de insumos biológicos em substituição aos de origem fóssil na agricultura é outra área onde a tecnologia está se expandindo rapidamente. De acordo com o pesquisador da Embrapa, a agricultura brasileira se beneficia com a substituição de adubos fosfatados ou nitrogenados por microorganismos inoculantes, que ajudam a fixar os nutrientes às plantas. O caso mais conhecido é a fixação biológica de nitrogênio na cultura de soja, que eliminou a necessidade de usar adubo nitrogenado e proporciona uma economia de US$ 13 bilhões por ano no Brasil. Este ano, estão sendo lançados no mercado brasileiro também inoculantes que tornam o fósforo disponível para o milho, o que deve reduzir ou eliminar o uso de fertilizantes fosfatados, tecnologia que já vem sendo empregada nos EUA e Austrália com bons resultados.
A tecnologia da edição gênica traz a promessa de revolucionar a agricultura. A técnica consiste na criação de uma planta melhorada, mas sem a inclusão do DNA de uma espécie diferente, como ocorre com os organismos geneticamente modificados. A inovação, conhecida como CRISPR - repetições palindrômicas curtas interespaçadas regularmente em agrupamentos -, permite incorporar características como resistência a doenças, produtividade maior, tolerância à seca ou melhor composição nutricional. Também reduz o tempo do desenvolvimento de sementes de uma média de oito anos para cinco anos, com os mesmos protocolos de campo.
"Essa é uma entre tantas tecnologias que estão a caminho e serão importantes para o Brasil estar na fronteira da competitividade agrícola", diz Sandra Milach, líder de pesquisa genética da Corteva, empresa de biotecnologia resultado da união das áreas agrícolas das multinacionais Dow Chemical e DuPont, e uma das patrocinadoras do evento da "Globo Rural".
Sandra trabalha há oito anos nos Estados Unidos, onde identifica, junto com sua equipe, os genes das plantas que podem ser modificados com a tecnologia CRISPR. Culturas como milho, soja, arroz, sorgo, canola e girassol estão na mira das pesquisas. A Corteva planeja lançar este ano no mercado americano o primeiro produto com a tecnologia CRISPR, um híbrido de milho ceroso, ainda como projeto piloto. No Brasil, será preciso esperar alguns anos. Mas primeiros passos foram dados - em abril, a Corteva assinou um termo de compromisso com a Embrapa para desenvolver pesquisas com a técnica para a cultura da soja. O objetivo é desenvolver sementes do grão tolerantes à seca e resistentes a nematoides.
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Fonte: Valor Econômico
Proteína animal
7. Alimentação deve ter menos carne e seguir sazonalidade
A produção de carne e outros produtos de origem animal ocupa 75% das terras aráveis do planeta, não só para pastagem, mas também para a produção de ração, especialmente soja e milho. Mas as carnes e derivados são responsáveis por apenas 12% das calorias consumidas no mundo. No Brasil, por exemplo, estima-se que 90% da soja produzida seja para consumo animal. São muitos recursos naturais usados para alimentar bovinos, suínos e aves que estão longe de ser a principal fonte de energia para os seres humanos.
"No Brasil, 85% das terras são dedicadas à produção de soja e milho, sendo que a maior parte disso é destinado à ração animal", diz o professor Carlos Armênio Khatounian, do departamento de produção vegetal da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). "A área agrícola mundial está decrescendo, por processos de desertificação, erosão e salinização, tendo em vista o uso inadequado do solo", afirma o pesquisador. Para ele, o grande desafio é a mudança no padrão alimentar, com a diminuição da demanda por produtos de origem animal. Dessa forma, será possível alimentar os 10 bilhões de habitantes que a Terra deverá ter em 2050.
Segundo Khatounian, são necessários dez kg de grãos no Brasil para produzir um kg de matéria seca de frango; nos suínos, a relação é de 22 kg de grãos para um kg de carne. No que se refere aos bovinos, tomando como base os Estados Unidos, são 40 kg de grãos para um kg de boi. "É um drama que a humanidade enfrenta, independentemente das mudanças climáticas", diz.
Para ele, a saída é a redução voluntária do consumo de carnes e derivados. "Precisamos fazer uma dieta acoplada ao ritmo das estações, comer produtos mais fáceis de serem encontrados em determinada época e região, pois a planta adaptada necessita de menos fertilizante", diz.
Na opinião de Rafael Zavala, representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a saída está no aumento da produção de carnes com baixa emissão de carbono, como os peixes. No Brasil, explica, o consumo per capita ao ano de peixes está em 12 kg, semelhante ao de suínos. Mas é um número muito inferior ao consumo de bovinos, de 27 kg per capita ao ano, e ao de frango, de 40 kg per capita. O frango é uma proteína barata, acessível à maioria da população. E os pescados também poderiam ser mais acessíveis, se recebessem mais incentivos governamentais como, por exemplo, a promoção do seu consumo na alimentação escolar, diz.
Zavala chama a atenção para os efeitos da mudança do clima sobre a agricultura. "Estudos apontam que um aumento de 2º Celsius nos próximos 11 anos pode reduzir o período de crescimento das plantas em 5%", afirma. O aumento da temperatura reduziria o volume de água disponível e a produtividade. "E isso acabaria encarecendo os alimentos", diz. Como ações de mitigação estão, além da pecuária de baixo carbono, a diminuição dos incêndios em épocas de seca, o uso mais "cirúrgico" da água na agricultura com sistemas de irrigação avançados, e o menor uso de defensivos.
Juliana Fracarolli, professora da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Universidade de Campinas (Unicamp), lembra que o mundo produz hoje mais alimentos do que necessita - e que perde ou desperdiça um terço do que produz. "Nos países mais pobres, as perdas estão relacionadas à colheita e condições de armazenamento e transporte", afirma. "Já nos países mais ricos, onde essas etapas dispõem de muito mais tecnologia, o que se observa é o maior desperdício pelo consumidor final".
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Fonte: Valor Econômico
8. Exportações brasileiras de carne bovina mantêm “bom ritmo”, diz Abiec
As exportações brasileiras de carne bovina somaram 150,6 mil toneladas e renderam US$ 621,06 milhões em agosto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Abiec, associação que representa as empresas do segmento. Em relação ao mesmo mês de 2018, o volume caiu 3,5%, mas a receita foi 1% maior.
“Continuamos observando um bom ritmo de negócios no ano, o que vai ao encontro das projeções de crescimento para o setor em 2019”, afirma a diretora-executiva da Abiec, Liège Vergili Nogueira, em comunicado.
Nos primeiros oito meses do ano, as exportações alcançaram 1,13 milhão de toneladas, 14,2% mais que em igual intervalo de 2019, e geraram US$ 4,3 bilhões em divisas, um aumento de 7,5% na comparação. No período, as vendas para a China representaram 212,2 mil toneladas, ou US$ 1,41 bilhão - incrementos de 11% e 17,3%, respectivamente.
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Fonte: Valor Econômico
9. JBS tenta mostrar que é global e diversificada
"Brazilian beef giant". O epíteto pelo qual a JBS muitas vezes é conhecida no exterior precisa mudar - e, com ele, a percepção de bancos e fundos de investimentos sobre o valor da companhia. A mensagem foi transmitida ontem, em encontro com investidores na bolsa de Nova York, pelo vice-presidente de finanças e de relações com investidores da JBS, Guilherme Cavalcanti.
"Queremos mostrar que a empresa é mais global e que não é só carne bovina", afirmou o executivo, em conversa com jornalistas brasileiros após o encontro com investidores, o "JBS Day". O evento em Wall Street foi fechado à imprensa, e o acesso restrito aos investidores convidados - 100 pessoas ouviram executivos da JBS por três horas, sendo duas horas de apresentação e uma para a sessão de perguntas e respostas.
De certa forma, a mensagem da companhia ao público internacional - que tende a ficar mais próximo com o plano de listagem de ações em uma bolsa americana - dá sequência a um trabalho feito também no Brasil. No início da década, a JBS e os principais concorrentes nacionais tentaram se afastar do rótulo de "frigorífico", que alude a uma atividade sem charme e de margens bem apertadas - típico do mercado de commodities.
Com maior ou menor sucesso, as companhias da área de carnes buscam ser conhecidas como empresas de alimentos - por esse critério, a JBS (com faturamento anual de quase US$ 50 bilhões) só é menor do que a multinacional suíça Nestlé. Os negócios de alimentos costumam gerar margens mais altas do que os de commodities, como é o caso da carne bovina, que foi justamente o carro-chefe da ascensão da empresa dos irmãos Batista.
Na JBS, os alimentos com marca e aqueles que podem ser classificados como "produto de valor agregado" são a bola da vez. Nessa lista, não estão incluídos apenas os industrializados, mas também os cortes de carne mais refinados, como os maturados a seco comercializados pela Friboi no Pão de Açúcar ou marca de frango Just Bare, um sucesso de vendas no site da Amazon.
Nessa trajetória, a JBS quer ficar mais conhecida pelas inovações na indústria de alimentos. "Começamos em 2013, com a Seara. Hoje, estamos prontos para acelerar", disse ontem o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, enumerando inovações lançadas recentemente.
Sem fazer alarde, lembrou o executivo, a Seara lançou há alguns meses um hambúrguer vegetal, e novas iniciativas estão a caminho. Em São Paulo, a Seara anunciou ontem um sorvete e uma cerveja com bacon - neste caso, em uma parceria com a cervejaria Paulistânia.
Mas a ofensiva não ficará restrita às marcas existentes. Para que a estratégia ganhe tração, a JBS busca aquisições, sobretudo no exterior. E a ideia é conciliar o crescimento do faturamento com o avanço da margem de lucro, disse Tomazoni.
O executivo reafirmou que, na estratégia de expansão por aquisições deflagrada no mês passado, a JBS deve se concentrar nas regiões onde já atua - Américas, Europa e Oceania. "Vamos crescer nas geografias em que estamos para buscar sinergias e escala", acrescentou Tomazoni, argumentando que o tamanho é fundamental para uma companhia com aspiração global.
"Ser global não é apenas ter uma fábrica", afirmou, lembrando que a JBS é uma das maiores em todas as regiões e nos mercados em que atua. Em carnes bovina e de frango, é a maior do mundo. Em suínos e ovinos, vice-líder.
Para continuar na liderança, a JBS conta com seu histórico de sucesso em integrar negócios adquiridos e em dificuldades financeiras. Como exemplo, Tomazoni citou a Pilgrim's Pride, empresa americana de frango controlada pela JBS USA.
De acordo com o executivo, a empresa é um caso "maravilhoso de criação de valor". A Pilgrim's foi adquirida pela JBS no fim de 2009, quando estava em concordata, por cerca de US$ 1 bilhão (incluindo recursos investidos na empresa). De lá para, a Pilgrim's já pagou US$ 1,8 bilhão em dividendos à JBS e atualmente está avaliada em quase US$ 5,9 bilhões na Nasdaq.
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Fonte: Valor Econômico
Agroenergia
10. Etanol dos EUA tende a ficar mais competitivo
O etanol anidro (que é adicionado à gasolina) brasileiro entregue no polo de Paulínia, em São Paulo está ligeiramente mais competitivo que o etanol anidro americano entregue no mesmo local, mesmo dentro da cota isenta de tarifa. Porém, o início da colheita desta safra de grãos nos EUA gera preocupações para os produtores, sobretudo os do Nordeste, no médio prazo.
Na semana passada, o etanol americano estava chegando em Paulínia por R$ 2,23 o litro dentro da cota e por R$ 2,66 fora da cota, de acordo a consultoria INTL FCStone. Esses preços ainda estão acima dos valores do etanol nacional. O indicador Cepea/Esalq para o anidro no mercado spot entre 26 e 30 de agosto estava em R$ 1,9083 o litro, sem considerar frete e impostos. Contando a tributação de PIS/Cofins, o produto estava saindo das usinas a R$ 2,0392 o litro.
Segundo Tarcilo Rodrigues, presidente da comercializadora Bioagência, levando-se em conta os custos com frete para Paulínia, os preços do anidro americano já estão competindo com o produto da região Centro-Sul, mas apenas dentro da cota. Com a tarifa de 20%, porém, o cenário muda.
A situação é mais apertada no Nordeste, onde a produção local de anidro equivale a cerca de um terço de uma demanda da ordem de 3 bilhões de litros por ano, conforme Rodrigues. Segundo ele, o produto costuma ser negociado na região por R$ 0,20 por litro a mais que no Centro-Sul - e para o Nordeste o frete de importação do produto americano é menor. Dessa forma, o etanol anidro nordestino, que nesta safra 2019/20 está começando a ser produzido agora, tende a enfrentar maior pressão do produto dos EUA.
Segundo a JOB Economia e Planejamento, os preços do anidro no Nordeste, tanto do produto local como do que foi importado nos últimos meses, estavam na semana passada em R$ 2,26 o litro. Em cálculos divulgados pelo Sindaçúcar/PE, o etanol anidro americano chegaria, em setembro, fora da cota, por R$ 2.065 o metro cúbico (1000 litros).
Mesmo o etanol anidro americano importado fora da cota e desembarcado no Nordeste também já conseguiria competir com o local, embora com menos folga, avaliou o presidente da Bioagência.
Nestes primeiros meses de produção da safra sucroalcooleira do Nordeste, a tendência já era de queda dos preços do anidro no mercado local, principalmente por causa da pressão de vendas de usinas em dificuldades financeiras, observou Borges, da JOB. Mas a pressão deverá crescer com a oferta dos EUA, onde a produção de etanol tende a ser favorecida pela safra confortável de milho prevista para o ciclo 2019/20.
Ontem, representantes do segmento sucroalcooleiro do Nordeste cobraram do governo ações para que o aumento da cota de importação não sobrecarregue a região. Ao Valor, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse que vai estudar medidas mitigatórias em parceria com o Ministério da Economia para compensar a entrada de 750 milhões de litros, por um ano, livres de tarifa. "As duas medidas imediatas que vamos avaliar são uma janela para importação pelo Nordeste e o escalonamento da entrada de etanol por outros portos".
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Fonte: Valor Econômico
11. Contexto
O aumento da cota de etanol anidro isenta de imposto deve ter pouco efeito no volume efetivo de importação, avalia Martinho Ono, diretor da SCA Trading. "Mesmo com tributação em dois anos, entraram, em média, 1,5 bilhão de litros de etanol por ano. Esse volume veio para atender uma demanda necessária". Ono diz, ainda, que o espaço para importar anidro é restrito, uma vez que 90% da demanda desta safra (2019/20) já está contratada. A importação do etanol, basicamente dos EUA, poderá participar em 2020 do RenovaBio - que estabelece metas de Créditos de Descarbonização (CBios) como parâmetro de emissões evitadas. Mas, como o etanol de milho dos EUA tem maior "pegada de carbono" que o de cana, os importadores deverão emitir menos CBios que as usinas brasileiras por igual quantidade de etanol, ou terão que vender mais etanol para emitir a mesmo volume de CBios.
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Fonte: Valor Econômico
12. Biosev confirma conclusão de venda da Usina Estivas
A Biosev concluiu a venda da totalidade de sua participação na Usina Estivas à Pipa Agroindustrial, anunciou a empresa por meio de fato relevante divulgado no fim da tarde de ontem (2). A negociação havia sido originalmente anunciada em setembro do ano passado.
Segundo a empresa, o valor da operação será de R$ 217,92 milhões e faz parte da estratégia da companhia de competitividade operacional, que inclui revisar potenciais alternativas estratégicas relacionadas a todo o seu portfólio de ativos, visando aumentar sua geração de caixa e fortalecer sua estrutura de capital.
“A operação foi concluída após o cumprimento de determinadas condições suspensivas, incluindo a aprovação de contrapartes em contratos relacionados à unidade Estivas, localizada no Município de Arez, Estado do Rio Grande do Norte, de propriedade da Companhia, e a assinatura de contratos de garantia; e o aporte na Usina Estivas do estabelecimento comercial representativo da unidade Estivas”, informa.
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Fonte: InfoMoney/NovaCana
Grãos e grandes culturas
13. Cresce a produção responsável de soja no Brasil, diz entidade internacional
Um levantamento recente realizado pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), mostrou que a produção, beneficiamento e a comercialização do grão de maneira responsável, ou seja, atenta as necessidades ambientais aumentou no mundo e no Brasil. O país, aliás, responde por 85% do total produzido.
Os números mostram que 4,5 milhões de toneladas de sojaforam certificadas e disponibilizadas ao mercado em 2018, em mais de 1,2 milhão de hectares. Comparado a 2017, houve um aumento de 500 mil toneladas.
O Brasil é o maior produtor de soja RTRS no mundo, sendo responsável por mais de 85% do volume total. Atualmente, são 226 produtores certificados em mais de um milhão de hectares de área produzida. Isto equivale a 3,3% da produção total no país já são certificadas pela RTRS, totalizando 3,9 milhões de toneladas
Por estados
Em relação à produção por estado, o estudo apontou que o Maranhão e o Piauí são os que possuem a maior porcentagem de produção certificada de soja em relação à produção total destes estados, com 30% e 16%, respectivamente, e Mato Grosso tem a maior produção total (1,7 milhão de toneladas), e maior área brasileira.
A produtividade em fazendas RTRS também se destaca em relação à nacional. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção média do país é de 56 sacas por hectare. Já nas fazendas certificadas, esse número chega a 63 sacas por hectare. Isto significa que, pelo menos 120 mil hectares de área, não precisaram ser convertidas para a produção agrícola.
Preservação
A RTRS também possui o compromisso de apoiar a preservação ambiental. Para cada 1 hectare de área produtiva, 0,59 hectares são de áreas nativas preservadas. São mais de 600 milhões de árvores preservadas nestas áreas e 64 milhões de toneladas de carbono estocado. Portanto, quando uma empresa compra uma tonelada de soja RTRS isso inclui 157 árvores preservadas ou 16 toneladas de carbono armazenadas.
Em 2018 em todo o Brasil foram certificadas 3,9 milhões de toneladas de soja em 1.041.886 hectares e havia 595.782 hectares de áreas protegidas. Somente na Amazônia, aproximadamente 206 mil hectares e 709 mil toneladas foram certificados com a RTRS e 168.124 hectares de áreas protegidas foram registradas.
Na região do Cerrado, no mesmo ano, havia em torno de 836 mil hectares e 3.210.789 toneladas de soja RTRS e 427.658 hectares de área protegida. Isso mostra que os agricultores certificados pela RTRS que adotam práticas sustentáveis e responsáveis preservam as áreas de vegetação nativa, ainda mais do que o exigido pela legislação.
Importância social
Além dos benefícios produtivos e de preservação do meio ambiente, a certificação também fomenta resultados positivos no âmbito social. No último ano, foram mais de 10 mil empregos diretos e mais de 25 mil indiretos oferecidos nas fazendas certificadas pela RTRS. O padrão de certificação RTRS está ativo na Amazônia e no Cerrado.
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Fonte: Canal Rural
14. Feijão transgênico chegará aos pratos brasileiros em 2020
Um feijão carioca transgênico resistente à principal doença das culturas deve começar a ser plantado no Brasil em outubro e estar na mesa do consumidor no início de 2020. Foi isso que informou o calendário da seção de arroz e legumes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa ).
O lançamento comercial da variedade desenvolvida pela agência estadual após 15 anos de pesquisa que custam cerca de US$ 3,5 milhões (incluindo pesquisa, investimento e salários) já causa discussões e divide representantes da indústria, por medo de reações negativas de consumidores preocupados com a segurança alimentar.
A semente BRS FC401 RMD é resistente ao mosaico dourado, uma doença que ataca o feijão comum e pode causar perdas de 40% a 100% da produção, dependendo do grau de infestação da mosca branca que transmite o vírus. André Coutinho, analista e vice-diretor de transferência de tecnologia da Embrapa - Arroz e Legumbres, disse que a instituição lançará um anúncio simplificado para escolher as empresas de sementes que reproduzirão as sementes no inverno e as venderão aos produtores.
Segundo Coutinho, a tecnologia consiste em adicionar uma pequena parte do vírus que atuará como vacina contra o mosaico dourado, tornando a planta imune à doença. O DNA é idêntico. É um transgene diferente do da soja, por exemplo, e gera um alimento totalmente seguro para o consumidor. “É o primeiro produto transgênico criado pela Embrapa. No mundo, segundo Coutinho, existem apenas sementes transgênicas de feijão caupi na Nigéria. A nova variedade deve semear em áreas de grande infestação de moscas-brancas para aumentar a produção de feijão carioca e reduzir as flutuações de preços durante o ano.
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Fonte: Agrolink
15. Produtores argentinos favorecem soja ao invés de milho em meio a incerteza política
Produtores argentinos, ansiosos em meio a um cenário político obscuro e uma turbulência econômica, têm se voltado para a soja, ao invés do milho, mais caro, para cortar cursos, uma mudança que pode impactar a colheita da próxima temporada em um dos principais exportadores globais de grãos.
Os fazendeiros dizem que a situação econômica volátil da Argentina e a probabilidade de uma nova administração ao final do ano, após o presidente Mauricio Macri ter sido esmagado em eleições primárias, significam que a soja parece uma aposta menos arriscada que o milho.
Os custos para produção de milho estão em cerca de 500 dólares por hectare, cerca de 70% mais que os da soja, disseram consultores locais, uma vez que o cereal exige mais investimento em fertilizantes e novas sementes a cada temporada.
A tendência pode pesar sobre a colheita de milho da Argentina em 2019/20 e elevar a produção de soja, disseram analistas.
O país, agora no começo da temporada de plantio, é o maior exportador global de soja processada e o terceiro em exportações de milho, atrás do Brasil e dos Estados Unidos.
Temores sobre a direção política do governo aumentaram desde que o pró-mercado Macri foi amplamente derrotado em uma primária em 11 de agosto pelo rival peronista Alberto Fernandez, chacoalhando os mercados. Fernandez está concorrendo em chapa com a ex-presidente Cristina Kirchner.
Cristina é altamente impopular entre os fazendeiros argentinos após ter restringido exportações e taxado vendas de produtos agrícolas para o exterior durante sua presidência, entre 2007 e 2015. A eleição é em 27 de outubro.
“O resultado (das primárias) gerou incerteza e os produtores vão mudar seus portfólios para incorporar culturas de menor custo”, disse o chefe da consultoria AgriPac, em Buenos Aires, Pablo Andreani.
O diretor da consultoria Agritrend, Gustavo López, estimou que os agricultores provavelmente reduzirão a área destinada ao milho nesta temporada em 200.000 hectares, para 6 milhões de hectares. Já a soja, que avançaria sobre essa área, atingiria 17,7 milhões de hectares.
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Fonte: Reuters/Agrolink