Conjuntura do Agronegócio

1. Ministério confirma alta no valor da produção no campo em 2019

Estimativas divulgadas ontem pelo Ministério da Agricultura voltaram a sinalizar que o valor bruto da produção (VBP) agropecuária brasileira retomará a rota ascendente em 2019, puxado pela pecuária. Segundo os novo números da Pasta, o VBP conjunto das cinco principais cadeias da pecuária somará R$ 200,3 bilhões este ano, 7,7% mais que o montante estimado para 2018 (R$ 186 bilhões), quando houve queda de 3,1% em relação ao ano anterior.

O ministério projeta aumentos para o valor da produção de bovinos (4,4%, para R$ 79,7 bilhões), de frango (18,6%, para R$ 63,1 bilhões), leite (3,6%, para R$ 33,1 bilhões) e suínos (4,5%, para R$ 14,6 bilhões). No segmento de proteínas animais, há retração prevista apenas para os ovos - de 6,8%, para R$ 9,8 bilhões.

A reação da pecuária, que enfrentou problemas nos mercados doméstico e internacional em 2018, deverá garantir o incremento do valor da produção agropecuária em geral no país em 2019 - que não será maior que o percentual de 2,1% previsto (para R$ 581,6 bilhões) em virtude da queda de 0,7% projetada para o VBP da agricultura, onde as 21 principais lavouras deverão render R$ 381,3 bilhões.

Carro-chefe do agronegócio brasileiro, a soja deverá registrar, em 2019, o primeiro ano de queda após oito seguidos de crescimento. Para a oleaginosa, cujas lavouras vêm sendo prejudicada pela falta de chuvas em polos da região Sul, o ministério agora estima R$ 139,2 bilhões neste ano, 2,2% menos que em 2018.

Para cana e milho, o cenário traçado continua a apontar direções opostas. Em parte graças à queda dos preços do açúcar, para a cana a expectativa é de redução de 5,7% em relação a 2018, para R$ 57,6 bilhões, mas para o milho é de recuperação após a quebra da safra 2017/18. O valor bruto da produção do cereal no ano que vem passou a ser estimado em R$ 53,5 bilhões, 13,5% mais que em 2019.

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Fonte: Valor Econômico

2. Brasil fomenta o maior projeto agropecuário da África

Brasil e Nigéria vão lançar oficialmente na quinta-feira, em Abuja, a capital do país africano, o maior projeto agropecuário daquele continente. A partir de um financiamento inicial de US$ 1,1 bilhão, divididos entre o BNDES e o Deutsche Bank, a estratégia permitirá, em um primeiro momento, a exportação de 10 mil tratores e cerca de 50 mil máquinas e equipamentos brasileiros para montagem em território nigeriano.

O projeto envolve todos os elos da cadeia produtiva daquele país. Além do financiamento e da exportação de maquinário, que já exigirão melhorias no acesso ao crédito e na manutenção dos equipamentos, tem por objetivo maximizar produção, distribuição, armazenagem, vendas e uso de insumos por parte de produtores e agroindústrias.

Ricardo Guerra de Araújo, embaixador brasileiro na Nigéria, lembra que, como informou o Valor em agosto do ano passado, esse pacote tecnológico 100% brasileiro inclui um plano de negócios amplo elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A ideia é impulsionar a agropecuária nigeriana em geral, de forma a reduzir a dependência do país em relação aos instáveis recursos provenientes do petróleo e aumentar sua segurança alimentar.

A estrutura financeira une forças privada e estatal. A primeira tranche de EUR 116 milhões, que será desembolsada em fevereiro, virá do Deustche Bank, com seguro de crédito do Banco Islâmico de Desenvolvimento. A segunda e a terceira tranches, de EUR 360 milhões no total, serão aportadas no próximo mês de julho pelo BNDES e por um banco multilateral.

Nesse caso, o seguro de crédito será dividido entre a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF) e o Banco Islâmico de Desenvolvimento.

A quarta e quinta tranches, que somarão EUR 462 milhões deverão ser desembolsadas em julho de 2020, por essas mesmas instituições. O projeto tem garantia soberana do governo da Nigéria e, de acordo com a estrutura acertada, o risco é compartilhado por mais de uma seguradora. Com a liberalização dos recursos já a partir do mês que vem, as compras de peças de tratores, máquinas e equipamentos do Brasil deverão começar logo. Eles serão montados em fábricas em diferentes regiões da Nigéria nos próximos anos.

O pacote abrange programas de treinamento e assistência técnica para as máquinas ao longo de dez anos. O plano prevê que mais de 700 centros de serviços sejam criados na Nigéria para ajudar pequenos agricultores a prepararem o solo, cultivarem seus produtos e realizarem a colheita.

Os centros de serviços serão especializados em cadeias de valor, a depender da aptidão de cada região. Entre essas cadeiras estão as de carnes de frango, bovina, caprina e ovina, peixes, laticínios, hortifrútis, tubérculos, óleo de palma, grãos - soja, arroz e milho - e algodão. Brasil e Nigéria têm solos parecidos (Savana e Cerrado) e clima tropical. A expectativa é que o projeto envolva 100 mil jovens nigerianos e que 5 milhões de pessoas sejam impactadas.

Mas o governo nigeriano tem ambições maiores. Seu objetivo é que o projeto se desenvolva e cresça nos próximos anos, com a aceleração do desenvolvimento agropecuário do país e a ampliação das vendas de maquinário. "O Brasil, com seu agronegócio eficiente e dinâmico, está mais do que disposto a ajudar a Nigéria a realizar esse desafio", disse o embaixador Araújo.

As negociações demoraram anos, e o projeto será o primeiro de vulto na área agrícola da gestão Bolsonaro. Sempre foi visto como um projeto-piloto para enfrentar a concorrência chinesa na Africa, ainda que os chineses sejam mais fortes em infraestrutura do que na agropecuária. O lançamento será feito pelo vice-presidente nigeriano e uma delegação brasileira estará presente.

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Fonte: Valor Esconômico

3. Lei da Integração é debatida no Sistema Farsul

A Comissão de Empreendedores Familiares Rurais da Farsul promoveu, nesta terça-feira (15/01), uma reunião entre Sindicatos Rurais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina e representantes da CNA para esclarecer dúvidas a respeito da Lei da Integração (Lei nº 13.288/16). A lei estabelece uma série de mecanismos para a regulação de contratos entre produtores e empresas que operam na modalidade de integração. O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, abriu a reunião destacando a importância de entender este sistema e as mudanças na legislação.

Segundo o presidente da Comissão dos Empreendedores Rurais da Farsul, Marco Antonio dos Santos, como a legislação é recente, ainda há dúvidas entre produtores e indústria sobre as normas que regem os acordos de integração. A lei estabelece que os produtores integrados não são funcionários das empresas, uma proteção jurídica que era solicitada pela indústria e, em contrapartida, garante ao produtor o pagamento de um preço mínimo acima dos custos de produção.

Thiago de Carvalho, consultor jurídico da CNA, explicou que a lei tem por objetivo encontrar um equilíbrio entre as necessidades das indústrias e dos produtores, evitando que se estabeleça uma relação em que o elo mais forte da cadeia imponha suas condições. Carvalho detalhou ainda o funcionamento das CADECs (Comissão para Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração), comissões formadas por produtores, unidades integradoras e entidades representativas de forma paritária com o objetivo de gerir de maneira coletiva os contratos de integração:

“A lei parte do princípio que é necessário entender a dinâmica de cada setor e os seus conflitos. Um dos principais conflitos que motivou a lei é a percepção de que o produtor tem um direito e não consegue exercê-lo porque muitas vezes as questões econômicas se sobrepõe às jurídicas”, ressalta Carvalho. Ele afirma que a partir das informações disponibilizadas por produtores e indústrias será possível ter um melhor entendimento da dinâmica econômica e estabelecer fórmulas para o cálculo dos preços pagos ao produtor.

Durante o encontro, os representantes dos sindicatos rurais buscaram esclarecimentos sobre a aplicabilidade da lei a cadeias como o tabaco e o leite, já que a legislação é mais comumente associada à criação de suínos e aves. De acordo com Marco Antônio, por já haver uma organização prévia da cadeia, o setor do tabaco conseguiu colocar em prática a CADEC, enquanto outros setores produtivos do Rio Grande do Sul estão em estágio inicial de adaptação à nova realidade.

A assessora técnica da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, Ana Lígia Lenat, afirma que a legislação busca um equilíbrio nas relações, a fim de auxiliar na busca por um modelo onde todos tenham um retorno justo da sua atividade: “Precisamos pensar na sustentabilidade da cadeia. O contrato tem que ser benéfico a todos, não adianta o produtor pedir um aumento que acaba com a margem da indústria, já que isso afasta a empresa, e sem agroindústria o produtor não tem a quem vender”.

Sobre dúvidas específicas dos produtores, Carvalho avalia que cada tipo de contrato deve ser analisado cuidadosamente, a fim de determinar quais relações seguem os requisitos para serem caracterizadas como integração e recomenda que os produtores que tenham dúvidas procurem o sindicato rural para que seja prestada a assessoria técnica adequada.

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Fonte: Farsul/Notícias Agrícolas

Insumos

4. Bayer discorda de decisão de corte francesa sobre Roundup e analisa alternativas

A Bayer anunciou que discorda da decisão tomada por um Tribunal Administrativo da França que cancelou a autorização de comercialização do herbicida Roundup 360 no país. O agroquímico, que é à base de glifosato, é produzido pela Monsanto, adquirida pela Bayer no ano passado.A companhia disse que está analisando a decisão judicial e considerando alternativas legais. A Bayer afirmou ainda que há evidências científicas de que o glifosato não é cancerígeno. Na manhã desta terça-feira, um tribunal de Lyon reverteu a autorização de venda do produto no paíspor "motivos de precaução".

Na decisão, o tribunal relatou que estudos científicos e pesquisas em animais sugerem que o glifosato pode ser cancerígeno para humanos e prejudicial para a reprodução da vida humana e aquática, apesar da aprovação do bloco europeu do ativo químico.A liberação da comercialização do herbicida na França foi inicialmente concedida pela Agência de Alimentos, Meio Ambiente e Saúde e Segurança no Trabalho do país (Anses), em 2017. A agência não comentou o caso até o momento.

Embora as vendas do Roundup 360 na França não sejam significativas, a decisão do tribunal francês pode fornecer munição para pessoas que estão processando a companhia nos EUA por causa dos herbicidas Roundup e Ranger Pro.

A Bayer enfrenta cerca de 9.300 processos que alegam que os produtos causam câncer. A empresa está recorrendo da decisão de um tribunal na Califórnia que a obrigou a indenizar em US$ 78,5 milhões o ex-jardineiro norte-americano DeWayne Johnson. Em agosto, um júri considerou que a exposição prolongada ao glifosato seria a causa do câncer de Johnson.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

5. Governo investe em agricultura familiar para combater a fome

Agricultores familiares cadastrados no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) estão recebendo sementes de milho e feijão, no Distrito Federal. A ação faz parte da estratégia do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para promover a segurança alimentar em comunidades rurais em situação de vulnerabilidade social.

“Nesta parceria, produtores têm acesso a sementes de alto valor genético, que alguns não teriam condição de adquirir normalmente”, explica o secretário de Agricultura no DF, Argileu Martins. A iniciativa distribuiu 1.455 sacas para pouco mais de 600 agricultores.

Paulo de Barros, morador de Brazlândia, cultiva hortaliças em uma área de nove hectares. Parte da produção é destinada a escolas e creches, por meio do PAA. Há quatro anos no programa, ele recebeu sementes para multiplicar pela primeira vez. “Com o governo ajudando, diminui os gastos bastante; semente de plantio é cara”, conta.

Segundo a superintendente de Suporte à Agricultura Familiar da Conab, Kelma Cruz, a modalidade incentiva esses grupos “para que tenham autonomia e se estruturem, tanto para produzir quanto para ofertar”.

Histórico e expansão

Desde 2015, o programa já chegou a 14 estados. Neste ano, contemplou produtores familiares no Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Sergipe. Além disso, pode chegar ao Amazonas e Mato Grosso do Sul.

O MDS prevê investimentos de R$ 7 milhões até abril de 2019 para compra de sementes. Os recursos do PAA sementes são administrados pela Conab.

Podem participar entidades de assistência técnica e ligadas à agricultura familiar, comunidades quilombolas e indígenas, e secretarias estaduais de agricultura.

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Fonte: Canal Rural

6. Indenizações a produtores de leite crescem em 2018

O Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal (Fundesa) anunciou nesta terça-feira (15/1) durante Assembleia Geral Extraordinária o aumento de recursos destinados a indenização de produtores de leite em 2018 com relação a 2017. O ano fechou com R$ 4,2 milhões designados a erradicação de animais positivos para tuberculose ou brucelose - 9,64% a mais do que no ano anterior. Esses números, de acordo com o secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios (Sindilat), Darlan Palharini, sinalizam que os criadores estão cada vez mais conscientes sobre a importância da eliminação dessas zoonoses no Estado.

O valor que coube ás indenizações no setor leiteiro correspondem a mais de 60% do valor utilizado nas quatro cadeias que compõem o Fundo (aves, suínos, pecuária de corte e pecuária de leite) - R$ 6,5 milhões. Para o presidente do Fundo, Rogério Kerber, os números demonstram que o Rio Grande do Sul está trabalhando com muita competência para redução na incidência da tuberculose e da brucelose nos rebanhos. Além disso, para Kerber os dados também enfatizam que os criadores vêm trabalhando o saneamento em suas propriedades.

Na ocasião, o Fundesa divulgou o saldo do fundo que fechou o ano em R$ 84,84 milhões, com o ingresso de R$ 10,5 milhões em contribuições de produtores e indústrias.

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Fonte: Sindilat RS/Notícias Agrícolas

Proteína Animal

7. Brasileiro bate recorde no consumo de ovos

Recorde de curtidas no Instagram esta semana, o ovo também alcançou outra marca histórica: de consumo no Brasil. Em 2018, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteínas Animais (ABPA), cada brasileiro comeu em média 212 ovos durante o ano, 20 a mais do que em 2017. Os motivos foram as pesquisas que derrubaram a imagem do ovo como alimento prejudicial à saúde.

Recorde de curtidas no Instagram esta semana, o ovo também alcançou outra marca histórica: de consumo no Brasil. Em 2018, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Proteínas Animais (ABPA), cada brasileiro comeu em média 212 ovos durante o ano, 20 a mais do que em 2017. Os motivos foram as pesquisas que derrubaram a imagem do ovo como alimento prejudicial à saúde.

Além disso, em 2018, o ovo também fez bem ao bolso do brasileiro. O aumento de 11% na produção, em relação ao ano anterior, derrubou os preços do alimento. De janeiro de 2018 a janeiro último, os preços médios da caixa de ovos registraram queda de 17,8%.

Para este ano, espera-se novos aumentos de consumo e produção, estimulados pela boa safra de milho, alimento básico das galinhas poedeiras. No ano passado, o Brasil produziu 44 bilhões de unidades, outro recorde. Em 2017, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), foram produzidos 39,6 bilhões.

Notícia na ítnegra

Fonte: Revista Globo Rural

8. Estagnada em 2018, pecuária de leite deve crescer este ano

Melhora no cenário econômico e safra recorde de grãos devem fazer este ano ser de retomada de crescimento para a pecuária leiteira brasileira. A análise é de pesquisadores da equipe de socioeconomia da Embrapa Gado de Leite (MG) que fizeram um balanço do setor leiteiro no ano que se passou.

Segundo Glauco Carvalho, um dos integrantes da equipe, quando forem publicados os índices do período, a atividade deve fechar o ano estagnada ou crescer muito pouco em relação a 2017. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), naquele ano, a produção de leite inspecionado cresceu 5%, após um biênio complicado: 2015 (queda de 2,8%) e 2016 (queda de 3,7%). Isso significa que o setor deve fechar 2018 com um volume anual menor que o ano de 2014, antes da intensificação da crise econômica, quando a produção inspecionada foi de 24,7 bilhões de litros de leite e o volume total chegou a 35,1 bilhões de litros.

“Embora o produtor de leite esteja acostumado com desafios e sobressaltos, 2018 foi atípico, desafiando o produtor em diversos aspectos”, observa Carvalho. O primeiro desafio, de acordo com o especialista, foi o preço do litro de leite pago ao produtor, que começou o ano em cerca de R$1,20 (pouco acima do que era pago em 2016, no auge da crise).

Além dos preços baixos no início do ano, o custo de produção ficou elevado, fechando o primeiro semestre com alta de quase 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os itens que mais tiveram impacto na rentabilidade do pecuarista foram os ligados à alimentação do rebanho (concentrado, produção de volumosos e sal mineral). Os preços do milho e da soja subiram em plena safra devido à quebra da produção de grãos na Argentina e à redução da safra brasileira de milho, entre outros fatores.

Alta de 18,5% dos custos em 12 meses

Os preços internacionais dos grãos também foram influenciados pela forte valorização do dólar frente ao real e pelos reflexos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Somados ao aumento dos preços da energia e do combustível no Brasil, isso levou a uma alta de 18,5% nos custos de produção no período de outubro de 2017 a outubro de 2018. Dessa forma, o preço real ao produtor em 2018, deflacionado pelo custo de produção, registrou queda de 1,5% em relação a 2017.

Outro desafio foi a greve dos caminhoneiros, que além de afetar a produção primária, comprometendo a alimentação dos animais, paralisou as atividades da indústria e consumiu os estoques dos laticínios e dos varejistas. Em maio, quando ocorreu a greve, registrou-se o pior índice que se tem notícia para um único mês, com a produção ficando 9,3% mais baixa em relação a maio do ano anterior. Esse número revela que deixaram de ser captados 176,7 milhões de litros de leite. Sem poder escoar a produção durante os dez dias de paralisação, a conta da greve foi paga pelos pecuaristas e laticínios.

O mundo precisará de mais leite

Com relação ao mercado global, durante a conferência anual da International Farm Comparison Network (IFCN), em 2018, realizada em Parma, na Itália, os especialistas estimaram um crescimento um pouco mais robusto na demanda de lácteos para 2019. Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Lorildo Stock, que representou o Brasil na conferência, as estimativas do IFCN são que, para atender à demanda por produtos lácteos em 2030, o setor deverá aumentar a produção em 304 milhões de toneladas por ano. Isso equivale a três vezes a produção leiteira dos Estados Unidos, atualmente. Para ativar essa produção, o IFCN acredita que o preço do leite mundial atinja US$0,40, valor superior à média histórica.

Internamente, a expectativa de mudanças na economia com o novo governo tem animado o mercado. A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê um crescimento da economia brasileira de 2,1%. Já o mercado espera por um índice um pouco maior: 2,5%. De qualquer forma, segundo Carvalho, será o ritmo de andamento das reformas que irá ditar o compasso do mercado para este ano.

Para o pesquisador, há uma demanda reprimida por produtos lácteos que se arrasta por anos e algum crescimento econômico irá impulsionar a venda desses produtos. Carvalho acredita ainda em melhoria nas margens de lucro dos laticínios, que se encontram baixas desde meados de 2016.

Mais grãos, menos custos com alimentação

No que diz respeito aos lucros do produtor, 2019 começou com os preços em patamares um pouco mais elevados que os do início do ano anterior. A boa produção de grãos da safra 2018/2019, que pela expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve superar 230 milhões de toneladas, é um ponto positivo para a pecuária de leite. O recorde nas safras de soja e milho contribui para o recuo nos custos com a alimentação das vacas, sobretudo a produção de concentrados. “A redução do preço de importantes insumos deve melhorar a rentabilidade das fazendas, culminando na expansão da produção leiteira em 2019”, conclui Carvalho.

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Fonte: FAEG/Revista Globo Rural

9. Presença diária de fiscais em frigoríficos deverá ser mantida

Ciente do risco de perda de importantes mercados para as exportações de carne do Brasil, o Ministério da Agricultura, agora sob o comando de Tereza Cristina, prepara um projeto de lei para ampliar o alcance do "autocontrole" na inspeção de frigoríficos, uma antiga demanda das indústrias. No entanto, a presença diária dos auditores fiscais federais agropecuários nas linhas de abate não será dispensada.

Tratado como prioridade "zero" pela nova gestão do ministério, a ideia é estender o autocontrole não só para a inspeção de carnes e de produtos como lácteos, mel, ovos e pescado, mas principalmente para bebidas e insumos agropecuários como fertilizantes, rações e sementes.

Caso implantado o novo modelo, os fiscais poderão reduzir as auditorias anuais -- uma ao invés de duas, por exemplo -- em agroindústrias que cumprem à risca os padrões de qualidade exigidos e tirar o peso do sistema de fiscalização, que sofre com a crônica falta de pessoal, sobretudo em abatedouros. Na visão do Ministério da Agricultura, a medida também permitiria aumentar a frequência de inspeção sobre os estabelecimentos com problemas sanitários.

A carência de fiscais alimenta críticas frequentes de importadores como os europeus, cujas exigências aumentaram após a Carne Fraca, operação policial que revelou em 2017 um esquema de corrupção entre os fiscais do ministério e funcionários de frigoríficos.

Incumbido da difícil tarefa de ampliar o autocontrole, missão tentada - e não cumprida - pelos ex-ministros Kátia Abreu e Blairo Maggi, o novo secretário de Defesa Agropecuária (SDA) do Ministério da Agricultura, o fiscal de carreira e engenheiro agrônomo José Guilherme Tollstadius Leal, diz que a ideia é encaminhar a proposta ao Legislativo ainda no primeiro semestre. Pela frente, contudo, o secretário terá pela frente um Congresso em grande parte renovado e uma bancada ruralista que encolheu à metade nas últimas eleições. "Autocontrole não é substituir o trabalho do fiscal e nem é só para inspeção animal. O papel do Estado vai continuar, mas as empresas terão mais responsabilidades", afirma Leal em entrevista ao Valor. O secretário sustenta que, no caso dos frigoríficos, o auditor hoje perde tempo verificando obrigações como a temperatura da carne.

O secretário evita falar em "terceirização", tema caro ao sindicato dos fiscais, mas ressalta que o Tribunal de Contas da União (TCU) já vem alertando que o ministério precisa dar soluções ao problema crônico da falta de fiscais em 2019, ano em que vão expirar os 300 contratos de fiscais temporários chamados no ano passado. Além disso, mais fiscais devem se aposentar.

Diante desse cenário, o Ministério da Agricultura pretende exigir das empresas informações prévias que dispensam fiscalização frequente, seja diária ou semestral, por exemplo. E otimizar a força do trabalho de auditoria.

Bandeira antiga principalmente dos frigoríficos, o autocontrole, porém, não evita por completo casos de fraude nos controles de produção. O caso da BRF, maior exportadora de carne de frango do mundo, comprova a dificuldade. No âmbito da Operação Trapaça, a dona das marcas Sadia e Perdigão é investigada por fraudar testes de laboratórios para a bactéria salmonela em lotes de carne de frango destinados, principalmente, à União Europeia. Em reação, o bloco proibiu a companhia de exportar.

Ao Valor, o novo secretário, que antes de assumir a função foi chefe de gabinete da SDA e secretário de Agricultura do Distrito Federal, admite que sistema nenhum está isento de "problemas de conduta". No entanto, ele avalia que o caso da BRF não pode ser impeditivo para avanços no aprimoramento do sistema de inspeção nacional.

Na indústria, o autocontrole também é defendido, inclusive para o abate. "O autocontrole, em tese, é uma coisa muio boa, até para o abate. O ministério não tem gente para fiscalizar tudo. Mas caso alguém [empresas] faça algo errado, tem que ter um mecanismo para evitar problemas", afirmou Péricles Salazar, presidente da Abrafrigo, entidade que representa frigoríficos de pequeno e médio porte.

Ex-ministra da Agricultura, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) lembra que em sua gestão implantou a inspeção periódica em todas as indústrias de produtos de origem animal, com exceção dos frigoríficos, que exigem inspeção permanente. "No caso das carnes, é preciso revisar todos acordos internacionais ou poderão suspender exportações. Para mudar leva tempo e negociações infindáveis", disse.

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Fonte: Valor Econômico

Agroenergia

10. Para pagar dívida, Odebrecht coloca a Atvos na vitrine

A Odebrecht está oferecendo a credores o controle de sua unidade de açúcar e etanol, a Atvos Agroindustrial, como principal alternativa para reestruturar seu endividamento, afirmaram duas fontes a par do assunto. O movimento é o mais recente sinal da estratégia radical adotada pela Odebrecht, mais conhecida por suas operações de engenharia e construção, para renegociar R$ 70 bilhões em dívidas consolidadas.

Acusada de subornar políticos e executivos para obter contratos em toda a América Latina, a Odebrecht fez um acordo há dois anos com autoridades americanas, brasileiras e suíças e pagou um valor recorde de US$ 3,5 bilhões em multas para acertar as contas.

A Atvos tem cerca de R$ 12 bilhões em dívidas junto a Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Bradesco, Itaú e Santander Brasil. A troca de dívida pelo controle daria à Atvos mais tempo para se recuperar sem ter que vender usinas, a outra alternativa na mesa para o pagamento das dívidas. As fontes afirmaram que a venda dos ativos da Atvos pode não ser suficiente para o pagamento de toda a sua dívida.

As fontes acrescentaram que uma decisão final ainda não foi tomada em relação a um "swap" e que um acordo para transferir a propriedade de Atvos pode não ser alcançado. A Atvos é a segunda maior empresa sucroalcooleira do Brasil em capacidade de moagem depois da Raízen, joint venture entre Shell e Cosan.

A dívida líquida da Atvos é equivalente a cerca de 10 vezes seu lucro anual antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Em comparação, a dívida das empresas mais bem administradas do segmento equivale ao dobro do Ebitda.

Em discussões preliminares com credores, a Odebrecht disse que queria que os credores trocassem a maior parte de suas dívidas na Atvos pelo controle da empresa, mas a Odebrecht quer manter uma participação minoritária. Os tamanhos das apostas ainda precisam ser determinados, acrescentaram as fontes.

A maior parte da dívida da Atvos é detida pelos bancos controlados pelo Estado, principalmente o Banco do Brasil e o BNDES, afirmou uma fonte. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal se recusaram a comentar o assunto. Odebrecht, Itaú e BNDES não responderam imediatamente às solicitações de entrevista.

A Atvos, cujo foco é o etanol, tem capacidade de moagem de 37 milhões de toneladas de cana por ano, mas vem operando em patamares inferiores devido a problemas financeiros. Na safra 2017/18, processou 25,8 milhões de toneladas, segundo seu relatório anual.

A Odebrecht contratou a consultoria Canaplan para avaliar a quantidade de dívida que o fluxo de caixa da Atvos poderia suportar, e a empresa apresentará um relatório aos credores sobre um novo plano de negócios. Em novembro, o conglomerado contratou consultores para reestruturar parte de sua dívida bancária e de títulos.

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Fonte: Valor Econômico

11. América Latina e África podem se beneficiar da produção de bioenergia da cana

Apesar de ser a energia renovável mais consumida no mundo – com participação equivalente à da energia hídrica, eólica, solar e de outras fontes renováveis somadas –, a bioenergia ainda é produzida de forma limitada frente ao potencial existente. O Brasil e os Estados Unidos, por exemplo, respondem juntos por mais de 80% da produção atual de biocombustíveis líquidos.

“Diversos países também estão usando a bioenergia, mas poderia ser muito mais. Isso dá a impressão de que a bioenergia seria uma ‘jabuticaba’, que só funciona em alguns países”, disse Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador associado do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade Estadual de Campinas (Nipe-Unicamp) e membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em Bioenergia (BIOEN).

A fim de superar essa visão, mostrando que a bioenergia pode ser produzida de forma eficiente e proporcionar benefícios econômicos e sociais para vários outros países, Nogueira e colegas do Nipe- Unicamp e de diversas instituições do Brasil e do exterior realizaram um estudo, nos últimos cinco anos, apoiado pela FAPESP, em que avaliaram o potencial de expansão da produção de bioenergia da cana na América Latina e na África.

Os resultados do trabalho denominado Projeto LACAF, realizado no âmbito do BIOEN, foram reunidos no livro Sugarcane bioenergy for sustainable development, lançado em 14 de dezembro na sede da FAPESP.

O livro reúne 33 artigos, de autoria de 60 pesquisadores do Brasil e do exterior, em que avaliam o potencial da bioenergia da cana como uma estratégia para o desenvolvimento sustentável de países da América Latina e da África.

As duas regiões foram escolhidas porque apresentam condições muito favoráveis para produção e são estratégicas para a expansão da bioenergia no mundo. Um estudo feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apontou que cerca de 440 milhões de hectares de terra estariam disponíveis globalmente para serem usados para produção de bioenergia até 2050.

Mais de 80% dessas terras estariam localizadas justamente na África e na América do Sul e Central, sendo que cerca de 50% delas em apenas sete países: Angola, República Democrática do Congo e Sudão, na África, e Argentina, Bolívia, Colômbia e, em maior parte, no Brasil, na América Latina.

“O Brasil é, de longe, o país com maior disponibilidade de terra para plantio de cana para produção de bioenergia. O país é um exemplo raro, caso atípico, de produção de bioenergia a partir da cana com alta produtividade”, disse Luis Augusto Barbosa Cortez, professor da Unicamp e coordenador do projeto, durante o lançamento do livro.

De acordo com os estudos, além do Brasil, outros países da América Latina que tiveram sucesso no cultivo da cana foram a Colômbia, a Argentina e a Guatemala.

A exemplo do Brasil, a Colômbia produz cana e etanol com alta produtividade. Por sua vez, a Argentina iniciou recentemente um programa de geração de bioenergia a partir da cana e do milho e tem atingido níveis de mistura de etanol na gasolina próximos aos do Brasil. E, paradoxalmente, a Guatemala é um grande produtor de açúcar da cana, produz e exporta etanol para os Estados Unidos e importa toda a gasolina de que necessita.

Já na África, as experiências mais bem-sucedidas ocorreram na África do Sul – que hoje é o maior produtor de açúcar da cana do continente africano –, além das Ilhas Maurício, Malawi e, mais recentemente, Moçambique.

Em comum nas duas regiões uma parcela expressiva de suas populações ainda não tem acesso à eletricidade e energia limpa para cocção de alimentos. Na África Austral, por exemplo, estima-se que 59 milhões de pessoas utilizem carvão para cozinhar – o que gera sérios problemas de saúde e ambientais, como o desmatamento. “A energia limpa para cocção na África pode ser a bioenergia”, disse Nogueira.

A demanda por etanol para cocção de alimentos na África Austral seria muito superior à voltada para o abastecimento da frota veicular da população das cidades, onde até 90% da população usa energia de baixa qualidade e em condições insalubres para cozinhar, estimam os pesquisadores. Uma família típica da região precisaria de 360 litros de etanol por ano para abastecer um fogão a etanol, calcularam.

“A produção de etanol para cocção já foi tentada em alguns países da África, como em Moçambique, mas não foi adiante porque faltou combustível. Mas se tiver disponibilidade de etanol para essa finalidade com certeza o mercado vai absorver a produção”, disse Nogueira.

Os pesquisadores estimaram que a produção de 4,1 bilhões de litros de etanol de cana e de 2,7 terawatt-hora (TWh) de eletricidade por ano em Moçambique geraria 3,3 milhões de empregos e aumentaria em 28% o Produto Interno Bruto (PIB) do país africano.

Para produzir essa quantidade de combustível e de eletricidade seria necessário cultivar cana em 600 mil hectares, o que corresponde a menos de 3% da terra disponível para plantação de cana no país africano, afirmaram.

“Há terra adequada e disponível suficiente no país para expandir a produção de cana-de-açúcar, sem prejudicar outros usos, como a produção de alimentos e de ração animal. A visão de que a produção de bioenergia competiria com os alimentos é equivocada”, disse Nogueira. A inclusão de pequenos produtores deve fazer parte do modelo de produção dos países que adotarem a bioenergia da cana, segundo Manoel Regis Lima Verde Leal, professor da Unicamp e um dos editores do livro, juntamente com Cortez e Nogueira.

À exceção do Brasil, da Austrália e dos Estados Unidos, no resto do mundo a cana é cultivada por pequenos produtores, em propriedades agrícolas menores do que 10 hectares. “A Índia, que é o segundo maior produtor de cana no mundo hoje, tem 5 milhões de hectares de cana plantada e 50 milhões de produtores”, disse Leal.

Participação no debate mundial

Na avaliação de Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, estudos como o realizado pelos pesquisadores do projeto LACAF têm contribuído para inserir a pesquisa em bioenergia feita no Estado de São Paulo na discussão mundial sobre a sustentabilidade da bioenergia da cana.

Há menos de uma década o espaço dos pesquisadores brasileiros no debate mundial sobre esse tema era muito menor do que é hoje. “Estudos como esse contribuem para que os pesquisadores da área em São Paulo participem e até mesmo liderem a discussão mundial sobre quais são as condições necessárias para se produzir bioenergia a partir da cana em grande escala em outras regiões do mundo”, disse Brito Cruz.

Prestes a completar 10 anos – em 2019 –, o BIOEN já resultou em mais de mil publicações. O impacto dos trabalhos publicados fez com que, em 2013, pesquisadores ligados ao programa fossem convidados a coordenar um estudo da sustentabilidade da bioenergia global para o Comitê Científico para Problemas do Ambiente (Scope, na sigla em inglês) – agência intergovernamental associada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

“A realização desses estudos têm realmente ajudado a projetar os resultados da pesquisa sobre bioenergia em São Paulo nos fóruns mundiais sobre o tema”, disse Gláucia Mendes Souza, professora do IB-USP emembro da coordenação do BIOEN.

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Fonte: Agência Fapesp/NovaCana

12. [Etanol] Perspectivas do Cepea para 2019: Retomada do crescimento pode elevar demanda

A esperada retomada do crescimento da economia nacional para 2019 (projeções do Banco Central indicam alta de 2,55% do PIB) pode resultar em aumento de renda das famílias, cenário que tende a aquecer as vendas de carros e, consequentemente, a elevar a demanda por combustíveis, de acordo com informações do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Com isso, o etanol deve continuar a ter uma participação expressiva nas vendas de combustíveis no País, tanto na forma de hidratado quanto no anidro (vale lembrar que, atualmente, o anidro corresponde a 27,5% da composição da gasolina C).

Do lado da oferta, para a safra 2019/20 do Centro-Sul, analistas projetam moagem e volume de Açúcar Total Recuperável (ATR) próximos dos verificados em 2018/19, em andamento. Por outro lado, a alocação da cana para açúcar e etanol deve ser reajustada na safra 2019/20 frente à verificada em 2018/19.

Usinas, incentivadas pelas sinalizações de aumento nos preços do açúcar – projeções indicam redução dos estoques e, até mesmo, déficit global da commodity –, devem aumentar o percentual de cana destinado à produção do adoçante e reduzir o de etanol. Mesmo com esse ajuste do mix, a safra ainda deve ser bastante alcooleira, com estimativas mostrando que aproximadamente 60% da cana será direcionada à produção do biocombustível.

A redução da oferta de etanol de cana, por sua vez, deverá ser compensada somente em parte pela maior disponibilidade do etanol de milho. Os desdobramentos decorrentes da conjuntura esperada podem alterar também a proporção de cana destinada à produção de etanol hidratado e anidro, aumentando a proporção desse último.

PREÇOS DE ETANOL

Os preços de etanol hidratado têm, ao longo do tempo, uma “linha de resistência” dada pelos valores do petróleo e derivados no mercado internacional. Assim, a média de preço do hidratado em um ano-safra está fortemente atrelada ao valor do combustível fóssil no período. Essa relação se estende ao preço do anidro, que, por força dos contratos exigidos pela legislação atual, é precificado com base no hidratado.

Em termos de combustíveis fósseis, o prognóstico é de elevação de preços, que caíram de forma expressiva nos últimos meses de 2018, devido ao aumento da oferta, ficando só maiores que os observados em 2014. Isso motivou a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os países aliados, liderados pela Rússia, chamados de "Opep+", em reunião realizada no início de dezembro, a decidirem reduzir a produção de petróleo em 1,2 milhão de barris diários por um período de seis meses a partir de 1º de janeiro, sendo prevista uma revisão dessa decisão em abril de 2019.

Caso se sustente o prognóstico de aumento de demanda de combustíveis, de que não haverá grandes alterações na moagem e na quantidade total de ATR no ano safra 2019/20 frente ao anterior e de que haja elevação da proporção de cana destinada à produção de açúcar, pode ocorrer aumento do preço de etanol hidratado. Assim, consequentemente, a margem de competitividade desse biocombustível frente à gasolina pode cair relativamente a 2018/19, dependendo dos patamares de preços externos dos combustíveis fósseis (e das políticas de repasses). Como as decisões da “OPEP+” de corte de produção serão reavaliadas em abril de 2019, podendo também outros fatores interferirem na definição da oferta mundial de fósseis, o ambiente em relação ao patamar de preços de etanol no mercado brasileiro e da margem de competitividade do etanol hidratado permanece incerto.

INVESTIMENTOS

Quando se trata da retomada dos investimentos no setor sucroenergético, as atenções devem se voltar à evolução da implementação do RenovaBio. Nesse sentido, o setor espera avanços na implementação do programa em 2019.

Ressalta-se que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aprovou, em novembro de 2018, a resolução que regulamenta o Programa (a Lei nº 13.576/2017) quanto aos critérios para Certificação da Produção Eficiente de Biocombustíveis, à definição de requisitos para o credenciamento de firmas inspetoras responsáveis por tal certificação e aos cálculos da Nota de Eficiência Energético- Ambiental de produtor e importador de biocombustível certificado que aderiram ao RenovaBio.

Mesmo nesse ambiente de incertezas devido à mudança de governo, espera-se que prevaleçam políticas que possam dar suporte ao aumento da produção de etanol no médio prazo. Como o RenovaBio não requer subsídio e renúncia fiscal, supõe-se que o programa seja aderente às propostas do novo governo.

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Fonte: Cepea/Esalq/NovaCana

Grãos e Grandes Culturas

13. Grão-de-bico confirma a tese de que nessa terra, (quase) tudo dá

Nos 9 milhões de quilômetros quadrados do deserto do Saara, onde algumas regiões passam quase dez anos sem uma única gota de chuva, os oásis são uma dádiva. Neles, há cerca de 7 mil anos, o homem descobriu que mesmo em solo calcário é possível produzir algo, e desenvolveu o grão-de-bico. Essa leguminosa de elevado teor proteico com o tempo passou a ser conhecida no Oriente Médio e nos países mediterrâneos e, junto com os imigrantes e a influência árabes, alguns séculos mais tarde chegou ao Brasil.

Chegou aos pratos, mas não aos campos. Até dois anos atrás, o grão-de-bico usado nos húmus, saladas e em outros pratos sempre foi importado. Mas a situação mudou. Tendo em vista a ainda pequena demanda doméstica, nesse curto espaço de tempo o país começou a produzir e se tornou exportador. E o potencial é grande, já que não se trata de um mercado pequeno no mundo. O consumo global, puxado por Índia e Oriente Médio, chega a 16 milhões de toneladas ao ano, que giram mais de US$ 5 bilhões. Segundo a empresa de pesquisa de mercado Fact.MR, o valor poderá chegar a US$ 10,7 bilhões em 2022, embalado também pelo crescimento do número de vegetarianos em países desenvolvidos.

Com o clima favorável, pontuado por períodos secos, e médias altitudes, várias regiões brasileiras são aptas a produzir a leguminosa, sobretudo no Cerrado. E foi com essa percepção que o pesquisador Warley Marcos Nascimento, da Embrapa Hortaliças, começou em 2010 a desenvolver cultivares para permitir o avanço da cultura no Brasil. Na empreitada, teve o apoio de Osmar Artiagado, engenheiro agrônomo e produtor em Cristalina, Goiás, que testou algumas dessas cultivares em sistema de pivô central.

O projeto, que era incipiente, recebeu uma injeção de ânimo e de recursos em 2016, quando a empresa indiana United Phosphorus Limited (UPL) fechou uma parceria com a Embrapa para a implantação de experimentos em seis Estados: Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O objetivo era avaliar o potencial produtivo de quatro cultivares (duas indianas e duas nacionais, desenvolvidas pela Embrapa) em três diferentes épocas de plantio -- abril, maio e junho. E deu certo.

A animação foi tamanha que o então ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitou a Índia no fim de 2016 e levou na bagagem a promessa de que o país passaria a exportar grão-de-bico nacional e outros pulses (ervilhas, lentilhas e feijões) para aquele mercado. Naquele ano, a produção mundial estava em baixa e a Índia tinha amargado quebra de safra, o que obrigou o país a importar 873 mil toneladas do grão para atender o mercado interno, com gasto estimado de US$ 688 milhões.

Dois anos depois, o cenário global é outro, já que há excesso de oferta e uma super safra indiana. Mas isso mudou os planos brasileiros? De jeito nenhum. "O mercado consumidor não se resume à Índia. Temos grande potencial de vendas ao Oriente Médio, onde já somos parceiros em outras áreas. Além disso, períodos de alta e baixa de oferta são comuns em qualquer mercado agrícola", afirma Nascimento.

Outra que embarcou no projeto junto com o pesquisador foi a gaúcha Agrícola Ferrari, grande fomentadora de cultivos de nicho. Foi a empresa que, há 15 anos, iniciou a produção de milho pipoca no Brasil, que, com o empurrão, passou de importador a responsável por cerca de 10% do comércio mundial. "Nosso cerne é pesquisar culturas e transformar mercados, e estamos fazendo isso com o grão-de-bico", afirma Vinícius Ferrari, presidente da empresa -- que também produz milho branco, lentilha, linhaça e girassol.

Em 2017, a Ferrari semeou 60 hectares em Campo Novo do Parecis (MT). Outros 740 hectares foram distribuídas pela Embrapa por terras de empresas parceiras de Goiás, Minas Gerais e Bahia. No ano passado, a área da empresa gaúcha aumentou para 6 mil hectares. Em todo o país são 12 mil hectares. Na área da Agrícola Ferrari, a produtividade média alcançou 2 mil quilos por hectare em 2018, o que foi considerado um bom resultado. Mas em terras irrigadas de Osmar Artiaga, em Goiás, a média foi ainda melhor: 3 mil quilos por hectare.

"É uma boa alternativa ao cultivo de milho e de feijão e exige entre 20% e 30% menos água, o que reduz os custos de produção", diz Alex Luviseto, gerente técnico e comercial da Ferrari. Em Mato Grosso, o período ideal de cultivo, segundo as pesquisas, é entre o fim de março ou o início de abril; em Goiás e na Bahia, é em maio. De acordo com Luviseto, a rentabilidade para o produtor no sequeiro é 10% maior que o grão-de-bico que com o milho; no sistema irrigado, a diferença chega a 40%. Mas é um mercado menor, o que deve ser levado em consideração na hora do plantio.

No total, a produção brasileira somou 24 mil toneladas em 2018, para um consumo que não passa de 8 mil toneladas. Assim, dois contêineres com 300 toneladas foram exportadas pela Agrícola Ferrari no ano passado. O restante virou semente. "Mas isso é esperado quando se desenvolve uma nova cultura", afirma Nascimento. Segundo Embrapa e UPL anunciaram em 2016, se houver mercado a colheita poderá chegar a 30 milhões de toneladas em 2030. Mas, exageros à parte, o fato é que os brasileiros ainda não descobriram, por exemplo, que o grão-de-bico pode ser servido quente, como o feijão.

"É um trabalho de formiguinha aqui e no exterior, mas já estamos acostumados a fazer isso", afirma Vinícius Ferrari. Outra questão é que o grão produzido no Brasil ainda é pequeno, tem cerca de 8 milímetros, enquanto algumas indústrias globais que compram o produto exigem variedades de 12 milímetros. Nesses esforços, destaca o executivo, parceiros como a Kodilar, rede atacadista do interior paulista que comprou os primeiros carregamentos da Agrícola Ferrari para completar caminhões de milho branco e pipoca no país, são muito bem vindos.

E há mais um entrave. Os preços de venda muitas vezes não são atraentes. Enquanto em 2016 chegavam a US$ 1,3 mil a tonelada, estão hoje entre US$ 570 a US$ 650, entregue no destino. Mesmo assim Nascimento, da Embrapa, é otimista. Ele projeta que a área de plantio dobrará no próximo inverno, principalmente entre os produtores de feijão, que no momento estão vendo o preço de seu produto cair no país. Hoje, a saca do feijão sai, em média, por R$ 80 para o produtor, enquanto o grão-de-bico chega a R$ 160.

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Fonte: Valor Econômico

14. Aliança Internacional do Milho reclama de barreiras às exportações

A Aliança Internacional do Milho, formada por entidades de produtores de Brasil, Argentina e Estados Unidos, manifestou hoje, durante encontro com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, preocupação com as crescentes barreiras técnicas no comércio agrícola internacional.

Os países que compõem a aliança representam 50% da produção mundial de milho e mais de 70% das exportações. É presidida pelo brasileiro Cesário Ramalho da Silva, que já comandou a Sociedade Rural Brasileira (SRB).

De um lado, os representantes dos três grandes países produtores reclamam de demora e de problemas de regulamentação que afetam novas variedades de produtos geneticamente modificados, sobretudo na Europa e também na China.

Além disso, a persistente guerra comercial entre os EUA e a China continua a inquietar os exportadores. O milho tem sido poupado, até porque as importações da China ainda são pouco significativas. Já as exportações americanas de soja ao mercado chinês caíram fortemente, enquanto as vendas brasileiras aumentaram. "Mas, no fim das contas, esse ambiente [de guerra comercial] não é bom para ninguém", afirmou Cesário.

A delegação da Aliança que está em Genebra também procura atrair novos membros, como a Ucrânia, outro grande produtor de milho. O Canadá também poderá reforçar a entidade na luta pela liberalização comercial.

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Fonte: Valor Econômico

15. Processamento de cacau teve leve alta no país no 4º trimestre de 2018

As indústrias processadoras de cacau instaladas no Brasil aumentaram ligeiramente a moagem da amêndoa no último trimestre de 2018 na comparação com o mesmo período do ano anterior.

De acordo com levantamento da TH Consultoria, sediada em Salvador, foram processadas 60.588 toneladas de cacau de outubro a dezembro, alta de 0,5%. Em relação ao terceiro trimestre de 2018, houve crescimento de 0,7%. Em geral, a moagem do último trimestre costuma ser maior por causa da demanda das festas de fim de ano.

Apenas em dezembro, a moagem caiu 4,4% na comparação com o mesmo mês de 2017, para 19.370 toneladas. Ante novembro, o volume foi 4,1% menor.

Ainda segundo a TH Consultoria, o volume de cacau recebido pelas indústrias em todos os Estados na semana móvel encerrada dia 6 de janeiro ficou em 1.404 toneladas, queda de 119% na comparação com o mesmo período da safra passada (2017/18).

Desde o início da safra atual (2018/19) até 6 de janeiro, as indústrias receberam 169.335 toneladas de cacau produzidas no país e 24.834 toneladas de cacau do exterior. No acumulado do mesmo período safra passada, as indústrias haviam recebido 124.459 toneladas de cacau nacional e 657.728 toneladas de cacau estrangeiro.

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Fonte: Valor Econômico

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