Conjuntura do Agronegócio

1. Exportações de grãos em baixo patamar

Apesar da queda das exportações brasileiras de soja observada em janeiro, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) estimou que os embarques do grão neste ano vão se manter nos mesmos patamares de 2019 e alcançarão 72,2 milhões de toneladas. O volume projetado continua longe do recorde de 2018, de mais de 80 milhões de toneladas.

Para o milho, a projeção para o volume a ser embarcado em 2020 é de “no máximo” 40 milhões de toneladas, abaixo do recorde de 40,8 milhões de toneladas de 2019. Sérgio Mendes, diretor-geral da entidade, reconheceu, em evento ontem em Brasília, que o número é “ousado” diante da demanda interna aquecida para a cadeia de aves e suínos.

Os possíveis efeitos da epidemia de coronavírus nos embarques são vistos com preocupação pelo setor exportador de grãos, disse Mendes, dadas as incertezas em relação ao impacto na demanda chinesa. Além disso, o país asiático enfrenta a epidemia de peste suína africana, que reduziu o plantel de suínos e deve continuar diminuir a necessidade de grãos para ração animal.

Além disso, o acordo comercial entre China e Estados Unidos, a flutuação cambial e o aumento nos pedidos de recuperação judicial de produtores rurais no Brasil também deixam os exportadores em alerta, afirmou o diretor.

Até o momento, no entanto, os embarques não foram afetados, garantiu Mendes. Segundo ele, o fluxo menor neste início de ano foi resultado do atraso na colheita da soja. Os problemas logísticos nos portos chineses e o coronavírus não atrapalharam as exportações, já que a operação é automatizada. “Por enquanto não tem reflexo, mas pode acontecer”, atestou.

No mesmo evento, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pregou cautela na avaliação de possíveis impactos do coronavírus. Segundo ela, os portos chineses reabriram e o fluxo será normalizado. Ela admitiu, porém, que a trégua na guerra comercial com os Estados Unidos pode ter reflexos no Brasil, mas que não será “tão catastrófico”.

A Agroconsult é mais otimista para o cenário da soja. A consultoria previu embarques de 73 milhões de toneladas, 1 milhão a mais do que no ano passado, ou alta de 1%. Para a China, o volume embarcado deve cair para 54 milhões de toneladas, ante 58 milhões de toneladas em 2019. No caso do milho, a estimativa para as exportações é de queda para 35 milhões de toneladas, recuo de 10,2% em relação ao ano passado.

Sócio-diretor da Agroconsult, Marcos Rubin destacou que o cenário para o mercado de milho está “bastante ajustado” devido às vendas antecipadas, principalmente para a exportação. A interrogação é a segunda safra. “Se houver problema de safra, quem vai pagar a conta é a indústria doméstica”, afirmou.

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Fonte: Valor Econômico

2. Experimento da Embrapa comprova benefício ambiental da integração lavoura-pecuária-floresta

Um experimento realizado pela Embrapa Cerrados em Planaltina, no Distrito Federal, mostra que fazendas são capazes de neutralizar todas as suas emissões de gases de efeito estufa (GEE) ao destinar apenas 15% da área para a integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF). Segundo os pesquisadores, a tecnologia consegue compensar todo o carbono emitido pela atividade agropecuária e pode até gerar um ativo ambiental aos produtores.

Cerca de 15 milhões de hectares no Brasil são cultivados no sistema de iLPF. Em 2005, eram 1,9 milhão. O experimento, implantado em 2009, foi conduzido com cultivo de soja, sorgo, braquiária piatã e eucalipto e a criação de gado zebuíno.

Segundo o estudo, uma população de 417 árvores de eucalipto por hectare, plantadas em linhas em apenas 15% da área total da propriedade com sistema iLPF, consegue neutralizar as emissões de metano (CH4) dos animais e de óxido nitroso (N2O), gerado pela pastagem e por urina e fezes do gado. Para tanto, a população animal não deve passar de 1,7 cabeça por hectare.

A compensação também é possível sem o plantio das árvores, mas a área da integração lavoura-pecuária (iLP) precisaria ser quase seis vezes maior (85% da propriedade) e com até três cabeças por hectare.

Mas o pesquisador Kleberson Souza reforça o papel das árvores no armazenamento do carbono. “É difícil obter saldo positivo de carbono caso o componente florestal não seja inserido no sistema de produção agrícola”. No experimento, uma única árvore de eucalipto, com sete anos de idade, foi capaz de acumular, em média, 30,2 kg de carbono por ano. Isso equivale ao sequestro de 110,5 kg de dióxido de carbono por ano da atmosfera a cada árvore inserida no sistema.

Para chegar ao balanço anual de emissão e neutralização de carbono, os pesquisadores fizeram medições dos gases gerados pelo arroto e a flatulência dos bovinos, pelas fezes e urinas dos animais e pelo solo sob pastagem e lavoura de grãos. Depois, mediram o quanto os troncos das árvores e o solo conseguem reter. No sistema iLP, a taxa ficou positiva em 0,86 e no iLPF, em 21,89.

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Fonte: Valor Econômico

3. Governo busca saída para sobreposições de áreas

Outro problema que o Serviço Florestal Brasileiro tem que resolver para que as análises do Cadastro Ambiental Rural (CAR) avancem diz respeito às sobreposições. Mais de 12 milhões de hectares declarados no sistema estão em terras indígenas, 60 milhões ficam dentro de Unidades de Conservação (UC) e 49 milhões estão em áreas embargadas.

Valdir Colatto, diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), diz que ainda é preciso mapear algumas áreas públicas, e que terá que cadastrar as pessoas que estão dentro de Unidades de Conservação e não foram indenizadas pelo governo. Ele afirma ter encontrado uma solução para resolver o impasse nessas unidades com ajuda do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“O produtor que tem área dentro de UC e não recebeu indenização do governo pegará um certificado no ICMBio mostrando que é dono da terra e buscará um comprador para essa área. Outro produtor que tem déficit, um passivo ambiental, poderá comprar essa área e devolvê-la ao ICMBio”, diz. “Na prática, alguém paga pelo o que o governo não pagou”.

A regra não será utilizada para as terras indígenas, garante Colatto, que prefere deixar o tema para outras instâncias do governo. O mesmo vale para os casos de conflitos fundiários. “Deixa o Incra resolver”.

A ideia de Colatto é que o extrato da análise do CAR permita ir além de um atestado de regularização. Ele quer agilizar também as compensações entre quem tem ativo ou passivo ambiental. O principal instrumento devem ser as Cotas de Reserva Ambiental (CRA), títulos que permitem a negociação de áreas extras de vegetação. A pretensão é transformá-lo em uma moeda verde, os “green bonds”.

Essa proposta, no entanto, também depende de uma nova regulamentação estudada junto ao Banco Central, do mercado financeiro e de orientações internacionais, e deve ser apresentada à ministra Tereza Cristina, em um pacote, em 90 dias.

Nelson Ananias Filho, coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), diz que é hora de o governo atestar que as declarações traduzem a realidade e comprovar a existência de um ativo ambiental. Segundo ele, cerca de 25% da vegetação nativa do país está dentro de propriedades rurais privadas.

Segundo Colatto, são 226 milhões de hectares de vegetação em propriedades rurais, e um passivo declarado de 161 milhões de hectares. “Teríamos 70 milhões de hectares a mais do que o passivo só dentro das propriedades. Vamos tirar mais terras produtivas e plantar florestas ou vamos fazer as compensações de maneira a olhar a paisagem em si?”.

Na regulamentação a ser proposta, as pequenas propriedades, com até quatro módulos fiscais, poderão transformar qualquer ativo ambiental - ou seja, qualquer área com vegetação preservada - em CRA. Pela lei, essa categoria de produtores é dispensada da obrigatoriedade de manter a Reserva Legal. “É um estímulo para deixar a floresta em pé e receber por isso”, afirma o diretor do SFB.

O plano de Colatto também prevê tirar do papel benefícios previstos no Código Florestal ao produtor que preservar ou recuperar passivos, como isenções no Imposto Territorial Rural (ITR) e no Imposto de Renda e juros mais baixos.

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Fonte: Valor Econômico

Insumos

4. Kimberlit emite recebíveis na bolsa

Depois de anos captando recursos com instituições financeiras tradicionais, a Kimberlit Agrociências obteve R$ 50,5 milhões por meio de 30 notas promissórias comerciais (recebíveis) emitidas na B3 no fim do ano passado. Os recursos servirão financiar a safra 2019/20. Com isso, a empresa paulista de fertilizantes especiais reduziu o custo de captação, que era de 12% a 15% ao ano, para 5%, e alongou o prazo de pagamento de entre 12 e 18 meses para cinco anos.

“Com a taxa Selic nos níveis que eram no Brasil, nenhum fundo de investimento ou family office tinha interesse em empresas de médio porte como a nossa. Agora a situação mudou e percebemos essa oportunidade”, diz Renato Peixoto, diretor financeiro da Kimberlit Agrociências, que considerou a emissão um sucesso. “Se tivéssemos emitido R$ 70 milhões ou R$ 80 milhões, teríamos interessados ou também poderíamos reduzir juros ou alongar o prazo. Faremos isso nos próximos anos”, afirma.

Os recebíveis pagarão 5% ao ano mais CDI. A operação na B3 foi estruturada pelo Itaú BBA, e a Pentágono S.A. é a securitizadora.

Os recursos serão utilizados no capital de giro da empresa, para financiar produtores e revendas durante esta safra. Mas também permitirão a expansão da atuação para Petrolina, em Pernambuco, no Vale do São Francisco, onde estão os maiores exportadores de frutas do país.

Hoje, 40% das vendas da Kimberlit são em São Paulo, mas a companhia também trabalha em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte do Paraná e Minas. Segundo Peixoto, 60% do faturamento - que no ano passado foi de R$ 120,9 milhões - vêm de fertilizantes para soja, mas o portfólios da empresa inclui produtos para café e cana, além de frutas.

Para este ano, com o crédito mais barato e diante da expansão, a expectativa da Kimberlit é faturar R$ 135 milhões. “Nossa fábrica está preparada para faturarmos até R$ 200 milhões, o que deve ocorrer nos próximos dois anos”, diz Peixoto.

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Fonte: Valor Econômico

5. Lucro líquido da Syngenta ficou estável em US$ 1,45 bilhão em 2019

A Syngenta, empresa de agroquímicos de origem suíça controlada pela ChemChina, registrou lucro líquido de US$ 1,45 bilhão em 2019, similar ao do ano anterior. O lucro líquido ajustado, excluídos custos de reestruturação, cresceu 3%, para US$ 1,43 bilhão.

As vendas líquidas globais da companhia somaram US$ 13,58 bilhões no ano, com crescimento de 4%. A empresa cita no texto de divulgação de resultados que um aumento de preços no Brasil foi necessário para compensar o declínio do real ante o dólar.

A área de proteção a cultivos (agrotóxicos) registrou receita de US$ 10,6 bilhões, com taxa de crescimento anual de 1%. A divisão de sementes, teve receita de US$ 3,08 bilhões, com queda de 4%.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou US$ 2,9 bilhões. O montante incluiu US$ 344 milhões em custos de desenvolvimento capitalizados pela primeira vez em 2019, com o alinhamento de outras divisões do Syngenta Group. Excluídos esses custos, o Ebitda caiu 3%, para US$ 2,6 bilhões. A margem Ebitda ficou em 19% ante 19,7% em 2018.

“Estamos muito satisfeitos com o desempenho da Syngenta, diante de grandes desafios em 2019, incluindo inundações históricas nos EUA e seca na Austrália. As equipes da Syngenta em todo o mundo responderam aos impactos de condições climáticas extremas, ajustando rapidamente nossa oferta às necessidades imediatas dos agricultores. As vendas do ano inteiro aumentaram 4% a taxas de câmbio constantes”, disse Erik Fyrwald, CEO da Syngenta, no texto de divulgação.

O fluxo de caixa livre antes das aquisições e da liquidação judicial dos EUA ficou em US$ 1,39 bilhão, ante US$ 1,76 bilhão em 2018. O ano incluiu um aumento no faturamento e receitas de US$ 522 milhões com alienações de ativos, enquanto 2018 incluiu receitas de US$ 486 milhões em grande parte com as alienações de produtos obrigatórios.

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Fonte: Valor Econômico

6. BASF defende Dicamba: “Seguro quando usado corretamente”

A multinacional BASF saiu em defesa do herbicida Dicamba nesta segunda-feira (17/02), após ter sido condenada, juntamente com a Bayer, por júri do Tribunal de Cape Girardeau a indenizar um agricultor do estado norte-americano do Missouri em US$ 265 milhões. O produtor alegou prejuízos em uma lavoura de pêssego em função de “deriva” da aplicação do Dicamba em campos vizinhos.

Em comunicado oficial, a BASF afirma ter ficado “surpresa com a decisão do júri no caso Bader e discorda do veredicto”. A empresa adianta que usará “todos os recursos legais disponíveis e apelará da decisão”.

“O Dicamba é um herbicida de amplo espectro de ingredientes ativos, comercializado há 50 anos e registrado para uso em mais de 70 países. Dicamba é uma ferramenta importante para os agricultores que estão cada vez mais lutando contra ervas daninhas resistentes”, sustenta a gigante do setor de agroquímicos.

“A BASF segue rigorosamente os regulamentos globais, regionais e locais. A empresa está firmemente comprometida com a administração e a sustentabilidade. A BASF está convencida da segurança de seus produtos quando usados corretamente, seguindo as instruções do rótulo e as diretrizes de administração. Em 2019, por exemplo, mais de 75.000 aplicadores fizeram o treinamento de aplicação de spray de herbicida Dicamba, dos quais a BASF treinou aproximadamente 26.000”, afirma em seu comunicado.

A Bayer já havia se posicionado argumentando que o Dicamba é seguro para as culturas desde que os utilizadores sigam as instruções. Alegou também em comunicado que pretendia recorrer da decisão “o mais rápido possível”.

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Fonte: Agrolink

Proteína Animal

7. Sauditas suspendem carne de frango da BRF de duas plantas do Paraná

A autoridade sanitária saudita, a Saudi Food and Drug Authority (SFDA), suspendeu temporariamente a autorização de entrada em seu mercado de carne de frango produzida em duas fábricas da BRF no Paraná. As plantas localizadas nos municípios de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão estão suspensas desde o dia 10 de fevereiro, conforme informações divulgadas no site da Agência de Notícias Brasil-Árabe (Anba).

Segundo o site, o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, disse à Anba que a autoridade saudita não explicou os motivos para o fechamento das plantas. “Nós não sabemos por que eles decidiram fechar, mas estamos trabalhando para ter uma reunião com as autoridades de lá e o embaixador brasileiro em Riad [Marcelo Della Nina] deve fazer essa reunião em breve.

Nós sempre seguimos todas as normas e procedimentos que eles impõem, então não vemos motivos para o fechamento. Esperamos que as plantas reabram o mais breve possível”, indicou Santin.

As exportações de carne de frango do Brasil para os países árabes caíram 3,5% em janeiro, em relação ao primeiro mês de 2019. Os árabes compraram 97,952 mil toneladas do produto no período, segundo dados da ABPA.

A Arábia Saudita teve queda de 9% nas compras de janeiro, perante um ano antes, totalizando 35,15 mil toneladas. Os Emirados Árabes Unidos, segundo maior comprador do bloco em volume, apresentaram um recuo de 18% na mesma comparação. O volume embarcado ao país foi de 21,10 mil toneladas.

Por meio de comunicado ao mercado, a BRF informou nesta segunda-feira que a decisão da SFDA afeta neste momento apenas a unidade de Dois Vizinhos (PR). A planta de Francisco Beltrão (PR) não estava realizando embarques ao país.

Segundo a companhia, a unidade de Dois Vizinhos vinha operando com um volume de aproximadamente 6 mil toneladas ao mês de exportação para a Arábia Saudita. A companhia afirmou que tomou conhecimento da decisão da SFDA em 16 de fevereiro e que a autoridade sanitária da Arábia Saudita solicitou às autoridades brasileiras, entre outros, mais detalhes acerca das investigações conduzidas entre 2014 e 2018 sobre supostas violações cometidas pela BRF na produção de ração e premix, preparado contendo vitaminas e aminoácidos.

“A companhia já iniciou os ajustes de redirecionamento de produção para suas demais plantas até que os fatos sejam devidamente esclarecidos, possuindo ainda cinco plantas habilitadas para a Arábia Saudita. As plantas de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão serão utilizadas, a partir deste momento, para atendimento de outros mercado”, disse o comunicado.

A BRF indicou ainda que “a companhia tem cooperado irrestrita e continuamente com as autoridades brasileiras e internacionais na elucidação dos supostos fatos e não tolera quaisquer desvios de qualidade e integridade em seu processo produtivo. Dessa forma, intensificou e expandiu sua estrutura de controles internos, compliance e qualidade nos últimos anos com o intuito de garantir estrita aderência a toda e qualquer legislação sanitária mundial”.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. Após ano positivo segmento de proteína animal deverá seguir firme em 2020

O ano de 2019 foi motivo de celebração pelo setor de proteína animal no Brasil após os notáveis resultados alcançados no período, com a alta significativa dos preços e os recordes nas exportações de carne bovina e suína. A crise sanitária na Ásia causada pela Peste Suína Africana reconfigurou o comércio internacional de proteína animal e foi a grande responsável pelo desfecho positivo do ano para o setor.

A China foi o país mais afetado e de acordo com dados oficiais, seu plantel de suínos foi reduzido quase pela metade. Para solucionar o déficit de oferta de proteína no mercado interno, a China não expandiu somente as suas importações da carne suína brasileira, como também ampliou a de outras carnes, como a bovina e de aves.

De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2019, as exportações brasileiras de carne bovina totalizaram cerca de 1,8 milhões de toneladas, com um faturamento de US$ 7,6 bilhões, alta de 12,5% e 15,6%, respectivamente, em relação a 2018. Já para a carne suína, os resultados mostram que quase 740 mil toneladas foram exportadas pelos produtores brasileiros, somando US$ 1,6 bilhão, aumento de 16,0% e 33,0%, respectivamente, em comparação com o ano anterior. Para os dois produtos a China foi o principal país de destino, sendo responsável por 35,4% dos embarques de carne bovina e 38,8% de carne suína, em receita.

Além disso, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que, no mercado doméstico, os preços de toda a cadeia pecuária apresentaram alta no segundo semestre do ano, impulsionados pelo ritmo intenso das exportações e, no caso dos bovinos, pela baixa oferta de animais disponíveis para abate. O aquecimento na demanda doméstica devido à proximidade das comemorações de final de ano, também contribuiu para a elevação das cotações. Nesse cenário, a carne bovina acabou como a grande vilã da alta na inflação brasileira no final de 2019, representando o maior impacto individual no indicador anual.

E se 2019 foi bom para o setor, o que podemos esperar para 2020? Em princípio, as expectativas indicam mais um ano positivo para a indústria de carnes. No mercado externo, as exportações brasileiras, especialmente com destino a China, devem seguir aquecidas ao menos durante os primeiros seis meses de 2020. Além do alto patamar do dólar, que aumenta a competitividade da carne brasileira no mercado internacional, os recentes incêndios florestais na Austrália, importante produtor e exportador mundial de carne bovina, também devem impactar o fornecimento de proteína a nível global este ano.

Na Austrália, os incêndios são típicos do período de verão, porém as grandes proporções alcançadas neste ano têm colocado em risco a pecuária do país e poderão prejudicar o desempenho australiano no comércio internacional de carnes e leite.

A área total afetada já ultrapassou os 11,4 milhões de hectares e, segundo informações da Meat & Livestock Australia, 20% do rebanho bovino do país está situado em regiões significativamente ou parcialmente impactadas pelo fogo. Até o início de janeiro, cerca de 80 mil fazendas haviam sido afetadas no país e ao menos 100 mil cabeças de gado já tinham morrido. A consultoria australiana Mecardo estima que as perdas, em decorrência dos incêndios, podem chegar a cerca de 450 mil cabeças de gado em 2020.

Os incêndios também causaram outros transtornos aos pecuaristas australianos, como a perda de forragens, de grãos armazenados e de pastagens. Dessa forma, além da perda inicial dos animais, também há problemas com a alimentação e manutenção daqueles que sobreviverem, ao menos nos próximos meses.

Outra oportunidade valiosa que surge para o setor no Brasil são os embarques de gado vivo. Em 2018, a Austrália exportou mais de 1,1 milhão de cabeças desse tipo de gado, enquanto que o Brasil exportou 778 mil, no mesmo período. Já em 2019, dados da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mostraram queda de 25% neste tipo de embarque no Brasil. Diante deste cenário, os produtores brasileiros podem recuperar ao menos parte do espaço perdido no comércio internacional de gado vivo.

No Brasil, também é esperado que em 2020 o mercado siga firme. De acordo com o Cepea, a principal razão seria a continuidade da baixa oferta de animais prontos para o abate, resultado do crescente abate de fêmeas em anos recentes, e o possível aumento da demanda por carne bovina, já que com a melhora da economia a população tende a elevar o consumo desta proteína. Entretanto, devido ao alto patamar da carne bovina, parte dessa demanda pode ser substituída por proteínas mais competitivas, como de suína ou de frango. Nesse cenário, a pecuária nacional precisará ser responsiva quanto a produtividade para atender a crescente demanda, através de novas tecnologias e gestão eficiente das fazendas.

E exportar mais carnes, significa agregar valor na exportação de grãos como soja e milho, que segundo último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), prevê recorde de produção na safra 2019/2020, indicando um volume total da ordem de 248 milhões de toneladas, incremento de 2,5% ou 6,1 milhões de toneladas em relação à safra 2018/2019, com expectativa que sejam cultivados 64,2 milhões de hectares, variação positiva de 1,5% em comparação a área utilizada na safra anterior, indicando aumento de produtividade. Isso demonstra o potencial do Brasil em continuar ofertando alimentos com sustentabilidade.

O ano de 2020 deverá ser repleto de oportunidades para o setor brasileiro de proteína animal, as agroindústrias e produtores brasileiros devem ficar atentos especialmente com o mercado externo, onde os desdobramentos acarretados pelos eventos na Austrália podem levar o Brasil a abrir novos mercados, bem como aumentar sua presença em locais como a Indonésia. Além disso, a demanda chinesa deve continuar aquecida e como o principal motor para as exportações brasileiras de carnes, com a ressalva de que Estados Unidos e China assinaram a primeira fase de um acordo comercial entre os dois países, do qual a China deve aumentar as compras de produtos agrícolas americanos na faixa entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões no próximo biênio, que poderia gerar algum impacto nas exportações brasileiras de grãos e proteína animal. Nesse sentido, a importância da gestão nos custos de produção e abertura de novos mercados, são ações que continuamente devem ser mantidas para assegurar competitividade e superávit de nossa balança comercial.

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Fonte: PwC/Feed & Food

9. Desempenho do frango (vivo e abatido)

Frango vivo e abatido apresentaram boa recuperação de preços na sétima semana de 2020, a segunda de fevereiro. No interior paulista, a ave viva que, desde junho de 2019 vinha registrando apenas baixas (nos últimos oito meses seu preço recuou de R$3,60/kg para R$3,10/kg, sem qualquer variação positiva intermediária) obteve, enfim, os primeiros reajustes de 2020. Foram dois, quase consecutivos, de 10 centavos cada.

Dessa forma a semana foi encerrada com o produto cotado a R$3,30/kg, valor 10% superior ao de um ano atrás. Porém, considerada a primeira quinzena, o produto alcança valor médio de R$3,16/kg, resultado quase 7,5% superior à média de fevereiro de 2019. Já em relação ao mês anterior, prevalece por ora redução de 0,63%, diferença negativa passível de reversão se, no restante do mês, for mantida a cotação atual.

O frango abatido, por seu turno, viu continuar a recuperação de preços iniciada logo nos primeiros dias de fevereiro. A ponto de reverter a situação observada uma semana antes e encerrar o período com ligeira valorização em relação a idêntica semana do ano anterior (na semana retrasada, a sexta-feira foi encerrada com um valor médio 5% inferior ao do mesmo dia de 2019).

Ainda assim, o frango abatido completa a primeira quinzena de fevereiro com um valor médio (R$4,07/kg) inferior às médias do mês anterior e do mesmo mês do ano passado. A queda em relação a janeiro passado se encontra, por ora, perto dos 10%, enquanto em relação a fevereiro de 2019 se encontra em meio por cento, índice negativo que também tende à reversão se, pelo menos, forem mantidas as médias atuais no restante do mês.

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Fonte: Agrolink

Agroenergia

10. Raízen prevê avanços de produtividade e de moagem

A Raízen Energia deverá processar entre 61 milhões e 64 milhões de toneladas de cana na próxima safra (2020/21), ante 60 milhões na temporada atual, segundo estimativas preliminares divulgadas pela Cosan, controladora da empresa em parceria com a Shell.

A projeção é baseada na perspectiva de aumento da produtividade dos canaviais em meio a investimentos realizados nas lavouras, sobretudo nas que a companhia adquiriu nos últimos três anos. Foi o que explicou Phillipe Casale, gerente executivo de relações com investidores da Cosan, em teleconferência com analistas sobre os resultados do 4º trimestre do grupo (equivalente ao 3º trimestre da safra 2019/20 para a Raízen Energia).

Para a safra 2020/21, que vai começar em abril, a Raízen Energia deverá investir, no total, de R$ 2,85 bilhões a R$ 3,05 bilhões, sendo que de R$ 1,9 bilhão e R$ 2 bilhões deverão ser destinados à renovação e manutenção de canaviais. Na safra atual, que terminará em março, a estimativa é que os investimentos totais somem até R$ 2,9 bilhões.

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Fonte: Valor Econômico

11. GranBio vira fornecedora de tecnologia

Depois de um ciclo de sete anos em que buscou inventar e reinventar formas de transformar biomassa em fonte de carbono segura alternativa ao petróleo, a GranBio, da família Gradin, dá início nesta semana a um novo capítulo de sua história. A companhia passa a ser presidida por um executivo de fora da família controladora - Paulo Nigro, que passou a fazer parte do conselho de administração em novembro - e tentará se consolidar como uma fornecedora de tecnologia industrial para processos de conversão de biomassa.

Nigro, que liderou por 25 anos a Tetra Pak na América Latina e nas Américas, e por quatro anos a Aché Laboratórios no Brasil, terá a tarefa de garantir retorno a uma empresa que se tornou famosa pelo pioneirismo em etanol celulósico, mas que agora terá como principal atividade o fornecimento de tecnologias a indústrias que queiram produzir bioquímicos e biocombustíveis a partir de biomassas como madeira, palha e outros resíduos do campo. A GranBio ainda não divulgou o balanço de 2019, mas em 2018 faturou R$ 24 milhões, teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 18 milhões e acumulava prejuízos desde foi criada de R$ 456 milhões.

As mudanças vêm num momento em que a GranBio se prepara para listar ações na B3, onde entrará no segmento Bovespa Mais, e considera abrir seu capital no Brasil ou no exterior. A iniciativa deve ser uma porta de saída para a BNDESPar, que tem 15% de participação na companhia e já revelou sua intenção de se desfazer da fatia. O primeiro passo para a listagem será hoje, quando os acionistas se reúnem para ratificar a decisão.

Criada em 2013 para fabricar etanol de resíduos dos canaviais (bagaço e palha), a GranBio acabou desenvolvendo e patenteando tecnologias para superar as travas que surgiram no processo, o que a transformou na detentora de conhecimentos únicos para quebra e transformação de biomassa. É esse “capital” que é considerado pelos acionistas como um bom chamariz para os investidores.

Ao Valor, Nigro disse que entra na GranBio em um momento particular não apenas pela metamorfose pela qual passa a companhia, mas também pelo contexto corporativo, em que grandes grupos - como a gestora BlackRock e a petroleira BP - anunciam compromissos de descarbonização. Esse discurso de que há uma “virada sustentável” no circuito empresarial pode, enfim, materializar a demanda por energias alternativas que a GranBio busca atender.

O que dá mais segurança ao novo modelo de negócio são as políticas de descarbonização em curso, ressaltou o sócio da companhia, Bernardo Gradin - sobretudo na Europa, que recém-anunciou a meta de ser neutra em carbono até 2050. Segundo o empresário, a perspectiva é que o continente construa 40 fábricas de conversão de biomassa até 2030 para atender suas metas de emissões.

É certo que a nova aposta guarda algum grau de incerteza, sobretudo por causa das várias rotas que a descarbonização da economia pode seguir, mas Gradin acredita que tem pela frente um chão mais firme do que há sete anos, quando iniciou o projeto de etanol celulósico. “O mercado está começando a determinar uma demanda sem ter a solução. E somos uma empresa que há sete anos constrói uma solução para um mercado que ainda não existia.”

Desde que adquiriu no ano passado as tecnologias e ativos da American Process - na qual tinha inicialmente 25% de participação -, a GranBio passou a deter uma gama de 200 patentes industriais capazes de superar entraves como os vividos por sua planta em São Miguel dos Campos (AL), a Bioflex.

Entre as tecnologias patenteadas estão equipamentos e processos para homogeneizar a biomassa e de controle de pressão. Quando começar a licenciar as patentes, a GranBio cobrará royalties proporcionais aos ganhos de produtividade nas fábricas usuárias.

A unidade de Alagoas continua em operação, mas os planos de replicá-la foram descartados. “A Bioflex passa a ser uma planta mais demonstrativa”, afirmou Gradin.

Em 2019, a planta operou mais com queima de bagaço para cogerar energia e, recentemente, bateu recorde diário de produção de etanol celulósico, com mais de 100 mil litros em 24 horas. Até 2021, a companhia investirá R$ 30 milhões para retirar gargalos da indústria.

A principal unidade da GranBio passa a ser agora a de Atlanta, de sua subsidiária GranBio Tech. É lá que a companhia testa e desenvolve processos de quebra da biomassa para obter sua nanocelulose que, diferentemente da de outras indústrias, não absorve água. O produto tem diversos usos e pode substituir, por exemplo, sílica e negro de fumo em pneus, ou mesmo a celulose em papelões. Já foram testadas mais de 27 tipos de biomassa, incluindo 15 de madeira.

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Fonte: Valor Econômico

12. Refinaria de Dubai faz rara entrega de açúcar refinado em bolsa

O rali do açúcar deste ano levou a uma rara entrega de suprimentos refinados de Dubai para a bolsa de Londres.

A Al Khaleej Sugar, a maior refinaria portuária do mundo, vendeu mais de 300 mil toneladas de açúcar branco para liquidar o vencimento do contrato para entrega em março na ICE Futures Europe, de acordo com pessoas a par do assunto, que não quiseram ser identificadas. Essa seria a primeira venda de açúcar da refinaria por meio da bolsa desde 2016.

A fraca colheita da Tailândia, a segunda maior exportadora global, fez disparar o prêmio do açúcar branco em relação ao bruto, tornando o refino mais rentável para a Al Khaleej. A usina, localizada no porto de Jebel Ali, começou a operar com capacidade máxima depois do Natal, disse o diretor Jamal Al Ghurair, em entrevista em Dubai no dia 9 de fevereiro.

“Semelhante ao que aconteceu em 2016, a maior distribuidora deve ser a refinaria de Dubai”, disse Michael McDougall, diretor-gerente da Paragon Global Markets, em Nova York. “Na época, o prêmio do açúcar branco foi negociado acima de US$ 100 a tonelada. Desta vez, chegamos a US$ 100 apenas perto do vencimento, mas pelo menos o prêmio alcançou o melhor nível desde 2017”.

Especulações de que o açúcar de Dubai seria entregue por meio da bolsa de valores já haviam causado uma virada dos spreads do mercado em Londres. Os futuros com entrega em março de 2020 passaram a mostrar desconto para maio, depois de serem negociados com prêmio recorde poucos dias antes. A ICE publica a entrega oficial na segunda-feira.

A entrega de Dubai diminuiu o receio em torno dos estoques apertados quando operadores já projetam um alto déficit na atual temporada. Além dos problemas na Tailândia, os embarques da América Central também foram redirecionados em relação aos fluxos comerciais habituais, depois que uma geada prejudicou a colheita nos EUA. A União Europeia também está produzindo menos.

Nos últimos anos, a Al Khaleej tem perdido mercados importantes como o Iraque, desde que o país impôs uma tarifa sobre as importações de açúcar branco após a construção de sua própria refinaria. O consumo na região permaneceu estagnado e um imposto extra sobre bebidas açucaradas nos Emirados Árabes Unidos reduziu a demanda em 10%, disse Al Ghurair no domingo.

A Sucres et Denrees e a Wilmar International receberam a entrega em Londres, enquanto outros vendedores incluíram a Alvean, a maior trading de açúcar do mundo, e a Cofco International.

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Fonte: Bloomberg/NovaCana

Grãos e Grandes Culturas

13. Grupo 3corações adquire divisão de café da Mitsui Alimentos

O Grupo 3corações, que lidera o mercado brasileiro de café, comprou a divisão de café torrado e moído da Mitsui Alimentos, subsidiária da japonesa Mitsui & Co., por R$ 210 milhões. A aquisição foi uma oportunidade que não estava planejada, como disse o presidente do grupo, Pedro Lima, ao Valor. Segundo ele, o negócio consolida a liderança da empresa no mercado de café na região Centro-Oeste, como também já acontece no Nordeste e no Norte.

A 3corações — joint venture entre a São Miguel Holding e a israelense Strauss — é líder em café torrado e moído no país, com participação de 27%, derivada da venda de marcas como Café 3 Corações, Santa Clara, Iguaçu, Itamaraty e Fino Grão. “Somos um agente consolidador. A oportunidade surgiu e é importante, porque melhora nossa participação no Centro-Oeste e também em São Paulo. Já temos uma boa participação na região. Com a entrada da marca Café Brasileiro no nosso portfólio, consolidaremos a liderança”, afirmou o executivo.

A aquisição inclui ainda as marcas .br Gold — de café especial —, 3 Fazendas, Premiado, Café Superior e Bandeira, além de uma linha de café solúvel, achocolatados, cápsulas e drip coffee (café filtrado individual), duas fábricas de café torrado e moído — em Araçariguama (SP), e Cuiabá, (MT) — e um centro de distribuição em Campo Grande (MS).

As marcas da Mitsui Alimentos adquiridas pelo Grupo 3corações têm participação no mercado nacional de 3,8%, a quinta maior do país. “Pretendemos expandir essa participação ao longo do tempo”, afirmou Lima, sem estabelecer uma meta. O negócio de exportação de café verde da Mitsui Alimentos permanece sob o guardachuva da Mitsui & Co..

A compra ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Apenas após esse aval o Grupo 3corações poderá assumir a operação. A expectativa, segundo Lima, é que esse processo leve 30 dias.

Essa é a segunda aquisição da empresa neste ano. Em 5 de fevereiro, o grupo anunciou uma joint venture com a empresa do segmento de bebidas de origem vegetal Positive Brands, dona das marcas “A Tal Castanha” e “Jungle”. Pelo acordo, cujo valor não foi divulgado, a 3corações passou a deter 50% do capital e metade dos assentos no conselho de administração da Positive Brands.

“Nossa visão agora é pegar esses dois projetos e trabalhar no desenvolvimento deles”, afirmou Lima, ao descartar novas aquisições por ora. “O segmento de bebidas vegetais está crescendo muito”.

No ano passado, o grupo faturou R$ 4,9 bilhões, montante pouco abaixo da meta de R$ 5 bilhões. “ No último trimestre do ano passado tivemos mais desafios, mas 2020 está começando bem e a expectativa é que o faturamento seja um pouco maior”, projetou.

Em março a empresa deverá repassar ao varejo o aumento nos preços do café de novembro e dezembro. “No ano passado, com a queda dos preços do café, aumentamos o desconto [no produto final]. Agora, vamos reduzir esse desconto”, afirmou o executivo.

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Fonte: Valor Econômico

14. Feijão perde mais espaço

A despeito de um aumento de 75% no preço médio do feijão para exportação no último ano, principalmente da variedade caupi, também conhecida como fradinho, a área destinada ao plantio da leguminosa não deverá crescer nesta temporada. Produtores de Bahia, Minas Gerais e, principalmente, Mato Grosso, Estados nos quais a variedade é semeada, darão preferência ao milho safrinha.

A proximidade com usinas de etanol e o fato de o cereal ter um mercado consumidor mais amplo no país e no exterior justificam essa preferência. Conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área semeada com milho deverá somar 5,1 milhões de hectares em Mato Grosso em 2019/20, enquanto apenas 123 mil serão destinados ao feijão caupi, segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses (Ibrafe).

“De 2018 para 2019, a área para feijão em Mato Grosso caiu 40%, depois de já ter perdido terreno ano a ano desde 2016. Isso significa que, provavelmente, o Estado terá, este ano apenas 30% das lavouras que tinha em 2017”, afirma Marcelo Lüders, presidente do Ibrafe.

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o feijão caupi deverá ser semeado em 1,3 milhão de hectares em todo o país durante as três temporadas desta safra 2019/20; o milho, por sua vez, tende a se espalhar por 18 milhões de hectares.

E mesmo esse número é contestado por Lüders. “A Conab tem uma atraso grande na coleta de informações sobre o feijão e repete os dados do ciclo passado. Por informações com sementeiras, produtores e escritórios agrícolas temos certeza que a área será bem menor que essa”, diz. “O produtor tem costume de olhar o preço no momento do plantio, quando na verdade deveria pensar nas perspectivas futuras. E o feijão tem uma tendência altista, talvez acima da do milho, para 2020”.

Segundo ele, pesam para essa tendência o fato de o México ter sofrido a maior quebra de safra da sua história no ano passado, Estados Unidos e Canadá terem tido problemas com excesso de chuvas no desenvolvimento das lavouras e Índia e Austrália penarem com um clima muito seco. “Há muitas oportunidades no exterior, por isso as empresas exportadoras estão fechando contratos antecipados como nunca antes ocorreu”, afirma.

Empresa como Arbaza, Cebal Agro e Coperaguas estão propondo que os produtores estabeleçam um preço fixo para metade da safra de feijão de cada um destinada à exportação e deixem o restante para ser negociado depois da colheita. “Queríamos isso há anos, e as primeiras negociações estão sendo assinadas. Os produtores garantem hoje os custos, e o resto é lucro”, diz Lüders.

Com a perspectiva de queda da produção no país, a saca de feijão caupi está sendo negociada a R$ 70 atualmente, 75% mais que em fevereiro de 2018. E outras variedades para exportação também estão sentindo o momento positivo. O feijão mungo, verde, está valendo R$ 160, ante R$ 140 no mesmo período do ano passado, e o vermelho subiu 13,3% na comparação, para R$ 170 a saca. Já o preto caiu de R$ 200, para R$ 170 em média, mas houve quebra de safra no ano passado.

No mercado interno, que consome basicamente feijão carioca, os problemas em outros países influenciam pouco e o que conta mesmo é que a área de produção será menor - e portanto, a oferta será menor. A Conab estima manutenção da área. O carioca é semeado na segunda safra principalmente em Minas Gerais e Paraná, mas também em Goiás, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e São Paulo.

“Os preços devem se manter nos níveis atuais ou mais altos depois de a primeira safra [semeada em Goiás e Minas Gerais] ter registrado perdas por excesso de chuvas”. A saca de carioca vale hoje entre R$ 200 e R$ 220 a saca, patamar estável na comparação com um ano atrás, porque, assim como o preto, também houve problemas na colheita em 2019.

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Fonte: Valor Econômico

15. Fluxo e preços começam a se normalizar na Ceagesp

Uma semana depois do alagamento que culminou no descarte de 11 mil toneladas de hortifrútis no entreposto da estatal Ceagesp na capital de São Paulo, os preços dos produtos nas bancas dos atacadistas da central não apresentaram grandes oscilações. “O entreposto voltou a funcionar na quarta-feira e, desde então, alguns preços caíram e outros subiram, mas nada que chame a atenção. E não está faltando produto algum. Pelo contrário, a oferta está acima da média para o período”, disse o economista-chefe da Ceagesp, Flávio Godas.

Segundo Godas, a oferta represada por causa dos dois dias e meio em que a unidade ficou fechada colaborou para ampliar a disponibilidade de produtos e até reduzir preços. Enquanto isso, no campo, de acordo com Godas, os produtos mais afetados foram as hortaliças, mais sensíveis a intempéries.

Bruno Benassi, diretor do Grupo Benassi, segundo maior atacadista da Ceagesp, que perdeu 27 toneladas de frutas na enchente, tem a mesma percepção. “Observamos um efeito rebote no mercado, porque foi preciso escoar tanto o que já havia sido colhido como o que estava por ser colhido”. Do lado da demanda, disse, “quem deixou de comer hortifrútis, não comeu em dobro depois.”

Nas lavouras, produtores de diferentes partes do Estado de São Paulo, responsáveis por mais de metade do abastecimento do entreposto da capital, ou um volume superior a 5 mil toneladas por dia, deram indicativos de que o excesso de chuvas foi pontual, assim como as dificuldades na entrega.

Lia Goes, produtora de hortaliças na região de Parelheiros e fundadora da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais da Região Sul de São Paulo (Cooperapas), que representa 46 produtores, contou que as perdas na roça foram de meia tonelada de folhagens, entre as quais alface, cheiro verde e coentro.

Segundo Lia, as entregas da cooperativa na Ceagesp ficaram prejudicadas até sextafeira e as vendas para restaurantes do centro e do bairro de Pinheiros atrasaram. Mas é esperado que esta semana o fluxo volte ao normal.

Segundo o Cepea, apesar dos transtornos para carregar produtos até a capital, a valorização de itens como a alface foi moderada na semana passada. A alta acumulada ficou em 3,85% para a alface crespa, que valia, no atacado, R$ 16,88 a caixa com 18 unidades na última sexta-feira.

Jonas Octávio, gerente da L.A. Ferretti, que produz abacate na região de Bauru e Ribeirão Preto (SP), disse que as perdas com a fruta na Ceagesp foram de 150 toneladas a 180 toneladas, que geraram prejuízo de R$ 500 mil. Com isso, ele contabilizou uma redução de 40% nas entregas da empresa a grandes varejistas. “A situação só se normalizou na quinta-feira, quando a Ceagesp já estava mais limpa”, acrescentou. No campo, por outro lado, a oferta não foi prejudicada e o calor tem sido mais comum do que as chuvas, segundo Octávio.

Em Taquaritinga (SP), conhecida como a capital brasileira da goiaba - e com relevância também no fornecimento doméstico de limão e manga -, as chuvas acima da média não impactaram a operação dos agricultores nas fazendas nem suas entregas. “No ano passado fomos prejudicados pela seca e agora, felizmente, está chovendo”, disse Marco Antônio dos Santos, presidente do Sindicato Rural do município. Sobre a enchente na Ceagesp, Santos afirmou que não houve reflexo para os produtores da região. “A mercadoria escoou normalmente e o prejuízo ficou com os intermediários. A operação se normalizou e não tivemos problemas de logística”, afirmou.

No Vale do Ribeira, as chuvas de fevereiro também não ameaçaram os bananais e José Carlos de Mendonça, engenheiro agrônomo que atua na região, disse que embora tenha chovido um pouco acima da média, a principal doença da banana está controlada. “Eu acredito que não vamos ter problemas com sigatoka esse ano e que temos uma boa produção pela frente”, disse.

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Fonte: Valor Econômico

Material produzido pelo PwC Agribusiness Research & Knowledge Center.

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