Conjuntura do Agronegócio

1. Balanço oficial de desmatamento tende a confirmar dados de alertas

Reportagem do site G1 mostra que a série com dados oficiais de desmatamento da Amazônia dos últimos três anos, compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), aponta que os alertas preliminares de áreas com sinais de devastação na floresta vêm sendo confirmados ano a ano, e com margem.

A divulgação destes alertas gerou críticas do presidente Jair Bolsonaro, que afirmou que os números prejudicam a imagem do país. O episódio levou à exoneração do então diretor do instituto, Ricardo Galvão. Tanto a taxa oficial quanto os alertas diários preliminares são do Inpe, que é ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, lembra o site na matéria.

De agosto de 2018 a julho deste ano, os alertas indicaram que 6,8 mil quilômetros quadrados poderiam estar sob desmate. O balanço do período que se encerrou em julho de 2019 ainda não foi divulgado.

Em comparação, de agosto de 2017 a julho de 2018 os alertas sinalizaram desmate em 4,5 mil quilômetros quadrados e a taxa oficial ficou em 7,5 mil km² — 64,8% maior. A mesma tendência pode ser percebida nas séries anteriores.

Os alertas diários são emitidos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) e servem para embasar ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Já os dados oficiais são do Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (Prodes), que tem índice de confiança próximo a 95%.

Especialistas dizem que a falta de fiscalização e punição está levando ao crescimento do desmatamento na região amazônica.

Embora o governo critique os dados do Deter afirmando que eles não representam o balanço oficial de desmatamento, especialistas ouvidos pelo G1 veem no indicador uma forte tendência de crescimento na taxa de devastação.

“Não só é possível como provável que o aumento que vimos nos alertas do Deter se reflita na taxa de desmatamento publicada pelo Prodes. (...) A dúvida agora não é saber se vai aumentar ou não o desmatamento, mas de quanto será este aumento”, diz Romulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace

Já Carlos Nobre, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Grupo Estratégico da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, afirma que o Deter opera com uma “margem de subestimativa”, ou seja, detecta menos do que está sendo desmatado — o que aponta que a realidade por ser ainda pior.

“A função do Deter é monitorar onde o satélite está indicando mudança na vegetação. Pode indicar corte raso [retirada total da árvore] ou área degradada em que a vegetação vai rareando e, em algum momento no futuro, aquela área será desmatada. Pode levar semanas ou anos”, afirma Nobre, autor do estudo que aponta a tendência de a floresta Amazônica se tornar savana caso o desmatamento supere 20% da área. Em fevereiro de 2018, a área desmatada era de 17%.

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Fonte: Valor Econômico

2. Bolsonaro diz que há guerra de informação sobre a Amazônia

O presidente Jair Bolsonaro disse, neste sábado (17/8), que outros países estão tentando ganhar uma "guerra de informação" sobre a Amazônia com interesse em tirar soberania do Brasil sobre a região. Ele mencionou o assunto em um breve discurso em Resende (RJ), onde participou de cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras.

“Temos um compromisso com esse pedaço de terra, mais rico e sagrado do mundo. Não é à toa que outros países cada vez mais tentam ganhar a guerra de informação para fazer com que ós venhamos a perder nossa soberania sobre essa área. O Brasil é riquíssimo. Pouquíssimos ou raros países têm o que nós temos”, disse ele, no discurso.

A nova menção à soberania nacional sobre a região amazônica foi feita dois dias depois da Noruega anunciar a suspensão de repasses ao Fundo Amazônia, que o país mantinha junto com a Alemanha. Ao reagir à notícia, Bolsonaro rebateu mencionando a caça às baleias, permitida pelo país, e recomendou que o dinheiro fosse usado para “ajudar a Angela Merkel a reflorestar a Alemanha”.

A cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras foi para a concessão do espadim para os cadetes de primeiro ano do Exército Brasileiro. No discurso, o presidente listou militares que fazem parte de seu governo. No palanque com Bolsonaro, estavam o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e do presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre.

Bolsonaro disse que sua missão é não deixar que o Brasil retorne a "políticas outras" que, segundo ele, não deram certo em lugar nenhum do mundo. voltou a fazer menção também ao resultado das eleições primárias na Argentina. Na votação, realizada no último domingo (11/8), a chapa de situação, do presidente Maurício Macri, foi derrotada pela de oposição, formada por Alberto Fernandez e pela ex-presidente Cristina Kirchner.

“Peçamos a Deus que a nossa querida Argentina, mais ao sul, saiba como proceder, através do seu povo, para não retroceder”, disse.

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Fonte: Revista Globo Rural

3. Brasil deve ter interesse em mostrar desempenho ambiental, diz diplomata

Sendo um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo, é de interesse do Brasil mostrar seu bom desempenho na área ambiental. E se não deixar claro seu compromisso, pode ser tornar um vilão da história. A afirmação foi feita pelo ex-embaixador do Brasil em Washington, Sérgio Amaral, que já presidiu também entidades ligadas ao agronegócio, como a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

“É um compromisso com as pessoas. Não se consegue convencer ninguém a comprar produtos da agricultura brasileira se acharem que foi produzido em pastagens que ferem a preservação da floresta tropical. Levamos vários anos para proteger a Amazônia e mostrar isso para o exterior”, disse Amaral, em entrevista publicada pelo jornal Valor Econômico.

Para o diplomata, levantamentos que indicam aumento no desmate da Amazônia tendem a suscitar problemas, principalmente para o agronegócio, e que não dá para refutar o irrefutável. Amaral acredita que a melhor forma de tirar vantagem econômica da região amazônica é investindo em biotecnologia.

Em relação à política externa do governo Jair Bolsonaro, fez uma avaliação positiva da visita do presidente aos Estados Unidos, dizendo que a missão “coroou” alguns esforços da embaixada chefiada por ele, como a negociação com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o acordo de cooperação relacionado à base militar de Alcântara, no Maranhão. Pontuou apenas que deve haver o equilíbrio entre as concessões.

O diplomata acrescentou que vê mudanças no discurso do governo nas relações exteriores, deixando o que chamou de “direções que, a meu ver, não correspondiam com a realidade”. “O presidente Bolsonaro fez uma declaração importante quando disse que o Brasil não tem por que tomar partido numa guerra comercial entre os Estados Unidos e a China”, disse.

Questionado sobre a razão do Brasil fechar acordos comerciais em um momento de elevação do protecionismo, Sérgio Amaral creditou ao que chama de atraso do país em chegar “aos grandes encontros da história.

“Chegamos atrasados para o fim da escravidão, para a democracia, para as reformas econômicas e agora chegamos atrasados mais uma vez a esse grande processo de abertura, chamado globalização. E só estamos abrindo quando os outros estão fechando. Não é o cenário mais desejável, mas pode ser útil”, disse.

Sobre a indicação do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, para sucedê-lo na embaixada em Washington, evitou fazer uma avaliação direta. Comentou apenas que os políticos estão cada vez mais voltados para questões internas do que as internacionais.

Citou como exemplo o próprio presidente americano Donald Trump, avaliando que dificilmente concluirá um acordo com a China porque está atento à repercussão sobre seu próprio eleitorado.

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Fonte: Revista Globo Rural

Insumos

4. Americana AMVAC investe no mercado brasileiro de insumos agrícolas

Considerada uma empresa de médio porte no ramo de agrotóxicos e fertilizantes nos Estados Unidos, a American Vanguard, conhecida como AMVAC, chegou ao Brasil em 2019 com a proposta de ser “lembrada pelos produtores, mais do que com a pretensão de estar entre as maiores do país”, conforme disse ao Valor Bob Trogele, vicepresidente executivo e diretor de operações da empresa, com sede na Califórnia.

Em janeiro, a multinacional (que teve lucro líquido global de US$ 3,1 milhões no segundo trimestre a nível global) comprou o negócio familiar da brasileira Defensive & Agrovant, agora chamada AMVAC do Brasil — que faturou R$ 90 milhões em 2018 e tem potencial, na visão de Trogele, para chegar a R$ 120 milhões já em 2019, ou 33% a mais.

Para tanto, a AMVAC planeja investir, de imediato, na sua área comercial no Brasil, com a contratação de mais dez pessoas para reforçar a equipe de 50 funcionários da Defensive & Agrovant, e fomentar o contato com revendas estratégicas e cooperativas, mirando uma aposta mais ambiciosa logo à frente.

“Hoje, temos um negócio muito pulverizado no Brasil para o nosso tamanho. Queremos acessar grandes culturas e ficar mais perto dos produtores, para em 2022 lançarmos nossa mais nova tecnologia, o Simpas”, afirmou Thomas Britze, CEO da AMVAC no país.

Segundo ele, a tecnologia consiste em um software para aplicação variável de fertilizantes e defensivos no momento do plantio de culturas como a soja, milho e algodão, que já está em teste nos EUA, onde deve ser lançado em 2021. Desde que começou com o projeto, há quatro anos, a AMVAC direcionou US$ 16 milhões ao sistema, fruto de um reinvestimento em P&D de aproximadamente 1% do lucro anual da companhia.

“Nos Estados Unidos, os primeiros testes permitiram uma economia de até 70% no uso de agroquímicos e fertilizantes, porque o software é bastante preciso”, disse. Na prática, o que o programa faz é dimensionar a aplicação conforme a necessidade de cada área, sendo capaz de enviar o comando para aplicação de até oito insumos de uma vez.

A tecnologia também conversa com produtos para controle biológico de pragas e doenças, na qual a AMVAC quer investir, e bioestimulantes, em que a brasileira Defensive já atua.

“A área de biológicos tem grande potencial e vemos o Simpas como um facilitador das aplicações no campo, em culturas como as de hortaliças, mas principalmente para lavouras extensas, como as de soja”, afirmou Trogele. Hoje, a empresa brasileira é mais focada justamente em hortifruti, citros, café e cana-de-açúcar e um dos seus desafios é registrar produtos e oferecer soluções principalmente para soja, milho e algodão.

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Fonte: Valor Econômico

5. Lucro líquido da Deere & Co caiu 1,2% no 3º trimestre do exercício

A Deere & Co, fabricante de máquinas agrícolas da marca John Deere, registrou lucro líquido de US$ 899 milhões no terceiro trimestre de seu atual exercício, encerrado em 28 de julho. O resultado foi 1,2% menor que observado no mesmo período do ano passado.

Nos primeiros nove meses do ano, o lucro líquido atribuído aos acionistas da empresa ficou em US$ 2,53 bilhões, ante US$ 1,58 bilhão em igual intervalo de 2018.

As vendas líquidas totais da empresa no trimestre recuaram 3% na comparação anual, para US$ 10,04 bilhões no trimestre. No acumulado de 2019 houve um incremento de 5%, para US$ 29,36 bilhões.

As vendas da divisão de máquinas agrícolas - a Deere & CO faz também maquinário para construção civil e para florestas - caiu 6%, para US$ 5,95 bilhões no trimestre. No ano, as vendas dessa divisão subiram 2%, para US$ 17,91 bilhões.

Em nota, a companhia afirmou que a queda nas vendas trimestrais é resultado da preocupação dos produtores americanos com as condições de safra no país e da demanda incerta no curto prazo diante da guerra comercial entre EUA e China.

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Fonte: valor Econ}omico

6. Bayer e Case IH fazem parceria para testar nova soja transgênica

A multinacional de sementes e químicos Bayer e a indústria de máquinas agrícolas Case IH anunciam, nesta segunda-feira (19/8), uma parceria para a próxima fase de testes de campo da soja Intacta 2 Xtend. Plantio, tratos culturais e colheita de lavouras com a nova cultivar da empresa alemã serão feitos usando máquinas e equipamentos da fabricante, com o objetivo de avaliar a eficiência na aplicação das tecnologias nas diversas fases da cultura.

Na safra 2019/2020, a nova variedade será testada em 254 lotes de cinco hectares cada. Selecionadas pela Bayer, as áreas estão em locais de produção agrícola nas várias regiões do país. Segundo a empresa, pertencem a agricultores considerados de referência, que tendem a adotar novidades logo que chegam ao mercado. E eles devem ter preferência na compra dos primeiros volumes disponíveis da nova soja.

“A Bayer está lançando a terceira geração da biotecnologia em soja e precisávamos de suporte na área de maquinário. Abordamos empresas e vimos que a Case seria a parceira. Com a conectividade e o mundo digital, trabalhar juntos é importante”, conta o presidente da Bayer CropScience Brasil, Gerhard Bohne.

“Eles tinham a necessidade de um parceiro que tirasse o máximo potencial da tecnologia. E, vi, do outro lado, uma oportunidade muito grande, de mostrar a nossa tecnologia junto com uma nova. Para nós, foi imediato”, acrescenta o vice-presidente da Case IH para América do Sul, Christian Gonzalez.

Herdada da aquisição da Monsanto, a Intacta 2 Xtend tem lançamento comercial previsto pela Bayer para 2021. Falta a aprovação da China, principal importador de soja do Brasil. A promessa é de produtividade elevada e mais opções de controle de plantas daninhas, com tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba.

A nova fase de testes está prevista para começar já em setembro. Junto com a variedade geneticamente modificada, será plantado o refúgio na proporção de 20% da área. A Bayer está criando aplicativos para os donos das fazendas acompanharem a safra e compartilhará as informações com acadêmicos e especialistas em práticas agrícolas. E estão previstos eventos e dias de campo com a expectativa de reunir cerca de 10 mil produtores.

Com o projeto, chamado de Eleitos I2X, a multinacional alemã expande os ensaios, colocando a nova variedade transgênica em situações próximas da realidade vivida pelos agricultores durante cada safra em diferentes regiões e condições. Até agora, a pesquisa vinha sendo feita em áreas experimentais próprias. “Tomamos esse passo para irmos ao nível do agricultor. Vai ter todo o tipo de dado importante sobre a tecnologia”, pontua Bohne.

Obtidos os resultados, a colheita experimental será destruída para evitar riscos relacionados a ambientes controlados. Bohne diz ainda que os testes levarão em conta as preocupações relacionadas à aplicação de dicamba. Especialmente a deriva, quando o produto se desloca para áreas de plantio além daquela na qual foi aplicada.

“Temos uma preocupação com a deriva do dicamba, mas não só isso. Tem outros aspectos, como a formulação, mas principalmente a capacitação. Não adianta ter o melhor equipamento se não capacitar as pessoas sobre como utilizar”, afirma o executivo.

Do lado da Case, todas as máquinas a serem utilizadas nesse trabalho já estão no mercado. Serão cerca de 50 equipamentos percorrendo as fazendas. Os sistemas serão integrados ao Climate Fieldview, plataforma da Bayer para monitorar e analisar dados das lavouras. E será avaliada a conectividade entre os equipamentos, com toda a frota no campo se comunicando e compartilhando informações por meio da tecnologia isobus.

O suporte técnico ao maquinário - tratores, plantadeiras, pulverizadores e colheitadeiras de grãos - será feito a partir dos concessionários nas regiões onde estão as áreas de teste. Para a empresa, é uma forma de fortalecer relações com potenciais clientes que não usam produtos da marca. E avaliar no campo antes da concorrência a performance dos produtos aliada a um sistema de cultivo que ainda vai chegar ao mercado.

“Tem um viés comercial, com uma série de clientes que estão sendo expostos à tecnologia. E estou ganhando 254 laboratórios onde vou ter dados muito precisos sobre a performance do equipamento em condições diferentes. Vou ter em primeira mão se preciso fazer melhorias e modificações para atender melhor uma tecnologia que ainda vai chegar”, resume Gonzalez.

Os executivos destacam que a parceria foi feita só para o mercado brasileiro. Não dão detalhes, mas dizem considerar que pode trazer outras possibilidades de trabalho conjunto.

“Ainda é um pouco cedo para falar sobre outras coisas. Hoje é uma parceria tecnológica. Mas oportunidades adicionais existem. Consequentemente vão surgir outras oportunidades e o céu é o limite”, afirma Christian Gonzalez, da Case.

“Parcerias serão cada vez mais importantes. Vai começar com essa, tecnológica, e pode evoluir. Estamos olhando outras áreas em que poderíamos estar colaborando, mas ainda é muito embrionário”, acrescenta Gerhard Bohne, da Bayer.

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Fonte: Revista Globo Rural

Proteína Animal

7. Laticínios Bela Vista investirá R$ 110 milhões no Paraná

A Laticínios Bela Vista, dona da marca Piracanjuba, investirá R$ 110 milhões na região sudoeste do Paraná. Segundo informações do governo do Estado, Cesar Helou, diretor-superintendente da empresa, revelou ontem o plano ao governador Carlos Massa Ratinho Junior.

De acordo com o governo estadual, a unidade de Sulina terá capacidade de processar 150 mil litros de leite por dia e receberá investimento de R$ 30 milhões. Também está prevista a construção de uma unidade de São Jorge D’Oeste, em 2020, ao custo de R$ 80 milhões. Procurada, a empresa preferiu não dar entrevista.

De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, o Paraná é o terceiro maior produtor de leite do Brasil, com cerca de 13% da produção nacional. Aproximadamente 90 mil produtores de leite atuam no Estado.

Em 2018, a produção de leite rendeu R$ 5,8 bilhões no Valor Bruto da Produção Agropecuária do Estado, segundo dados preliminares do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. Dividendo a minoritários pressiona caixa da Marfrig

Os dividendos pagos pela Marfrig aos sócios minoritários da National Beef, quarta maior indústria de carne bovina dos EUA, pressionaram o caixa do grupo brasileiro no segundo trimestre.

No balanço divulgado na noite de quarta-feira, a Marfrig reportou "fluxo de caixa livre" de R$ 103 milhões, o que indicaria uma virada importante para um negócio que consumiu mais de R$ 1 bilhão do caixa no primeiro trimestre, elevando o endividamento do grupo.

Quando considerados os dividendos pagos aos sócios da National, no entanto, a Marfrig voltou a queimar caixa. No segundo trimestre, a empresa pagou US$ 151 milhões (o equivalente a R$ 589 milhões em caixa) em dividendos. Incluindo esses recursos, que efetivamente saíram do caixa, a companhia teve um fluxo negativo de R$ 486 milhões.

Não à toa, a dívida da Marfrig voltou a crescer. Em 30 de junho, o endividamento bruto totalizava US$ 4,3 bilhões, montante 3,3% superior aos US$ 4,1 bilhões reportados no fim do primeiro trimestre.

Em entrevista ao Valor, o vice-presidente de finanças e de relações com investidores da Marfrig, Marco Spada, argumentou que houve uma concentração de dividendos pagos no segundo trimestre. Sem essa concentração, a companhia teria gerado quase R$ 10 milhões em caixa livre.

Em tempos normais, a Marfrig pagaria somente o dividendo trimestral, montante que é calculado no início de cada período considerando as expectativas de resultados.

Pelas regras, a companhia é obrigada a distribuir 54% do lucro antes de impostos aos minoritários da National - a firma de investimentos Jefferies e pecuaristas americanos. A Marfrig detém 51% da National, que foi adquirido no ano passado.

No segundo trimestre, no entanto, a Marfrig pagou US$ 24 milhões referentes aos resultados do período - esse é o dividendo corriqueiro -, e também distribuiu US$ 22 milhões relativos ao resultado do primeiro trimestre e US$ 28 milhões devido ao excesso de caixa de 2018.

Mas o principal pagamento foi um "dividendo especial" de US$ 77 milhões, que serviu como uma antecipação de recursos para que os minoritários da National participassem do aumento de capital feito para financiar a compra do frigorífico americano Iowa Premium.

Conforme Spada, a antecipação será compensada em 2020, quando a Marfrig calcular o excesso de caixa da National Beef em 2019.

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Fonte: Valor Econômico

9. BRF deixa de ser acionista da Minerva

A BRF deixou de ser acionista da Minerva Foods, terceira maior indústria de carne bovina do Brasil, apurou o Valor. A empresa zerou a posição acionária nesta semana.

Ao longo do terceiro trimestre, a BRF vendeu mais de 8 milhões de ações da Minerva, pouco mais de 2% do capital. Com essas vendas, angariou cerca de R$ 70 milhões.

A dona das marcas Sadia e Perdigão chegou a ter mais 10% do capital da Minerva e, até o ano passado, mantinha um acordo de acionistas com a VDQ, holding por meio da qual a família Vilela de Queiroz controladora da Minerva.

A parceria entre BRF e Minerva teve início em 2014, quando a primeira vendeu dois abatedouros de bovinos em Mato Grosso à segunda. Em troca, recebeu 29 milhões de ações da Minerva.

Quando a BRF se tornou acionista da Minerva, os papéis valiam mais de R$ 12. Na prática, a BRF saiu da Minerva com uma perda contábil, tendo em vista que os papéis foram vendidos por menos de R$ 9,00.

Nesta sexta-feira, as ações da Minerva são negociadas por R$ 8,22 na B3, praticamente estáveis. Os papéis da BRF sobem 0,9%, a R$ 38,51.

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Fonte: Valor Econômico

Agroenergia

10. Fim da tarifa ao etanol importado pode adiar triunfo do biocombustível brasileiro

Em junho de 2008, na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, na Itália, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma defesa apaixonada do etanol brasileiro. Segundo ele, o biocombustível transformaria o Brasil no maior produtor de combustíveis renováveis do mundo, uma "Arábia Saudita Verde", em alusão ao país árabe que lidera a produção mundial de petróleo.

Mas a história não se desenrolou como o ele previra. Uma série de acontecimentos – entre os quais o congelamento dos preços da gasolina implementado pelos governos petistas como forma de tentar segurar o aumento da inflação – desidratou a agroindústria canavieira. Dezenas de usinas foram fechadas, e outras tantas pediram falência ou entraram em recuperação judicial. Outras, por fim, ainda estão sob risco.

O resultado foi desastroso, e o combustível perdeu o status de nova estrela da política energética brasileira.

Mas, nos últimos anos, o etanol brasileiro ensaiou uma recuperação, impulsionado pelo aumento da competitividade frente à gasolina e pela queda vertiginosa no preço mundial do açúcar devido aos subsídios da Índia, o maior produtor mundial. Além disso, em 2017, o governo brasileiro elevou o porcentual de álcool na gasolina de 25% para os atuais 27%.

Na safra passada, o setor bateu um recorde – 65% da oferta da cana de açúcar foi destinada à produção do biocombustível –, e a temporada atual não deve ser diferente.

Mas há uma nova ameaça no horizonte: a possibilidade de o governo Jair Bolsonaro (PSL) zerar as tarifas para o etanol de milho, importado dos Estados Unidos.

Impacto da aproximação bilateral

Em agosto de 2017, ainda sob o governo Michel Temer (MDB), o Brasil aplicou uma taxa de 20% sobre as importações de etanol para volumes que excedessem 600 milhões de litros. A medida, que vigoraria por 24 meses, tinha um objetivo claro: frear a entrada do produto dos Estados Unidos, que vinha inundando o mercado brasileiro. Até então, o Brasil não taxava a importação desse produto.

Agora, com a proximidade do fim do prazo, o governo discute internamente se renova a cota que vence no fim deste mês ou se zera de vez a tarifa. A primeira opção é defendida pelo Ministério da Agricultura. Já a segunda, pelo da Economia.

Se nada for feito, hipótese mais remota, a tarifa de 20% volta a ser aplicada à totalidade do etanol importado. Mas essa alternativa poderia comprometer as negociações em curso de um acordo bilateral com os Estados Unidos envolvendo o trigo americano e o açúcar e o etanol brasileiros, previsto para sair em outubro.

Mas a liberação do mercado brasileiro para o etanol americano preocupa parte dos produtores, especialmente das regiões Norte e Nordeste, que produzem menos do que o Centro-Sul. Por questões econômicas e logísticas, a região acaba sendo o principal destino do etanol americano.

“O impacto seria muito negativo, especialmente para o Nordeste. De fato, temos uma participação muito menor do que o Centro-Sul em termos de produção, mas empregamos 35% da força de trabalho”, diz à BBC News Brasil Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).

Segundo ele, o Brasil é autossuficiente na produção de etanol, patamar que dispensaria a importação de álcool. “As distribuidoras acabam preterindo o etanol produzido no Nordeste em relação ao importado para fazer dinheiro. E essa operação nunca teve um reflexo positivo no bolso do consumidor brasileiro. Pagamos na bomba a mesma coisa por um etanol que não é produzido aqui”, afirma.

Cunha diz que a proposta de zerar a tarifa sobre o etanol americano, caso seja adotada, deveria ter embutida a reciprocidade. O principal pleito, nesse sentido, é um maior acesso do açúcar brasileiro ao mercado americano.

“As cotas americanas para importação dessa matéria-prima são muito modestas, de cerca de 150 mil toneladas. Isso para um país como o Brasil, que produz 30 milhões de toneladas de açúcar por ano, é irrisório”, assinala.

Em guerra com a China, EUA se voltam para o Brasil

Desde 2016, o Brasil é o maior comprador do etanol dos Estados Unidos. Passou à frente do Canadá, segundo dados da Administração de Informação de Energia (EIA, na sigla em inglês). Os produtores americanos haviam expandido a capacidade apostando no apetite da China, mas a guerra comercial do presidente Donald Trump com o gigante asiático desidratou seus planos. O foco dos embarques passou a ser, então, o mercado brasileiro.

No ano passado, o Brasil importou 1,1 bilhão de litros de etanol dos Estados Unidos. Curiosamente, exportou ao país 1,8 bilhão de litros.

Segundo Plinio Nastari, presidente e CEO da Datagro Consultoria, o Brasil não exporta mais etanol aos americanos porque os Estados Unidos são os maiores consumidores de gasolina do mundo. “Apenas 10% do mercado automotivo americano consome etanol, enquanto nossa proporção é de 46%”, diz à BBC News Brasil.

Para Marcos Jank, professor sênior de agronegócio global do Insper e ex-presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), é preciso reduzir o protecionismo. “Não faz sentido propor biocombustíveis como alternativa ao petróleo se as tarifas praticadas continuarem altas. Por isso, vejo com bons olhos a redução do protecionismo ao etanol”.

Mas Jank faz ressalvas às negociações que envolvem uma maior abertura do mercado americano ao açúcar brasileiro, que poderia afetar a lucratividade dos produtores nacionais. “No curto prazo, pelo fato de que o etanol americano é mais barato do que o etanol brasileiro, uma abertura completa do mercado causaria prejuízos. Por isso, existe uma pressão de parte considerável da indústria contra a abertura imediata. Essa é a razão pela qual são necessárias compensações, dentro das negociações”.

Novos mercados para etanol

O etanol de milho e o da cana de açúcar têm o mesmo potencial energético, mas diferem na intensidade de carbono – a produção do etanol a partir do milho é mais “suja”.

“Basicamente, a cana tem o bagaço. Ou seja, quando se fabrica o etanol, se usa a própria energia dessa matéria-prima. Já o milho requer uma fonte energética adicional. Sendo assim, o etanol da cana gera uma economia maior de gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global. É mais limpo”, diz Nastari, da Datagro Consultoria.

Além disso, a produtividade do etanol de cana de açúcar é maior do que o milho. “A cada hectare plantado, geramos 4 mil litros de etanol a partir do milho e de 6 mil a 7 mil a partir da cana”.

Além de cobrar maior reciprocidade dos Estados Unidos, produtores estão de olho em novos mercados.

A indústria nacional vem se empolgando com a possibilidade de que China, Índia e Filipinas passem a adotar o chamado E10, a gasolina com 10% de álcool. Já a Tailândia, outro consumidor em potencial, poderia acrescentar uma fatia 20% de álcool à gasolina.

Caso esses quatro países realmente adotem o E10 e o E20, haveria uma demanda adicional de 19,4 bilhões de litros de etanol por ano, o equivalente a mais da metade da produção brasileira.

Os produtores brasileiros também estão esperançosos com o RenovaBio, como é chamada a Política Nacional de Biocombustíveis, que passará a vigorar a partir de janeiro de 2020. O objetivo é reduzir as emissões de gás carbônico em 11% até 2029 em comparação com 2018. Para isso, será preciso estimular aumento da produção e do consumo de combustíveis renováveis.

Na prática, a produção nacional deve crescer para 48 bilhões de litros (contra os atuais 33 bilhões), exigindo um investimento de R$ 60 bilhões a R$ 70 bilhões na próxima década.

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Fonte: BBC/Novacana

11. Baixa do dólar ante real e peso garante lucro da Adecoagro

A queda do dólar ante o real e o peso argentino no segundo trimestre garantiu à Adecoagro, listada na bolsa de Nova York, lucro líquido no período. No lado operacional, porém, a ausência de negócios no mercado de terras ofuscou a estabilidade da área de cana no Brasil.

A companhia obteve lucro de US$ 23,3 milhões entre abril e junho, ante prejuízo de US$ 21,4 milhões um ano antes. Porém, retirados os efeitos de variações cambiais, inflação e de avaliação das terras, o resultado ajustado foi de US$ 886 mil no intervalo - ante US$ 86,9 milhões um ano antes.

A apreciação das moedas brasileira e argentina tiveram impacto positivo nas despesas financeiras. Porém, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado registrou queda de 36,5% na mesma base de comparação, para US$ 87 milhões.

O Ebitda do negócio de terras caiu 82,9%, para US$ 10,5 milhões. Boa parte da diferença se explica porque, um ano atrás, a Adecoagro vendeu duas fazendas no Brasil que geraram, na época, Ebitda de US$ 36 milhões.

A maior parte do resultado operacional, porém, segue vindo do segmento sucroalcooleiro. Apostando fortemente em etanol, o negócio garantiu no trimestre um Ebitda de US$ 81,6 milhões (94% do Ebitda total), uma alta marginal ante o mesmo período do ano passado. A margem Ebitda ajustada ficou em 68,4%.

O resultado foi garantido pelo avanço das vendas de etanol. Aproveitando a alta dos preços na primeira metade do ano, a Adecoagro acelerou as vendas do biocombustível que produziu e garantiu uma receita de US$ 77 milhões com o produto, um crescimento de 23% na comparação anual.

Além disso, com o aumento da moagem de cana e a melhora de eficiências industriais, a companhia ainda diluiu custos unitários, que ficaram em 10 centavos de dólar a libra-peso, redução de 3,8%.

A moagem elevada, porém, não deve se manter, já que a Adecoagro estima que as geadas comprometeram 5% da cana. Para dirimir os impactos, a companhia quer aumentar a capacidade de produção de etanol em 400 litros por dia com melhorias de eficiência. A estratégia, diz a Adecoagro, deve preservar o Ebitda e a geração de caixa.

A execução dessa estratégia, na avaliação do BTG, será um "forte teste" para a companhia. No mercado, o balanço foi bem recebido, e as ações em Nova York subiram 4,64% na sexta-feira, acima do S&P.

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Fonte: Valor Econômico

12. Brasil terá aumento de 2% na moagem de cana em 19/20, mas teor de açúcar cairá, diz FCStone

A moagem de cana do Brasil deverá aumentar 2% na temporada 2019/20, para 633,6 milhões de toneladas, estimou INTL FCStone, em momento em que a colheita no Norte-Nordeste está prestes a começar, com um ligeiro atraso devido a mais chuvas ocorridas este ano.

A FCStone, em sua primeira estimativa para a safra do Norte-Nordeste, apontou um aumento de quase 5% na moagem de cana da área, para 50,3 milhões de toneladas em 2019/20, de acordo com informação antecipada à Reuters.

Mas nem uma melhora na safra nordestina impulsionará o panorama para a produção de açúcar do Brasil, maior exportador global, já que o país tem destinado volumes recordes da matéria-prima para a produção de etanol e deverá colher uma safra com redução de quase 2% no Açúcar Total Recuperável (ATR), para 135 kg por tonelada de cana.

A produção brasileira de açúcar foi projetada em 28,7 milhões de toneladas na safra 2019/20, queda de 1% ante ciclo anterior, segundo a FCStone, que estima aumento de 3,4% na fabricação do adoçante no Nordeste, para 2,63 milhões de toneladas.

“No geral, vai ter aumento da moagem de cana, com uma redução geral do ATR. Essa tendência de aumento da moagem e redução de ATR é vista nas duas regiões (Centro-Sul e Norte-Nordeste), assim como redução no mix açucareiro vemos nas duas regiões”, afirmou o analista João Paulo Botelho.

O total de cana destinada ao açúcar cairá para 35,3% no Brasil, ante 35,7% na safra anterior. O restante da matéria-prima vai para o etanol.

Segundo o ele, o ATR está reduzido principalmente pelo clima mais úmido. “No Centro-Sul, tivemos também chuvas que se estenderam até junho, o clima chuvoso aumenta o peso da cana, mas reduz o que pode tirar de açúcar”, destacou.

Já a produção de etanol do Brasil, que tem remunerado mais os produtores do que açúcar, deverá aumentar 1,78% para 33,75 bilhões de litros, incluindo 1,1 bilhão de litros do combustível feito a partir de milho, este com alta de mais de 40% na comparação anual, à medida que o biocombustível do cereal começa a ganhar importância no país.

Sem o etanol de milho, a produção do combustível no país cresceria apenas 0,9%.

Já a produção de etanol do Norte-Nordeste do Brasil foi estimada em 2,25 bilhões de litros, aumento de 4,1% ante a temporada passada, apontou a FCStone. As regiões ao norte do país não fazem o produto à base de milho.

Importação

Uma maior produção de etanol no Norte-Nordeste é importante porque as regiões são importadoras do biocombustível, especialmente dos Estados Unidos.

Mas o analista destacou que as importações da região vão depender também de uma decisão do governo brasileiro sobre uma cota livre de tarifa de importação, que é válida até o final do mês.

O Brasil permite atualmente que 600 milhões de litros por ano de etanol entrem no país sem tarifas, mas a regra expira no fim deste mês. Se não for renovada, as importações futuras estarão sujeitas a um imposto de 20%.

“Fizemos a estimativa considerando a situação atual, se tiver uma mudança no cenário regulatório, aí teria um impacto muito mais definido pela decisão do governo. Se o governo começar a tarifar toda a importação, vai ter menor entrada desse produto”, disse o analista.

Ele lembrou que Pará, Amazonas, Maranhão e Ceará são mercados que dependem bastante do etanol anidro importado. “Com certeza terá redução na entrada, terá aumento na demanda pelo produto dos Nordeste, e haverá maior direcionamento para etanol anidro no Nordeste”.

Ele citou ainda que a demanda será determinante para a região. “Dependendo de quão forte for a reação dos consumidores, isso vai ser determinante para ver quanto vai importar, se os consumidores mantiverem o nível elevado de demanda, veremos um mercado de etanol bem mais apertado, e isso pode estimular um aumento das importações pelo Nordeste, mesmo com aumento de produção”.

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Fonte: Reuters/NovaCana

Grãos e Grandes Culturas

13. FT: Mondelez e Kraft voltarão à Justiça contra órgão regulador

Uma prolongada briga jurídica entre as companhias de alimentos Mondelez International e Kraft Heinz e a autoridade reguladora de mercado dos Estados Unidos foi retomada com furor, horas depois de formalmente encerrada por um juiz federal.

A Commodity Futures Trading Comission (CFTC) multou a Mondelez pelas alegações de que ela e a Kraft manipularam o mercado futuro de trigo dos EUA quando eram uma única empresa em 2011. Mas a comissão concordou com uma condição pouco comum de não comentar publicamente o caso – um pacto que, segundo disseram as companhias ontem, quinta-feira, foi violado.

A Mondelez e a Kraft, donas de marcas como os biscoitos Oreo e o cream cheese Philadelphia, disseram que retornarão imediatamente aos tribunais para contestar a maneira como a autoridade reguladora anunciou o acordo. “Repudiamos veementemente as declarações da CFTC, que violam abertamente e adulteram os termos e o espírito da ordem de consentimento, e vamos buscar recorrer imediatamente à corte”, disse cada uma das empresas em comunicados separados.

A explosão marca um desenlace surpreendente de quatro anos de litígio que testaram os novos poderes de fiscalização conferidos à autoridade reguladora dos mercados de derivativos pela reforma financeira da lei Dodd-Frank de 2010.

Em 2015, a CFTC acusou a Mondelez e a Kraft de distorcerem os preços dos contratos futuros de trigo, que estão entre os contratos agrícolas mais negociados no mundo. As duas companhias eram uma só à época da suposta manipulação do mercado, em 2011, antes de serem separadas num processo de cisão corporativa.

O caso envolveu uma relação obscura entre os preços dos mercados futuros do trigo do tipo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago e os preços do trigo físico que as companhias – então conhecidas como Kraft Foods – compraram para suprir uma fábrica de farinha sua no Estado de Ohio. A CFTC alegou que a Kraft obteve com isso um ganho ilegal de US$ 5,4 milhões.

“A América é o celeiro do mundo; os mercados de trigo são o seu coração. A manipulação do mercado causa danos reais aos produtores rurais ao negar a eles o valor justo de seu trabalho duro e safras”, disse Heath Tarvert, presidente da CFTC, em um comunicado feito ontem, quinta-feira, anunciando a multa de US$ 16 milhões.

As três partes concordaram em resolver o caso em março, segundo registros do tribunal, mas as audiências prosseguiram por meses perante o juiz Robert Blakey do Tribunal Distrital dos EUA em Chicago.

A comissão disse que seus cinco membros decidiram pelo acordo por unanimidade, incluindo a cláusula que a impede de fazer comentários públicos sobre o caso, que não os baseados em documentos públicos. “Não esperamos que a comissão concorde com uma linguagem parecida no futuro”, acrescentou a comissão, exceto em determinadas situações.

O acordo finalizado na quarta-feira ocorreu vários meses depois que a CFTC sofreu uma dura derrota num caso em que acusou a DRW, uma firma de investimentos de Chicago, de fraudar o mercado futuro de juros.

A ordem de consentimento do caso Mondelez-Kraft também careceu das chamadas constatações de fato e direito, que detalhariam os fatos do caso conforme acertado pelo juiz. A omissão foi “incomum”, segundo Benjamin Sauter, um advogado da Kobre & Kim, uma firma de advocacia que representou a DRW em sua defesa contra a CFTC.

“Até certo ponto isso invalida o propósito de uma ação executória, que é oferecer orientação ao setor, uma coisa que o acordo absolutamente não faz. A omissão é especialmente gritante aqui porque o setor vem buscando orientação sobre as normas de manipulação depois que a CFTC perdeu para a DRW”, disse Sauter.

Individualmente, os comissários não se deixaram calar pelo acordo firmado pela CFTC no caso Mondelez-Kraft. Dois deles, ambos democratas, emitiram um comunicado separado expressando dúvidas sobre a “cláusula de mordaça” e a ausência de constatações factuais na ordem de consentimento.

Os comissários Dan Berkovitz e Rostin Behnam disseram que no futuro a comissão deveria evitar as cláusulas de confidencialidade nos acordos. “Estamos votando por essa acordo porque acreditamos que a Kraft Foods manipulou o mercado de trigo. A multa de US$ 16 milhões e a medida cautelar que a comissão obteve nessa ordem de consentimento equivalem ao que a comissão poderia esperar obter, com sensatez, se ela fosse prevalecer no julgamento”, disseram eles.

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Fonte: Valor Econômico

14. Exportação de frutas deve chegar a US$ 1 bi em 2020

Os exportadores brasileiros de frutas frescas estão animados. Com clima favorável à produção e abertura de novos mercados, os embarques estão em alta e, se o ritmo for mantido, poderão finalmente alcançar a marca recorde de US$ 1 bilhão no ano que vem.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o primeiro semestre deste ano foi alvissareiro. Em volume, as vendas ao exterior cresceram 21% ante o mesmo período de 2018, para 429,7 mil toneladas, enquanto a receita aumentou 15%, para US$ 384,4 milhões

Embora o país seja o terceiro maior produtor de frutas do mundo, com 2,5 milhões de hectares cultivados, ocupa apenas a 23ª posição no ranking dos exportadores, de acordo com dados da Abrafrutas. Apenas 3% da produção nacional é exportada.

No primeiro semestre deste ano, afirmou Eduardo Brandão, diretor-executivo da entidade, os resultados registrados foram impulsionados sobretudo pelo clima favorável à produção. Diferente do que aconteceu em 2018, quando intempéries provocaram perdas em diversos polos, tanto de volume quanto de qualidade.

"Os destaques foram a uva, cujas exportações aumentaram 224% em volume, a banana, que teve alta de 57% e a manga, com aumento de 56%", disse Brandão.

A uva e a manga direcionadas ao mercado externo são produzidas majoritariamente no Vale do São Francisco, situado entre a Bahia e Pernambuco. "No ano passado o excesso de chuvas no Semi-Árido prejudicou a produção, mas em 2019 o clima ajudou e as vendas aumentaram", afirmou.

Para os resultados recentes e, sobretudo, para as projeções positivas traçadas, a prospecção de novos mercados pela Abrafrutas e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) é encarada como outro fator importante.

Hoje, 75% das exportações brasileiras têm como destino a Europa e o Reino Unido e 12% vão para os EUA, daí a necessidade de uma maior diversificação. "Abrimos a Coreia do Sul para a manga, estamos perto de abrir o mercado japonês para o melão e voltamos recentemente de uma viagem ao Oriente Médio com boas perspectivas", afirmou Brandão.

Segundo ele, os países árabes são um mercado com muito potencial, porque praticamente não há barreiras fitossanitárias. "Como a região é desértica, eles quase não têm problemas com pragas e doenças". O desafio é a distância. "Vamos analisar o que pode ir por via marítima e o que precisa ser por via aérea", afirmou. O frete aéreo para a região custa, em média, US$ 1,50 por quilo.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2018 o Brasil foi o 26º maior fornecedor de frutas para os países árabes, com vendas de US$ 28,8 milhões concentradas em maçãs, uvas, melões e limões.

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Fonte: Valor Econômico

15. Grãos e carnes movem avanço da Frísia

A expansão da área de grãos em Tocantins, a perspectiva de uma produção farta de trigo, as oportunidades de exportação de carne suína e o investimento em uma nova torre de secagem de leite tendem a impulsionar a receita da Frísia Cooperativa Agroindustrial, com sede em Carambeí (PR), a um patamar recorde neste ano.

Graças à combinação desses fatores, o grupo projeta que sua receita ficará próxima de R$ 3 bilhões em 2019, ante os US$ 2,6 bilhões do ano passado, quando as sobras (lucros) distribuídas aos cooperados somaram R$ 40,7 milhões, com aumento de 61%.

Segundo Emerson Moura, superintendente da Frísia, entre as frentes de atuação da cooperativa a de grãos e insumos - que representa 60% da receita - deverá trazer os melhores resultados. "Apesar das incertezas no mercado internacional, será um ano ótimo para grãos. Além disso, o setor de carnes vem reagindo de forma expressiva", afirmou ele.

Nesse cenário, a cooperativa projeta que a área dos cooperados destinada ao plantio de soja e milho crescerá pelo menos 4% nesta safra 2019/20, para 167 mil de hectares. O avanço deve ocorrer especialmente em Tocantins, onde a Frísia passou a atuar em 2016. No Estado, os cooperados cultivam 23 mil hectares.

Naquele ano, Moura afirmou ao Valor que pretendia chegar a 50 mil hectares cultivados no "Matopiba" - confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - em dez anos. "Há mais de 500 mil hectares na região que podem ser direcionados para grãos em dois a três anos", afirmou, referindo-se à áreas de pastagens degradadas que podem ser convertidas em lavouras.

Segundo ele, ainda que a China venha a reduzir as importações de soja com a queda de seu plantel de porcos em razão da peste suína africana, esse movimento ainda não teve reflexo nos negócios. E como a China ainda está em guerra com os EUA, as compras do grão do Brasil poderão ser menos prejudicadas. "E outros países estão ampliando as importações. É o caso da Índia, que tem aumentado a demanda por farelo e óleo", disse Moura.

A projeção de crescimento da Frísia também leva em conta a expectativa de uma safra maior de trigo. Neste ano, os cooperados ampliaram a área de produção do cereal em 10%, para 35 mil hectares. "Esperamos aumento de produção e qualidade superior", disse o superintendente.

Segundo ele, as áreas da cooperativa nos Campos Gerais no Paraná não foram afetadas pelas geadas que prejudicaram outras regiões. "Como fazemos um plantio tardio, tivemos alguns casos de perda, mas a área dos cooperados não deve sofrer tanto".

No segmento de carne suína, a Frísia vem colhendo, indiretamente, os frutos do aumento das exportações para a China em razão da peste suína naquele país. "Não temos plantas habilitadas a exportar aos chineses, mas como outras empresas ampliaram os embarques para o país asiático, estamos com mais espaço em outros mercados", afirmou.

A cooperativa exporta carne suína para mais de 50 países - por meio da Alegra, mantida em sociedade com as cooperativas Castrolanda e Capal. No ano passado, os cooperados da Frísia forneceram 227 mil cabeças, ou 29% do total abatido pela Alegra. As três cooperativas criaram a marca institucional Unium em 2017, por meio da qual atuam em conjunto também na produção de lácteos, com as marcas Naturalle, Colônia Holandesa e Colaso, e de farinha de trigo, com a marca Herança holandesa.

O avanço no mercado de carne suína vem depois de dois anos de crise, que levou ao adiamento dos planos de aumento da capacidade de abate da unidade, também parte da intercooperação com a Castrolanda e Capal - e que representa 15% do faturamento da Frísia.

A meta era alcançar uma capacidade de abate de 5,5 mil animais por dia em 2020 - atualmente são 3,2 mil. "Poderemos levar dois anos a mais para alcançar esse objetivo", disse Moura.

O segmento de lácteos representa 35% da receita da cooperativa, que mantém três laticínios também no âmbito da Uniumem Itapetinga (SP), Ponta Grossa e Castro (PR). Especializada em atender empresas (B2B), a Frísia deverá inaugurar em novembro deste ano uma torre de secagem para a produção de leite em pó, que recebeu cerca de R$ 150 milhões em investimento.

Com o aporte, a expectativa é que a produção de leite me pó, cuja demanda está em alta, dobre. A capacidade será de 400 mil litros por dia. As três cooperativas sócias, juntas, captam 2 milhões de litros por dia.

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Fonte: Valor Econômico

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