Conjuntura do Agronegócio

1. Mercado de alimentação saudável valoriza pequenos produtores

O mercado global de alimentos orgânicos se aproxima de US$ 100 bilhões ao ano, liderado por Estados Unidos, Alemanha, França e China, respectivamente, como principais consumidores. Segundo o mais recente levantamento organização internacional IFOAM, publicado em fevereiro com dados de 2017, a área de cultivo atingiu 70 milhões de hectares, 20% a mais em comparação ao ano anterior. O Brasil, com 1,1 milhão de hectares, está atrás de países como Argentina e Índia, mas tem registrado expansão no consumo: atualmente, em torno de 15% da população urbana brasileira compra regularmente esses produtos, de acordo com estudo do Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável.

A tendência reflete o desafio global da produção de alimentos, marcado por novos de hábitos de consumo mais saudáveis e também por fatores como mudanças climáticas, inclusão social e combate à pobreza e fome. A ONU projeta a necessidade de expandir a agricultura em 50% para suprir a demanda de 10 bilhões de pessoas em 2050, desafio que precisará ser atingido sem degradar recursos naturais. “É maior a busca por garantia sobre o teor e a origem sustentável dos alimentos”, afirma Paulo Branco, vice-coordenador do FGVces. “Diante das pressões, empresas que não consideram essas questões e olham apenas para o lucro já começam a ser penalizadas pelo mercado”, completa.

No projeto Boa na Mesa, voltado a engajar os diferentes segmentos para a inclusão da agricultura familiar na cadeia produtiva de alimentos, a instituição desenvolveu por dois anos trabalhos de campo e apontou caminhos para a melhoria das relações de consumo, do acesso a tecnologias e das condições sociais, em especial soluções contra o êxodo de jovens devido à precariedade da produção. “A valorização da atividade depende fortemente de políticas que reconheçam a sua importância na produção da maior parte dos alimentos consumidos no dia a dia”, recomenda Branco.

O diálogo setorial favorece decisões sobre investimentos com base na realidade do pequeno produtor. Segundo o IBGE, o Brasil tem 4,4 milhões de famílias agricultoras, o que corresponde a 84% dos estabelecimentos agropecuários, respondendo por um terço do valor total da produção rural, com destaque para mandioca, feijão, milho, leite e carne suína e de aves.

“Provamos ser possível melhorar a produção e a vida nos assentamentos rurais sem degradar o ambiente”, diz Lucimar Souza, diretora adjunta de desenvolvimento territorial do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), integrante da iniciativa. Para chegar a um modelo produtivo sustentável a ser replicado na região, foi criado um pacote de soluções: apoio à regularização ambiental, valorização da floresta pelo uso de madeira e outros ativos, assistência técnica e acesso a insumos.

“Foi essencial o incentivo a estruturas de beneficiamento que agregam valor aos produtos para comercialização”, explica Souza. Com investimento de R$ 25 milhões do Fundo Amazônia e participação de 2,7 mil produtores de cinco municípios do Pará, o projeto aumentou a renda em 121% e reduziu o desmatamento em 79%, em comparação à média dos dez anos anteriores.

Em São Paulo, o Instituto BioSistêmico, dedicado ao desenvolvimento rural, se propôs solucionar outra questão: a qualidade do leite. Para levar a mensagem a pequenos produtores, que precisavam se adequar a novas normas de controle do governo, a ideia foi transformar um carro em laboratório – a “vaca móvel”, nome do projeto que começou em Votuporanga (SP) fazendo análises para melhorar os padrões do leite e hoje beneficia milhares de fornecedores em diferentes regiões do país, com melhoria da renda. “Chegávamos nos sítios fazendo barulho com uma buzina igual ao mugido do animal”, conta Luis Henrichsen, diretor corporativo da instituição, com assistência às propriedades também em biotecnologia e recuperação ambiental.

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Fonte: Valor Econômico

2. Boas práticas reduzem as emissões do agronegócio

O setor agropecuário conseguiu reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em quase um terço entre 2000 e 2017, segundo dados do inventário mais atual divulgado no fim do ano passado pelo Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg), do Observatório do Clima.

Os números, ainda preliminares, incluem as emissões diretas causadas pelas atividades de produção de carnes e grãos, e as geradas por mudanças no uso do solo (desmatamento). Mostram que o total de emissões do setor baixou de 2,11 bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (CO2) para 1,45 bilhão no período. O agronegócio ainda lidera as emissões totais, mas sua participação caiu de 83,7% para 70%.

A área ocupada por pastos, lavouras temporárias e permanentes cresceu 11,3%, para 243,72 milhões de hectares desde o começo da década passada, segundo a plataforma Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas), desenvolvida por uma rede de universidades, organizações não governamentais, ambientalistas e pesquisadores. Por essa razão, além da queda na área desmatada, a hipótese mais provável sugere que os esforços na direção de uma agropecuária de baixo carbono já começam a surtir efeitos.

No balanço mais recente, apresentado em dezembro pelo governo brasileiro durante o 24ª Conferência das Partes (CoP- 24), em Katowice, na Polônia, o setor conseguiu mitigar algo entre 100,21 milhões e 154,38 milhões de toneladas de CO2 equivalente entre 2010 e 2018 no âmbito do Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (Plano ABC), segundo o pesquisador Celso Vainer Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente.

Os dados computam o sequestro de carbono observado com a recuperação de 10,45 milhões de hectares de pastagens degradadas, com base em dados do Seeg, mais 5,83 milhões de hectares de áreas incorporados a sistemas de integração de lavouras, pastos e florestas, a aplicação de técnicas de plantio direto e de fixação biológica de nitrogênio em mais 9,97 milhões de hectares, além do plantio de 1,10 milhão de hectares de florestas e do tratamento adicional de 4,5 bilhões de litros de desejos animais naquele período.

Os dados da equipe do Plano ABC, que complementam as estatísticas do inventário brasileiro de emissões, indicam que o Brasil já conseguiu cumprir boa parte dos compromissos assumidos durante a CoP-15. Na conferência, realizada em Copenhague em 2009, era prevista a mitigação de 132,9 milhões a 162,9 milhões de toneladas de carbono até 2020 apenas na agropecuária, correspondendo a quase 32,9% das emissões registradas apenas na atividade agropecuária pela plataforma do Seeg.

"Nossos números mostram que as agendas ambiental e produtiva não são antagônicas, são sinérgicas, e que é possível investir em sustentabilidade e ganhar dinheiro", sustenta Manzatto, responsável técnico pela Plataforma ABC. Ele recorre a tese recentemente defendida pelo pesquisador Francisco Chagas da Silva, da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP/FGV), para reforçar seu argumento.

O trabalho mostra que pastagens degradadas, com capacidade de suporte de apenas uma cabeça por hectare, registram custo de R$ 323 e produtividade de 2,83 arrobas por hectare/ano. Pastos em bom estado permitem quase quintuplicar a produtividade anual, para 12,97 arrobas por hectare, o que derrubaria o custo final para R$ 131, ou seja, 59%. Adicionalmente, aponta Manzatto, bastaria elevar a ocupação para dois animais por hectare para zerar o balanço de carbono da propriedade, mitigando toda a emissão realizada durante o ciclo produtivo.

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Fonte: Valor Econômico

3. Doações favorecem a segurança alimentar de quilombolas

As populações quilombolas localizadas nas proximidades do Distrito Federal estão recebendo um total de 29,7 toneladas de alimentos doados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A ação beneficia cerca de 1.350 famílias em situação de insegurança nutricional nas comunidades próximas aos municípios goianos de Teresina, Cavalcante, Santa Rita do Novo Destino, Goianésia, Uruaçu, Posse e São João d´Aliança.

“A Conab atende entidades públicas e de interesse social na suplementação da oferta de alimentos aos segmentos carentes da população”, esclarece o superintendente da Conab no DF e entorno, Rafael Borges Bueno. “As doações em geral são feitas às famílias vitimadas por calamidades públicas, às comunidades indígenas e quilombolas e de pescadores artesanais”. A demanda aos quilombolas partiu da Fundação Cultural Palmares (FCP). A previsão é que as entregas sejam feitas até o dia 3 de abril. Cada cesta possui 22kg de produtos como feijão, macarrão, fubá, farinha de mandioca, arroz, açúcar, leite em pó e óleo.

No ano de 2018, foram entregues pela Conab 4.563 cestas para as comunidades quilombolas no Distrito Federal, totalizando cerca de 100 toneladas de produtos. O trabalho beneficiou mais de 4 mil famílias nos municípios de Niquelândia, Cidade Ocidental, Santa Rita do Novo Destino, Goianésia, Uruaçu, Cavalcante, Monte Alegre, Teresina, Nova Roma, São João da Aliança e Flores.

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Fonte: Conab/Agrolink

Insumos

4. O primeiro passo do novo fundo garantidor

O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidirá em breve se os bancos poderão ou não fazer aportes de recursos de Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) ao "Fundo de Aval Solidário", fundo privado em construção pelo governo para aumentar garantias dadas na renegociação de dívidas de produtores rurais.

A medida deverá ser o primeiro passo para a criação do fundo, que, pelos planos do governo, envolveria consórcios de até dez produtores e que, num primeiro momento, buscará melhorar o acesso ao "BNDES Pro-CDD AGRO", linha criada em 2018 com aporte de R$ 5 bilhões. O CMN poderá apreciar o assunto em sua reunião de quinta-feira.

Até hoje, essa linha do BNDES teve baixa adesão pelo fato de os produtores considerarem seus juros elevados - TLP mais 4,5% ao ano (1,5% do BNDES e 3% do banco operador) - e por causa da percepção de risco elevado dos bancos repassadores. Assim, até hoje a linha teve apenas um contrato de financiamento, no valor de R$ 30 milhões. Ela não conta com equalização do Tesouro, prevê 12 anos para pagamento e carência de três anos.

Mesmo que a medida referente aos aportes de LCA seja aprovada, o fundo ainda terá de passar por outras regulamentações. A ideia é futuramente massificar o modelo para todo o setor agrícola, que é considerado uma atividade de alto risco. O Ministério da Economia já avançou com as negociações em torno do fundo e, segundo fontes consultadas pelo Valor, o ministro Paulo Guedes aprovou sua criação.

A ideia com o novo fundo garantidor é estimular a criação de consórcios de produtores que possam oferecer aos bancos um grande "colchão" com três camadas de garantias, equivalentes a 10% do valor total do financiamento. Enquanto os agricultores depositariam 4% do valor do financiamento almejado, seus fornecedores (bancos, tradings, agroindústrias) entrariam com outros 4% e o BNDES com 2%.

O subsecretário de Política Agrícola e Meio Ambiente da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia, Rogério Boueri, disse recentemente em entrevista ao Valor que, uma vez constituído e bem-sucedido, o fundo tem potencial para desempenhar um papel importante no desenvolvimento de um novo e moderno sistema de financiamento ao agronegócio - mais calçado no mercado, com juros livres mais baixos e menor risco.

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Fonte: Valor Econômico

5. FPA defende convênio que garante isenção sobre transporte de insumos agrícolas

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) debateu nesta terça-feira, 26, em seu tradicional almoço em Brasília, a renovação do Convênio 100/1997, que trata da isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o transporte de insumos agrícolas dentro dos Estados e dá desconto quando a movimentação é interestadual. A FPA informou, em nota, que o convênio vence dia 30 de abril e, se ele não for renovado, "pode causar um grande impacto no setor". "Como o ICMS é de competência dos Estados e Distrito Federal, todos precisam estar unanimemente de acordo com a renovação em reunião deliberativa do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz)."

"Nós já estamos encaminhando a matéria. Na próxima quinta-feira (28) estaremos juntos em uma audiência pública conjunta das Comissões de Agricultura e de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Pedimos para cada deputado, cada entidade representativa, que converse com o secretário de Economia e de Fazenda dos Estados para que possamos resolver esta situação", afirmou o deputado e vice-presidente da FPA na região Centro-Oeste, José Mário Schreiner (DEM-GO).

Ainda na tarde desta terça-feira, Schreiner representou a FPA em um encontro com o diretor do Confaz, Bruno Pessanha, que ressaltou a importância de debater uma nova proposta para o Convênio 100 e disse que, caso o acordo seja prorrogado, será até 30/04/2020 - mais um ano. O assunto está na pauta da próxima reunião do Confaz, próximo dia 5, que reunirá os 27 secretários estaduais de Fazenda.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

6. Agricultura de precisão é mais rentável e reduz a necessidade do uso de insumos

O uso da tecnologia para planejar a produção agrícola, reduzir custos, aumentar a produtividade e diminuir os impactos ambientais é destacado por especialistas como um dos pilares da agropecuária do futuro. Os pesquisadores alertam que a chamada agricultura de precisão é um caminho sem volta para os proprietários rurais.

Encontrar os pontos mais produtivos do solo, identificar os locais da lavoura onde incidem pragas e doenças, além de aumentar a capacidade de prever questões climáticas são alguns dos benefícios apontados com o uso de tecnologias da chamada agricultura de precisão.

“A agricultura de precisão é a base, o alicerce fundamental para a próxima agricultura, chamada de agricultura digital ou agricultura inteligente. Não se faz agricultura digital ou inteligente sem dados, sem informação. Se o agricultor não adotar a agricultura de precisão, dificilmente haverá avanço na agricultura de uma forma geral”, declara Ricardo Inamasu, pesquisador da Embrapa Instrumentação.

A eficiência da gestão da propriedade agrícola depende de informações e da precisão do mapeamento do solo e da lavoura. Quanto mais dados, melhor será o diagnóstico sobre a variabilidade do solo ou de outros aspectos relacionadas à produção. “Encontrar a aptidão do solo e potencializar da melhor forma a lavoura é o elemento fundamental que faz com que a agricultura de precisão dê retorno econômico”, enfatiza Inamasu.

Para encontrar essa aptidão, o engenheiro mecânico ressalta que o agricultor precisa de um sistema avançado de gestão da lavoura que considera a variabilidade espacial, as diferenças de característica e, consequentemente, de produtividade.

“ O campo tem diferenças, alguns chamam essas diferenças de manchas. Então, tratar essa diferença é a parte fundamental. Daí o GPS, as máquinas, os sensores entram em jogo”, completa.

O engenheiro agrônomo Fábio Juntolli, que coordena a Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão do Ministério da Agricultura (Mapa), destaca que o objetivo do uso dessa tecnologia é acompanhar em tempo real o momento de semeadura, da adubação, produzir dados sobre previsão do tempo, volume de chuvas, aplicação de insumos, fertilizantes e defensivos agrícolas na quantidade, hora e local certos.

O especialista enfatiza que isso permite ao produtor melhor gerenciamento da propriedade agrícola, planejamento da produção, tomada correta de decisões em campo, além de evitar perdas. “No final das contas, um pouquinho de economia vai fazer diferença. E, principalmente, será mais sustentável, porque não estará usando mais insumos nem haverá superdosagem de defensivos”, explica.

Com o auxílio dos dados coletados pelas novas tecnologias, o produtor não precisa plantar a mesma quantidade de sementes ou aplicar defensivos na área total da propriedade, apenas no local de incidência de doença ou praga, por exemplo.

“Temos estudos que mostram que quando há ataque de pragas, elas não atacam a lavoura toda, mas, geralmente, pelas beiradas, ou, dependendo da praga, de dentro para fora da lavoura. Então, quanto mais a gente identificar a presença, menos defensivo se utiliza sem causar dano econômico na lavoura”, acrescenta.

Do laboratório ao campo

Há aproximadamente 15 anos, o Grupo SLC Agrícola, um dos maiores produtores de algodão, soja e milho do país e do mercado internacional, passou a adotar a agricultura de precisão em suas propriedades. Inicialmente, desenvolveu nas fazendas o uso de tecnologias para mapear a variabilidade do solo e fazer aplicação variável de fertilizantes, como calcário, adubos fosfatados e cloreto de potássio.

Na segunda etapa, fez mapas de produtividade a partir do uso de fotografias, imagens de satélite e sensores nas máquinas, que registram os dados de produção a cada segundo dentro de um talhão da lavoura.

“Com esses dados associados às coordenadas geográficas, conseguimos ter um mapa da distribuição da produtividade e ver onde estão os principais problemas de variabilidade”, explicou Ronei Sana, coordenador de agricultura digital do grupo.

Um dos projetos desta etapa foi desenvolvido na Fazenda Pamplona, situada no interior de Goiás, sob assistência da Embrapa Instrumentação. Pela parceria, o grupo definiu uma área piloto onde foram introduzidos drones e outras tecnologias que permitiram a elaboração dos mapas de produtividade do plantio de algodão.

“Nós utilizamos fotografias aéreas e imagens de satélite, sensores para medir a condutividade elétrica do solo, a amostragem de solo e de plantas, uma quantidade grande de dados para tentar encontrar as relações que explicassem a variação de produtividade na cultura do algodão”, explicou Sana.

Atualmente, o grupo acrescentou a utilização de novos aplicativos e técnicas que permitem agregar diferentes informações colhidas em campo, como dados sobre clima, pragas, entre outros. Em parceria com startups do agronegócio (agtechs), o grupo testa, por ano, de 20 a 30 novas tecnologias que visam aumentar a eficiência e a produtividade, reduzir o custo e o impacto ambiental.

“Como surge mais uma camada de informação dentro dessa evolução, o que a gente tem feito é trabalhar essas ferramentas relacionadas à big data e inteligência artificial para tratar a quantidade de dados”, disse Ronei.

Menos fertilizante

Os resultados da aplicação da agricultura de precisão nas fazendas do grupo variam de acordo com a tecnologia aplicada. Em algumas situações, por exemplo, foi possível reduzir em torno de 10% o custo dos fertilizantes.

O uso de defensivos químicos também sofreu redução aproximada de 2% a 3%, principalmente a a partir de 2009, quando entraram de forma massiva na agricultura praticada pelo grupo os receptores de sinais de satélites, os chamados sinais diferenciais. A utilização das tecnologias evitou que as máquinas aplicassem produtos duas vezes no mesmo lugar ou em áreas próximas de reservas ambientais.

“Houve economia nestes produtos e, consequentemente, para o meio ambiente, porque você deixa de utilizar recursos, aplicando somente o necessário. É uma aplicação racional, mais precisa, que tende a reduzir o consumo de combustível também”, comenta Sana.

O coordenador ressalta outros benefícios difíceis de mensurar, como a melhoria dos processos, a rastreabilidades das máquinas, a coleta de um grande histórico de dados, entre outras vantagens.

Considerando a extensão territorial em que são aplicadas as novas tecnologias, o resultado também é variável. No caso do mapeamento de fertilidade, o grupo tem amostragem de aproximadamente 40 mil hectares, o que corresponde a mais ou menos 10% da área.

Para os mapas de produtividade, a aplicação já chega a 200 mil hectares, quase metade da área total do grupo. Os mapas de produtividade não alcançam área maior devido à falta de sensores em todas as máquinas. O sensor é muito caro, chegando a custar o valor da máquina.

No caso dos aplicativos de georreferenciamento de pragas, da utilização de imagens de satélites e de softwares de gestão agrícola, o uso acontece na totalidade da área. “A gente colocou uma ferramenta neste ano com o qual nossos técnicos vão a campo, fazem apontamentos georreferenciados e a gente tem esses mapas dos principais problemas que acontecem no campo”, comentou Sana.

Uso em vinícolas

Apesar de a agricultura de precisão ser mais utilizada em grandes áreas onde se planta soja, milho e algodão, o país tem experiências bem-sucedidas de aplicação das tecnologias em pequenas propriedades que não produzem grãos.

Um exemplo é o trabalho desenvolvido em vinícolas do interior do Rio Grande do Sul e de São Paulo. Em parceria com diferentes unidades da Embrapa, as vinícolas colheram amostras de solo em zonas de manejo e conseguiram detectar diferentes tipos de solo que apresentaram produtividade variada.

Com o diagnóstico, a colheita pode ser feita de acordo com cada talhão, o que resulta no aumento da qualidade do vinho produzido.

“Tem alguns lotes que dão melhor bebida do que outra. Então, a agricultura de precisão leva o produtor a ter maior gestão da lavoura. Naquela área que produz mais, produz um produto de qualidade diferenciada, você não vai misturar com outros produtos, produz em processo separado para agregar valor”, explica Fabrício Juntolli.

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Fonte: Mapa/Agrolink

Proteína Animal

7. EUA reforçam proteção contra peste suína africana

Autoridades dos Estados Unidos estão reforçando a proteção contra peste suína africana após a doença dizimar planteis chineses de suínos e fazer com que o gigante asiático compre mais carne suína norte-americana. Essas compras fizeram os futuros de suínos dispararem. Autoridades dos EUA estão usando mais cães farejadores e outros esforços de monitoramento para não colocar em risco o mercado. Há inspeção de remessas de suínos vivos, carne congelada e outros bens que chegam aos EUA. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) e a Agência de Proteção de Fronteiras e Alfândega dos EUA aumentaram em 50%, para cerca de 180, o número de equipes que usam cães em portos e aeroportos para inspecionar cargas em busca de vestígios de carne suína não declarada.

O USDA afirmou que qualquer detecção da peste no país atrapalharia fortemente o mercado. "Sabemos o que está em jogo e estamos determinados a manter a peste suína africana fora dos Estados Unidos", disse o secretário de Agricultura, Sonny Perdue, em vídeo.

Traders esperam que os preços do suíno dos EUA continuem subindo enquanto a China complementa sua demanda com produtos norte-americanos. Negociadores dos dois países estão trabalhando em um acordo comercial que também pode incluir o aumento das compras chinesas de produtos agrícolas dos EUA, segundo autoridades.

Notícia na ítnegra

Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

8. Japão detecta surto de peste suína clássica e abate 3.637 animais

A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) divulgou, na terça-feira (27/3), que um surto de peste suína clássica (PSC) atingiu 17 animais no Japão, o que obrigou ao abate de 3.637 suínos que estariam suscetíveis ao vírus. O caso foi relatado em uma fazenda na província de Gifu, na região de Yamagata. Ao todo, a OIE tem 13 surtos da doença informados no Japão somente este mês.

Outras 12 ocorrências, além da mais recente em suínos, foram identificadas em javalis nas províncias de Gifu e Aichi. Os casos em javalis atingiram 14 animais, dos quais 13 morreram pela doença e um foi abatido. Há rumores no mercado de que um novo caso de PSC tenha atingido suínos no Japão em Aichi, mas este ainda não foi confirmado pela organização internacional.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

9. Santa Catarina quer retomar a exportação de pescados para União Europeia

Maior produtor de pescados do Brasil, Santa Catarina se prepara para retomar as exportações para União Europeia. Uma parceria entre a Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca (SAP/MAPA) e a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca garantirá a inspeção nos barcos da pesca industrial e dará o primeiro passo para o retorno dos embarques de pescado para o bloco europeu. Os detalhes do acordo foram discutidos entre o secretário da Agricultura de Santa Catarina, Ricardo de Gouvêa, e o secretário Nacional da Pesca, Jorge Seif Junior, nesta segunda-feira (25), em Florianópolis.

“Estamos sensibilizados com o fim das exportações para União Europeia e vamos atuar em várias frentes para resolver esse problema. Eu conheço Santa Catarina e sei que aqui a parceria com o Governo do Estado irá trazer excelentes resultados”, ressaltou o secretário Jorge Seif Junior.

A intenção dos dois secretários é assinar um termo de cooperação técnica para que a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) faça a inspeção dos barcos de pesca industrial aptos a exportar para a Europa. O trabalho será realizado seguindo um checklist enviado pela Secretaria Nacional de Pesca e a partir disso, o Governo Federal poderá certificar as embarcações - requisito básico para a habilitação das exportações.

Segundo o secretário da Agricultura de SC, Ricardo de Gouvêa, este é um grande passo para a retomada das exportações. “Estávamos ansiosos para essa reunião com o secretário nacional da Pesca. Esta é uma das cadeias produtivas prioritárias para Santa Catarina, nós queremos construir um plano de trabalho para fortalecer e profissionalizar a pesca e a maricultura no estado”, destacou.

A certificação da Cidasc terá abrangência em toda a costa brasileira, podendo ser feita inclusive em barcos de outros estados que estiverem em Santa Catarina. Isso é possível porque Santa Catarina aderiu ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA) – sistema que garante a inspeção e fiscalização de produtos de origem animal e vegetal de maneira uniforme e equivalente em todos os estados. Os profissionais da Cidasc poderão inclusive treinar equipes de outros estados para replicar a ação realizada em Santa Catarina.

Pesca em SC

Santa Catarina é o maior produtor de pescado do Brasil. O setor da pesca de Santa Catarina gera 60 mil empregos diretos e indiretos, em torno de 60 indústrias. De acordo com o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), o valor das exportações catarinenses de pescado totalizou US$ 26,7 milhões em 2018. Em 2017, as exportações para União Europeia somaram US$ 2,48 milhões.

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Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de Santa Catarina/Agrolink

Agroenergia

10. Liderança do setor sucroalcooleiro crê em dias melhores

Após mais de meia década de retração de produção e renda no segmento sucroalcooleiro, o otimismo voltou a dominar os dirigentes do segmento. Seja pela provável concretização da primeira política nacional de valorização da "externalidade positiva" do etanol, seja pelas reformas prometidas pelo governo Bolsonaro, Marcelo Ometto, da mais tradicional família de usineiros do país, assumiu ontem a presidência do conselho da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica) vislumbrando uma recuperação e pronto para retomar os planos de tornar o biocombustível uma commodity global.

Um dos três acionistas controladores da São Martinho e presidente do conselho da companhia desde o ano passado, o empresário, de 57 anos, afirmou, em entrevista ao Valor, que a interlocução com Brasília deve ser prioridade da Unica, sobretudo diante da necessidade de garantir "previsibilidade" para investimentos na área. A entidade também trocou de presidente há um mês e o cargo foi assumido por Evandro Gussi, ex-deputado responsável por apresentar o projeto de lei que criou o RenovaBio, para reforçar o diálogo do segmento com o governo.

Marcelo ponderou que "[a política] sempre foi um ponto de atenção, mas que agora é uma preocupação boa, para melhor" - uma alusão ao período em que os preços da gasolina não eram reajustados, o que minou a competitividade do etanol nos postos. Ele demonstra cautela, entretanto, ao avaliar os sinais emitidos pela gestão de Jair Bolsonaro.

"Nossa expectativa era que o país fosse mudar em pouco tempo, mas isso não é possível. Demanda trabalho e dedicação, como tudo na vida", afirmou. O empresário classificou a equipe do governo como "qualificada" e ressaltou o papel positivo da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, mas disse que vê como "ponto de atenção" a "disputa entre os poderes". "Sem vontade política e esforço, não se chega a um denominador comum", disse.

Pelos últimos cálculos do Ministério da Agricultura, o valor bruto da produção de cana no país ainda cairá em 2019 para R$ 56,8 bilhões, R$ 18 bilhões a menos que o recorde de 2017, quando os preços do açúcar ofereceram algum alívio.

Até o momento, o governo não conseguiu levar para frente uma das demandas mais urgentes do segmento, que é a negociação com os EUA sobre a flexibilização das cotas de açúcar e etanol dos dois países. Apesar da recente visita de Bolsonaro a Washington, a pauta não foi sequer mencionada.

Marcelo não crê que a janela de negociações esteja fechada, mas defendeu que, sem acordo, o Brasil deve taxar toda a importação de etanol - que custou US$ 743,3 milhões ao país em 2018, quando houve superávit nessa frente de US$ 148,8 milhões, após um déficit de US$ 90 milhões em 2017. "Quando retiramos a taxa da importação, havia a perspectiva de que os EUA se abrissem ao açúcar e ao etanol brasileiro, com o E15, mas isso não ocorreu."

Apesar da defesa "protecionista", ele acredita que o etanol ainda pode se tornar uma commodity mundial, e enxerga sinais que corroboram essa tendência.

"Os indianos já vieram nos visitar na Unica, e querem produzir etanol. Hoje eles dependem de importação de petróleo", afirmou. Marcelo acredita que o Brasil pode "exportar" seu modelo de produção de etanol a países da Ásia com histórico de subsídio ao açúcar - como Tailândia, China e Paquistão, além da Índia - e acredita que é possível, mais adiante, firmar acordos bilaterais para facilitar esse comércio.

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Fonte: Valor Econômico

11. USJ oferece troca de notes e S&P vê alta possibilidade de calote

A Usina São João (USJ) propôs aos seus bondholders a troca dos títulos que venciam em 2019 e em 2021 na última segunda-feira. A oferta foi considerada “distressed”, ou seja, com alta possibilidade de calote, pela agência de classificação de ratings Standard and Poor’s (S&P), que rebaixou a nota da empresa na escala global de ‘CCC-‘ para ‘CC’. A perspectiva para a nota é negativa, já que a S&P acredita que, após a oferta de troca, a USJ está na “iminência de um default”.

A USJ propôs aos detentores de notes que vencem em 2019 pagar um terço dos valores devidos agora (R$ 0,333 de cada R$ 1 devido) e trocar os vencimentos dos outros dois terços. Para os detentores de notes com vencimento em 2021, a empresa propôs trocar o valor total por novos títulos com vencimento em 2023.

A empresa apresentou uma segunda proposta se esta não for aceita até 5 de abril. Pela nova proposta, que precisaria ser aceita até 19 de abril, os detentores de notes que vencem em 2019 aceitaram receber agora R$ 0,316 de cada R$ 1 devido e trocariam os demais R$ 0,634. Os detentores de notes para 2021, por sua vez, aceitariam receber apenas R$ 0,95 de cada R$ 1 devido pela companhia.

As novas notas terão uma opção de PIK (“payment-in-kind”, que dá à empresa o direito de pagar com novos papéis) para os próximos dois pagamentos de cupom, com uma taxa de 9,875%, com um terceiro pagamento incluindo a opção de pagar um cupom de 4% em caixa e o restante 5,875% também acruado. Após os três primeiros pagamentos, a empresa começará a pagar juros caixa com cupom de 8,5% se o montante em circulação for inferior a US$ 200 milhões, e de 9,875% se o montante em circulação exceder US$ 200 milhões.

A oferta, porém, não foi bem recebida pela S&P. “Tendo em vista a estrutura de capital insustentável e a fraca geração de caixa da USJ, consideramos essa oferta de troca como equivalente a um default”, avaliou a agência de classificação de risco.

As trocas estão sujeitas à aprovação de 67% dos detentores das notes para 2019 e 95% dos detentores das notes para 2021.

Para as notes sem garantia com vencimento em 2019, a S&P manteve sua avaliação de que a expectativa de uma recuperação entre 0 e 10% (nota ‘6’).

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Fonte: Valor Econômico

12. Südzucker registrará baixa contábil de 800 milhões de euros em 2018/19

A companhia alemã Südzucker, maior produtora de açúcar da Europa e com negócios em outros alimentos, informou que registrará baixas contábeis no total de 800 milhões de euros no balanço da safra 2018/19 (encerrada em 28 de fevereiro) por causa da perdas no negócio do adoçante.

Segundo a companhia, que divulgará o balanço da temporada em 16 de maio, serão contabilizados 700 milhões de euros de “impairment” relacionados à piora do desenvolvimento do mercado do açúcar. No ciclo passado, o negócio foi avaliado em 780 milhões de euros.

Além disso, a companhia dará baixa contábil de 100 milhões de euros relacionados a ativos, como parte do plano de reestruturação de gastos de 150 milhões de euros, anunciado no início do ano. Entre as medidas, a companhia decidiu fechar cinco fábricas na União Europeia.

A Südzucker adiantou que a receita do grupo na safra ficou em 6,75 bilhões de euros, queda de 3,3%, e que o resultado operacional caiu 94,4%, para 25 milhões de euros, dragado principalmente pela piora dos resultados com o negócio de açúcar. O grupo disse esperar que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) fique em torno de 350 milhões de euros, o que representaria um recuo de 53,8%.

Remuneração de bonds

Diante dos resultados preliminares apresentados, a companhia informou aos detentores de títulos híbridos, emitidos em 2005, que não deverá pagar as remunerações previstas para junho, setembro e dezembro deste ano nem em março de 2020. O não pagamento é previsto caso se confirme um evento de fluxo de caixa (em que o fluxo de caixa caia abaixo de 5% da receita consolidada). A Südzucker disse que informará aos bondholders antes dos vencimentos se pagará ou não a remuneração.

Além disso, o conselho de administração da Südzucker decidiu propor pagar dividendos de 0,20 de euro por ação referente a esta safra, ante 0,45 de euro por ação na safra passada. A proposta corresponde a um pagamento total de 41 milhões de euros, 55,4% inferior à temporada anterior. O pagamento dos dividendos será votado na reunião do conselho do dia 15 de maio e na assembleia geral, em 18 de julho.

Safra 2019/20

A companhia também divulgou que estima que sua receita na safra 2019/20 (iniciada em 1 de março) poderá ficar relativamente estável ou crescer de forma modesta em relação à temporada anterior, podendo ficar entre 6,7 bilhões de euros e 7 bilhões de euros.

A empresa já adiantou que espera ter uma perda operacional no segmento de açúcar entre 200 milhões de euros e 300 milhões de euros neste ciclo, que poderá ser compensado pelo melhor desempenho nos demais negócios.

A expectativa da companhia é que a receita com a venda de açúcar melhore a partir de outubro, quando começa o ano-safra internacional 2019/20, para o qual se espera déficit global de oferta. A estimativa da Südzucker para o desempenho do negócio prevê economias mínimas de gasto em seu plano de reestruturação, mas que pode alcançar 100 milhões de euros, dependendo do desempenho dos preços da commodity.

Por outro lado, a companhia avalia que terá lucro operacional maior no segmento de produtos especiais e em frutas, e um resultado operacional positivo de 20 milhões de euros a 70 milhões de euros no segmento de CropEnergies.

No total, a companhia estima que seu resultado operacional desta temporada deve ficar entre 0 e 100 milhões de euros. Apesar das dificuldades no segmento de açúcar, a Südzucker estima que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ficará entre 360 milhões de euros e 460 milhões de euros.

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Fonte: Valor Econômico

Grãos e Grandes Culturas

13. Oferta farta reduz espaço para alta do preço da soja

Um eventual acordo entre Estados Unidos e China para encerrar suas disputas comerciais não será suficiente para abrir espaço para altas expressivas dos preços internacionais da soja nos próximos meses. Isso porque, como lembram analistas, não há armistício que possa se sobrepor à lei da oferta e da demanda. Enquanto a oferta conjunta de Brasil e EUA, que lideram as exportações mundiais do grão, é ampla, a demanda da China, que responde por 60% das importações, arrefeceu diante de um crescimento menor de sua economia e dos problemas causados pela peste suína africana.

A última janela de onde ainda se vislumbrava uma possível valorização relevante aos poucos está se fechando. Por causa de inundações em regiões produtoras de grãos do Meio-Oeste americano, as estimativas de redução da área plantada no país na safra 2019/20, em decorrência dos preços pouco atraentes na bolsa de Chicago, começam a ser revistas. Na semana passada, a consultoria AgriCensus ainda apontava para uma redução de 1,2 milhão de hectares em relação à temporada 2018/19, para 34,9 milhões, em detrimento do plantio de milho, cuja área foi projetada em 37 milhões de hectares, um aumento de 890 mil. Ocorre que o milho é plantado antes da soja nos EUA e as inundações tendem a limitar essa migração.

Se essa expectativa se confirmar, o copo, que já está cheio, poderá transbordar. No mercado, estima-se que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) apontará, em relatório que será divulgado na sexta-feira, que os estoques americanos de soja estavam com 73,1 milhões de toneladas de soja no início deste mês, 15,7 milhões de toneladas a mais que em 1º de março de 2018. Esse volume se somará ao atual forte ritmo de vendas de Brasil e Argentina - que ontem derrubou as cotações em Chicago, mas que também tende a arrefecer diante do enfraquecimento da demanda chinesa.

O USDA calcula que nesta temporada internacional 2018/19, que terminará em agosto, a oferta total de soja no mundo, somando-se estoques iniciais e produção, alcançará 458,6 milhões de toneladas, ante uma demanda de 348,5 milhões. Dessa forma, os estoques finais no ciclo deverão chegar a 107,2 milhões de toneladas, quase 10 milhões a mais que no fim do ciclo 2017/18.

Diante dessa enxurrada, no Brasil, a Abiove, que representa as indústrias exportadoras, projeta que os embarques do grão ficarão em 70,1 milhões de toneladas em 2019, quase 13 milhões a menos que no ano passado. Na mesma comparação, calcula a entidade, a receita das vendas recuará 20%, para US$ 33,2 bilhões. O cenário já se reflete nos prêmios pagos pela soja do país. Esses explodiram nos primeiros meses das disputas de Pequim e Washington e compensaram as quedas das cotações em Chicago - que acusa sobretudo a realidade dos EUA -, mas já voltaram a níveis considerados normais.

"Os contratos de soja não vão chegar a US$ 10 o bushel [27,2 quilos] apenas com um acordo comercial entre EUA e China. Há ainda uma oferta muito grande", afirma Luiz Fernando Roque, analista da consultoria Safras & Mercado. Ontem, com a queda observada, os futuros de segunda posição de entrega do grão fecharam a US$ 9,01 o bushel, com quedas de 1% neste mês e de 12,6% nos últimos 12 meses, de acordo com cálculos do Valor Data.

No que depender dos mais recentes movimentos dos fundos especulativos que atuam nesse mercado, novas quedas estão por vir. Segundo o relatório divulgado na sexta-feira pela Comissão de Comércio de Futuros de Commodities (CFTC, na sigla em inglês), no dia 19 os investidores institucionais detinham uma posição líquida de venda de 63.992 contratos. O número corresponde à diferença entre o número de posições compradas (com as quais os fundos tentam lucrar com a alta dos preços) e o de posições vendidas (com os quais tentam ganhar com a queda). No fim de 2018, o saldo líquido vendido era de 18.136 contratos.

"Essas apostas indicam que os fundos não acreditam numa retomada concreta de compras da China", diz Roque. "E mais da metade dos contratos negociados em Chicago estão nas mãos dos fundos, o que indica que dificilmente a soja subirá expressivamente". O analista avalia que, em caso de acordo entre as potências, o grão pode chegar aos US$ 9,50 por bushel, mas dificilmente a escalada superará muito esse platô.

A China não ajuda a tornar o cenário menos baixista. Com o surto de peste suína africana - que eleva a demanda por carne, mas reduz as compras de soja para a produção de ração - e a desaceleração da economia, o país asiático importou 11,8 milhões de toneladas do grão no primeiro bimestre do ano, queda de 14,9% na comparação com o mesmo período de 2018. Em 2018/19, projeta o USDA, as importações chinesas ficarão em 88 milhões de toneladas, 6,5% menos que na safra passada.

Conforme Steve Bruce, analista da Walsh Trading sediada em Chicago, o mundo está diante de uma oferta confortável de soja e de proteína animal. "Do lado micro, isso ajuda a explicar a posição vendida dos fundos. Mas ele ressalva que esses fundos estão suscetíveis a um rally de preços, já que estão em nível "vendido o suficiente". Mas não significaria muito mais que um alento para as cotações. Noves fora, concordam os analistas, é bom não esperar muito da visita da delegação americana à Pequim, no fim desta semana, nem da delegação chinesa que desembarcará em Washington na semana que vem. Se a soja disparar em razão de um acordo, será um voo de galinha.

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Fonte: Valor Econômico

14. Moagem de trigo em expansão no país

Os moinhos brasileiros processaram 12,17 milhões de toneladas de trigo no ano passado, volume 3,4% superior ao do ano anterior (11,77 milhões), informou a Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo).

Desse total, 3,71 milhões de toneladas foram moídas por indústrias do Norte e do Nordeste do país, que representaram 30,5% do total. O Paraná, sozinho, respondeu por 28,5% do processamento, com 3,47 milhões de toneladas. Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com 2,17 milhões, além de São Paulo 1,65 milhão, vieram em seguida

"Esse crescimento não parece expressivo, mas, levando-se em consideração que o crescimento da economia foi de 1,1% no ano passado, pode ser considerado um bom desempenho", disse o embaixador Rubens Barbosa, presidente da Abitrigo, em encontro com jornalistas.

Pela primeira vez, a entidade calculou a extração de farinha a partir da moagem, que na média nacional ficou em 75,9%. A região abrangida por Centro-Oeste/MG/RJ/ES registrou o melhor resultado nessa frente, com percentual de 77,6%. No Norte e Nordeste, foram 77%, no Paraná 76,4%, em São Paulo 76,3% e em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, 74,9%. Para chegar a esses resultados, a Abitrigo pesquisou 160 unidades industriais, associadas ou não.

Do total da moagem, 56% foi destinado para panificação, 26% para massas e biscoitos, 11% ao varejo e 7% para outros produtos, como ração. Do total processado no ano passado, 6,8 milhões de toneladas foram importadas, em especial da Argentina, de onde foi comprado cerca de 85% do total.

Segundo Barbosa, a moagem deverá crescer em 2019, pelo menos 2%. Mas o aumento poderá ser maior se a reforma da Previdência for aprovada. "Nesse caso, os empresários devem se animar e a demanda deve crescer", disse.

O embaixador voltou a afirmar, que vê com bons olhos a criação de uma cota de importação de 750 mil toneladas sem impostos para países de fora do Mercosul, anunciada durante a recente visita do presidente Jair Bolsonaro ao colega americano Donald Trump.

"Quem quiser importar, que importe, quem quiser plantar que plante. Assim o mercado vai crescer", afirmou. Segundo ele, a produção brasileira do cereal está estagnada há muitos anos mesmo com as políticas de subsídio do Estado. "Com o Paulo Guedes [ministro da economia], vamos ver o mercado diferente".

Para apoiar o setor, Barbosa voltou a destacar a necessidade de o país adotar uma Política Nacional do Trigo (PNT), já apresentada pela Abitrigo a Bolsonaro. Concluída no segundo semestre de 2018, o plano propõe iniciativas para tornar o país mais competitivo no comércio do cereal e derivados. Entre elas, revisão de incentivos fiscais e isonomia tributária em toda a cadeia produtiva.

O projeto também sugere a regionalização e especialização da produção de trigo, nos moldes do que acontece nos EUA. "Lá, cada Estado é especialista em uma variedade. Podemos incentivar esse tipo de coisa", afirmou.

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Fonte: Valor Econômico

15. Brasil pode exportar menos soja e ter aceleração do milho, diz Agrinvest

A partir de maio as exportações do Brasil perdem ritmo e, em contrapartida, os embarques de milho para o exterior ganham força, estima o analista Eduardo Vanin, da corretora Agrinvest, do Paraná. No ano passado, devido à forte demanda da China, que recorreu ao Brasil durante a guerra comercial com os Estados Unidos, a movimentação com soja tomou os portos durante boa parte do ano, tirando espaço do milho. Neste ano, o quadro mudou, disse o analista, em seminário online realizado na terça-feira, 26.

Segundo ele, a demanda chinesa se enfraqueceu, com queda do processamento de carne, por causa da peste suína africana, e os prêmios pagos pela soja brasileira estão longe do patamar da temporada passada. Tradings registram margens negativas em várias operações no Brasil - os valores pedidos em Sinop (aquisição de soja por R$ 65/saca para levar para o porto de Barcarena, no Pará) e em Sorriso (R$ 63/saca para levar ao porto de Santos (SP), não cobrem custos. "Tradings vão parar o programa de exportação de soja mais cedo neste ano", afirma ele.

Até agora, o total de soja comprometido para exportação no Brasil é de 21 milhões de toneladas. Em 2018, nesta época, o volume era semelhante, mas a partir de abril foram fechadas novas vendas da oleaginosa brasileira com a imposição de tarifa pela China à importação de soja dos EUA. Conforme Vanin, sem a repetição da demanda, multinacionais começarão em maio a ocupar com milho os terminais de exportação, cumprindo contratos de transporte do tipo "take or pay" (o pagamento é realizado independente do uso), movimento que deve ganhar força em junho. Em virtude de o cereal ter sido plantado cedo e da perspectiva até o momento de produção volumosa no País, há ofertas de milho com preço considerado atrativo para a segunda quinzena de junho. "O milho brasileiro está muito competitivo na exportação", disse Vanin. Segundo ele, a exportação pode chegar a 33 milhões de toneladas do cereal. "O consumidor interno precisa ficar atento porque uma demanda externa grande pode enxugar rápido os estoques e aumentar a concorrência pelo milho.

"Vanin disse ainda que, se houver acordo entre China e EUA, a nação asiática pode ampliar em muito o volume adquirido dos EUA - o compromisso é o de comprar US$ 30 bilhões em produtos norte-americanos. "A última vez que a China comprou tanto volume dos EUA foi em 2012, quando adquiriu US$ 26 bilhões, mas, naquele momento, os preços estavam muito mais elevados. Com os atuais preços baixos de soja, milho e trigo, a China teria que comprar um grande volume de produto norte-americano para chegar a esse montante", disse. "Isso enxugaria os estoques dos EUA, o que seria um ponto positivo para os futuros na Bolsa de Chicago, mas para os prêmios no Brasil não seria tão bom."

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

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