Clipping Agribusiness | 30 de abril
- Por: Juliane
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Conjuntura do Agronegócio
1. Integração com pecuária reduz emissão de carbono
"Misturar para lucrar" é o lema de inovações que estão mudando a forma de produção e o visual da paisagem em fazendas do oeste baiano,fronteira do agronegócio.
O avanço está na interação entre dois protagonistas que tradicionalmente se mantinham afastados, cada qual no seu "quadrado": lavoura e gado.
A união exige mudanças produtivas, como na estratégia do grupo Triunfo, em Formosa do Rio Preto (BA): após o período de cria e recria, o boi é levado para engorda não mais em áreas de pastagens exclusivas à pecuária mas sim em meio ao cultivo de grãos. Na propriedade agrícola, o capim não mais é um intruso. Plantado para alimentar os animais e fornecer forragem à melhoria do solo, tem permitido safras nas estações secas, com maior rentabilidade e ganhos ambientais.
O modelo resulta em menor necessidade de novas terras para agropecuária, o que significa redução do risco de desmatamento e de emissões de carbono. "Onde passa o boi se produz mais soja", atesta o produtor Eduardo Manjabosco, um dos sócios das fazendas, no total de 14,7 mil hectares de grãos. "A integração com o gado é importante para se obter mais palhada, na lógica do ganha-ganha", reforça o produtor.
A trajetória se iniciou quando o pai migrou do Rio Grande do Sul para o Cerrado, no fim da década de 1980, mas não conseguia evoluir na produção agrícola devido à estação chuvosa bastante curta. Para obter a forragem necessária ao manejo do solo, via plantio direto, a solução foi cultivá-la em consórcio com o milho e utilizá-la após a colheita das espigas.
Além do uso no preparo da terra para a soja, o capim (braquiária) passou a servir também como pasto, depois que o grupo entrou no ramo da pe cuária, inicialmente visando nutrir os bezerros com os resíduos da lavagem de grãos.
"Em algumas regiões, em especial as que apresentam solos de baixa fertilidade, os produtores estão colocando pastagens para viabilizar a agricultura", diz Robélio Marchão, pesquisador da Embrapa Cerrados. Na soja, o ganho de produtividade é de 10% a 15%, além do aumento de matéria orgânica no solo e da maior eficiência no uso de água e nutrientes. Em paralelo, a pecuária integrada à lavoura se beneficia por técnicas que revigoram espécies forrageiras, com aumento de quatro vezes na produtividade animal.
De acordo com Marchão, o sistema integrado tem potencial de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 50%. "A manutenção da capacidade produtiva das pastagens é tão importante quanto a sua recuperação", enfatiza, ao lembrar que grande parte dos 101 milhões de hectares de pastagens cultivadas no país encontra-se em processo de degradação. Na visão do pesquisador, a intensificação produtiva sustentável "é um dos grandes desafios da produção de alimentos no sentido de reduzir pressão sobre o meio ambiente", afirma.
"O olhar se volta para a fazenda como um sistema único, em que uma coisa está ligada à outra", aponta Julia Mangueira, coordenadora regional da The Nature Conservancy (TNC) no Mato Grosso. Na região da BR 163, a organização apoia a adequação ambiental de produtores de soja, com práticas que conservam o solo e reduzem desmatamento. No Vale do Araguaia, o objetivo é o manejo adequado de pastagens em 59 fazendas. Renata Pollini, gerente de sustentabilidade da empresa de insumos Syngenta, parceira das iniciativas, indica o próximo passo: "desenvolver métodos para quantificar o valor monetário dos serviços ambientais".
O aspecto econômico é visto como essencial ao engajamento. Na região de Água Boa (MT), o pecuarista Braz Neto, 28 anos, diz que o desafio é o diálogo entre gerações. Para o produtor, sócio da Agropecuária Sucuri, com 3,5 mil hectares de pastagens, biodiversidade e emissões de carbono fazem parte da agenda, trabalhada a partir de um plano de intensificação produtiva e práticas sustentáveis, visando mercados de carne mais exigentes.
"Os avanços dependem da visão generalista, e não especialista, do produtor", destaca Angelo Gurgel, pesquisador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas - instituição que coordena o Observatório ABC, dedicado a monitorar os financiamentos do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono, do governo federal.
Na safra 2018-2019 deverão ser liberados R$ 2 bilhões em crédito subsidiado para mitigação de gases de efeito estufa no setor. Desse total, R$ 585 milhões se destinaram até o momento à recuperação de pastagens e R$ 73 milhões a sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta. "Estamos apenas no início da curva de crescimento, mas há grandes incertezas diante da possível redução de subsídio federal do Plano Safra", afirma Gurgel.
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Fonte: Valor Econômico
2. Commodities têm projeção de queda
O cenário para os preços dos grãos neste ano demonstra certo "recrudescimento para o produtor brasileiro", na avaliação do analista Felipe Novaes, da Tendências Consultoria Integrada. A expectativa é de retração de 4,8% e em torno de 3,0% para os preços domésticos da soja e do milho, pela ordem, em comparação a 2018, refletindo um ano de safras ainda cheias e a tendência de baixa observada no mercado internacional.
Sob impacto da guerra comercial entre Estados Unidos e China e de estoques de passagem elevados, especialmente no caso da soja, as cotações da oleaginosa e do milho em Chicago, na média de abril, sofreram perdas de 9,15% e 6,8% se comparadas a abril do ano passado. Segundo Ana Laura Angeli Menegatti, analista da MBAgro, o ano agrícola americano tende a se encerrar com estoques acima da média histórica e duas vezes maiores do que no ciclo 2017/18, superando 24,0 milhões de toneladas em 2018/19.
Se as duas superpotências conseguirem acertar os detalhes finais de um novo acordo comercial, ainda em negociação, observam Ana Laura e Novaes, espera-se alguma retomada das compras da soja americana pelos chineses, o que faria os preços reagirem positivamente, com reflexos sobre o mercado do milho. Internamente, o câmbio tem favorecido a formação dos preços dos principais grãos, com alta média de quase 14% entre abril de 2018 e o mesmo mês deste ano, como avalia a consultora da MBAgro.
As cotações do milho têm demonstrado certa resiliência e não caíram tanto quanto se esperava diante da maior oferta interna do grão. Considerando os contratos negociados na BM&F, Ana Laura projeta preços ao redor de R$ 32 a R$ 33 a saca para o segundo semestre, valores entre 11% e 13% abaixo da média da primeira metade do ano. Mas esses níveis somente tenderão a ser confirmar se o país conseguir exportar algo entre 31,0 milhões a 32,0 milhões de toneladas de milho neste ano e caso o câmbio mantenha-se favorável aos produtores.
Na média deste ano, conforme a analista Yasmin Riveli, da Tendências Consultoria, os preços das carnes tendem a subir, com altas de 4,7% para a arroba do boi gordo, de 3,0% para o quilo do frango vivo e de 2,5% para a arroba dos suínos. Neste caso, acrescenta ela, "com viés de alta", como reflexo das dificuldades observadas na China com o avanço dos casos de peste suína africana no país.
O descarte de porcos para conter a evolução do surto, de acordo com essa análise, deverá reduzir a produção de carne suína em 10,3% neste ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), representando um corte de 5,5 milhões de toneladas (ou 6,3 milhões de toneladas a menos do que a produção inicialmente esperada).
Além de favorecer os embarques da proteína pelo Brasil, afirma Ana Laura, o aumento nos preços da carne suína na China tende a se transferir para outros mercados de proteína animal ao redor do mundo. "O que ocorre na China não tem precedentes e ainda não se pode ter uma visão precisa dos efeitos sobre os mercados chinês e mundial", diz.
O volume recorde no processamento de café em 2018, quando o país produziu em torno de 59,9 milhões de sacas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda tem pressionado os preços neste ano, pondera Novaes. A despeito da bienalidade da cultura, expressa principalmente na variedade arábica, que concentra mais de 70% da produção brasileira, os preços médios tendem a apresentar baixa de 11% neste ano em relação a 2018, passando a rondar a casa de R$ 388 por saca de 60 quilos, frente a R$ 435 no ano passado, segundo o analista.
No mercado externo, as cotações atingiram em abril o nível mais baixo desde 2004, alcançando US$ 121 por saca, aponta Novaes. "Os preços internacionais vêm em processo de queda contínua desde 2016, acumulando baixa de 39% desde outubro daquele ano até março passado, já que o mercado continua bem abastecido, o que poderá desestimular a produção e gerar um ajuste gradual do mercado, numa tendência que deverá ser mais visível em 2020", projeta.
No caso do mercado internacional de açúcar, a tendência é de que continue sob pressão, de acordo com Plínio Nastari, da Datagro. Isso, apesar de um déficit entre oferta e demanda estimado em 3,44 milhões de toneladas para o período entre outubro deste ano e setembro de 2020 - um número "modesto frente a estoques ainda muito elevados, especialmente na Índia e Tailândia". Conforme Nastari, a expectativa é de que relação entre estoques e consumo, atualmente na faixa de 48,7%, recue para 44,7% no ano comercial 2019/20, permitindo melhora pouca expressiva nos preços.
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Fonte: Valor Econômico
3. Cooperativas dizem que podem crescer apesar de ano difícil
No dia 12, lideranças das 1,6 mil cooperativas agropecuárias brasileiras levaram à ministra da Agricultura, Tereza Cristina, um documento com propostas para a safra 2019/20. Entre as reivindicações, os representantes solicitam a garantia da oferta de R$ 220 bilhões do crédito rural, dos quais R$ 170 bilhões para custeio e comercialização e o restante para investimentos.
Também alertam para o risco de desmonte do atual Sistema Nacional de Crédito Rural sem a adequada mensuração das consequências. Com um milhão de associados e 188 mil empregados, o setor tem 11% de participação no faturamento do agronegócio.
"Os cenários político e econômico do país têm interferido nos resultados de todos os setores e isso inclui as cooperativas", diz o presidente do Sistema Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), Márcio Lopes de Freitas. "Entretanto, o cooperativismo possui um elemento que possibilita passar pelas dificuldades minimizando seus impactos negativos: trata-se do cooperado." Freitas prevê que 2019 será mais um ano difícil, mas a expectativa do setor é crescer: "Temos tido um excelente relacionamento com os novos interlocutores do governo federal e isso aumenta muito as nossas expectativas em relação à retomada."
Responsável por 3,2% da produção nacional de grãos, em 2018 a Coamo faturou R$ 14,8 bilhões, 33,6% a mais que no ano anterior. Seus 28,6 mil associados plantam principalmente soja, milho, trigo e café em 71 municípios do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Para 2019, a expectativa é receber volumes menores.
"Estamos vivendo um ano com frustração de safra por causa da seca, mas achamos que podemos ter bons resultados", prevê o diretor-presidente José Aroldo Gallassini. A cooperativa, com sede em Campo Mourão (PR), está investindo R$ 700 milhões em uma fábrica de esmagamento de soja e em uma de refino e envase de óleo de soja em Dourados (MS), que deve ser inaugurada até outubro.
Em 2018 a C.Vale, com 21 mil cooperados e 150 unidades no Sul, Centro- Oeste e Paraguai, faturou R$ 8,5 bilhões, 23% a mais que no ano anterior.
"Investimos R$ 110 milhões para estruturar um sistema de produção de peixes que começou a operar no fim de 2017 com 130 produtores integrados", conta o presidente Alfredo Lang. "Em abril abatemos 85 mil tilápias por dia e nosso plano é chegar a 100 mil até o final do ano."
A meta para 2019 é aumentar o faturamento em 15%. "O crescimento da cooperativa não é um fim em si mesmo, o associado tem que crescer junto", ressalta Lang.
No ano passado a Lar, com 10,9 mil associados em 11 municípios do Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, faturou R$ 6,4 bilhões, 26% a mais que em 2017. Um dos principais investimentos para 2019 será uma granja de suínos em Santa Helena (PR). "Na área de grãos teremos um crescimento mais orgânico, ou seja, vamos ocupar uma fatia maior de mercado no MS", informa o presidente Irineo da Costa Rodrigues.
"Adquirimos um complexo industrial em Caarapó (MS) e vamos fazer um estudo para implantar nos próximos dois anos uma planta de esmagamento de soja e refino". A cooperativa também deve investir em uma indústria de biodiesel no mesmo local.
No ano passado a Copacol faturou R$ 3,8 bilhões, 11% a mais que em 2017. Seu presidente, Valter Pitol, atribui o bom resultado ao forte empenho dos cooperados e colaboradores na redução de custos. Este ano a cooperativa paranaense planeja investir R$ 285 milhões. Desse valor, R$ 120 milhões serão destinados a um centro de distribuição na comunidade da Penha, em Corbélia (PR), R$ 60 milhões a uma granja multiplicadora de matrizes de suínos e R$ 60 milhões à ampliação da Unidade Industrial de Aves, em Cafelândia. Outros R$ 30 milhões serão investidos na construção de uma unidade para recebimento e armazenagem de grãos na comunidade Melissa.
Entre 2018 e 2019, a cooperativa agroindustrial Comigo, com 7,3 mil associados em Goiás, está investindo R$ 250 milhões para ampliar sua capacidade produtiva e de armazenamento. Entre as obras estão um misturador de suplemento mineral em Jataí; uma nova fábrica de ração em Rio Verde; um armazém para 2 milhões de sacas de soja, já pronto; e outro, com a mesma capacidade, para armazenar milho. "Também estamos construindo um armazém em Indiara para 1 milhão de sacas e iniciando a construção de outro em Palmeiras de Goiás", conta o presidente Antonio Chavaglia.
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Fonte: Valor Econômico
Insumos
4. Acionistas reprovam decisões da diretoria da Bayer
Em reunião anual de acionistas realizada nesta sexta-feira na Alemanha, mais da metade dos acionistas (55%) da multinacional alemã Bayer recusou-se a apoiar decisões da gestão tomadas no ano passado, como a aquisição da Monsanto, indicando a falta de confiança na forma com que a companhia tem sido administrada.
Os acionistas alertaram que a aquisição colocou o futuro da Bayer em risco.
Ainda que a votação não tenha consequências diante das leis alemãs, a não aprovação da maioria é algo raro no país e poderá minar a permanência das lideranças entre investidores, segundo analistas. A título de comparação, no mesmo encontro do ano passado, 97% dos acionistas apoiaram a administração.
Christopher Koch, professor de governança corporativa na universidade de Mainz, afirmou que uma rejeição de 25% a 30% poderia ser suficiente para que conselho de administração dispense o CEO.
O presidente do conselho de administração da Bayer, Werner Wenning, lamentou o resultado e disse que o conselho avaliaria o resultado tão logo a reunião fosse encerrada. Ele assegurou aos acionistas antes da votação que o conselho apoiava o CEO Werner Baumann firmemente.
Apesar da votação, poucos esperam que o CEO deixe o cargo. Baumann e Wenning são próximos e ambos atuaram na negociação da aquisição da Monsanto, segundo pessoas familiarizadas com o processo.
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Fonte: Valor Econômivo
5. Tecnologia aquece venda de máquinas
A previsão de safra recorde em 2019 deve ter efeitos positivos no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, que deve crescer cerca de 10% este ano, segundo previsão da Associação Brasileira de Máquinas da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Os números do primeiro trimestre confirmam o otimismo. Entre janeiro e março foram vendidas 9,3 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, 23,5% a mais do que em igual período de 2018, quando foram comercializadas 7,5 mil máquinas. Os números são da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
De acordo com a Anfavea, os bons ventos do agronegócio brasileiro têm soprado a favor da indústria, que oferece grande parte do suporte necessário para os resultados positivos no campo. Entre abril de 2018 e março de 2019, segundo a Anfavea, foram vendidas 49,5 mil máquinas agrícolas e rodoviárias, 21,9% a mais do que as 40,6 mil máquinas comercializadas nos doze meses anteriores.
Produtores de culturas como soja e milho lideram as aquisições. "Pelo menos metade das nossas máquinas vendidas é destinada ao setor de grãos", explica o gerente de marketing comercial da Case IH, Diogo Melnick.
Produtores de culturas como soja e milho lideram as aquisições. "Pelo menos metade das nossas máquinas vendidas é destinada ao setor de grãos", explica o gerente de marketing comercial da Case IH, Diogo Melnick.
"Nossa perspectiva é de aumento de 10% nas vendas porque teremos safra recorde, fato que deve refletir em toda a cadeia produtiva", afirma o presidente do conselho de administração da Abimaq, João Marchesan. "Temos que lembrar ainda que o agronegócio deu grande contribuição à economia brasileira nas últimas décadas e, durante a crise econômica, foi o único setor a crescer, garantindo o aumento de 1% no Produto Interno Bruto", afirma Marchesan.
O otimismo é compartilhado com os principais fabricantes, que apontam mudanças no comportamento do agricultor brasileiro, cada vez mais exigente com os equipamentos utilizados nas plantações.
"Existe uma procura crescente por maquinários dotados de mais tecnologia e soluções para a agricultura de precisão", afirma o diretor de vendas da Massey Ferguson, Eduardo Nunes.
Segundo ele, a expectativa da Massey Ferguson, que integra o Grupo AGCO, é acompanhar o aumento esperado de 10% nas vendas do setor para este ano em relação aos anteriores. O principal destaque da empresa na Agrishow - feira de tecnologia que acontece em Ribeirão Preto, em maio - será a plantadeira Momentum, primeiro projeto da AGCO desenvolvido 100% no Brasil.
O uso da tecnologia, segundo Nunes, tem provocado mudanças significativas no agronegócio brasileiro. "Por conta da tecnologia, muitos jovens estão voltando para o campo. O operador de máquinas está buscando cada vez mais conhecimento e a cadeia do agronegócio está mais sofisticada, em um ciclo positivo", diz o diretor da Massey Ferguson. "O produtor brasileiro está sempre atento às novidades e investindo muito em tecnologia", diz o diretor de vendas da John Deere Brasil, Rodrigo Bonato.
"Os agricultores brasileiros adotaram a agricultura de precisão mais rápido do que nos Estados Unidos", afirma Bonato, lembrando que o Brasil é o segundo maior mercado da John Deere no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A marca não divulga números regionais, mas, segundo Bonato, houve aumento de vendas de cerca de 25% nas feiras agropecuárias em que a John Deere já participou este ano, em comparação com as vendas nas mesmas feiras realizadas no ano passado. "Isso comprova o otimismo e a vontade produtor brasileiro em investir", afirma Bonato.
Na Jacto, a tecnologia é uma ferramenta importante para um dos grandes desafios do agronegócio: a preservação do meio ambiente. "A tecnologia é uma necessidade para se produzir mais e melhor, buscando a otimização de recursos e práticas que possam minimizar os impactos ao meio ambiente", diz o presidente da Jacto, Fernando Gonçalves.
O Grupo Jacto, com sede em Pompeia, no interior paulista, registrou em 2018 uma receita líquida de R$ 1,49 bilhão, um aumento de 23,6% em relação a 2017 e lucro líquido de R$ 154 milhões. Um dos lançamentos da Jacto é o pulverizador Uniport 3030 EletroVortex, que tem potencial para melhorar a qualidade das pulverizações e reduzir a quantidade de aplicações de inseticidas durante o ciclo da cultura agrícola.
Diante dos bons resultados nos últimos anos e a perspectiva de crescimento entre 10% e 15% este ano, a New Holland Agriculture possui hoje mais de 220 pontos de vendas espalhados pelo país e também investe pesado na agricultura de precisão. Uma das novidades é o ConectarAgro, solução de conectividade aberta com a meta de cobrir cinco milhões de hectares de solos cultivados até o fim de 2019, dos quais um milhão de hectares de pequenos agricultores.
"O produtor rural vai poder usufruir, de maneira completa, do sistema da New Holland voltado para a agricultura de precisão, como piloto automático e sistema de direção de implemento na pulverização", diz o diretor de mercado da New Holland Agriculture no Brasil, Alexandre Blasi.
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Fonte: Valor Econômico
6. Pressão sobre preço de combustíveis preocupa o setor
Entre as principais preocupações do agronegócio estão as cotações do petróleo, as oscilações da taxa de câmbio e o consequente impacto das duas variáveis sobre o preço do diesel, um dos principais custos operacionais num momento em que o setor atravessa o período de colheita. A alta do custo pode chegar a 5%, caso o diesel suba mais de 10% em 60 dias.
Neste ano, o petróleo tem batido recordes com a decisão do governo dos Estados Unidos de impor sanções econômicas sobre o Irã, um dos maiores produtores mundiais. Já as incertezas sobre o desempenho econômico do Brasil e a tramitação acidentada da reforma da Previdência pressionam o câmbio. "Em doze meses até maio, a inflação já ronda 5% e os combustíveis são um dos ingredientes explosivos. Podemos ter outras altas com o petróleo e o dólar nesse patamar nos próximos 60 dias", afirma Fabio Silveira, sócio diretor da MacroSector Consultores.
A Petrobras tem mantido sua liberdade de política de preços em um momento em que se prepara para vender participação na área de refino. Isso tem criado pressão sobre outra questão que impacta o preço dos combustíveis: tributos. "O jeito para reduzir essa pressão, que pode significar alta de mais de 10% em 60 dias, é reduzir impostos. Isso foi feito em 2017 quando o governo zerou a Cide", diz Silveira.
Na gasolina, 45% da cotação são impostos, sendo que no diesel esse percentual é de 24% (15% de ICMS e 9% entre Cide, PIS e Cofins). "O mercado internacional está pressionado e deve se manter assim no curto prazo", destaca o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires.
Isso cria pressão sobre o agronegócio. Levantamento do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (EsalqLog), divulgado ano passado, mostra que, entre Sorriso, em Mato Grosso, e o terminal hidroviário de Itaituba, no Pará, o custo dos transportadores subiu 6% entre 2017 e 2018 por causa da alta de 13% do combustível. Já na rota de exportação de açúcar de Ribeirão Preto (SP) para Santos (SP) houve alta de 5,7%. Se o caminhoneiro é autônomo, o que para as cargas do agronegócio é uma realidade em 70% dos casos, foi ele mesmo que absorveu o aumento e, na maioria dos casos, não conseguiu repassá-lo.
O custo do combustível para o transportador de longa distância chega a quase a 40% do total. De acordo com o EsalqLog, o custo estimado da logística do agronegócio em 2017 foi de R$ 120 bilhões, sendo que R$ 105 bilhões foram gastos com a atividade de transporte e R$ 15 bilhões com a atividade de armazenagem e estoque. Para uma distância de mil quilômetros, por exemplo, a parcela do custo de combustível representa por volta de 38,4% no custo total para um veículo típico de transporte de grãos.
A pressão sobre os preços dos combustíveis, com os contratos futuros de petróleo negociados em abril no patamar mais alto do ano, tem deixado o agronegócio apreensivo diante do impacto sobre o frete e a possibilidade de nova greve dos caminhoneiros. Dois grandes escritórios de advocacia já estão com suas equipes de contencioso em estado de alerta caso haja uma nova greve.
Há outra incerteza que paira sobre o frete. Em 2017, após a paralisação dos caminhoneiros, estabeleceu-se uma tabela de frete mínimo - se o preço do diesel sobe ou cai 10% é repassado para essa tabela. A metodologia, no entanto, é criticada e deverá ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). "A expectativa é de que o julgamento saia até o início do segundo semestre", afirma um advogado que acompanha a questão.
Em setembro de 2018, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) protocolou no STF uma medida cautelar pedindo a suspensão da tabela do frete e a análise de todas as ações que questionam o tabelamento na Suprema Corte. "O cenário que já era caótico com a instituição de uma política de tabelamento obrigatório de preços mínimos do frete rodoviário, transformou-se agora em uma loteria de inseguranças", diz a CNA na petição.
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Fonte: Valor Econômico
Proteína Animal
7. Crise sanitária na China favorece vendas externas de suínos
No primeiro trimestre, a China tornou-se o principal importador de carne suína do Brasil, com 23,2% do total, ultrapassando a Rússia (11,3%). A mudança no ranking está relacionada a um surto sem precedentes de peste suína africana no país asiático, maior produtor e consumidor mundial dessa proteína. Segundo analistas do Rabobank, entre 150 e 200 milhões de animais devem morrer infectados ou ser abatidos, o que levaria à redução de até um terço no rebanho chinês e a um grande aumento da demanda por carne importada. Os suinocultores brasileiros acompanham os desdobramentos com atenção e se preparam para ampliar as vendas.
"É uma oportunidade de ouro, mas nossa produção é inferior a 5 milhões de toneladas e não dá para multiplicar o rebanho de uma hora para outra", pondera o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. "É preciso primeiro ter certeza de que haverá mercado pela frente, ver como os concorrentes se habilitam e fazer um forte trabalho de vigilância sanitária nos portos e aeroportos." A ABPA projeta para 2019 um crescimento de 8% na produção nacional de carne suína, puxado pelo clima favorável e pela farta disponibilidade de milho e farelo de soja. Estima-se que a China terá demanda de 5 a 15 milhões de toneladas, podendo superar a oferta mundial de 8 milhões.
Na avaliação do engenheiro agrônomo e economista Dirceu Talamini, da Embrapa Suínos e Aves, o momento é favorável às exportações brasileiras, em função do câmbio e da questão sanitária. Em torno de 70% das vendas externas têm origem no Sul e em Mato Grosso do Sul, em zona livre de peste suína clássica, onde a doença foi erradicada há mais de 20 anos.
Talamini destaca a importância de a indústria brasileira também oferecer cortes adequados a mercados mais exigentes, como o japonês. Pesquisadores da Embrapa em Passo Fundo (RS) estão desenvolvendo novas variedades de trigo para ração. O objetivo é reduzir a perda de competitividade dos suinocultores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que precisam comprar milho no Centro-Oeste.
"A JBS monitora continuamente os eventos relacionados à peste suína africana na Ásia, que pode trazer uma mudança significativa para o atual ambiente de comércio global de todas as proteínas", diz a presidente da Seara Alimentos, Joanita Karoleski. "Estamos nos preparando para ter a capacidade de suprir um eventual aumento relevante de demanda da China, por meio da melhoria da capacidade das unidades." Em 2018 a Seara teve receita líquida de R$ 17,7 bilhões com aves e suínos, dentro de uma receita global de R$ 181,7 bilhões da JBS.
Para o vice-presidente de planejamento integrado da BRF, Leonardo Dallorto, o impacto da crise chinesa pode ser relevante. "Ao longo do segundo semestre, teremos maior clareza sobre o que realmente acontecerá", diz. Em 2018 a BRF faturou R$ 1,75 bilhão com exportação de carne suína, queda de 21,7% frente a 2017, em função do fechamento do russo.
"O impacto nos preços tende a ser duradouro, devido ao tempo para controle da doença e recuperação do rebanho da China", diz o vice-presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos, Neivor Canton.
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Fonte: Valor Econômico
8. Secretaria da Pesca busca alavancar oferta nacional
Apresentado por Jair Bolsonaro como "o único secretário que indiquei no governo" e figura fácil no Twitter e nas "lives" do presidente no YouTube, o titular da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Ministério da Agricultura, o empresário Jorge Seif Junior, espera usufruir da proximidade com o presidente, de quem seu pai é um antigo conhecido, para destravar o segmento, que permanece desorganizado e pouco eficiente. Com isso, quer alavancar o Brasil no ranking dos maiores produtores de pescado do mundo, no qual atualmente ocupa apenas a 13ª posição, com 1,5 milhão de toneladas. Impulsionada pela piscicultura, a cadeia pesqueira nacional fatura R$ 20 bilhões por ano.
Seif assumiu no início do ano uma secretaria que virou sinônimo de problemas e que, até recentemente, era tratada apenas como reduto de partidos. Ele assumiu com um plano com oito metas, entre os quais retomar as exportações brasileiras de pescado ao mercado europeu, que está sob embargos há quase um ano, e conceder o uso de águas da União (como as da hidrelétrica de Itaipu) para a pesca de espécies exóticas como a tilápia.
O secretário também pretende combater fraudes no seguro-defeso -- um velho trauma do segmento e alvo de investigações policiais, que ele chama de "vergonha mundial" - a partir de uma nova força-tarefa do governo, que vem sendo integrada por órgãos como Polícia Federal e INSS. A Controladoria-Geral da União (CGU) aponta em seus relatórios que 67% do total de R$ 3 bilhões concedidos por meio desse benefício são irregulares.
À secretaria caberá reestruturar, até junho, o Sistema de Registro Geral da Pesca, com o intuito de recadastrar pescadores e embarcações, e com isso cortar beneficiários do seguro-defeso suspeitos de não exercerem a atividade. Hoje, o cadastro de um pescador é autodeclaratório, e a ideia é delegar a inscrição dos profissionais à colônias de pescadores, entidades e confederações.
"A pesca está parada no tempo, estamos há dez anos sem estatística pesqueira. É um grande desafio", disse Seif em entrevista ao Valor. "É um grande momento para a pesca, mas as pautas são pesadíssimas", afirmou, lembrando que Bolsonaro gosta do segmento e praticava pesca esportiva.
Seif também planeja de trabalhar pela revisão de uma portaria (445/2014) do Ministério do Meio Ambiente, que listou 475 espécies de peixes proibidas para pesca. E quer conceder à iniciativa privada 17 terminais pesqueiros federais que estão fechados - mas geram despesa de R$ 10 milhões anuais aos cofres públicos - e desburocratizar a secretaria com informatização.
Carioca de 41 anos e radicado há duas décadas em Itajaí (SC), um dos principais polos pesqueiros do país, o secretário é filho de Jorge Seif, empresário que atua no ramo há mais de 40 anos, é proprietário da JS Pescados e serviu com Bolsonaro no Rio de Janeiro. Filiado ao PSL, partido do presidente, Seif Jr. nunca havia exercido cargos públicos.
"O secretário tem perfil para o cargo e vejo com otimismo seu trabalho. Evidentemente, como assumiu uma secretaria totalmente desestruturada, vai precisar de mais estrutura e mais orçamento", adverte Altemir Gregolin, consultor da área e ex-ministro da Pesca.
"Enxergamos um horizonte positivo e, mesmo se o presidente não fizer nada, ainda assim devemos continuar crescendo 10% a 15%. Mas se tiver um cenário positivo, esperamos aporte de investimentos do Brasil e exterior", diz Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, entidade que representa a piscicultura, área que responde por metade da receita da cadeia pesqueira nacional.
A falta de experiência de Seif na administração pública e o possível conflito de interesse por ser empresário são apontados por fontes do segmento como pontos de interrogação. O secretário explica, no entanto, que decidiu se desvincular da empresa de sua família e se comprometeu com a Comissão de Ética da Presidência a não assinar qualquer licença ou despacho relacionado à companhia, delegando a competência a seu secretário-adjunto.
Nos primeiros 100 dias de governo, Seif já enfrentou os sinais concretos do desmonte da secretaria, com um efetivo de pessoal enxuto e orçamento ínfimo -- os R$ 48 milhões previstos para 2019 já sofreram corte de 30% e ele ficou por dois meses sem assinar qualquer ato administrativo por conta de uma liminar da Justiça Federal que suspendeu a pesca da tainha no Sul por razões ambientais e puniu a Secretaria.
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Fonte: La Nación/Notícias Agrícolas
9. Produção de carne de frango deve crescer 5% com demanda asiática
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABTA) prevê um crescimento de 8% no volume de carne de frango exportada em 2019. No ano passado os embarques totalizaram 4,1 milhões de toneladas gerando receita de US$ 6,571 bilhões. "O cenário é otimista. O mercado internacional está demandando", diz Francisco Turra, presidente da ABPA.
As vendas para a China são determinantes para o desempenho positivo. O país enfrenta uma crise em seu abastecimento de proteína animal em consequência de um surto de febre suína africana. O país é o maior produtor e consumidor de carne suína do mundo.
O Brasil é o segundo maior produtor de frango do mundo, atrás apenas dos EUA, e o maior exportador. "É natural que os chineses olhem para o Brasil como uma importante opção para enfrentar seu déficit de carnes", diz Turra.
A crise de abastecimento levou a China a suspender sobretaxa imposta aos produtores brasileiros de frango adotada em 2017, enquanto realizaria a investigação de supostas práticas de dumping por parte dos brasileiros.
Segundo Turra, o aumento das compras chinesas levou outros mercados importantes como Arábia Saudita, Rússia e Egito a intensificar seus negócios com o Brasil. A Arábia Saudita, principal destino do frango brasileiro nos últimos anos, havia iniciado em 2018 um processo de redução de suas compras com o objetivo de fomentar a sua produção interna, mesmo movimento realizado dois anos antes pelo Egito. "Tradicionais fornecedores brasileiros para esses países já estão sendo procurados para fechar novos negócios."
O presidente da ABPA avalia também que nos próximos meses deverá ser superado, em parte, o contencioso com a União Europeia, que em 2018 embargou por problemas sanitários os embarques provenientes de 20 unidades frigoríficas brasileiras para os países do bloco europeu. "Seis unidades foram vistoriadas recentemente e temos a informação que serão liberadas para exportar no segundo semestre", afirma.
Os contenciosos com a China e a UE derrubaram em 5,1% as exportações brasileiras de frango em 2018, levando a uma queda de 1,7% na produção do país, que somou 12,82 milhões de toneladas. Turra estima para 2019 um crescimento da produção na casa de 5%.
A BRF, que exporta 77% de sua produção de aves in natura, foi uma das mais afetadas pelo embargo europeu e sobretaxa chinesa, fatos que levaram a companhia a adequar sua linha de produção em 2018, conceder férias coletivas e adotar a prática de suspensão temporária do contrato de trabalho em cinco de suas unidades.
Leonardo Dalllorto, vice-presidente de planejamento integrado da BRF, diz que no curto prazo não há previsão para a BRF retomar os embarques para a Europa. No entanto, a companhia tem expandido suas exportações no mercado halal que atende os consumidores muçulmanos. A Seara, do grupo JBS, exporta 70% de sua produção de carne de frango. Joanita Karoleski, presidente da companhia, diz que a crise de abastecimento de proteínas na China levará a "um aumento exponencial de compras internacionais naquele país".
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Fonte: Valor Econômico
Agroenergia
10. Mercado prevê retomada das cotações do açúcar
A atenção do setor sucroalcooleiro está voltada para a safra de cana-de-açúcar 2019/2020, no Centro-Sul, que se iniciou neste mês, apontando, na maioria das projeções, para volume próximo às 573 milhões de toneladas do período anterior. Há estimativas mais conservadoras - em torno de 565 milhões de toneladas na região, devido a esperadas quedas de produtividade na lavoura - e outras mais otimistas, com produção prevista de até 590 milhões de toneladas, feitas por consultorias especializadas. Em maio, saem as primeiras projeções da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), importante referência para o mercado.
Enquanto isso, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) trabalha com expectativa de algo em torno de 570 milhões de toneladas de cana e promete números mais precisos em breve. "As chuvas de final de março e começo de abril indicam um canavial, mesmo que envelhecido, mais produtivo", prevê o diretor técnico da associação, Antonio de Pádua Rodrigues, considerando, porém, possível redução na área de colheita.
A Unica estima obter duas toneladas a mais por hectare de cana, passando de 73,5 t /ha, para 75,5 t/ha, mas trabalha também com a possibilidade de um quilo de açúcar a menos por tonelada de cana. "Porém, como provavelmente teremos duas toneladas de cana a mais por hectare, haverá incremento de produto", diz Rodrigues.
Ricardo Pinto, CEO da RPA Consultoria, tem previsões diferentes. Ele não descarta queda média de até 1,2 ponto percentual na produtividade da lavoura este ano e diz que a renovação do canavial ocorre em ritmo mais lento do que o previsto. "Possivelmente será menor a disponibilidade de cana no atual período", acredita.
O mercado, unânime, afirma que a safra 2019/2020 começa muito mais alcooleira, a exemplo do ano anterior. Eventual incremento na produção brasileira de açúcar será possível prever somente a partir de agosto/setembro, quando da definição do comportamento das produções na Índia, Tailândia, China - que enfrentam má distribuição de chuvas -, e União Europeia (com possibilidade de redução de área de plantio), e dos estoques mundiais.
A professora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), Heloísa Lee Burnquist, observa que os estoques internacionais de açúcar vêm se reduzindo e sinalizações de quebra em safras da Ásia e Europa poderão forçar quedas nos volumes estocados e recuperação nos preços. Em maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga novo relatório. O último, de novembro, contabiliza estoques mundiais de 53 milhões de toneladas de açúcar. O mercado já considera possibilidade de déficit mundial de 4 milhões de toneladas do produto na safra 19/20.
"A partir de outubro poderemos ter um começo de escalada de preços do açúcar", acredita Ricardo Pinto, prevendo queda na disponibilidade do produto no mundo. Segundo o executivo da RPA, os contratos futuros de açúcar na Bolsa de Nova York caminham em direção à recuperação de preços. Ele prevê uma safra de cana de 560 milhões de toneladas no Centro- Sul, com mix de 60% em etanol e menor oferta de açúcar.
Passada a seca, as chuvas de março e abril no noroeste de São Paulo recuperam o canavial e as expectativas do diretor da Região Brasil do Grupo Tereos, Jacyr Costa Filho, de moer até 20,3 milhões de toneladas na atual safra, acima das 18 milhões de toneladas do período anterior.
"Devemos começar privilegiando o etanol, observando como a safra vai até novembro e ajustando o perfil de produção de acordo com comportamento do mercado", diz ele, à frente de sete unidades industriais na região. Na safra passada, a empresa destinou 43% da cana para etanol, produzindo 680 milhões de litros, e 57% para açúcar, com 1,4 milhão de t do produto. Costa Filho diz que é cedo para estimar o mix da atual safra.
O executivo da Tereos prevê um ciclo promissor de preços para o açúcar e o etanol, diante da possível redução na oferta mundial do adoçante, e da manutenção de preços firmes do petróleo.
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Fonte: Valor Econômico
11. Justiça condena Raízen a pagar trabalhadores por tempo de deslocamento
A 3ª Vara do Trabalho de Araraquara, no interior paulista, condenou a Raízen a contabilizar as horas despendidas pelos trabalhadores no deslocamento à usina da empresa instalada no município. A decisão leva em conta que a reforma trabalhista não acabou com esse direito. A ação foi ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), e a Raízen já recorreu.
Segundo a decisão, a Raízen terá que computar as horas de deslocamento dos funcionários entre suas residências e o local de trabalho e realizar o pagamento da diferença, sob pena de multa de R$ 5 mil por trabalhador por dia. Caso o tempo exceda a jornada de oito horas, a Raízen terá que contabilizá-lo como hora extra, incluindo encargos como férias, 13º salário, aviso prévio indenizado, FGTS e descanso semanal remunerado.
Se esse entendimento não for revertido, a companhia também terá que pagar uma indenização coletiva de R$ 10 milhões. O valor deverá ser revertido pelo MPT a ações em benefício dos trabalhadores.
Em despacho, o juiz João Baptisa Cilli Filho considerou que a mudança provocada pela lei 13.467/2017 não alterou a previsão de que as empresas devem pagar pelo tempo de deslocamento, já que nesse tempo o funcionário está à disposição do empregador. O magistrado julgou que “o empregador [no caso de trabalho em área rural] arca com o risco do empreendimento em estabelecimento desta natureza, e deve fornecer os meios de transporte para viabilizar a jornada e considerar o tempo de percurso como tempo à sua disposição a contar na jornada”.
O juiz defendeu a manutenção da cobrança também por causa do princípio de “não retrocesso social”.
A lei da reforma trabalhista inclui no artigo 58 da CLT um parágrafo que passa a prever que “o tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador”.
Logo após a aprovação da reforma, em novembro de 2017, a Raízen suspendeu o pagamento das horas “in itinere” aos seus trabalhadores.
Na ação, o procurador Rafael de Araújo Gomes apontou que o fim desse pagamento resultou em uma imediata perda de parte do salário para os trabalhadores rurais. Segundo o MPT, a própria usina afirmou que, em razão da mudança, os seus empregados sofreriam redução de salário de 10% a 20%.
Ainda segundo o MPT, a usina da Raízen em Araraquara não é atendida por transporte coletivo e o tempo médio gasto pelos trabalhadores no transporte fornecido pela empresa é de duas horas.
“O tempo de deslocamento é tempo à disposição do empregador, pois de nenhuma outra forma a empresa conseguiria contar com a mão de obra necessária para realizar a sua atividade econômica. O transporte é tão necessário ao atingimento dos objetivos da Raízen quanto o são as ferramentas de trabalho”, argumentou o procurador, em nota.
A Raízen confirmou, em nota enviada ao Valor, que já recorreu da decisão. Informou que assinou acordos com todos os sindicatos, que segundo a empresa representam todos os trabalhadores que atuam em suas operações, “mesmo sem a legislação determinar”. Segundo a companhia, esses acordos retiraram a remuneração sobre as horas “in itinere”, mas previram uma indenização sobre essa supressão, além de um acréscimo no valor do vale alimentação para os funcionários impactados.
A Raízen informou, finalmente, que “cumpre integralmente a legislação trabalhista vigente no Brasil e preza por constante aprimoramento na relação com seus funcionários”.
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Fonte: Valor Econômico
12. Tereza Cristina abre safra em Minas Gerais e fala sobre RenovaBio e zoneamento da cana
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse em Uberaba (MG) que a pasta está trabalhando para aperfeiçoar o Programa Nacional dos Biocombustíveis (RenovaBio). O programa do Ministério de Minas e Energia tem o objetivo de reconhecer o papel estratégico dos biocombustíveis e impulsionar a produção de diferentes fontes de energia no Brasil.
“Lá no Ministério da Agricultura temos trabalhado incessantemente para ajudar o RenovaBio”, disse ela na abertura da safra de açúcar e etanol 2019/2020 de Minas Gerais. “Nós já vamos iniciar uma conversa com o ministro Bento (Albuquerque, das Minas e Energia) para que o RenovaBio possa de fato trazer os benefícios para os quais ele foi construído, concebido e aprovado pelo Congresso Nacional em um tempo recorde”.
Tereza Cristina disse que o setor sucroalcooleiro é um dos mais organizados e que os produtores de cana superaram um momento de crise, com potencial para gerar mais eficiência e empregos. “Setor forte é porque tem lideranças fortes”, disse.
A ministra ainda revelou que vai mexer no zoneamento da cana-de-açúcar. "Nós precisamos ter cana em alguns lugares onde lá atrás venderam que nós não podíamos ter. Nós vamos ter que rever em conjunto", ressaltou.
O evento de abertura da safra mineira 2019/20 aconteceu na Fazenda Santa Vitória, organizado pela Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) e pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). Estimativas mostram um crescimento da safra mineira de cana-de-açúcar de cerca de 3%. O resultado de 2018/19 foi de 63 milhões de toneladas.
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Fonte: Agência Estado/NovaCana
Grãos e Grandes Culturas
13. Receita e lucro da Cargill no Brasil cresceram em 2018
A Cargill Agrícola, braço brasileiro da gigante americana, registrou receita operacional líquida de R$ 45,561 bilhões em 2018, crescimento de 33% em relação ao ano anterior (R$ 34,238 bilhões). Na comparação, o lucro líquido da subsidiária aumentou 17,1%, para R$ 630,108 milhões.
Os avanços refletiram sobretudo o aumento da produção brasileira de soja na safra 2017/18 e a boa demanda externa pelo grão no ano passado, mais aquecida que o normal em razão das disputas comerciais entre Estados Unidos e China. mas os crescimentos poderiam ter sido até maiores.
Na semana passada, o CEO da múlti no Brasil, Luiz Pretti, afirmou que os resultados no país ficaram “abaixo do esperado”. Durante inauguração de três plantas no complexo industrial da empresa em Uberlândia (MG), o executivo disse que os números foram prejudicados pela greve dos caminhoneiros e pelas dificuldades econômicas do país”.
A maior parte do volume de vendas no ano passado foi ao exterior. Segundo o balanço divulgado hoje, as exportações, principalmente de soja e milho, representaram 81% do total, ao passo que a fatia doméstica ficou em 19%.
Os resultados antes das despesas e receitas financeiras líquidas e impostos somaram R$ 1,037 bilhão no ano passado, após resultado negativo em R$ 474,623 milhões em 2017. As despesas financeiras passaram de R$ 6,382 bilhões para R$ 11,774 bilhões, enquanto as receitas financeiras também cresceram, de R$ 7,245 bilhões para R$ 11,079 bilhões.
A Cargill divulgou, ainda, que seu endividamento total no Brasil estava em R$ 8,684 bilhões no fim de 2018, 40% maior que em 2017 (R$ 6,215 bilhões). Do total, aproximadamente 60% vence de 2023 em diante.
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Fonte: Valor Econômico
14. Excesso de oferta mundial afeta preço do café
Os preços internacionais do café preocupam os produtores em razão do excesso de oferta global e da atuação dos fundos internacionais na Bolsa de NY, referência mundial para fixação de preços da commodity. Em abril, pela primeira vez no ano, a cotação caiu abaixo de US$ 0,90/libra-peso. Em média, os preços no mercado doméstico recuaram 20% em relação ao ano passado. Na segunda quinzena de abril, o preço médio da saca de 60 kg do tipo arábica girava em torno de R$ 370,00; em novembro estava em R$ 441,59.
Já no âmbito doméstico, as boas notícias predominam. De acordo com projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2019/2020 (que começa a ser colhida em maio) deverá ficar entre 50,48 milhões e 54,48 milhões de sacas, volume inferior ao recorde histórico de 61,65 milhões de saca da última colheita, mas ainda assim acima das previsões pessimistas. Este ano, a safra é menor, de acordo com a bienalidade própria da cultura.
Por sua vez, as exportações no primeiro trimestre registraram 9,9 milhões de sacas, alta de 25,7% ante igual período do ano passado, de acordo com dados do Conselho Nacional dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), reforçando a histórica posição do país como maior produtor e principal exportador mundial. Ao mesmo tempo, tem se mantido em alta o consumo de café no mercado doméstico, motivado principalmente pelo surgimento de cafeterias especializadas e marcas certificadas de cafés gourmet, além do crescimento do café em cápsulas.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo interno (torrado e solúvel) foi de 21 milhões de sacas, com crescimento regular acima de 2% ao ano desde 2008. Segundo Silas Brasileiro, presidente executivo do Conselho Nacional do Café (CNC), o impacto dos baixos preços tem sido absorvido pelos produtores, mas o quadro requer cuidados especiais. "Há contratos futuros fechados há um ano na faixa de R$ 550,00/saca. Mas, há os reflexos da bienalidade negativa da safra, que devem influenciar na próxima. Em situações semelhantes, os produtores devem se preocupar em reduzir os custos com insumos e manejo, buscando renovar os pomares com mudas mais resistentes ao clima e às pragas", afirma.
Com 14.500 cooperados em SP e Sul de MG, a Cooxupé foi responsável por 8,4 milhões de sacas na safra passada. "Na próxima, haverá uma quebra de 15%. Estamos preocupados. O custo de produção é de R$ 383/saca. Talvez haja necessidade de políticas públicas", diz Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da cooperativa.
Para Ricardo Lima de Andrade, superintendente da Cocapec, que reúne 2,2 mil produtores da Alta Mogiana (SP e MG), o momento exige criatividade. "O produtor precisa fechar contratos futuros ou trocar o café por insumos", diz.
Em junho, está prevista a liberação de R$ 5,07 bilhões por parte do Funcafé, que são usados para armazenagem e despesas de custeio. O café é o único item do agronegócio que tem um fundo exclusivo, que vinha sendo gerido pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), órgão extinto pelo presidente Jair Bolsonaro, no início de abril.
Para o engenheiro agrônomo Celso Vegro, pesquisador cientifico do Instituto de Economia Agrícola (IEA), a tecnologia no aprimoramento dos grãos é um diferencial do café brasileiro. "Cerca de nove milhões de sacas exportadas são de cafés diferenciados (especial e gourmet), que conseguem preços até R$ 40/saca acima dos tradicionais. Quem investiu em qualidade, está colhendo os frutos", afirma.
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Fonte: Valor Econômico
15. Safra de grãos avança, apesar dos problemas com a soja
O Brasil deverá colher 235,3 milhões de toneladas de grãos na safra 2018/2019, de acordo com o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - resultado inferior apenas ao de dois anos atrás, que chegou a 238,8 milhões de toneladas. Não fosse a ligeira quebra nas plantações de soja, por motivos climáticos, o país poderia comemorar o estabelecimento de um novo recorde. A previsão é de que a soja, responsável por quase metade da colheita de grãos, alcance 113,8 milhões de toneladas, um recuo de 4,6% sobre a safra passada. Mesmo assim, o aumento na produção de milho (16,5%) e de algodão (32%) deverá compensar o menor desempenho da soja e do arroz (com queda esperada de 11,7%), resultando num avanço de 3,4% na safra de grãos atual em relação à de 2017/2018.
A queda na produção de soja é vista pelos analistas como episódica, devendo ser revertida já na safra seguinte, uma vez que a área plantada com a oleaginosa continua crescendo - aumentou 1,8%, segundo a Conab, correspondendo ao plantio de 35 milhões de hectares. Para o agrônomo Victor Ikeda, do Rabobank, é provável que o Brasil se torne o maior produtor mundial de soja já na safra 2019/2020, ultrapassando os Estados Unidos. "Esperamos uma produção entre 119 e 120 milhões de toneladas, com base na tendência de crescimento da produtividade e de ampliação da área plantada de soja nos últimos anos", diz Ikeda.
O Rabobank - que faz projeções para o agronegócio mundial com uma equipe de 80 pesquisadores espalhados por 13 países - prevê para 2027/2028 uma colheita de soja ao redor de 157 milhões de toneladas para o Brasil e uma de 140 milhões de toneladas para os EUA. Dessa maneira, a soja, que respondeu por mais de 40% do valor arrecadado nas vendas externas brasileiras em 2018 (considerando-se os embarques do produto em grão ou na forma de farelo), tem tudo para continuar sendo o principal item de exportação do país na próxima década.
Os especialistas do banco holandês preveem crescimento para todo o agronegócio brasileiro nos próximos anos, garantindo o protagonismo do país também na produção e exportação de café, suco de laranja, celulose, açúcar, etanol e carnes bovina e de frango. "O país pode até ser superado na produção de um ou outro item eventualmente, mas continuará liderando a exportação desses produtos", afirma o analista Andy Duff. Ele cita como exemplo o caso do açúcar, cuja produção indiana superou ligeiramente a do Brasil na safra atual e na passada, o que não afetou a posição brasileira de maior exportador do produto. "E já na safra 2019/2020 o Brasil deve voltar a ser o maior produtor, pois tudo indica que haverá um aumento de 3% aqui e uma redução de 6% na Índia", informa.
No caso do café, a grande vantagem brasileira sobre os demais produtores está longe de ser ameaçada: a última safra foi recorde, de 60,6 milhões de sacas, equivalente a um terço de toda a produção global e ao dobro do resultado alcançado pelo segundo colocado, o Vietnã. "Em razão do estoque formado, nossa previsão para a safra 2019/2020 é de uma produção de 57,6 milhões de sacas", revela Guilherme Morya, do Rabobank.
Suco de laranja e celulose também seguirão como produtos campeões de exportação. Mesmo com um recuo de 35% na safra atual, o Brasil ainda responde por 65% da produção mundial de suco de laranja e espera-se uma recuperação em torno de 15% na temporada 2019/2020. No mercado de celulose de fibra curta, o país é responsável por 30% da produção global e continua avançando: aumentou em 8% o processamento de madeira em 2018 e deve crescer mais 2% este ano.
Na área de proteína animal, houve um incremento de 4% na produção de carne bovina e de 11% nas exportações em 2018. Para este ano, a expectativa é de aumento de 2% nos abates e de 4% nas vendas externas. Quanto à carne de frango, depois do ótimo desempenho em 2018, no qual o país respondeu por 35% das exportações do produto, houve uma redução de 10% nos embarques internacionais neste primeiro trimestre, em razão de novas restrições impostas pela Arábia Saudita e pela União Europeia. Mas espera-se uma recuperação ao longo do ano, em virtude do crescimento da demanda chinesa - que sofre com a peste suína africana.
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Fonte: Valor Econômico