Conjuntura do Agronegócio

1. Ministérios se desentendem sobre demarcações de terras indígenas

O secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan, afirmou que o Ministério dos Direitos Humanos vem impedindo a edição de um decreto que o governo prepara para modificar o rito de demarcações de terras indígenas no país.

No governo do presidente Jair Bolsonaro, a pasta dos Direitos Humanos, chefiada pela ministra Damares Alves, absorveu a Fundação Nacional do Índio (Funai). O órgão, por sua vez, perdeu a competência para demarcar terras indígenas, que foi transferida para o Ministério da Agricultura.

O Valor antecipou hoje que as pastas da Agricultura, Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Advocacia- Geral da União (AGU) trabalham na elaboração desse novo decreto, que deve delegar para o Instituto Nacional de Conização e Reforma Agrária (Incra) a competência de identificar, delimitar e demarcar terras indígenas.

O governo defende o decreto para resolver um vácuo jurídico causado na legislação. Enquanto a Medida Provisória 870, editada pelo presidente Jair Bolsonaro, transferiu as demarcações do Ministério da Justiça para o da Agricultura, um decreto de 1996, ainda em vigor, continua vinculando as demarcações à Fundação Nacional do Índio (Funai).

"Estamos tendo uma situação constrangedora e faço aqui uma denúncia. Muitos aqui conhecem o desserviço que a Funai prestou ao país. E estamos fazendo um novo decreto de ajuste e a Funai está resistente", disse Nabhan em audiência pública na Comissão de Agricultura do Senado.

De acordo com Nabhan, que já foi cotado para ser ministro da Agricultura e é próximo de Bolsonaro, o secretário-executivo do Ministério de Direitos Humanos, o pastor Sérgio Carazza, tem se oposto ao decreto e vem resistindo à sua edição.

"Estamos tendo reuniões semanais, mas esse secretário-executivo da ministra Damares está resistindo em alguns pontos, mas isso vai causar uma situação catastrófica em relação à questão indígena e vamos voltar à estaca zero. Esse secretário está causando uma situação extremamente constrangedora e estamos já no terceiro mês e nada anda. Mas precisamos destravar esse decreto", acrescentou Nabhan.

Por fim, Nabhan ainda sinalizou que o governo não tem condições de atender a todo o estoque de pedidos de demarcações de terras indígenas no país. Em reunião recente que teve com o ministro da Secretaria de Governo, Santos Cruz, Nabhan disse que o presidente da Funai, Franklinberg Souza, informou que o órgão tem um passivo pendente de 425 processos de demarcação de terras indígenas. "Podemos então arrumar nossas malas e ir pra Espanha, Itália", finalizou.

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Fonte: Valor Econômico

2. PIB do Agronegócio tem variação negativa de 0,01% em 2018 ante 2017, diz Cepea

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Agronegócio do Brasil fechou o ano passado praticamente estável, com recuo de 0,01% na comparação com 2017. O resultado é fruto de uma pesquisa do Cepea em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Apenas em dezembro de 2018, houve queda de 0,10% ante igual mês do ano anterior.

Pesquisadores do Cepea apontam que houve em 2018 elevação dos custos da produção nos segmentos primários agrícola e pecuário, com demanda fraca em diversos segmentos e atividades na pecuária, diz o centro em comunicado.

A nota afirma ainda que, apesar da recuperação dos preços agrícolas ao longo de 2018 e da alta na produção, houve também incremento nos custos de produção, sobretudo de fertilizantes e diesel, o que manteve o segmento em baixa no que se refere à renda. "Já a agroindústria teve resultado satisfatório na média do segmento, com destaque para os bons desempenhos das atividades de biocombustíveis, celulose e papel e óleos vegetais."

No setor pecuário, a demanda interna "enfraquecida" e a restrição de importantes mercados externos para a carne brasileira influenciaram os preços com maior intensidade ao longo do ano. Mas a competitividade da proteína brasileira no mercado externo surtiu efeitos favoráveis para as exportações de carne desde setembro, sobretudo para novos nichos de mercado, o que ajudou a sustentar os preços e na recuperação da indústria do abate. "No acumulado, porém, o ano fechou com resultado negativo", diz o Cepea. "O segmento primário do ramo pecuário também sofreu impactos do incremento de custos de produção, com destaque para a elevação do preço do milho no período", completa a instituição.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

3. Governo chinês confirma nova rodada de negociações comerciais com os EUA

O ministério do Comércio da China confirmou que um novo ciclo de negociações comercias com os Estados Unidos vai ocorrer na próxima semana, entre os dias 28 e 29 de março, em Pequim. Esta é a oitava rodada de conversas, segundo o porta-voz do ministério, Gao Feng, em coletiva de imprensa.

De acordo com Gao, o representante de comércio dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, foram convidados para uma reunião com o vice-primeiro-ministro da China, Liu He, para dar continuidade a “consultas de alto nível sobre economia e comércio”.

Além disso, “o vice-primeiro-ministro Liu He será convidado a visitar os Estados Unidos no início de abril e realizar a nona rodada de consultas econômicas e comerciais sino-americanas de alto nível em Washington”, disse Gao, acrescentando que os dois lados tiveram recentemente conversas por telefone sobre questões relativas ao comércio.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Canal Rural

Insumos

4. Kepler Weber lucrou R$ 28,7 milhões no 4º trimestre de 2018

A gaúcha Kepler Weber, fabricante de silos e sistemas de armazenagem, registrou lucro líquido de R$ 28,7 milhões no quarto trimestre de 2018, ante prejuízo líquido de R$ 19,4 milhões em igual período de 2017.

Em todo o ano passado, houve lucro de R$ 8,3 milhões, sendo que no ano anterior tinha havido prejuízo líquido de R$ 34,3 milhões.

A margem líquida do quarto trimestre atingiu 14,8%, enquanto a margem no ano ficou em 1,4%.

Segundo balanço divulgado pela empresa, a receita líquida atingiu R$ 194 milhões no quarto trimestre de 2018, aumento de 11,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, e no ano houve queda de 0,4%, para R$ 576,3 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da companhia somou R$ 43,2 milhões no quarto trimestre de 2018, em comparação com o resultado negativo de R$ 8,6 milhões um ano antes. A margem Ebitda do trimestre foi de 22,3%, enquanto a margem de todo o ano passado foi de 2018 foi de 8,4%.

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Fonte: Valor Econômico

5. SinAgro expande rede de distribuição e prevê faturar R$ 2 bi

A expansão do plantio e a boa rentabilidade dos produtores brasileiros de grãos nas últimas safras têm impulsionado a área de insumos agrícolas no país. De olho nessa expansão, a SinAgro, distribuidora com sede em Goiânia (GO), deverá abrir 11 novas lojas até o segundo semestre de 2020 para ampliar as vendas, que devem atingir R$ 1,1 bilhão nesta safra 2018/19, 22% mais que no ciclo anterior.

Fundada em 2011, essa "jovem" empresa espera alcançar um faturamento de R$ 2 bilhões com vendas de insumos como fertilizantes e defensivos e com originação de grãos na safra 2022/23. "Nossa expansão passa por Goiás, Minas Gerais, Tocantins e pelo aumento no número de lojas em Mato Grosso do Sul e no oeste baiano", afirmou Renato Guimarães, presidente da SinAgro, ao Valor.

Atualmente, a distribuidora tem 11 unidades em Mato Grosso e uma em Goiás. Mais cinco serão abertas até junho deste ano - três em Goiás, uma em Mato Grosso do Sul e uma em Minas Gerais -, e as outras seis novas revendas previstas deverão ser inauguradas até o ano que vem.

Esse movimento é turbinado por aportes recebidos nos últimos anos. Em 2015, a multinacional indiana de agroquímicos UPL comprou 45% da SinAgro e, em 2018, o fundo das Ilhas Maurício Global Capital Fund adquiriu 46%. Os valores das negociações não foram divulgados. Os restantes 9% permanecem nas mãos do sócio-fundador Marcos Vimercati, que passou a presidir o conselho de administração da empresa.

"Nosso grande objetivo é crescer na área de insumos", disse Guimarães. Na safra 2017/18, os insumos representaram cerca de 60% do faturamento e a originação respondeu pelos demais 40%. Para armazenar os grãos recebidos com as vendas antes de negociá-los com as tradings, a SinAgro mantém quatro armazéns situados em Mato Grosso.

Segundo o executivo, a originação de grãos dá suporte às operações de barter (troca de grãos por insumos) e a necessidade em armazenagem de clientes. "Hoje, 60% das vendas derivam de barter", afirmou. "Queremos fortalecer ainda mais essas operações", acrescentou.

Afora a expansão da rede de lojas, Guimarães acredita que o previsto salto da receita também virá de uma maior participação de produtos biológicos nas vendas de insumos. A fatia deverá saltar de 3% para 10% até 2022/23. A tendência é favorecida pela compra da Arysta pela UPL, concluída em janeiro. A Arysta tem forte presença na área de biológicos.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABC Bio), o mercado global de biodefensivos agrícolas tem crescido cerca de 20% ao ano. Mas no Brasil o incremento conjunto das associadas da entidade (que representam 70% do mercado) foi de quase 80% no ano passado, para R$ 464 milhões.

A SinAgro fatura, ainda, cerca de R$ 150 milhões com produção de soja (10 mil hectares), milho (6 mil) e algodão (6 mil), mas essas atividades não deverão ser ampliadas.

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Fonte: Valor Econômico

6. Petrobras retoma hibernação de fábrica de fertilizantes na Bahia

A Petrobras informou nesta quinta-feira que obteve decisão favorável na Justiça, revertendo a liminar que suspendia a hibernação da fábrica de fertilizantes na Bahia (Fafen-BA). Com isso, a estatal seguirá com o processo licitatório para a venda da unidade, assim como da fábrica em Sergipe (Fafen-SE).

O processo de hibernação consiste em uma parada progressiva da produção das unidades industriais, com ações para conservar equipamentos e previnir impactos ambientais.

A venda da Fafen-BA sofreu com a oposição de congressistas da bancada Bahia na Câmara dos Deputados. A petroleira chegou a iniciar o desinvestimento, mas o processo foi interrompido em meados do ano passado depois que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, proibiu a alienação do controle de estatais e suas subsidiárias sem o aval do Congresso.

A Fafen-BA é uma unidade de fertilizantes nitrogenados com capacidade de produção total de ureia de 1.300 toneladas por dia. A fábrica também comercializa amônia, gás carbônico e agente redutor líquido automotivo (Arla 32).

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Fonte: Valor Econômico

Proteína Animal

7. Minerva faz roadshow em Londres para IPO da Athena Foods

A brasileira Minerva Foods, maior exportadora de carne bovina da América do Sul, segue em contato com investidores para angariar o apoio necessário para a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Athena Foods na bolsa de Santiago (Chile). De acordo com uma fonte, executivos da Minerva realizaram nesta semana um roadshow em Londres.

A expectativa da Minerva, que ainda aguarda o aval do órgão regulador do mercado de capitais do Chile, é listar a Athena em maio, obtendo entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão.

A maior parte dos recursos será usada para reduzir o endividamento da Minerva. A companhia também deve usar parte do montante para reabrir um abatedouro na Argentina. A Athena reúne as operações da Minerva na Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. Em 2018, a Athena faturou R$ 6,9 bilhões, o que representa 40% das vendas da companhia brasileira.

Na capital do Reino Unido, executivos da Minerva se reuniram com mais de 15 investidores. Em fevereiro, a companhia já havia realizado um roadshow com investidores do Oriente Médio e do Sudeste Asiático, conforme o Valor informou.

Na B3, as ações da Minerva registraram forte alta esta semana. Até ontem, a valorização foi de 8,3%; no ano, a alta chega a quase 46%.

Notícia na ítnegra

Fonte: Valor Econômico

8. Missão do USDA que avaliará carne bovina será agendada esta semana

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) deve definir nesta semana a data da missão sanitária que virá ao Brasil avaliar a possível reabertura do mercado americano à carne bovina in natura. Os americanos embargaram o produto em julho de 2017, após a detecção de problemas na carne do Brasil.

A informação sobre a missão sanitária foi divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, em nota. "Ele [o secretário do USDA, Sonny Perdue] ficou de, em três dias, me falar sobre a provável data da visita da missão para fazer a inspeção nos frigoríficos", afirmou a ministra Tereza Cristina.

O processo de reabertura do mercado foi um dos pontos destacados no comunicado conjunto divulgado por Brasil e EUA na terça-feira, durante a visita do presidente Jair Bolsonaro ao presidente dos EUA, Donald Trump.

No entanto, o agendamento da visita de técnicos do USDA aos frigoríficos do Brasil não garante a reabertura do mercado. Ontem, em Nova York, a ministra da Agricultura disse, em entrevista à agência Reuters, que a visita dos inspetores sanitários é um "gesto" de boa vontade dos Estados Unidos, mas ainda insuficiente.

Entre os frigoríficos brasileiros, há quem deseje que a missão ocorra depois de maio, quando a nova composição da vacina contra o vírus da febre aftosa estará em vigor. Por determinação do Ministério da Agricultura, as indústrias veterinárias retiraram da composição da vacina a saponina, substância que chegou a ser apontada como a responsável pelos abscessos (acúmulo de pus) detectados na carne brasileira em 2017 pelos americanos.

Paralelamente, o governo brasileiro sinalizou aos EUA a possibilidade de abrir o mercado para a carne suína americana. Mas Tereza fez questão de dizer ontem que a abertura ainda não está confirmada. "Não foi concedida. Estamos discutindo o certificado sanitário", afirmou ela, em um comunicado divulgado ontem pelo Ministério da Agricultura.

Na indústria de carnes, a abertura do mercado brasileiro foi vista com reservas. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) pediu "reciprocidade". Hoje, apenas Santa Catarina pode exportar carne suína aos EUA. A associação informou que não se opõe à abertura para a carne suína americana, desde que empresas dos demais Estados brasileiros também possam exportar a carne aos Estados Unidos.

Para uma fonte do governo brasileiro que participou das negociações agrícolas com os EUA, as negociações evoluíram. "Saímos com a sensação de que a bola voltou a rolar e as coisas vão se resolver. Queremos limpar a mesa de pendências", disse a fonte.

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Fonte: Valor Econômico

9. Brasil é um país manchado por escândalos, dizem pecuaristas dos EUA

A Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos (USCA) manifestou sua oposição à possibilidade de retomada de compra de carne bovina in natura brasileira por parte dos americanos. Em comunicado, a entidade classifica o Brasil como um mau ator no mercado, cuja sanidade animal coloca em risco a saúde do rebanho local.

“A Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos se opõe fortemente ao comprometimento da saúde do rebanho bovino doméstico em prol do aumento das exportações de carne bovina, especialmente de um país marcado por escândalos”, diz a nota.

A possibilidade de uma retomada das vendas de carne bovina in natura do Brasil para os Estados Unidos foi tema do encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e Donald Trump, nesta semana. Em comunicado conjunto, foi informado que o governo americano concordou em agendar “rapidamente” uma visita técnica ao Brasil tendo em vista a reabilitação dos embarques.

Liberação anterior dessas exportações tinha sido conseguida depois de décadas de negociações bilaterais. No entanto, em meados do ano passado, os Estados Unidos suspenderam as compras alegando problemas sanitários. Foram identificados abscessos na carne vendida para o país, consequência da aplicação de vacinas contra a febre aftosa.

"As preocupações dos criadores de gado americanos foram validadas, uma vez que o Brasil não cumpriu vários requisitos da sua relação comercial com os Estados Unidos”, pontua o comunicado da USCA, datado de 19 de março.

Os pecuaristas americanos reforçam que seriam “catastróficos” os efeitos de uma epidemia de febre aftosa no país, não apenas sobre a indústria de carne, mas sobre a economia nacional. Citando da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), a Associação afirma que perdas podem chegar a US$ 14 bilhões, incluindo a renda dos criadores o consumo e as relações comerciais.

O comunicado da USCA lembra ainda da Operação Carne Fraca, que investigou suspeitas de irregularidades e de corrupção na indústria de carnes brasileira. Ressalta que a operação revelou que inspetores estariam recebendo propinas para permitir a venda de carne vencida, sob laudos sanitários falsos.

Menciona também um pedido da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para mudar uma diretriz relacionada a defeitos em contêineres. Na visão dos pecuaristas, seria mais uma tentativa dos brasileiros de “contornar” regulamentos americanos de segurança alimentar.

“A USCA se mantém fortemente contrária a qualquer reabertura do comércio de carne bovina com o Brasil. Apelamos ao presidente Donald Trump e ao secretário Sonny Perdue que considerem as preocupações com a saúde do gado americano para garantir que a proteína preferida no país mantenha sua oferta abundante”, diz a entidade.

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Fonte: Estadão Conteúdo/Revista Globo Rural

Agroenergia

10. Após não receber lances, Usina Guaxuma vai a segundo leilão

O leilão da Usina Guaxuma, ativo da massa falida da Laginha Agroindustrial, que pertencia ao empresário alagoano João Lyra, não recebeu nenhum lance na primeira rodada, encerrada na segunda-feira, e agora está sendo leiloada em uma segunda rodada por um valor inicial menor. Na primeira rodada, o lance inicial era de R$ 401,4 milhões, e agora é de R$ 368,6 milhões.

O novo lance mínimo foi estabelecido com desconto de 55% sobre o valor avaliado da unidade, de R$ 819,1 milhões. Os ativos incluem a planta industrial com capacidade de processar 1,8 milhão de toneladas de cana por safra e 65 fazendas que somam 17,1 mil hectares.

O prazo para apresentação de propostas é 30 de março. O leilão está sendo organizado pela empresa Mais Ativo Judicial.

O processo de leilão foi permitido após os credores vencerem uma queda de braço com um grupo de empresas sucroalcooleiras que queria arrendar a unidade.

Em fevereiro, as Usinas Caeté, Coruripe e Pindorama propuseram arrendar a Usina Guaxuma e chegaram a obter uma liminar na Justiça de Alagoas que interrompeu o leilão que estava em curso.

Porém, o comitê de credores entrou com um mandado de segurança que suspendeu o efeito da liminar, retornando ao processo de leilão.

O grupo Laginha Agroindustrial teve a falência decretada em 2012, após uma recuperação judicial que se arrastava desde 2009. Das cinco usinas da massa falida, apenas uma, a Triálcool, foi vendida até o momento. A unidade foi leiloada por R$ 133,8 milhões.

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Fonte: Valor Econômico

11. Brasil não deve renovar cota de importação de etanol que beneficia EUA

O encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, em Washington, não trouxe qualquer avanço na pauta de comércio de açúcar e etanol.

Nas conversas, os Estados Unidos não demonstraram disposição em ampliar a atual cota de importação livre de tarifa (que varia de 150 mil a 160 mil toneladas por ano) que beneficia açúcar brasileiro.

Em contrapartida, o Brasil também não deverá renovar a cota de 600 milhões de litros anuais de etanol livre de tarifa que favorece o produto americano, disse uma fonte do governo brasileiro que participou das negociações. A isenção da tarifa de 10%, atualmente em vigor, vencerá em agosto.

Ontem, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o secretário de Estado da Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, tiveram um encontro em Washington para discutir vários itens da pauta agrícola bilateral. Os temas sucroalcooleiros sequer foram mencionados.

A cota de importação de etanol não deverá ser renovada para evitar impactos ao etanol produzido no Nordeste, região que importa a maior parte do produto dos EUA.

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Fonte: Valor Econômico

12. Biodiesel de óleo de palma deixa de ser renovável na União Europeia

A Comissão Europeia restringiu seu entendimento do que considera combustível “renovável” – que pode ser usado para atender às metas de redução de emissões de gases de efeito estufa – e retirou o biodiesel produzido a partir do óleo de palma dessa categoria. O motivo é que o biodiesel da palma foi considerado de “alto risco” de desmatamento (“mudança indireta de uso do solo”).

Conforme diretiva da comissão publicada na semana passada, os biocombustíveis que têm “alto risco de mudança de uso indireto da terra” são aqueles cuja produção agrícola implicar em uma expansão de mais de 10% sobre “terras de alto estoque de carbono” (florestas) e cuja produção anual expandir em média mais de 1% desde 2008 e afetar mais de 100 mil hectares.

Pelos cálculos da comissão, o biodiesel de óleo de palma encaixa-se nessa situação porque a parcela de sua expansão em “terras de alto estoque de carbono” foi calculada em 41,92% - bem acima dos 10%.

Pesou nesse cálculo o desmatamento provocado na última década pela expansão do óleo de palma principalmente na Indonésia, além da Malásia. Nas estimativas do órgão europeu, o risco da expansão da cultura sobre florestas na Indonésia é de 69%, na Malásia, de 15%, e no resto do mundo (basicamente na América Latina), de 16%.

Dessa forma, o biodiesel de óleo de palma não poderá mais ser usado para atender às políticas dos Estados membro da União Europeia de redução de emissões. De 2021 a 2023, o volume desse produto usado dentro da cota de “renováveis” deverá ser congelado em relação aos níveis de 2019, e depois reduzido gradualmente até zerar em 2030. Assim, o biodiesel de palma poderá ser usado, mas concorrendo com combustíveis de origem fóssil.

Já o cálculo do impacto da produção de etanol de cana-de-açúcar sobre florestas ficou em 2,27%, segundo a consultoria brasileira Agroícone, que participa do grupo técnico que auxiliou o órgão europeu nos cálculos para a elaboração da diretiva.

Para o biodiesel de soja, o cálculo do impacto sobre florestas ficou em 8%. A Agroícone, porém, enviou uma carta à comissão corrigindo dados de expansão da soja no Cerrado brasileiro e em biomas brasileiros que não Cerrado e Amazônia Brasil entre 2007 e 2017, que seriam de 13,8% e de 2,9%, respectivamente. A comissão levou em conta, para o cálculo do impacto, expansões de 14% e 3%, respectivamente.

Mesmo assim, o etanol de cana brasileiro e o biodiesel de soja não foram classificados como biocombustíveis de “alto risco” de desmatamento e poderão continuar sendo usados para atender às políticas nacionais de redução de emissões.

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Fonte: Valor Econômico

Grãos e Grandes Culturas

13. Cota que beneficiará trigo dos EUA gera mal estar na Argentina

A decisão do Brasil de abrir uma cota de 750 mil toneladas de trigo sem tarifa de importação, que beneficiará sobretudo os Estados Unidos, foi mal recebida pelo governo da Argentina, principal exportador do cereal ao mercado brasileiro. O país vizinho questionará a medida do governo Bolsonaro no âmbito do Mercosul.

“Sempre que o Brasil insinuou a possibilidade de comprar trigo fora do Mercosul, a Argentina se opôs”, afirmou Luis Miguel Etchevehere, secretário de Governo da Agroindústria da Argentina, ao “La Nación”. “Diante do ocorrido, vamos avaliar as ferramentas previstas que o Mercosul possui para analisar o caminho que devemos seguir”, completou Etchevehere.

Ocorre que, pelas regras do Mercosul, o trigo importado de países que não fazem parte do bloco tem de pagar uma tarifa de 10%, o que costuma manter o produto argentino mais competitivo que o de concorrentes como os próprios EUA e a Rússia, por exemplo. A cota anunciada, como esclareceu o Ministério da Agricultura, não é válida apenas para o produto dos EUA, ainda que o país tenha “vantagens comparativas” para aproveitá-la, como oferta ampla e logística.

Em 2017, os americanos passaram a pedir acesso ilimitado para exportar trigo sem tarifa ao Brasil na nossa entressafra, de fevereiro a setembro, pleito que contou com apoio dos moinhos brasileiros. Naquele momento, a Casa Rosada evitou a criação da cota após uma negociação diplomática com Brasília.

O que surpreende os argentinos neste momento é que não há problemas de abastecimento. Pelo contrário, já que o país acaba de registrar uma colheita recorde pouco superior a 19 milhões de toneladas. Em 2018, o Brasil ampliou em 16,9% suas importações de trigo, para 7,04 milhões de toneladas. A Argentina foi responsável por 84,4% desse total, ou 5,9 milhões de toneladas.

Em janeiro, Bolsonaro e o presidente da Argentina, Mauricio Macri, conversaram sobre readequar tarifas, sem definição para o trigo.

Segundo analistas, o fato é que a nova cota poderá pressionar as cotações na Argentina, melhorar o poder de barganha dos moinhos importadores e se tornar mais uma dor de cabeça para os produtores brasileiros, apesar de o tamanho do mercado e a geografia sugerirem que há espaço para todos.

Cálculos da T&F Consultoria mostram que, apesar da distância maior, o trigo proveniente dos EUA chegaria aos portos do Sudeste e Nordeste do Brasil praticamente nas mesmas condições do argentino. As diferenças seriam irrisórias e, assim, negociáveis.

Conforme a consultoria, se levado em conta um câmbio de R$ 3,7892, o trigo americano chegaria a Santos por R$ 1.093,40 a tonelada, enquanto o argentino sairia por R$ 1.085,40. Já para Salvador e Fortaleza, o trigo dos EUA custaria até mais barato que o argentino. Na capital baiana, o cereal americano ficaria por R$ 1.036,56 contra R$ 1.032,37 do argentino. Na capital cearense, ficaria R$ 977,54, ante R$ 1.039,99.

“Os preços mais baratos praticados nos EUA, unidos ao frete marítimo, justificam a importação para os moinhos do Sudeste e Nordeste. O mesmo não acontece para as indústrias do Sul, que são atendidas pelos produtores locais e, obrigatoriamente, por países do Mercosul”, diz Luiz Pach, sócio consultor da T&F.

Paraná e Rio Grande do Sul são responsáveis por 90% da produção nacional de trigo, mas são grandes consumidores do cereal (principalmente o Paraná) devido a um grande parque moageiro. Outros Estados não se beneficiam dessa oferta porque são obrigados a pagar 8% de ICMS no transporte.

Atualmente, um moinho de São Paulo pagaria R$ 1.176 a tonelada pelo trigo do Paraná, levando em consideração o preço de R$ 950 a tonelada, mais 8% de ICMS e R$ 150 de frete rodoviário. Para a compra de um carregamento argentino, o custo seria de R$ 1.085 a tonelada.

“O frete rodoviário do Paraná para São Paulo custa cerca de US$ 40 a tonelada, enquanto o marítimo de Baia Blanca [Província de Buenos Aires - Argentina] para o mesmo moinho, passando por Santos e todos os seus trâmites, é de US$ 17”, afirma Pach. Vindo do Rio Grande do Sul, a diferença seria ainda maior devido à distância.

Para Fortaleza, o frete de cabotagem do trigo paranaense está em US$ 28 a tonelada, enquanto o marítimo, desde Baia Blanca, US$ 23. “Hoje só podemos contar com a Argentina e teremos outras opções. Mas são só 750 mil toneladas, o que é bem pouco diante do total importado pelo Brasil”, afirma o consultor.

Neste ano, o país ainda precisa comprar entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas entre abril e agosto, e a Argentina tem estoques ajustados. “Eles têm algo como 7 milhões de toneladas, para uma necessidade dos moinhos locais em torno de 3,7 milhões. Ou seja, são 3,3 milhões para atender o Brasil e o restante dos compromissos internacionais da Argentina”, calcula Pach. De toda forma, com ou sem concorrência, a Argentina continuará a ser o principal fornecedor do Brasil, diz o consultor.

A produção brasileira atingiu 5,4 milhões de toneladas em 2018, para um consumo de 11,3 milhões. A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que a produção do país cresça 3,7% em 2019.

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Fonte: Valor Econômico

14. Abitrigo aprova criação de cota de importação do cereal

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) avalia como positiva a decisão do Ministério da Agricultura de liberar uma cota de 750 mil toneladas anuais para importação de trigo livre da Tarifa Externa Comum (TEC).

"Já era uma medida esperada, pois está sendo discutida há anos e o trigo integra a pauta de relações comerciais. Para a indústria, quanto maior concorrência, melhor é para o mercado", afirmou o diplomata Rubens Barbosa, presidente da entidade.

A Abitrigo informou, ainda, que está acompanhando como a medida será operacionalizada. "Sugerimos que essas importações aconteçam no período da entressafra nacional. Mas, sem dúvida, é uma medida em favor da concorrência de livre mercado", disse Barbosa.

Para o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo do Estado do Paraná (Sinditrigo-PR), Daniel Kümmel, a criação da cota terá efeito limitado no curto prazo no mercado interno.

"Ainda estamos acompanhando a normativa para entender de que forma vai afetar a oferta do cereal. Esperamos a consolidação do decreto para poder avaliar os reflexos da entrada desse volume adicional, mas ainda levará no mínimo uns dois meses para a medida realmente ser efetivada”, disse ele ao Valor.

A chegada desse volume de cereal deve ocorrer somente a partir de meados de maio. Até essa data, a maior parte da indústria moageira está bem estocada e com cereal suficiente para a demanda do período.

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Fonte: Valor Econômico

15. Rede de cafeterias Santo Grão investe em torrefação

Santo Grão deixará de ser 'apenas' uma rede de cafeterias. O grupo comandado pelo empresário neozelandês Marco Kerkmeester vai investir na torrefação de café. O objetivo é fornecer o produto de qualidade superior para as lojas da rede, e também para terceiros.

Em entrevista, Kerkmeester, proprietário da Santo Grão, afirmou que investirá R$ 1 milhão em parceria com Fernando Dourado - primeiro funcionário da empresa e sócio da unidade de Curitiba -, em uma torrefação em Cotia, na Grande São Paulo. A expectativa é que a torrefadora, batizada de Experientia, comece a operar em junho.

O investimento deve ajudar a Santo Grão a ampliar o faturamento. Kerkmeester projeta que as vendas da companhia aumentem 7% neste ano, para R$ 39 milhões, em um ritmo de crescimento semelhante ao do ano passado.

Na torrefadora de Cotia, a Santo Grão terá capacidade para processar cerca de 20 toneladas por mês, sendo seis toneladas para todas as lojas da rede. "No momento, grande parte da nossa torrefação é terceirizada, mas esse investimento deverá aprimorar a qualidade do café", acrescentou Kerkmeester.

Segundo o empresário, a renomada barista Silvia Magalhães, a rede de franquias Mr. Cheney, além da Santo Grão, serão os primeiros clientes da torrefação. "A ideia é unir as empresas para compartilhar conhecimento", disse.

Além do investimento na torrefação, a Santo Grão injetará cerca de R$ 1 milhões em duas novas cafeterias, na capital paulista, com inauguração prevista para maio. Atualmente, a rede tem sete lojas em São Paulo e uma em Curitiba.

De acordo com Kerkmeester, uma das novas cafeterias, no bairro paulistano da Vila Madalena, será a primeira loja da Santo Grão que contará com um coworking (compartilhamento de espaço). "O ambiente facilitará a troca de contatos entre os empreendedores", disse.

A inspiração para o coworking veio de uma visita que o empresário fez a uma cafeteria na Nova Zelândia, onde voltou a morar neste ano depois de 15 anos residindo no Brasil. "Os serviços que os usuários oferecem estão listados nas paredes e as pessoas buscam o que precisam", contou.

No processo de expansão, Kerkmeester considera outros modelos, como as franquias. As lojas da rede são comandadas por ex-funcionários que viraram sócios. O empresário está otimista com as perspectivas para o negócio. Em 2018, a rede vendeu 50 mil quilos de café.

Para 2019, o empresário espera aumentar as vendas a uma taxa superior à média de crescimento do mercado nacional. De acordo com ele, as vendas de café no país vêm crescendo mais de 3% ao ano.

"Temos um cenário muito melhor para negócios neste ano. Em janeiro, crescemos 14% nas lojas já existentes", afirmou. O ânimo de Kerkmeester, está amparado no novo governo que, segundo ele, deve estimular a geração de empregos e o consumo.

Apesar da fraqueza da economia brasileira, o mercado nacional de café não tem do que reclamar. O consumo aumentou 4,8% entre novembro de 2017 e outubro de 2018, para 21 milhões de sacas de 60 quilos, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de café (Abic). Além disso, o preço médio do café torrado e moído aumentou 37% entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2018.

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Fonte: Valor Econômico

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