24 de Maio de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

Biomassa se transforma em solução para fábricas de celulose

A Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP) realizará, no dia 22 de maio, o 24° Seminário de Recuperação e Energia, na Eldorado do Brasil, em Três Lagoas (MS). A Valmet, líder mundial no desenvolvimento e fornecimento de tecnologias, automação e serviços para os setores de celulose, papel e energia, estará presente com a palestra “Substituição de combustíveis fósseis: gaseificação de biomassa para aplicação em fornos de cal", que será ministrada pelo especialista em Gaseificação da Valmet Finlândia, Juhani Isaksson.

Em fábricas de celulose, o forno de cal é um dos maiores consumidores de combustíveis fósseis. O especialista em vendas, recuperação e tecnologias em energia da Valmet, Felipe Ribeiro, explica que a crescente necessidade de reduzir custos operacionais e preocupação com o meio ambiente exigem novas soluções ambientalmente corretas. “O biogás produzido no gaseificador a partir de biomassa (sub-produto das fábricas de celulose) pode ser utilizado em fornos de cal para substituir combustíveis fósseis, neutralizando as emissões de CO2 e reduzindo os custos operacionais", diz.

O 24° Seminário de Recuperação e Energia da ABTCP reúne gerentes, coordenadores e supervisores das áreas de Recuperação e Energia das principais empresas de papel e celulose. Durante o evento, serão demonstradas novas tecnologias e cases de sucesso por meio de palestras técnicas.

Fonte: Novo Momento

24 de Maio de 2019

Publicação: Celulose OnLine - Notícias

Nova unidade da Klabin terá máquina de R$ 1,3 bilhão

A Valmet assinou contrato para o fornecimento de um grande projeto de tecnologia de produção de papel embalagem e celulose com a Klabin S.A. no Brasil. A venda consiste em uma máquina kraftliner PM27, uma nova linha de fibras, um sistema de cozimento Compact Cooking G3™ e a reforma da linha de secagem de celulose. Além disso, as duas empresas assinaram uma Carta de Intenção (LOI) para a entrega de uma segunda máquina de papel kraftliner PM28, um segundo sistema de cozimento e de linha de fibras, nos quais se espera que os acordos finais sejam assinados e o fornecimento se inicie em maio de 2021.

A venda da PM27, da nova linha de fibras, do novo sistema de cozimento G3™ e a reforma da linha de secagem estão incluídos nas ordens recebidas no segundo trimestre de 2019 pela Valmet. O valor do investimento está entre 260 e 290 milhões de euros, ou seja, entre R$ 1,2 e R$ 1,3 bilhão.

O acordo de entrega da linha de produção de kraftliner é a primeira grande venda na área de tecnologia de papel embalagem da Valmet no Brasil, e significa um avanço importante para o mercado da indústria brasileira de papel para a multinacional finlandesa. “Essa solução será a primeira linha para produção de kraftliner do mundo a partir de 100% de celulose de eucalipto. Fizemos vários desenvolvimentos conceituais e de engenharia ao longo dos anos junto à Valmet para poder entregar ao mercado uma solução inovadora e de alta performance", destaca o diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade, Projetos e Celulose da Klabin, Francisco Razzolini.

“Este primeiro grande projeto de tecnologia de papel embalagem reforça a posição da Valmet no mercado brasileiro, no qual, até agora, somos reconhecidos como um grande parceiro para os produtores de celulose", reforça o presidente da divisão de Papel da Valmet, Jari Vähäpesola.

A entrega da tecnologia de celulose, por sua vez, representa a primeira referência para o novo sistema de cozimento contínuo da Valmet, o CompactCooking G3™, lançado em 2018. Além disso, a reforma das linhas de secagem de celulose aumentará a atual capacidade das máquinas entregues pela Valmet em 2016.

“A Klabin queria uma solução com alta qualidade de celulose para atender aos requisitos desafiadores do produto final de alta disponibilidade e decidiu confiar na Valmet para isso. Este é um projeto significativo para o nosso negócio de celulose na América do Sul e comprova a competitividade de nossas inovações em tecnologia de cozimento e linha de fibras", ressalta o presidente da divisão de Celulose e Energia da Valmet, Bertel Karlstedt.

O impacto na geração de empregos para a entrega da máquina krafliner PM27 é de mais de 200 homens-ano, principalmente na Europa, Brasil e na China, e das entregas da tecnologia de celulose é de quase 500 homens-ano, principalmente no Brasil, Suécia e Finlândia.

Importância estratégica

Os contratos com a Klabin nestes fornecimentos de alta tecnologia de produção de celulose e papel embalagem consolidam a expansão da Valmet no segmento de Papel na América do Sul, além de representar a primeira referência para o recém - lançado sistema de cozimento contínuo G3™, contando ainda com soluções de Internet Industrial que materializam alguns dos principais focos estratégicos da empresa para a área.

Detalhes técnicos da entrega

A Valmet fornecerá uma linha completa de produção de papel kraftliner com um escopo de fornecimento de suprimentos estendido, incluindo um pacote completo de engenharia de implantação. O fornecimento consiste em um sistema de equipamentos de preparação de massa e sistema de circuito de aproximação, bem como uma máquina completa de kraftliner (PM 27) da caixa de entrada até a rebobinadeira, seguida de um sistema automático de rolos jumbos até a rebobinadeira e de um sistemas de transporte de bobinas. O fornecimento também inclui sistemas de ventilação e exaustão de ar da máquina e do prédio, assim como um sistema químico para a parte úmida e preparação de amido para aplicação de cola na superfície do papel.

O fornecimento na área de automação inclui o Sistema de Automação Valmet DNA para o controle de processo e da máquina, e a solução para controle da Qualidade Valmet IQ. Um amplo pacote do Valmet Industrial Internet, com sistema de controle da produção, o Manufacturing Execution System (MES), está incluído no fornecimento, assim como o pacote de vestimentas Valmet Paper Machine Clothing para start-up em todas as posições de vestimentas da máquina.

A máquina de papel embalagem de 9,000 mm de largura produzirá kraftliner e papel com cobertura branca de alta qualidade, com uma faixa de gramatura de projeto de 80-200 g /m². A velocidade da máquina será de 1.200 m/min e a capacidade diária de 1.555 toneladas. A entrega da linha de fibras e cozimento inclui uma planta completa com capacidade de 2.000 ADt por dia. As características da planta de cozimento possuem a tecnologia de cozimento contínuo de última geração da Valmet, o CompactCooking G3™, e inclui a tecnologia ImpBin para vaporização e impregnação dos cavacos de madeira. Este sistema de dois vasos proporciona excelente qualidade de polpa com baixo teor de rejeitos.

A linha de fibras e cozimento é comprovadamente de fácil manutenção e oferece alto rendimento, baixo consumo de energia e alta disponibilidade. Os novos recursos de cozimento melhoram a flexibilidade e proporcionam excelente branqueabilidade, especialmente para a produção de madeira de fibra curta (Hard wood) com base em eucalipto.

A modernização das linhas de secagem de celulose inclui uma nova linha de enfardamento, dispositivos automáticos de passagem de ponta, equipamentos de processo para aumento de produção e individualização das linhas de embalagem de bobinas de celulose fluff. Essas modernizações permitirão o aumento desejado de capacidade, tanto de celulose de mercado e quanto de celulose fluff, além de melhorar a segurança pessoal e operacional.

Fonte: a rede

23 de Maio de 2019 (15:50)

Publicação: Maxpress - Releases

Voith leva experiências de sucesso à LatamPaper 2019 em São Paulo

Multinacional alemã é responsável por três palestras durante programação

Fornecedora completa para o mercado de papel, a Voith estará presente na edição 2019 da LatamPaper, conferência técnica que reúne os principais fornecedores mundiais e tomadores de decisão do mercado papeleiro. O evento acontecerá entre os dias 29 e 31 de maio, no TransAmerica Hotel, em São Paulo.

A conferência busca promover a interação pessoal entre os membros do setor de papel e celulose, com palestras focadas na solução de desafios específicos do dia a dia. O evento terá dois salões disponíveis com a apresentação de palestras sobre os mercados de tissue e papel cartão.

Marcos Scheil, Gerente de Vendas Tissue, ministrará a palestra “O novo nível de desenvolvimento amigável na produção de tissue". A ideia é abordar o panorama do mercado mundial e sul-americano de papel tissue, com foco no consumo energético de uma máquina tissue e sua influência econômica no custo total da produção, além das soluções tecnológicas desenvolvidas pela Voith para reduzir esse consumo e aumentar a rentabilidade ao produtor.

Já Luis Guilherme Brandle, Gerente Geral de Vendas, falará sobre “O próximo nível para cartão & embalagem: tendências, tecnologias e produtividade" e abordará as megatendências mundiais que influenciam no consumo de papel, o desenvolvimento de embalagens de papel, além de um panorama do mercado mundial e sul-americano dos diferentes tipos de papel. Também falará sobre as tecnologias Voith para aumento de produtividade das máquinas de papel.

A última palestra da Voith caberá a Rodrigo Ruffo, Gerente de Aplicação e Vendas Fiber Systems, com o tema “Novos desenvolvimentos para reduzir os custos operacionais em sistemas de preparação de massas", o especialista apresentará sua experiência no mercado e mostrará como as tecnologias da Voith podem facilitar os resultados e diminuir os custos na fabricação de papel.

Esta é a primeira edição da LatamPaper a ser realizada no Brasil. Para saber mais informações, acesse o site: https://latampaper.com

Sobre o Grupo Voith

O Grupo Voith é uma empresa de tecnologia com atuação global. Com seu amplo portfólio de sistemas, produtos, serviços e aplicações digitais, a Voith estabelece padrões nos mercados de energia, petróleo e gás, papel, matérias-primas, e transporte e automotivo. Fundada em 1867, a empresa atualmente tem mais de 19.000 colaboradores, gera € 4,2 bilhões em vendas e opera filiais em mais de 60 países no mundo inteiro, o que a coloca entre as grandes empresas familiares da Europa.

A Divisão do Grupo Voith Paper integra o Grupo Voith. Como uma fornecedora completa do setor papeleiro, ela fornece a maior gama de tecnologias, serviços, componentes e produtos do mercado, oferecendo soluções de uma única fonte aos fabricantes de papel. A contínua sequência de inovações da empresa leva a produção papeleira ao próximo nível, viabilizando uma produção de papel que preserva recursos. Sob o conceito Servolution, a Voith oferece a seus clientes soluções de serviços feitos sob medida para todas as seções do processo produtivo. O conceito Papermaking 4.0 da Voith garante a interconexão otimizada dos equipamentos, e a segurança no uso dos dados gerados permite aos fabricantes de papel aumentar a disponibilidade e eficiência de suas fábricas.

24 de maio de 2019

Publicação: Valor Economico

Suzano: Desentendimento entre Executivo e Legislativo atrasa retomada

Por Stella Fontes | Valor

SÃO PAULO - Pela quarta vez vencedor do prêmio “Executivo de Valor” na categoria Papel e Celulose, o presidente da Suzano, Walter Schalka, tem percebido entre seus pares uma mudança no estado de espírito em relação ao que se viu logo após a eleição do governo Bolsonaro. Naquele momento, a pauta liberal da equipe econômica liderada por Paulo Guedes reacendeu o ânimo de empresários e executivos, sob a promessa da retomada do crescimento. Agora, o otimismo começou a arrefecer.

“Tenho percebido uma preocupação grande, porque aquele otimismo vem se perdendo ao longo do tempo pela falta de ação. Isso não inviabiliza o governo, mas estamos postergando a possibilidade de recuperação econômica”, diz Schalka. Ativo no debate político e social, o presidente da Suzano é um dos integrantes do grupo Você Muda o Brasil, composto antes das eleições do ano passado para debater os grandes desafios do país.

Para Schalka, a raiz dos problemas neste momento parece estar na falta de entendimento entre Executivo e Legislativo, cujos representantes foram eleitos democraticamente. Sem o alinhamento entre os Poderes, analisa, não há como avançar nas reformas que poderão desencadear a retomada econômica. “Tem de haver entendimento entre Executivo e Legislativo para que as reformas sejam aprovadas e implementadas com celeridade”, ressalta.

Ao menos dois fatores têm alimentado esses desencontros entre parlamentares e Planalto, na visão de Schalka. De um lado, há a inexperiência dos que estão no entorno da Presidência no trato com o Legislativo. De outro, segue o executivo, questões ideológicas específicas, que ficam evidentes nos debates sobre as reformas, dificultam seu avanço. “Meu desejo é que essa relação avance, porque custa muito à nação, inclusive quanto à possibilidade de aprovação das reformas. A conexão entre Legislativo e Executivo não está acontecendo de forma positiva”, afirma.

A implementação das reformas é fundamental para a retomada dos investimentos e geração de empregos, alimentando o ciclo virtuoso que começará a solucionar problemas sociais e econômicos. Além das reforma da Previdência e tributária, Schalka vê necessidade de uma reforma adicional, a do Estado brasileiro. Caro e ineficiente, o Estado não tem sido capaz de prover o nível de serviços à população. Essa reforma específica, diz o executivo, seria executada em parte por meio das privatizações e, em outra medida, pela revisão da operação da máquina estatal propriamente.

Questionado sobre as manifestações do último domingo, o executivo avalia que não esse não é momento para atos dessa natureza, já que elevam a pressão entre Legislativo e Executivo. O momento, afirma, é de perseguir a que considerada pauta única e fundamental para o Brasil. “O problema é que o país se enrosca em posições menores e não olha o todo. A população quer saúde, emprego”, ressalta.

24 de maio de 2019

Publicação: Valor Economico

Preço baixo da celulose tira brilho do dólar mais caro

Por Stella Fontes | De São Paulo

Presente no grupo dos grandes exportadores do Brasil, a indústria de papel e celulose se beneficia da desvalorização do real, uma vez que as receitas com embarques sobretudo da matéria-prima são maiores quanto convertidas do dólar para a moeda nacional. Desta vez, porém, a moeda americana mais forte não trouxe muito ânimo e os analistas seguem receosos quanto ao nível dos estoques nos produtores, em um momento de enfraquecimento da demanda nos dois grandes mercados mundiais para a fibra curta.

No embate entre inventários elevados e demanda mais amena, a maior disponibilidade de fibra curta prevalece neste momento e os preços seguem em correção, compensando o efeito positivo que a variação cambial tem nas receitas. No curto prazo, a expectativa é negativa para os produtores de celulose, a despeito do dólar a mais de R$ 4, por causa dos estoques ainda elevados da matéria-prima e dos receios quanto à guerra comercial entre China e Estados Unidos. O país asiático é o maior consumidor do mundo de celulose de mercado.

Segundo a consultoria Foex, o preço líquido da tonelada desse tipo de celulose caiu a US$ 663,70 no mercado chinês nesta semana, com baixa de US$ 4,10 frente à semana passada e recuo de US$ 106 em um ano. Em 2019, o saldo ainda é positivo e a cotação sobe US$ 11,2 por tonelada. Mas, mantido o ritmo de ajuste verificado nas últimas semanas, o desempenho anual das cotações na China poderá entrar em território negativo já em junho, às vésperas do período sazonalmente mais fraco para os negócios de celulose.

Na Europa, o desempenho é pior. O preço da fibra curta caiu US$ 7,40 na última semana e US$ 91,10 no ano, para US$ 934,61 a tonelada, informou ontem a consultoria. Em ambos os mercados, produtores chilenos, asiáticos e inclusive brasileiros fizeram concessões de preço no início do ano - com exceção da Suzano, que não abriu mão do preço de referência, vendeu menos e encerrou o trimestre com estoques de 3 milhões de toneladas, o dobro do nível tido como normal.

Para o analista Daniel Sasson, do Itaú BBA, os altos níveis de estoque nas mãos dos produtores e o ritmo de ajuste dos inventários seguem como ponto de atenção. "Essa preocupação se dá pelo risco de demanda estruturalmente mais fraca tanto na China quanto na Europa, em um ambiente de crescimento econômico global mais fraco e incertezas trazidas pela intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China", analisou.

Abril já tinha sido negativo e a continuidade desse movimento em maio indica que, assim como no primeiro trimestre, os resultados operacionais do setor no segundo trimestre devem ser fracos. Em relatório do início do mês, o Itaú BBA destacou que a demanda desaquecida em abril levou ao recuo dos preços no mês passado, tanto de fibra curta quanto de fibra longa. Ainda assim, os compradores seguiam perseguindo descontos para os volumes no mês em curso.

Segundo a equipe de análise do banco, após a estabilização verificada no fim de março, as cotações na China caíram entre US$ 10 e US$ 30 em abril, segundo a Hawkins Wright, para algo entre US$ 650 e US$ 680 a tonelada no caso da fibra. O Itaú BBA manteve a projeção de preço líquido médio da celulose de fibra curta de US$ 670 a tonelada em 2019, mas os analistas seguem cautelosos em relação ao curto prazo e acreditam que a pressão se manterá até o fim do terceiro trimestre, quando é esperada uma recuperação sazonal da demanda.

24 de maio de 2019

Publicação: Valor Economico

Missão de reforçar o peso da indústria de base florestal

Por Stella Fontes e Ivo Ribeiro | De São Paulo

Com mais de três décadas de vida pública, e um certo conhecimento da indústria de celulose e papel, o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung assumiu a presidência executiva da Ibá, entidade que reúne as empresas de base florestal no país, com o objetivo de tornar a indústria mais conhecida dos brasileiros. Um dos grandes exportadores nacionais e responsável por 6,9% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial, o setor é referência global em competitividade. Agora, sob orientação mais política, quer se reaproximar do governo federal e avançar nesse projeto de reconhecimento mais amplo.

A mudança de viés começou a se consumar com o próprio convite a Hartung, que se reporta a um conselho formado por 25 presidentes de empresas de celulose, papel, painéis de madeira, pisos laminados e carvão vegetal. O ex-governador e economista chegou à Ibá em meados de março, em substituição a Elizabeth de Carvalhaes, que por mais de dez anos esteve no setor.

Antes da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), formada em 2014, Elizabeth comandou por sete anos a Bracelpa, uma das quatro entidades que se consolidaram na Ibá. A executiva, que iniciou carreira na Volkswagen e foi vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), foi anunciada em agosto do ano passado como nova presidente executiva da Interfarma, que reúne as farmacêuticas multinacionais no Brasil.

Eleito deputado estadual pelo então PMDB aos 25 anos, Hartung transitou entre a iniciativa privada e a vida pública até agora. Mas o ciclo político no Espírito Santo, diz ele, é página virada. "O que tinha de ser feito já foi feito", afirmou, em entrevista ao Valor. O Estado tem forte vínculo com a indústria de celulose e papel. Ali, a Suzano, que incorporou a Fibria no início do ano, tem fábrica e está em operação o maior terminal portuário especializado em celulose do país, o Portocel.

Além disso, entre outras ocupações, o economista foi conselheiro da Veracel, produtora de celulose no sul da Bahia que é uma joint venture entre a Suzano e a sueco-finlandesa Stora Enso. As sondagens para assumir o comando da Ibá começaram no fim de seu terceiro mandato como governador capixaba, no final de 2018.

Em pouco mais de dois meses na função, Hartung reativou o escritório da entidade em Brasília - o primeiro contato com o novo governo foi feito pelo presidente do conselho deliberativo, Horácio Lafer Piva - e contratou o embaixador José Carlos da Fonseca para a diretoria de Relações Institucionais, para reforçar o setor externo.

Entidade contratou o embaixador José Carlos da Fonseca, que passou a exercer o trabalho de Relações Institucionais

Ao mesmo tempo, para garantir relações amigáveis com a China, maior comprador da celulose brasileira, em um momento de turbulência, reuniu-se com o novo embaixador chinês no país, Yang Wanming, e esteve com o vice-presidente Hamilton Mourão, que neste momento faz uma viagem de seis dias à China. O embaixador acompanhou as comitiva da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, em visita ao país asiático e juntou-se à de Mourão. "Foram contatos muito produtivos", disse.

Para o novo presidente executivo da Ibá, a robustez e a relevância do setor não são conhecidas do grande público, embora exista abertura para isso. "É um setor com 3,7 milhões de empregos diretos e indiretos, que pode contribuir com o Acordo [do clima] de Paris e com espaço para crescer. É preciso ampliar o diálogo com a sociedade e com o governo", afirmou. Considerando-se apenas três grandes projetos anunciados, o setor investirá R$ 22 bilhões nos próximos anos.

Ao mesmo tempo em que tem usado seu capital político em Brasília, Hartung começou a percorrer os Estados onde estão as operações da indústria de base florestal. Já esteve em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul e, nas próximas semanas, cumprirá agenda no Paraná, na Bahia e em Mato Grosso do Sul. "Quero percorrer tudo", contou. Ele reconhece que, apesar de as maiores resistências em relação ao setor já terem sido vencidas, ainda há obstáculos a superar, alguns já velhos conhecidos dos empresários do setor e de investidores potenciais.

É o caso do parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) de 2010 que restringiu a aquisição de terras por estrangeiros no país. É de conhecimento público que a Cenibra, produtora de celulose em Belo Oriente (MG) de controle japonês, adiou seu projeto de expansão por causa dessa limitação, e outros projetos tiveram o mesmo destino. A Ibá já se posicionou a favor da flexibilização da compra de terras, lembrou Hartung.

Outro tema sensível é a possível revisão do Código Florestal. "Mexer no Código neste momento é um equívoco", avaliou. Resultado de anos de negociações e embates entre os principais atores dessa área, o novo Código Florestal ainda não foi integralmente implementado. Uma medida provisória, a MP-867, que tramita no Congresso Nacional poderá alterá-lo profundamente e piorar o ambiente de negócios para a indústria, que hoje conta área total de conservação superior à reserva legal.

O licenciamento é outro desafio ao setor base florestal, que no Brasil só utiliza madeira de árvores cultivadas. "Há uma teia burocrática para o cultivo de árvores que não é muito apropriada", disse Hartung. Do ponto de vista macro, a prioridade hoje é a reorganização das contas públicas, via reforma da Previdência, e encampar reformas microeconômicas que reforcem a competitividade do país. "É preciso soltar a corrente que está amarrando a economia", disse.

30 de maio de 2019

Publicação: Valor Econômico p. A-14

Senado deixará caducar MP 867, que altera o Código Florestal.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) anunciou ontem que irá deixar expirar a Medida Provisória (MP) 867, que estende prazo para adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA). Se mantiver essa decisão, a MP vai cair e perder seus efeitos. A proposta traz uma série de alterações no Código Florestal e é de grande interesse da bancada ruralista, que ontem ficou seis horas no plenário da Câmara para aprovar a proposta.

A decisão de Alcolumbre expõe insatisfação do Senado em ser uma "casa carimbadora". Os senadores reclamam que a Câmara encaminha as MPs nos últimos dias da tramitação, impedindo que senadores possam fazer alterações no texto. "Independente se a Câmara concluir a votação ou não a votação, vou cumprir minha palavra com os senadores e esta MP não será votada pelo Senado", disse Alcolumbre no plenário.

Para acalmar os ruralistas, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), anunciou ontem que o governo Bolsonaro editará uma nova medida provisória ou projeto de lei com o mesmo conteúdo da MP. A rejeição a votar a MP 867 é a primeira reação ostensiva do presidente do Senado contra o expediente adotado pela Câmara.

O prazo apertado já havia sido fruto de reclamação na MP que reorganizou a estrutura do governo. Senadores queriam votar a favor da mudança do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para o Ministério da Justiça, sob o comando do ministro Sergio Moro, mas foram pressionados pelo governo a fazer o contrário para evitar que a MP caducasse. O assunto teve forte apelo nas redes sociais e na manifestação de domingo.

Na prática, a decisão de Alcolumbre derrubou toda a articulação da bancada ruralista. Os parlamentares haviam conseguido aprovar o texto da MP após forte obstrução de partidos de oposição. Deputados ligados à causa ambiental acusam o grupo de mexer no texto para dar "anistia a desmatadores". Já os parlamentares da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) argumentam que a ideia é garantir "segurança jurídica" ao agronegócio.

A proposta original da MP, editada pelo Executivo, propunha apenas um artigo, que estendia para 31 de dezembro deste ano o prazo final para a adesão ao PRA. A polêmica começou quando o parecer do deputado Sergio Souza (PP-PR), que é vice-presidente da bancada ruralista, incluiu pontos de flexibilização quanto às regras para a recomposição de vegetação. O relatório do deputado causou grande reação negativa do Ministério Público e de oito ex-ministros do Meio Ambiente. Eles apontaram "ataques ao Código Florestal".

Um dos pontos que gera controvérsia é um artigo que prevê novos marcos temporais para cada tipo de bioma (Cerrado, Amazônia, Pantanal) no que se refere aos desmatamentos legais. Autor de um voto em separado na comissão, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) defendeu que este artigo visa "instituir o que seria a maior anistia a crimes ambientais da história da legislação ambiental brasileira".

Apesar do movimento feito pelo Senado, Alcolumbre afirmou que manterá a votação das Medidas Provisórias 871, de combate a fraudes no INSS, e 872, que amplia prazo de gratificação paga a servidores cedidos à AGU. Ele garantiu que as duas serão votadas simbolicamente pelo Senado hoje, caso a Câmara concluísse as votações ontem.

Na parte mais polêmica da MP antifraudes, o governo fechou ontem um acordo com o Centrão, sindicatos e parte da oposição para que o cadastro do Ministério da Economia sobre quem tem direito a aposentadoria rural especial só entre em vigor a partir de janeiro de 2023, e não mais a partir de 2020, como previsto originalmente. Pelo acordo aceito pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), os sindicatos continuarão a perder o poder de atestar quem é segurado rural especial, condição que permite se aposentar sem fazer contribuições à Previdência. Esse era o grande objetivo do governo para controlar os gastos previdenciários. O texto-base foi aprovado perto de 21h30. Os destaques ainda eram votados no fechamento desta edição.

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